AR — 2º Festival de Cinema Argentino
Respira-se as visões do cinema argentino no Cinema São Jorge, a partir de hoje até 3 de Julho, com retratos no feminino, road movies, jogos de afectos, intimidades, inquietações literárias e realistas da sociedade argentina actual, numa excelente selecção de filmes que circulou pelos grandes festivais internacionais.
Esta é mais uma oportunidade para descobrir a qualidade do cinema argentino, que tem sempre uma presença constante nos festivais internacionais como demonstra esta programação bastante representativa e diversificada. São dez longas-metragens inéditas, oito ficções e dois documentários e quatro curtas-metragens, marcadas por histórias do quotidiano urbano, campestre e fantástico que têm como pano de fundo, um olhar para as questões políticas, económicas e sociais da sociedade argentina actual.
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Nos filmes de ficção sobrepõem um protagonismo no feminino com histórias de mulheres que acabou por se tornar uma linha de programação: retratos no feminino precisos e desafiadores que caminham por entre dilemas éticos, mandatos sociais e marginalidade como por exemplo Paulina, de Santiago Mitre (Prémio Fipresci em Cannes 2015) e o filme da Sessão da Abertura; ou Paula, uma primeira obra de Eugenio Canevari, que esteve no Festival de San Sebastián 2015); Mi Amiga del Parque, de Ana Katz (Prémio Melhor Argumento no Festival de Sundance 2016), La Mujer de los Perros, de Verónica Llinás e Laura Citarella, filme apresentado no Festival de Roterdão 2015.
A fragilidade e afectos humanos são explorados em dois filmes: Camino a la Paz, um road movie de Francisco Varone (estreado em Busan 2015), sobre as diferenças culturais e geracionais; e num mergulho profundo na vida de um jovem casal de El Incendio, a terceira longa-metragem de Juan Schnitzman (Berlinale 2015).
Há igualmente propostas mais radicais de cinema que surgem de incursões ao passado e futuro da sociedade argentina: El Movimiento, de Benjamin Naishtat (encomenda do Festival de Jeonju 2015, estreado no Festival de Locarno), um filme que aborda a violenta fundação da nação argentina; e Parabellum, de Lukas Valenta Rinner (Festival de Roterdão 2015), um filme apocalíptico passado numa selva subtropical nos arredores de Buenos Aires; e aliás o mesmo acontece em relação à selecção de curtas-metragens (sábado 2, de Julho às 18h), onde se vão encontrar mundos admiráveis e personagens que oscilam entre o fantástico e o real.
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A palavra escrita e literatura são os temas dos dois documentários, algo contrastantes: o submundo dos grafites de uma campanha eleitoral, em Cuerpo de Letra, de Julián D’Angiolillo (Viennale 2015), e 327 Cuadernos, de Andrés di Tella, uma releitura da obra do escritor Ricardo Piglia e da sua vida, através do diário íntimo que escreveu ao longo de 40 anos ( Festival de San Sebastián 2015).