50 filmes LGBTQ+ que marcaram a História do Cinema
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50 anos depois de Stonewall, a Magazine-HD elege os 50 filmes LGBTQ+ que marcaram a História do Cinema.
A 28 de junho de 1969 um grupo de polícias invadiu um bar no bairro de Greenwich Village sob o (suposto) pretexto de que os proprietários vendiam bebidas alcoólicas sem licença. Todos os clientes – que incluiam gays, lésbicas, bissexuais e outros elementos da comunidade Queer – foram forçados a sair, o que despoletou um grave e violento confronto com a polícia, com protestos que se estenderam ao longo de cinco dias. O bar chamava-se Stonewall Inn, e este epicentro de revolta – agora conhecido como a Revolta de Stonewall – tornou-se um autêntico farol LGBTQ+, sendo hoje tido como um dos eventos mais importantes da história moderna pela luta dos direitos das comunidades e um ponto de partida para o movimento da luta pelos direitos LGBTQ+.
Nas celebrações dos 50 anos de Stonewall, a equipa MHD junta-se para celebrar o mês (e o ano e a vida) de Orgulho e elege 50 filmes LGBTQ+ que marcaram a História do Cinema. Para simplificar um pouco o processo de seleção, optámos por evitar documentários e curtas-metragens, focando-nos em longas-metragens narrativas.
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ANDERS ALS DIE ANDEREN (1919)
de Richard Oswald
Há muitos cinéfilos que supõem que o cinema queer é um fenómeno relativamente recente, mas isso não poderia estar mais longe da verdade. Mesmo antes do advento dos anos 20, já o cinema era casa para artistas e histórias de indivíduos LGBTQ+, como é o caso de “Anders als die Andern”. Nesse filme, onde se conta a história de um violinista que se apaixona por um pupilo, os cineastas trabalharam com o intuito de conceber um protesto fílmico contra a criminalização da homossexualidade na Alemanha da época. Por isso mesmo, este é considerado por muitos historiadores como o primeiro filme pró-gay da História.
Cláudio Alves
SALOMÉ (1922)
de Alla Nazimova
Tão importante como celebrar narrativas que diretamente lidam e retratam temas e pessoas LGBTQ+, é divulgar e apreciar o trabalho de pessoas desta comunidade, mesmo aqueles filmes que, em si, não têm grande conteúdo queer para além de elementos estéticos e metatextuais. “Salomé”, uma adaptação avant-garde da peça de Oscar Wilde, é um marco histórico neste contexto, tendo sido, segundo rumores e análises contemporâneas, um filme feito quase exclusivamente por pessoas queer, tanto à frente como atrás das câmaras.
Cláudio Alves
MARROCOS (1930)
de Josef von Sternberg
A ideia de que a Hollywood de outros tempos era um templo de conservadorismo e moralismos puritanos é uma insana falsidade. Basta olharmos para os filmes que foram feitos antes da implementação do Código Hays e sua censura. Filmes como “Marrocos”, onde Marlene Dietrich, uma estrela abertamente bissexual, beija uma mulher e se pavoneia pelo ecrã em modas andróginas e projeta uma imagem de promiscuidade libertina, sem pudor ou vergonha. A imagem de Dietrich vestida num fraque requintado é um ícone para muitos drag kings, ainda hoje.
Cláudio Alves
RAPARIGAS DE UNIFORME (1931)
de Leontine Sagan
Destacado por muitos como o primeiro filme lésbico da história, “Mädchen in Uniform” (ou “Raparigas de Uniforme” no título português) baseia-se na peça “Gestern und heute” do ano anterior e tem uma abordagem surpreendentemente crítica e ousada do fascismo alemão enquanto explora a relação romântica (e erótica) entre uma aluna de um colégio interno e uma das suas professoras. Lançado em pleno desenvolvimento do regime Nazi, os atentados à sua total destruição foram repetidos e intensos… mas felizmente algumas cópias sobreviveram.
Catarina d’Oliveira
BRUSCAMENTE NO VERÃO PASSADO (1959)
de Joseph L. Mackiewicz
Protagonizado por duas divas da era de Ouro do Cinema de Hollywood, Elizabeth Taylor e Katharine Hepburn (que estiverem, inclusive, nomeadas para o Óscar de Melhor Atriz no ano correspondente), “Bruscamente no Verão Passado” é baseado numa peça de Tenessee Williams e remonta-nos para 1937. Um thriller psicológico onde (re)vivemos memórias e histórias para conhecermos a verdade sobre as personagens e o tema LGBTQ+ se intromete como um tabu e um trauma numa delas. Devido à abordagem, cria duas interpretações polarizadoras: ou é um dos filmes mais revolucionários ou homofóbico de todos os tempos.
