68ª Berlinale | Dia 1 – As polémicas de #MeToo e Kosslick
O #MeToo está presente nesta Berlinale 2018, como aliás em todos os eventos recentes de mundo do cinema. Neste sentido, Dieter Kosslick, o agora contestado director do festival, espera proporcionar como é habitual um cinema militante à mistura com glamour.
Um destacado grupo de realizados alemães, entre eles Fatih Akin, Maren Ade, Doris Dörrie e Volker Schlöndorff, publicaram una carta aberta pedindo a renovação das estruturas organizativas da Berlinale. Este colectivo de cineastas reclama uma maior transparência na nomeação do director que deverá sustituir Dieter Kosslick, que já leva cerca de 16 anos no cargo que ocupa e cujo contrato vai expirar em 2019. A designação do director da Berlinale é da competência do Ministério de Cultura, cuja a titular é por enquanto Monika Grütters, da CDU, partido da chanceler Angela Merkel. O grupo de cineastas considera que a nomeação deveria caber a uma equipa, encarregada de levar a cabo essa renovação, enquanto que se teme que a sucessão se produza por designação de Grütters numa pessoa da sua confiança. Dando largas à polémica do #MeToo, a Berlinale alinha no protesto contra o assédio sexual e desigualdade de género na indústria do cinema. Foram anunciadas um conjunto de mesas redondas sobre o assédio sexual no cinema, televisão e teatro, além de se aprofundar as questões de género e descartar os tais filmes onde trabalharam abusadores sexuais confessos. Há outra iniciativa impulsionada na internet pela actriz alemã Claudia Eisinger, pedindo que se cubra este ano de negro a passadeira vermelha como protesto contra os abusos sexuais para além dos vários debates que a Berlinale organizou em paralelo para abordar o #MeToo. Dieter Kosslick, director da Berlinde que há semanas revelou que tinha descartado filmes de alguns cineastas confessos de casos de assédio sexual, teve que dar algumas explicações pela inclusão na secção Panorama do filme “Human, Space, Time and Human” do sul-coreano Kim Ki-duk. Uma actriz imputava ao realizador o facto de a ter obrigado a interpretar duras cenas de sexo e violência que não faziam parte do argumento do filme “Moebius”, mas Kosslick lembrou que essas acusações foram recusadas pela justiça coreana o ano passado.