20 Papéis ignorados pelos Óscares na última década
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Com a época dos óscares 2018 cada vez mais próxima, decidimos olhar para a última década e identificar 20 grandes papéis que a Academia não incluiu sequer entre os nomeados. Gostos não se discutem? Claro que se discutem.
Quantas injustiças cometeu a Academia entre 2008 e 2017? Que atores e atrizes viram extraordinários desempenhos ganharem “apenas” o respeito e carinho do público? Num exercício sempre discutível, escolhemos 20 papéis da última década que podiam (e deviam) ter constado entre as quatro categorias de interpretação nesse período. Vejam lá se concordam ou não.
20 GRANDES PAPÉIS QUE OS ÓSCARES IGNORARAM NA ÚLTIMA DÉCADA
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Jake Gyllenhaal, Nightcrawler
Nomeados Melhor Ator em 2015: Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo), Michael Keaton (Birdman), Benedict Cumberbatch (O Jogo da Imitação), Steve Carell (Foxcatcher), Bradley Cooper (Sniper Americano)
Porquê? 2014, ano premiado nos óscares 2015, foi um dos melhores deste século. O que dizer de um ano que teve simultaneamente “Whiplash – Nos Limites”, “Interstellar”, “Boyhood: Momentos de Uma Vida”, “Grand Budapest Hotel”, “Nightcrawler – Repórter na Noite”, “Birdman”, “A Teoria de Tudo”, “Em Parte Incerta” e “O Jogo da Imitação”?
Num ano recheado de qualidade, poucos conseguem no entanto explicar a ausência de Jake Gyllenhaal entre o quinteto de nomeados para melhor ator principal. Nomeado para os Screen Actor Guild Awards (comparativamente com a Academia, quatro escolhas iguais e Gyllenhaal em vez de Cooper), Gyllenhaal esteve incrível como Louis Bloom. Num retrato brutal do circo mediático, de olhar fixo e arregalado, provavelmente o melhor papel da carreira de um dos atores mais consistentes dos últimos anos.
Hugh Jackman, Prisoners
Nomeados Melhor Ator em 2014: Matthew McConaughey (O Clube de Dallas), Leonardo DiCaprio (O Lobo de Wall Street), Chiwetel Ejiofor (12 Anos Escravo), Bruce Dern (Nebraska), Christian Bale (Golpada Americana)
Porquê? Hugh Jackman foi nomeado em 2013 com “Os Miseráveis”, mas um ano mais tarde esteve ainda melhor no papel de um pai consumido pela busca de respostas e por encontrar a sua filha. “Raptadas” foi a porta de entrada definitiva de Denis Villeneuve em Hollywood, e colocou Jackman a par com o ator anteriormente apresentado. Sim, com McConaughey e DiCaprio naquele nível a estatueta estaria sempre entregue a outro, mas Bale, Dern e Ejiofor não estiveram melhor do que o Wolverine.
Julie Delpy, Before Midnight
Nomeadas Melhor Atriz em 2014: Cate Blanchett (Blue Jasmine), Sandra Bullock (Gravidade), Judi Dench (Filomena), Amy Adams (Golpada Americana), Meryl Streep (Um Quente Agosto)
Porquê? Não é exagero afirmar que no espaço da última década, qualquer papel de qualquer atriz teria perdido para Cate Blanchett em “Blue Jasmine“. Não existem adjetivos para o que Richard Linklater, Julie Delpy e Ethan Hawke fizeram na trilogia Before. E é um pouco estranho que Delpy chegue a esta fase da carreira com duas nomeações para óscar, mas ambas como argumentista. A segurança e maturidade a conduzir uma personagem que começara a construir em 1995 devia ter dado à atriz uma nomeação por “Antes da Meia-Noite“.