Maria João Bilro
VICTIM (1961)
de Basil Dearden
Foi apenas em 1967 através do Sexual Offences Act 1967 que os atos homossexuais entre dois homens de pelo menos 21 anos foram descriminalizados na Inglaterra e País de Gales – e o mesmo só aconteceu na Escócia e Irlanda já no início dos anos 80. Talvez por isso “Victim” de Basil Dearden assuma ainda uma importância histórica e social mais pungente. Lançado em 1961, o filme desenvolve-se à volta da morte de um jovem que leva à descoberta de uma teia de chantagens feitas contra uma série de homens gays em Londres na década de 60. “Victim” foi, na altura do seu lançamento, uma história perigosa de se contar, não só pelo enredo explicitamente dedicado ao tema gay – foi, aliás, o primeiro filme de língua inglesa a utilizar verbalmente a palavra homossexual – mas também porque se constituiu como uma lancinante exploração dos problemáticos códigos sociais britânicos e da desenfreada homofobia que habitava as ruas da capital inglesa. Apesar de ter estado longe de ser um sucesso comercial na época do seu lançamento é um filme manifestamente essencial na expressão LGBTQ+ na história do Cinema e foi um dos grandes responsáveis artísticos pela descriminalização da homossexualidade no Reino Unido.
Catarina d’Oliveira
TEOREMA (1968)
de Pier Paolo Pasolini
Absolutamente vanguardista e controverso pela sua mente aberta e ideais comunistas, Pier Paolo Pasolini foi um dos mais aclamados cineastas italianos. “Teorema” é um filme que aborda um dos temas mais recorrentes na sua filmografia, a família, onde seguimos uma família rica de Milão que hospeda um rapaz na sua mansão. Seduzindo e atraindo todos os membros, e especialmente os masculinos, a Visita (nunca sabemos o seu nome) marca o início da decadência dos laços da família burguesa.
Maria João Bilro
FUNERAL PARADE OF ROSES (1969)
de Toshio Matsumoto
A sociedade japonesa tem sido sempre caracterizada por atitudes conservadores, mesmo que a sua cultura popular tenha fama de bizarria e loucura. Assim também é o cinema nipónico e os valores que difunde. Com isto em conta, é fácil entender como é que as vanguardas dos anos 60 representaram uma reviravolta ensandecida para cineastas e audiências do Japão. Nesse contexto, “Funeral Parade of Roses”, uma versão contemporânea da história de Édipo com drag queens e mulheres trans nos papéis principais, foi uma bomba de transgressão. Além disso, o filme é uma maravilha de estilização formalista que muito tem influenciado outros cineastas, tanto dentro como fora do seu país de origem. Nessa medida, poderíamos mesmo dizer que este é um dos filmes LGBTQ+ mais historicamente importantes no desenvolvimento da Arte e outros autores.
Cláudio Alves
OS RAPAZES DO GRUPO (1970)
de William Friedkin
Adaptado do original da Broadway de 1968, “The Boys in the Band” explora com humor, inteligência e muito sarcasmo as emoções que marcam aquela que seria inicialmente uma mera festa de aniversário de oito amigos gays que se reúnem numa noite nova iorquina, mas que – ao acidentalmente envolver um convidado heterossexual “surpresa” – se transforma num retrato acídico das angústias gay dos anos 70. Com um argumento chocante e real Mart Crowley retrata na perfeição a internalização da culpa deste grupo de homens auto-depreciativos. Filmado no ano dos Stonewall Riots, “The Boys in the Band” é uma cápsula do tempo da sua Era, à beira de uma profunda revolução cultural.
Catarina d’Oliveira
PINK NARCISSUS (1971)
de James Bidgood
Rodado em 8mm e filmado ao longo de um período que se estendeu a sete anos, “Pink Narcissus” é hoje um dos mais famosos exercícios de erotismo gay da cena underground americana nos anos 70. Descrito como “um poema erótico passado nas fantasias de um jovem prostituto”, o trabalho de paixão de James Bidgood é uma psicadélica coleção de vinhetas sexy e coloridas que caminham entre a realidade consciente e inconsciente, e que se metamorfizam num pequeno milagre low-budget.
Catarina d’Oliveira
PINK FLAMINGOS (1972)
de John Waters
Estamos certos que não é um filme para todos os gostos. É especialmente conhecido por uma cena de coprofagia zoófila, mas vinga por muito mais do que isso. A história segue a drag queen Divine, numa batalha contra a família Marble para obterem o título de “pessoa mais porca do mundo”. Pode ser interpretado como um filme que distancia e rotula a comunidade LGBTQ+ como depravada e obscena, mas na sua essência é uma sátira muito eficaz à heteronormatização e à noção do que é “normal” e “comum”.
Maria João Bilro
LUÍS DA BAVIERA (1973)
de Luchino Visconti
Que Luchino Visconti teria de figurar algures nesta nossa lista não tínhamos dúvidas. No entanto, talvez a escolha mais óbvia e segura fosse “Morte em Veneza” e não propriamente este “Ludwig” – a última parte da sua Trilogia Alemã – que chegou já bem próximo do final de vida do realizador italiano. Retratando a conturbada vida de Ludwig, rei da Baviera, o enredo acompanha o monarca desde a coroação até à sua morte, em 1886 e saltitando entre o seu conturbado relacionamento com com Richard Wagner e pela sua paixão platónica pela prima Elisabeth, imperatriz da Áustria. O retrato abertamente homossexual do monarca causou controvérsia, particularmente na Bavária e o filme de originalmente 4 horas foi sucessivamente cortado e trucidado sem a intervenção de Visconti. Existem pelo menos 4 versões deste, sendo que apenas a completa consegue convir na perfeição a sua exploração ruminativa da aristocracia decadente.
