LEFFEST’15 | Francofonia, Mini-Crítica

 

No seu mais recente filme, Aleksandr Sokurov cria uma experimental reflexão sobre uma infinidade de temas históricos, políticos, humanos e artísticos, tornando Francofonia em mais uma joia da sua luminosa filmografia.

 

francofonia leffest Título Original: Francofonia
Realizador: Aleksandr Sokurov
Elenco: Johanna Korthals Altes, Louis-Do de Lencquesaing, Vincent Nemeth
Género: Documentário, Drama, Histórico
Leopardo Filmes | 2015 | 90 min[starreviewmulti id=18 tpl=20 style=’oxygen_gif’ average_stars=’oxygen_gif’]

 

 

Francofonia é um filme que desafia quaisquer tentativas de categorização ou fácil descrição. É um documentário, uma recriação de Paris sob o controlo nazi, uma carta de amor ao Louvre, uma reflexão sobre o poder e sua intrínseca relação com a arte, um estudo de personagens históricas, uma homenagem à cidade das luzes, um requiem melancólico à Europa…

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Depois de ter criado uma das mais impressionantes visões de um museu na história do cinema com A Arca Russa no Hermitage, Aleksandr Sokurov virou-se para o Louvre nesta sua mais recente obra. O autor russo, no entanto, evita a repetição de ideias ou técnicas, fazendo de Francofonia uma experiência também ela singular e de uma ambição avassaladora. O filme, devido grandemente à sua multiplicidade de temáticas, acaba por se tornar numa reflexão pessoal extrapolada para cinema, evitando que a obra se torne numa mera palestra ilustrada.

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A fotografia magistral e, ocasionalmente, experimental de Bruno Delbonnel é uma preciosidade inestimável, conseguindo estabelecer uma união visual num filme que está sempre a saltar entre registos e tonalidades. Um dos grandes feitos de Sokurov é, aliás, o modo como relaciona imagens e ideias numa tempestuosa mas fluida movimentação do raciocínio, como que filmando os processos e mecanismos do seu próprio pensamento e oferecendo-os na forma de filme à sua audiência. Francofonia é uma estranha criação tão íntima no modo como aproxima o público da mente de Sokurov, como monumental e distante nos grandiosos temas que se propõe a abordar.

leffest francofonia

Há algo de estranhamente tocante na experiência completa de Francofonia, que vai ameaçando cair na celebração funérea do passado quando não está a ser invadida pelas ideias formalmente excitantes do seu autor ou por surpreendentes rasgões de humor na companhia da figura revolucionária de Marianne e na de Napoleão Bonaparte.

Para saberes mais sobre os vários filmes desta edição do Lisbon & Estoril Film Festival, consulta o LEFFEST’15 | Programa completo.

 

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Francofonia LEFFEST

O PIOR – A ambição do filme é algo desmesurada para a sua breve duração, resultando em que alguns fios temáticos se percam na total tapeçaria cinematográfica que Francofonia é.

O MELHOR – A apaixonante veneração que a câmara de Sokurov faz do Louvre encontra algo de sublime nos mais simples detalhes, como a glória total da humanidade e da cultura europeia no olhar de um retrato.

 

CA

 

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