Michael Fassbender, Shame
Nomeados Melhor Ator em 2012: Jean Dujardin (O Artista), Brad Pitt (Moneyball – Jogada de Risco), Gary Oldman (A Toupeira), George Clooney (Os Descendentes), Demián Bichir (A Better Life)
Porquê? Talvez um dia consigamos perceber como Michael Fassbender não foi nomeado por “Vergonha”. Ou então não. Repare-se: em condições normais, Fassbender tinha até hipóteses de levar a estatueta para casa, mas nem nomeado foi. Na sua segunda de três colaborações com Steve McQueen, filme desconfortável mas marcante, Fassbender mostrou no ecrã o vício como doença. Poucos na história do cinema o fizeram tão bem.
Adèle Exarchopoulos, La vie d’Adèle
Nomeadas Melhor Atriz em 2014: Cate Blanchett (Blue Jasmine), Sandra Bullock (Gravidade), Judi Dench (Filomena), Amy Adams (Golpada Americana), Meryl Streep (Um Quente Agosto)
Porquê? No mesmo ano em que Julie Delpy poderia ter constado entre as nomeadas, uma jovem atriz francesa foi uma gigante revelação. “A Vida de Adèle” foi montra para a versatilidade de Exarchopoulos. Capaz de mostrar uma vulnerabilidade e sensibilidade tocantes, erotismo, segurança e tudo com uma naturalidade só ao alcance dos grandes talentos.
Tom Hardy, Warrior
Nomeados Melhor Ator em 2012: Jean Dujardin (O Artista), Brad Pitt (Moneyball – Jogada de Risco), Gary Oldman (A Toupeira), George Clooney (Os Descendentes), Demián Bichir (A Better Life)
Porquê? Coube a Dujardin ser “O Artista” do ano em 2012, mas quão mais justo e renhido não teria sido os 5 nomeados incluírem Tom Hardy, Michael Fassbender e o senhor que se segue? “Warrior – Combate Entre Irmãos” é um daqueles filmes capaz de fazer chorar homens de barba rija. No centro, um irmão mais novo refém do passado, um touro à espera de um abraço. Tom Hardy é uma força da natureza, e a Academia deve-lhe esta nomeação.
Michael Shannon, Take Shelter
Nomeados Melhor Ator em 2012: Jean Dujardin (O Artista), Brad Pitt (Moneyball – Jogada de Risco), Gary Oldman (A Toupeira), George Clooney (Os Descendentes), Demián Bichir (A Better Life)
Porquê? Quando olhamos para o quinteto Dujardin, Pitt, Oldman, Clooney e Bichir, contextualizado nos papéis em questão, não impressiona. E é mais difícil de digerir quando entre as ausências acrescentamos a Michael Fassbender (Vergonha) e Tom Hardy (Warrior – Combate Entre Irmãos), uma super-prestação de Michael Shannon. Nomeado para melhor ator secundário em 2009 e 2017, foi como protagonista e ao lado de Jessica Chastain em “Procurem Abrigo” que Shannon se entregou por completa à loucura que tanto o define. Genialidade captada pela lente de Jeff Nichols.
Ralph Fiennes, The Grand Budapest Hotel
Nomeados Melhor Ator em 2015: Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo), Michael Keaton (Birdman), Benedict Cumberbatch (O Jogo da Imitação), Steve Carell (Foxcatcher), Bradley Cooper (Sniper Americano)
Porquê? Para além de Gyllenhaal como anteriormente apresentado, também uma das melhores comédias do século podia ter visto o seu ator principal nomeado. A habitual desvalorização do trabalho dos atores no género cómico contribuiu para deixar Ralph Fiennes de fora da equação.
Brie Larson, Short Term 12
Nomeadas Melhor Atriz em 2014: Cate Blanchett (Blue Jasmine), Sandra Bullock (Gravidade), Judi Dench (Filomena), Amy Adams (Golpada Americana), Meryl Streep (Um Quente Agosto)
Porquê? Vencedora do óscar de melhor atriz em 2016, Brie Larson entrou nos radares dos críticos graças ao indie “Temporário 12”. Se cabia entre as nomeadas? Se calhar não. Mas à época era um mínimo ter tido o seu papel mais comentado e elogiado.