Catarina d’Oliveira
JE, TU IL ELLE (1974)
de Chantal Akerman
Como seria de esperar, considerando o resto da filmografia de Chantal Akerman, “Je, Tu Il Elle” é uma experiência um tanto ou quanto desconcertante que esbate os limites que separam o documentário do drama e do cinema experimental. De certo modo, poderíamos descrever o projeto como um tríptico de inação centrado numa mulher que sofre de agorafobia que, verdade seja dita, apenas está nesta lista devido aos seus minutos finais. Aí, Akerman desafia qualquer convenção ou limite da época, ao mostrar um encontro sexual não simulado entre duas mulheres, um gesto radical e provocador num filme que tanto perturba como fascina.
Cláudio Alves
FESTIVAL ROCKY DE TERROR (1982)
de Jim Sharman
É um item na bucket list de muitos, participar numa das fantásticas e animadas exibições de “Festival Rocky de Terror”, onde a assistência se une entoando canções, dançando e vestindo-se como os seus personagens favoritos. Mas o clássico de Jim Sharman é muito mais do que uma desculpa para cantar e dançar desenfreadamente. Apesar de, na altura do lançamento, ser um profundo falhanço crítico e comercial, não demorou muito até se tornar um sucesso de culto. Porquê? Além dos fabulosos números musicais, o seu sucesso dever-se-á, em grande medida, ao entusiasmo da comunidade LGBTQ+ que abraçou a sua exploração da liberdade sexual e de identidade. Apenas sete anos depois de Stonewall, é o ponto de encontro para milhões de outsiders que se podem encontrar a si mesmos e uns aos outros na comunhão desta experiência inesquecível.
Catarina d’Oliveira
QUERELLE (1982)
de Rainer Werner Fassbinder
Rainer Werner Fassbinder teve uma carreira breve, mas extremamente produtiva, com dezenas e dezenas de filmes a seu nome. Histórias de sadismo e domínio, de vitimização e opressão, de glamour e kitsch, as obras que compõem a sua filmografia são pequenas joias que espantam e magoam em igual medida. “Querelle”, sua última obra antes da morte prematura, é o seu trabalho mais desavergonhadamente queer, mais transgressivo e mais sufocante, como um pesadelo erótico do qual nunca se acorda. Trata-se também do mais potente sumário dos seus interesses, gostos e estéticas, sendo uma joia de cinema LGBTQ+ que é doce ao mesmo tempo que envenena o espetador com seu desespero tingido de desejo.
Cláudio Alves
BORN IN FLAMES (1983)
de Lizzie Borden
Primeira longa-metragem da realizadora Lizzie Borden, “Born in Flames” foi produzido com um budget de apenas 30.000 dólares. Aborda, num estilo que quer parecer documental, um futuro próximo ou mundo paralelo após uma revolução socialista onde o papel de género é posto em causa – o que poderia ser um passo em frente para a igualdade e inclusão, retrocedeu novamente para a misoginia e supremacia masculina. Ficou marcado para a história como um clássico do cinema feminista.
Maria João Bilro
A MINHA BELA LAVANDARIA (1985)
de Stephen Frears
Stephen Frears abre a cortina e mostra sua visão do preconceito (racial e sexual) ao expor a relação de dois jovens gays em Londres na Era Thatcher – o paquistanês Omar e o inglês Johnny – que, juntos, abrem uma lavandaria. Além de ser um dos mais fiéis retratos do que significava viver na era Thatcher, “A Minha Bela Lavandaria” é talvez e acima de tudo, do alto de toda a sua sensualidade realista e crua, um dos grandes faróis emblemáticos no cinema queer dos anos 80.
Catarina d’Oliveira
MAURICE (1987)
de James Ivory
Baseado no romance de Edward Morgan Forster, o filme de James Ivory (autor do argumento de “Chama-me Pelo Teu Nome”) foi exibido pela primeira vez no Festival de Veneza, recebendo o Leão de Prata. Situado numa Inglaterra onde a homossexualidade era considerada crime, vivem dois jovens estudantes que têm uma relação muito especial, mas que é interrompida devido ao seu carácter ilícito – o que leva a uma jornada de crise de identidade por parte de um deles.
Maria João Bilro
LOOKING FOR LANGSTON (1989)
de Isaac Julien
Tirando inspiração na obra do poeta afro-americano Langston Hughes, “Looking for Langston” é um devaneio onírico e erótico cheio de imagens sedutoras e uma atmosfera intoxicante que nos acaricia o olhar e arrebata o espírito. Filmado a preto-e-branco e com imagens de arquivo à mistura, este é um esforço de cinema experimental que tenta imergir o espectador na glória da Renascença de Harlem e, ao mesmo tempo, homenagear a comunidade gay afro-americana que encontraram momentânea liberdade em clubes clandestinos nos anos 20.
Cláudio Alves
COMING OUT (1989)
de Heiner Carow
“Coming Out” foi o primeiro filme da Alemanha de Leste a abordar temáticas LGBTQ+. Foi o primeiro e foi o último, considerando que a obra chegou aos cinemas nos mesmos dias de novembro de 1989 quando o Muro de Berlim caiu. Oferecendo um olhar franco e sem precedentes à cena gay na Alemanha de Leste e, ao mesmo tempo, elaborando um íntimo estudo de personagem, esta história de um professor a confrontar os seus próprios desejos é um modesto triunfo e um grande marco histórico.
Cláudio Alves
COMPANHEIROS DE SEMPRE (1989)
de Norman René
O cinema queer, nomeadamente o movimento do Novo Cinema Queer, foi inexoravelmente afetado e influenciado pela crise da SIDA que rebentou nos anos 80. “Companheiros de Sempre” foi um dos primeiros filmes a abordar o tema e a alcançar alguma notoriedade e prestígio mainstream. Trata-se de um retrato multifacetado de vários homens gay a enfrentarem a crise no seu auge. Nos anos 90, o Novo Cinema Queer iria emergir, especialmente no panorama americano independente, e é graças a obras como esta que tal fenómeno foi possível e teve a projeção que teve dentro de círculos cinéfilos e mainstream. Pela sua devastadora prestação, Paul Davison foi nomeado para o Óscar de Melhor Ator Secundário.
Cláudio Alves
A CAMINHO DE IDAHO (1991)
de Gus Van Sant
O filme de Gus Van Sant sobre dois “gigolos” rebeldes em busca do seu destino não nasceu como uma adaptação da obra de Shakespeare de gema, mas cresceu orgulhosamente para tornar numa. De facto, “A Caminho de Idaho” começou por se inspirar no romance “City of Night” de John Rechy e as experiências pessoais do realizador. No entanto, a páginas tantas, tornou-se tão claro que o enredo e os obstáculos dos personagens eram tão próximos dos de “Henrique IV” e “Henrique V” que reescreveu todo o argumento para se abeirar ainda mais da narrativa do Bardo de Avon. Numa meditativa e idiossincrática exploração da fluidez sexual, tenta quebrar com as habituais representações heteronormativas de identidade, género e sexualidade e foca-se num drama sobre o amor, a (perda de) inocência e a autodestruição.
Catarina d’Oliveira
EDUARDO II (1991)
de Derek Jarman
Derek Jarman, cineasta punk, enfant terrible do cinema britânico, cenógrafo ousado e provocador, foi o realizador que, em 1991, deu nova vida a uma das peças mais famosas do dramaturgo seiscentista Christopher Marlowe. “Eduardo II” é uma adaptação estilizada, que injeta sensibilidades e ativismo LGBTQ+ na história do trágico rei inglês. As imagens do filme, muito ajudadas pelos figurinos de Sandy Powell, são inesquecíveis e este foi também um dos primeiros filmes que deram projeção internacional a Tilda Swinton. Para muitos, esta será uma perversão da História, uma traição a um clássico dos palcos, mas é por isso mesmo que temos de celebrar Jarman e sua audácia e gosto pela subversão.
Cláudio Alves
ORLANDO (1992)
de Sally Potter
Adaptar a obra de Virginia Woolf é uma tarefa que não se deseja a um inimigo, mas adaptar “Orlando” parecia digno do enredo de uma “Missão Impossível”. Quando tudo parecia alinhado para errar, juntemos Sally Potter a Tilda Swinton e o resultado é um clássico Queer sem igual, olhando o género como uma espécie de construção moldável ou um inescapável método de controlo social. Na nossa história, Orlando é um jovem nobre que é condenado pela rainha Elizabeth I a permanecer jovem para todo o sempre. Quando a maldição se cumpre, Orlando tem de atravessar séculos e séculos, experimentando novas vidas, parceiros, sentimentos e géneros.
Catarina d’Oliveira
ADEUS. MINHA CONCUBINA (1993)
de Kaige Chen
Homens a interpretar papéis femininos não é algo que só existe no teatro Shakespereano, nem é um fenómeno exclusivo do passado. A ópera chinesa tradicional sempre teve homens a darem vida a mulheres em palco, um jogo de género e identidade performativa que serve como base temática e estética para o primeiro filme chinês a ganhar a Palme d’Or. “Adeus, Minha Concubina” retrata décadas na vida de três indivíduos unidos por um triângulo romântico e cujas vidas são destruídas e moldadas pelos horrores da Revolução Cultural. Trata-se de um cocktail de crises identitárias tanto a um nível pessoal como nacional, uma avassaladora obra sobre temas LGBTQ+ e históricos, que nos seduz ao mesmo tempo que espeta um punhal no nosso coração. Leslie Cheung, superestrela assumidamente gay do cinema chinês dos anos 90, tem aqui o seu melhor papel de sempre.