Idris Elba, Beasts of No Nation
Nomeados Melhor Secundário em 2016: Mark Rylance (A Ponte dos Espiões), Tom Hardy (The Revenant: O Renascido), Christian Bale (A Queda de Wall Street), Mark Ruffalo (O Caso Spotlight), Sylvester Stallone (Creed: O Legado de Rocky)
Porquê? 2016 foi um ano particularmente forte nos desempenhos secundários masculinos. Ainda assim, só mesmo o facto da Netflix ainda ser vista como parente pobre pela Academia para impedir o britânico Idris Elba de ter o seu Commandant em “Beasts of No Nation” a valer-lhe a sua primeira nomeação.
Jason Segel, The End of the Tour
Nomeados Melhor Secundário em 2016: Leonardo DiCaprio (The Revenant: O Renascido), Michael Fassbender (Steve Jobs), Eddie Redmayne (A Rapariga Dinamarquesa), Bryan Cranston (Trumbo), Matt Damon (Perdido em Marte)
Porquê? No mesmo ano em que Elba ficou de fora no campo secundário, a ausência de Jason Segel entre os nomeados para óscar é ainda hoje difícil de digerir. O ator de “How I Met Your Mother” mergulhou profundamente na persona David Foster Wallace e ofereceu-nos uma fascinante viagem ao interior de um escritor único, tão iluminado quanto atormentado.
Joaquin Phoenix, Her
Nomeados Melhor Ator em 2014: Matthew McConaughey (O Clube de Dallas), Leonardo DiCaprio (O Lobo de Wall Street), Chiwetel Ejiofor (12 Anos Escravo), Bruce Dern (Nebraska), Christian Bale (Golpada Americana)
Porquê? Chateavam-se se 2 entre Chiwetel Ejiofor, Bruce Dern e Christian Bale tivessem tido os seus lugares ocupados por Joaquin Phoenix (Uma História de Amor) e Hugh Jackman (Raptadas)?
Na incrível narrativa de Spike Jonze, Phoenix fugiu ao registo intenso onde já o vimos brilhar tantas vezes e agarrou qualquer espectador com a sua solidão e encanto por um sistema operativo. Particularmente impressionante o facto de passar tanto tempo sozinho a contracenar apenas com uma voz. Excelente também o trabalho de Scarlett Johannsson (quando é que a Academia abre novas categorias para melhor voice acting e melhor motion capture performance)?
Rebecca Hall, Christine
Nomeadas Melhor Atriz em 2017: Emma Stone (La La Land: Melodia de Amor), Natalie Portman (Jackie), Isabelle Huppert (Ela), Ruth Negga (Uma História de Amor), Meryl Streep (Florence, Uma Diva Fora de Tom)
Porquê? Por vezes é triste como é notório que só quem faz campanha consegue chegar às contas finais dos óscares, passando ao lado muitas interpretações que vários membros nem se preocuparam em ver. No ano passado, o que Rebecca Hall fez como Christine Chubbuck foi arrepiante. Duas horas de queda em depressão. E um trabalho superior aos de Streep e Negga.
Sam Rockwell, Moon
Nomeados Melhor Ator em 2010: Jeff Bridges (Crazy Heart), Colin Firth (Um Homem Singular), Morgan Freeman (Invictus), Jeremy Renner (Estado de Guerra), George Clooney (Nas Nuvens)
Porquê? Já passa bastante tempo, mas não nos esquecemos do excêntrico Sam Rockwell como astronauta Sam Bell. No entanto, tudo parece estar a compor-se para que o sempre subvalorizado Rockwell tenha em 2018 a sua primeira nomeação.
Ezra Miller, We Need To Talk About Kevin
Nomeados Melhor Ator Secundário em 2012: Christopher Plummer (Assim é o Amor), Nick Nolte (Warrior – Combate Entre Irmãos), Jonah Hill (Moneyball – Jogada de Risco), Kenneth Branagh (A Minha Semana com Marilyn), Max von Sydow (Extremamente Alto, Incrivelmente Perto)
Porquê? “Temos de Falar Sobre Kevin” é um daqueles filmes pesados, desconfortáveis e impressionantes que só se vêem uma vez. E o novo Flash teve no filme de Lynne Ramsay a oportunidade de ser o mal em pessoa, confirmando as boas indicações que deixara em miúdo em “Depois das Aulas”. Hill, Branagh e von Sydow não chegaram ao nível de Miller nesse ano.