Cláudio Alves
PRISCILLA, RAINHA DO DESERTO (1994)
de Stephan Elliott
Três “drag queens” de Sydney a quem a vida não corre de feição aceitam fazer um espetáculo em Alice Springs, no centro da Austrália. Para lá chegar, atravessam o deserto num autocarro a que chamam Priscilla. Neste delicioso “road-movie” australiano o travestismo – que outrora era (pouco) agraciado com toques de absurdismo no cinema – assume na comédia dramática de Stephen Elliot uma beleza luxuosa e exótica. Surgindo como um sucesso inesperado por todo o mundo, trouxe os temas LGBTQ+ até à audiência mais mainstream e tornou-se rapidamente num adorado clássico de culto ao qual não resistimos regressar uma e outra vez.
Catarina d’Oliveira
STONEWALL (1995)
de Nigel Finch
Os motins de Stonewall foram a chama que acendeu o pavio da luta pelos direitos civis da comunidade queer. Isto ocorreu em 1969, a 28 de junho, e foi um evento histórico protagonizado por alguns indivíduos que, mesmo na comunidade LGBTQ+, tendem a ser marginalizados como mulheres trans e pessoas de cor. “Stonewall” é um retrato destes eventos que tenta prestar homenagem e celebrar as vidas daqueles que lutaram pelos seus direitos e dignidade, resultando num retrato coletivo que foge a alguns dos mais perniciosos clichés de docudramas históricos. Não é perfeito, mas conta uma história de extrema importância, mesmo fora do contexto da comunidade LGBTQ+, que, infelizmente, nem sempre foi encarada com o devido respeito ou dignidade por Hollywood.
Cláudio Alves
SEM LIMITES (1996)
de Irmãs Wachowski
Quando as irmãs Wachowski se assumiram enquanto mulheres transgéneras, muitos foram as reavaliações críticas e académicas do seu trabalho. O “Matrix”, por exemplo, é agora alvo de grandes análises enquanto uma obra metatextualmente queer. Com isso dito, convém dizer que, antes desse blockbuster, já as Wachowski se tinham aventurado no mundo do cinema LGBTQ+ com “Sem Limites”, um thriller criminal centrado num casal lésbico, um filme que é tão tenso como erótico. No meio das vanguardas do Novo Cinema Queer nos anos 90, esta obra representou uma rara ponte entre este tipo de projeto transgressivo e as audiências mainstream.
Cláudio Alves
FELIZES JUNTOS (1997)
de Wong Kar Wai
Wong Kar Wai é provavelmente o realizador Chinês mais conhecido e bem sucedido além fronteiras. É também um realizador que possui uma estética marcada e tem a fortuna de ser reconhecido pelo seu próprio estilo. Em 1997, com “Felizes Juntos“, ganhou a Plama de Ouro no Festival de Cannes de melhor realizador. O filme conta a história de um casal chinês homossexual e bastante tóxico que viaja para a capital argentina à procura de uma nova vida.
Maria João Bilro
DEUSES E MONSTROS (1998)
de Bill Condon
Na Era Doirada de Hollywood, muitos eram os cineastas queer que tiveram de esconder suas identidades ou encher os seus filmes com subterfúgios e significados encriptados por metáforas aparentemente inofensivas de modo a se expressarem. James Whale, o realizador britânico que realizou o primeiro “Frankenstein” e trouxe os mecanismos do Expressionismo Alemão ao cinema americano, foi um deles. “Deuses e Monstros” retrata os últimos dias na vida desse grande artista com o auxílio de um guião vencedor do Óscar e a melhor interpretação na carreira de Ian McKellen, também ele um homem gay, um membro vocal e ativista da comunidade LGBTQ+, a trabalhar em Hollywood.
Cláudio Alves
BUT I’M A CHEERLEADER (1999)
de Jamie Babbit
Histórias inspiradoras de jovens a descobrirem-se a si mesmos e aos seus desejos representam um tipo de narrativa muito comum no cinema queer, especialmente a partir dos anos 90. A década acabou com uma obra que, de certa forma, parece ser quase um comentário sobre essa mesma tendência cinematográfica. Em “But I’m a Cheerleader” as convenções destes filmes são desafiadas e levadas a níveis de exagero e ridículo sem, no entanto, tornar o trabalho numa paródia. Para muitos, esta comédia é um clássico de cinema de temas LGBTQ+ e é fácil entender porquê.
Cláudio Alves
TUDO SOBRE A MINHA MÃE (1999)
de Pedro Almodóvar
Pedro Almodóvar é um dos melhores realizadores LGBTQ+ da atualidade. Seus filmes sempre refletiram a especificidade da sua perspetiva e desejos, mas “Tudo Sobre a Minha Mãe” é talvez sua joia da coroa. Por um lado, é certamente uma das suas obras mais celebradas, tendo ganho o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro. Por outro, não é tanto a sua aclamação que nos leva a destacar a obra na filmografia do cineasta, mas sim o humanismo que vibra nesta obra, suas emoções e avassaladora sinceridade. Num monólogo feito num teatro de Barcelona, Almodóvar mostra mais compaixão e empatia para com uma personagem transgénero do que a maioria dos cineastas fizeram durante toda a História da sétima arte, mesmo dentro do panorama do cinema LGBTQ+. Viva Almodóvar!
Cláudio Alves
OS RAPAZES NÃO CHORAM (1999)
de Kimberley Pierce
“Os Rapazes Não Choram” é um filme biográfico, baseado num acontecimento real. Kimberly Peirce estava ainda na faculdade quando leu sobre o assunto, tendo desde então desenvolvido várias pesquisas sobre o caso com o intuito de escrever um guião, que foi desenvolvido durante 5 anos. Em 1995 realiza uma curta e 4 anos mais tarde, o feroz filme que cedeu o Óscar de Melhor Atriz a Hilary Swank. A história segue um rapaz trans que sai da sua cidade em busca da sua identidade e felicidade, mas acaba por se encontrar com um destino muito diferente.
Maria João Bilro
HEDWIG – A ORIGEM DO AMOR (2001)
de John Cameron Mitchell
Um dos mais importantes fenómenos de culto do novo milénio nasceu logo no seu berço. Ainda mal tínhamos posto o pé nos horrores e dissabores do ano 2000 e logo no ano seguinte vimos chegar às salas aquele que pode muito bem ser o discípulo de “Rocky Horror Picture Show”, o midnight movie do séc. XXI: “Hedwig A Origem do Amor”. Este “quase-musical” acompanha uma cantora de rock transsexual – Hedwig – que viaja pelos EUA tentando realizar o sonho de se tornar uma estrela de rock, mesmo quando o ex-namorado ganha toda a fama e popularidade depois de roubar as suas músicas. Para diversas comunidades de outcasts, Hedwig tornou-se um farol de esperança e inspiração: uma sobrevivente que enfrenta os desafios e transforma todas as dificuldades em algo belo. Visceral, intelectual, irreverente e deliciosamente extravagante, permanece, 18 anos depois, um marco cultural essencial para a comunidade LGBTQ+.
Catarina d’Oliveira
FEBRE TROPICAL (2004)
de Apichatong Weerasethakul
A vida é feliz e o amor é simples para os jovens Keng e Tong. Keng é um soldado e Tong trabalha no campo. O tempo passa, ritmado pelas noites na cidade, pelos jogos de futebol e pelas agradáveis reuniões na casa da família de Tong, mas quando as vacas da região começam a ser decapitadas por um animal selvagem, Tong desaparece… As lendas locais rezam que um ser humano pode, de alguma forma, ser transformado noutra criatura… É então que começa o conto de um soldado que parte sozinho para o coração da selva tropical, onde os mitos são, na maioria das vezes, realidade. Nesta poderosa exploração do mito, do medo e do desejo, Apichatong Weerasethakul conta-nos uma das mais bizarras histórias de amor nesta lista. Hipnotizante.
Catarina d’Oliveira
BROKEBACK MOUNTAIN (2005)
de Ang Lee
Wyoming, 1963. Ennis Del Mar e Jack Twist conhecem-se quando procuram emprego no rancho de Joe Aguirre. Ambos parecem ter certezas quanto ao que querem da vida, mas quando Aguirre destaca Ennis e Jack para trabalharem na remota região de Brokeback Mountain, os dois sentem-se unidos por um desejo de intimidade profunda e por uma complexa relação emcocional que se transformará no grande amor das suas vidas. Recebendo oito nomeações aos Óscares da Academia, “Brokeback Mountain” é o drama de tristeza lacónica que deixou uma marca que nunca conseguimos esquecer – e ainda bem. Profundamente triste e belo, o já clássico de Lee trouxe de volta ao cinema mainstream as temáticas LGBTQ+, sendo reconhecido pelo público e pela crítica, e abrindo caminho para que outros filmes fizessem o mesmo – ainda que os seus mais valerosos descendentes tenham tardado, acabariam por começar a chegar na década seguinte (ex: “Carol”, “Moonlight” e “Call me by Your Name”). Em 2018 foi selecionado para preservação no National Film Registry dos EUA, por ser “cultural, histórica o esteticamente significativo”. É, até ao momento, o filme mais recente a ser escolhido para figurar nesta lista protegida.
Catarina d’Oliveira
MORRER COMO UM HOMEM (2009)
de João Paulo Rodrigues
Tonia é uma veterana da cena travesti lisboeta que se abeira do fim da carreira. Pressionada pelo namorado a submeter-se a uma operação de sexo, Tonia convulsa-se com as suas convicções morais e religiosas mais profundas, sabendo que, perante Deus, nunca será uma mulher. A crise de Tonia desenrola-se sob os detalhes da sua existência. É uma chuva de incongruências que combinam na perfeição – o pragmatismo e a natureza visionária, o realismo e o fantástico, a pobreza e a riqueza – e que torna a sua história inquietante e muito mais relevante do que eventualmente poderá parecer à superfície. Uma fascinante fábula de tristeza que explora a identidade de género e o poder do desejo.
Catarina d’Oliveira
MARIA-RAPAZ (2011)
de Céline Sciamma
Céline Sciamma é uma realizadora francesa a observar, e a não largar. Tem uma filmografia de quatro filmes, sendo que o último estreou este ano em Cannes e foi um enorme sucesso entre os críticos, com uma de 95 no Metascore. “Tomboy” é provavelmente o seu filme mais conhecido, e também o mais cândido – apesar de todas as suas personagens serem sempre muito honestas. A narrativa conta-nos a história de um menina chamada Laure que se muda para outra vizinhança com a sua família e se apresenta aos novos amigos como Mikhael. É um ‘coming of age’ muito cru (tanto em relação à personagem principal como à reação da sociedade) e um relato de disforia de género infantil que é muito afastado do cinema.