Tilda Swinton, We Need To Talk About Kevin
Nomeadas Melhor Atriz em 2012: Meryl Streep (A Dama de Ferro), Viola Davis (As Serviçais), Rooney Mara (Millennium 1: Os Homens Que Odeiam as Mulheres), Michelle Williams (A Minha Semana com Marilyn), Glenn Close (Albert Nobbs)
Porquê? Injustiça para o filho, e injustiça para a mãe. Embora já tenha conquistado um óscar (melhor atriz secundária em “Michael Clayton – Uma Questão de Consciência”), é difícil perceber como é que uma verdadeira camaleoa como Tilda Swinton só foi por uma vez nomeada. Quem não viu “Temos de Falar Sobre Kevin” não sabe o que está a perder.
Bel Powley, The Diary of a Teenage Girl
Nomeadas Melhor Atriz em 2016: Brie Larson (Quarto), Cate Blanchett (Carol), Saoirse Ronan (Brooklyn), Charlotte Rampling (45 Anos), Jennifer Lawrence (Joy)
Porquê? O amor da Academia por Jennifer Lawrence – indiscutível qualidade como atriz e justamente nomeada nas três ocasiões anteriores – impediu Bel Powley de ver o seu papel devidamente valorizado. Se Ellen Page deslumbrou em “Juno”, Powley não esteve, quase dez anos mais tarde, longe desse patamar de excelência.
Jean-Louis Trintignant, Amour
Nomeados Melhor Ator em 2013: Daniel Day-Lewis (Lincoln), Joaquin Phoenix (The Master – O Mentor), Bradley Cooper (Guia para um Final Feliz), Hugh Jackman (Os Miseráveis), Denzel Washington (Decisão de Risco)
Porquê? A Academia não ficou indiferente ao monumental desempenho de Emmanuelle Riva, mas na obra de Haneke, “Amor”, Jean-Louis Trintignant também merecia a nomeação.
Michael B. Jordan, Fruitvale Station
Nomeados Melhor Ator em 2014: Matthew McConaughey (O Clube de Dallas), Leonardo DiCaprio (O Lobo de Wall Street), Chiwetel Ejiofor (12 Anos Escravo), Bruce Dern (Nebraska), Christian Bale (Golpada Americana)
Porquê? Não teria sido descabido Michael B. Jordan receber uma nomeação por “Creed: O Legado de Rocky”. No entanto, e também em colaboração com Ryan Coogler, o ator californiano foi verdadeiramente espectacular em “Fruitvale Station: A Última Paragem”. Aqui entre nós, era uma substituição de Ejiofor, Dern e Bale por B. Jordan, Joaquin Phoenix e Hugh Jackman.
Mackenzie Davis, Always Shine
Nomeadas Melhor Atriz Secundária em 2017: Viola Davis (Vedações), Naomie Harris (Moonlight), Michelle Williams (Manchester by the Sea), Octavia Spencer (Elementos Secretos), Nicole Kidman (Lion – A Longa Estrada Para Casa)
Porquê? Para terminar, uma das atrizes que mais tarde ou mais cedo acabará por ter o reconhecimento que já merece. A ascensão de Mackenzie Davis, entre “Halt and Catch Fire”, “Black Mirror” e “Blade Runner 2049” tem sido rápida e tecnológica. No independente “Always Shine” de Sophia Takal mostrou tudo aquilo de que é capaz em interação com Caitlin FitzGerald. Há qualquer coisa de especial, quando bem feito, numa atriz a interpretar… uma atriz.
Quais destes atores e atrizes gostarias que tivessem sido nomeados? És capaz de acrescentar outra grande injustiça a nível de papéis ignorados pelos óscares na última década?
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