Maria João Bilro
PARIAH (2011)
de Dee Rees
Seis anos antes de “Mudbound – As Lamas do Mississípi”, a realizadora Dee Rees apresentou-nos a sua primeira longa-metragem de ficção, “Pariah“, que significa “indivíduo que a sociedade repele ou exclui”. E esta é também a melhor definição para a personagem principal, Alike (ou Lee) que se desenrola entre o feminino e masculino por pressão social. Alike não se identifica com as normas associadas ao feminino, mas não o consegue expressar em casa, onde a sua mãe tenta constantemente confrontá-la e convertê-la. É uma dura viagem pela busca da identidade, num contexto em que tantas pessoas querem e acham que têm o direito de intervir.
Maria João Bilro
LAURENCE PARA SEMPRE (2012)
de Xavier Dolan
Com Xavier Dolan, uma coisa é certa: não existem personagens chatas ou pouco interessantes. Dolan, com apenas 30 anos, é um dos melhores realizadores contemporâneos, com uma filmografia implacável, e uma figura de destaque no que diz respeito à representatividade LGBTQ+ na sétima arte. Em “Laurence Para Sempre“, quebramos todas as noções que julgávamos compreender sobre o amor e a amizade, acompanhando uma jornada de 10 anos entre uma mulher e mulher transgénero.
Maria João Bilro
O DESCONHECIDO DO LAGO (2013)
de Alain Giraudie
“O Desconhecido do Lago” estreou em Cannes na Secção Un Certain Regard, onde o realizador ganhou inclusivamente o prémio de Melhor Realizador. É um dos filmes mais cativantes desse ano e devemo-lo às personagens que nos hipnotizam com a sua sensualidade e ousadia. Franck e Michel conhecem-se numa praia de nudismo, famosa entre os homossexuais, e acabam por desenvolver uma relação bastante peculiar, envolta de muito mistério…
Maria João Bilro
A VIDA DE ADÈLE (2013)
de Abdelatif Kechiche
“A Vida de Adèle” é baseado num encantador romance gráfico de Julie Maroh intitulado ‘Blue is the Warmest Color’. A pelicula de Kechiche conta-nos a história de uma rapariga, Adèle, e do seu primeiro amor – que por acaso é uma rapariga, chamada Emma. Seguimo-las durante alguns anos – apesar de nunca termos propriamente a noção de quanto tempo – e observamos a evolução da relação e das próprias personagens e o que resta do seu amor. É um filme profundamente íntimo que nos deixa de rastos mas tem também o poder de nos encantar a cada plano, com a fotografia natural e uma palete de cores extremamente inteligente, onde o azul representa sempre o Amor. Afinal, é mesmo a cor mais quente.
Maria João Bilro
TANGERINE (2015)
de Sean Baker
Filmado unicamente com 3 iphones (artilhados com lentes anamórficas, aplicações que controlam todas as funcionalidades da câmara e estabilizadores), “Tangerine” representou o maior salto de Baker no cinema, seguido do seu último filme, The Florida Project. Em Tangerine, seguimos uma prostituta transgénero, Sin-Dee, que acaba de sair da prisão e descobre que o seu namorado a anda a trair com uma mulher cisgénero e segue uma jornada em busca de ambos. É um filme hilariante e muito inteligente, muito marcado pela sua fotografia e modelo de produção. Um exemplo de uma obra fabulosa feita com pouco dinheiro e muito amor à arte.
Maria João Bilro
CAROL (2015)
de Todd Haynes
Adaptado de um romance de incalculável importância na História de literatura LGBTQ+ e realizado por um dos grandes cineastas queer da atualidade, “Carol” é uma joia de cinema romântico casado com rigor formalista in extremis. Em granulosas imagens acompanhadas por melodias assombrosas, o filme é frio e emocional, um prisma cristalino de desejo e de repressão em igual medida, contando assim a história de amor entre uma jovem fotógrafa e uma mulher mais velha em plena América dos anos 50. Rooney Mara e Cate Blanchett oferecem aqui as melhores prestações das suas respetivas carreiras e foram ambas nomeadas para os Óscares pelos seus esforços.
Cláudio Alves
MOONLIGHT (2016)
de Barry Jenkins
Silenciosamente devastador na sua lancinante caracterização da masculinidade, da raça e da identidade sexual, “Moonlight” é um sensível e requintado tríptico que faz o relato vital de vida de Chiron, um jovem afro-americano, desde a sua infância até à idade adulta, acompanhando a sua luta por encontrar um lugar no mundo à medida que cresce num bairro empobrecido de Miami. Filmado com paixão, interpretado com alma, escrito com ousadia, “Moonlight” é uma daquelas raras instâncias cinematográficas que parecem encapsular em si a verdade da experiência humana – em toda a sua admirável maravilha e em toda a sua trágica realidade. Magistral e subtil estudo da sexualidade e do desejo humano, sem medo de desbravar territórios inexplorados das complexidades da juventude e da identidade queer afro-americana, “Moonlight” é um filme que prospera na pós-existência – que permanece e se demora depois dos créditos, enquanto cruzamos as ruas geladas no caminho para casa, rodando as suas emoções à flor da mente e da pele.
Catarina d’Oliveira
A CRIADA (2016)
de Park Chan-wook
Park Chan-wook é considerado um dos cineastas mais provocadores da Coreia do Sul e “A Criada” é a máxima prova de como essa reputação é mais do que merecida. O filme é um conto pérfido de manipulação e mentiras na Coreia do início do século XX, adaptado de um romance da célebre autora Sarah Waters que tem dedicado a carreira a escrever histórias de amor entre mulheres na Inglaterra oitocentista. No centro da intriga, floresce o romance entre uma criminosa e o alvo dos seus crimes, romance este que é contado três vezes, de três perspetivas diferentes, gradualmente elucidando e confundindo ainda mais a sua audiência com cada nova revelação. Trata-se de um dos raros sucessos do cinema coreano a abordar temas LGBTQ+ e é também um dos triunfos mais sensacionais do seu respeitado autor.
Cláudio Alves
CHAMA-ME PELO TEU NOME (2017)
de Luca Guadagnino
A romântica, elegante e sensual obra magistral que veio preencher o legado de “Carol” e “Moonlight” como o poderoso e necessário retrato anual (mais mainstream) do amor entre o mesmo sexo adapta o romance de André Aciman sobre um jovem espirituoso e com hormonas dançantes que não consegue parar de pensar no belo académico americano que veio passar o verão com a sua família, em Itália. Mais do que uma meditação sobre o impacto melancólico de um ‘amor de verão’, “Chama-me pelo teu Nome” traça uma caracterização pungente da natureza humana e das relações e Luca Guadagnino procurou sempre um filme menos político e mais atemporal e inclusivo. Gentil tanto quanto é devastador é o romance ‘coming-of-age’ que fez toda a gente esquecer-se que se passava entre dois homens. E que bonito e tão natural foi e deveria ser sempre.
Catarina d’Oliveira
UNA MUJER FANTÁSTICA (2018)
de Sebastián Lelio
Marina é uma jovem transgénero aspirante a cantora. Certo dia conhece Orlando, um homem bastante mais velho, por quem se apaixona. Os dois amam-se profundamente e são felizes. Mas quando Orlando morre repentinamente, Marina vê-se obrigada a enfrentar a família dele, que nunca reconheceu a relação e que é incapaz de a aceitar a dor dela com a dignidade que merece… Uma crua examinação sobre o preconceito e discriminação, “Uma Mulher Fantástica” fez história ao dar ao Chile o primeiro Óscar de Melhor Filme Estrangeiro mas – ainda mais importante! – tornou-se num inesquecível marco para o Cinema LGBTQ+: o primeiro filme protagonizado por um transsexual a levar para casa a estatueta dourada mais apetecida!
Catarina d’Oliveira
120 BATIMENTOS POR MINUTO (2017)
de Robin Campillo
Terceiro filme de Robin Campillo, “120 BPM” foi um dos filmes que colocou novamente a temática gay e o combate ao vírus HVI no panorama cinematográfico. Situado nos anos 90 em Paris, o filme fala-nos sobre um grupo de intervenção parisiense (Act Up) que tem o objetivo de exigir ao governo mais intervenção e ajuda aos indivíduos e doentes infetados. Ao mesmo tempo que conhecemos a luta e as suas causas, acompanhamos também um grande amor a florescer entre dois homens. Com um estilo muito documental, é fácil esquecermo-nos que “120 BPM” é uma ficção.
Maria João Bilro
A FAVORITA (2018)
de Yorgos Lanthimos
Filmes sobre personagens LGBTQ+ num contexto de época, especialmente narrativas pré-século XX, são uma triste raridade. Passado no século XVIII, “A Favorita” é um recente exemplo e trata-se de um triunfo do mais alto gabarito. Realizada por Yorgos Lanthimos, esta é uma comédia negra invulgar e grotesca, estilizada e com diálogos tão afiadas como facas, especialmente quando se tratam de insultos floreados. Pela sua interpretação da rainha Anne do Reino Unido, Olivia Colman ganhou o Óscar, mas Rachel Weisz e Emma Stone estão igualmente estupendas como as duas mulheres que batalham para serem as favoritas da monarca nestes jogos de poder.
Cláudio Alves
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Olá. Sua lista está excelente. Estou atrás de um filme com temática LGBT antigo. Um casal masculino finge não estar em um relacionamento quando é visitado por uma avó na América que finge não o saber e só deseja um neto. Não me recordo do nome do filme, mas é lindo.
Procuro um filme entre os anos 90 que passaou no cine Arte paladio em Bh no cartaz sao duas pantufas so sei que no final o rapza vai separrar um briga el e bate nele com o taco de besebol o namorando vai descendo as escada e a ambulancia vai saindo acaba assi este filme nao me lembro o nome e nos anos 90.
Vamos passar pela equipa a ver se alguém se recorda!