Netos de Gungunhana

Novembro no teatro: Lisboa

Chegados ao Outono, as temporadas das peças em cena alongam-se, no entanto, este mês, há um festival que não podes perder

Fazemos a pesquisa, lemos, vemos e falamos sobre teatro. Tudo para que possamos sair de casa sem nos perdermos no barulho publicitário feito por uma mão cheia de espectáculos (fazendo com que nos esqueçamos de outros), ou simplesmente para sairmos da nossa zona de conforto.

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Estas são as nossas sugestões de entre o que podes ver no mês de novembro nos teatros lisboetas:

NOVEMBRO NO TEATRO | É SÓ ISTO

Novembro no teatro: É só isto
É só isto

Cinco sketches de Harold Pinter para cinco mulheres. Um aquário de massas. Um imaginário dissolvente a meter conversa. Os autocarros que são sempre um bom ponto de partida. As extravagantes combinações de memórias. O discurso afoito. Os interrogatórios, sempre os interrogatórios. Do zero ao nada, anda-se sem grande destino como se fosse para salvar a vida de alguém. Uma espécie de loucura a fazer-nos acontecer numa hora zero. As banalidades e os sentidos da vida: tudo farinha do mesmo saco. O desencontro e a solidão…

Dia 2 a 3 de novembro a criação do Coletivo Caroço estará em cena na Biblioteca de Marvila. Sexta às 21h e sábado às 19h, com Beatriz Castro, Catarina Palma, Helena Nascimento, Liliana Mauriz e Susana M. G. Silvério, com bilhetes a 8€ e 4€ (para residentes na freguesia de Marvila e utentes da biblioteca)


NOVEMBRO NO TEATRO | FESTIVAL TEMPS D’IMAGES

Festival temps d'images
Festival temps d’images

O Festival Temps d’Images Lisboa é uma iniciativa que visa a experimentação e inovação artística, num programa que movimenta as artes pela cidade desde 2003. A sua 16ª edição conta com cerca de 25 demonstrações, entre dia 1 de novembro e 2 de dezembro, ao longo de diversas salas de espectáculos lisboetas.

Aqui te deixamos algumas selecções de espectáculos que suscitaram o nosso interesse

FESTIVAL TEMPS D’IMAGES | MB#6

MB#6
MB#6

MB#6 é uma experiência de narração autobiográfica. Bonneville trabalha sobre a sua história pessoal como momento de profundo encontro existencial entre diversas identidades. Convida algumas mulheres que fazem parte da sua vida para falarem sobre si mesmas, sobre as suas experiências relacionadas com o facto de serem mulheres, adultas, artistas, no formato de vídeo-retratos. As histórias de cada uma delas, no entanto, são-nos devolvidas pelo intérprete, numa dobragem ao vivo, que reúne as diferentes histórias sob a mesma voz e as funde, tornando-as parte de um único grande retracto que descreve uma nova identidade.
As autobiografias feitas por mulheres sempre foram, ao longo da história, vistas como incompletas, descontínuas, incoerentes, fragmentadas ou privadas. Bonneville vê assim também o seu trabalho, qualquer autobiografia será sempre incompleta, e estará em contínua transformação e regeneração.
Por isso decidiu revisitar o espectáculo, 10 anos depois, entrevistar novamente as mesmas mulheres, e também outras que ao longo deste período foram influenciando o seu percurso, de forma a continuar a reflectir sobre o que é ser-se mulher hoje, tornar-se mulher hoje, sobretudo quando o(s) feminismo(s) e as questões de género e da sexualidade têm adquirido cada vez mais protagonismo nas esferas pública e política.

Dia 3 (às 21h30) e 4 de novembro (às 18h30) no Centro de Artes de Lisboa, com direcção e interpretação de Miguel Bonneville. MB#6 têm o preço de 8€ por bilhete, havendo também ingressos por 5€ para maiores de 65, menores de 30 e profissionais do espectáculo.

 

FESTIVAL TEMPS D’IMAGES | SØMA

Soma
SØMA

A peça SØMA situa-se na intercepção do vídeo com a sonoplastia e é composta por dois elementos cénicos: um ecrã com rácio 4:3 e um conjunto de mesas. No ecrã, o espectador testemunha as acções de inquérito a um objecto inerte – uma relíquia – num tribunal desmembrado e sem voz. Os rituais deste tribunal estáctico servem de partitura a uma sonoplastia de sons sintéticos construída em tempo real por um grupo de adolescentes, cuja surdez opera uma distância biológica intransponível, relacionando-se com as imagens através de um repertório de gestos sonoros.

Com direcção artística de Jonathan Saldanha, SØMA, estará em cena na Culturgest dia 9 (às 21h) e 10 de novembro (às 19h). O bilhete normal custará 10€, havendo também a possibilidade de usufruir descontos, baixando assim para 5€.

 

FESTIVAL TEMPS D’IMAGES | STAND STILL YOU EVER-MOVING SPHERES OF HEAVEN

Stand Still You Ever-Moving Spheres of Heaven
Stand Still You Ever-Moving Spheres of Heaven

Duas figuras palestram e declamam, servindo-se de destroços e reminiscências da língua inglesa superando o seu significado, mas sublimando a musicalidade dos fonemas utilizados. A ênfase é dada à retórica, ao ritmo, à dicção e à pronúncia de certos discursos textuais para edificar um palavrório dadaísta.
Usam as mãos para se conectar, dialogar, criar significados: são mãos-objectos, mãos-máscaras, mãos-próteses que despertam e esculpem a imaginação no seu caminho. A languidez e a delicadeza desta gestualidade pantomímica instigam a aparição do fantástico.
Stand still you ever-moving spheres of heaven desenrola um longo linóleo branco, microcosmo minimalista da imaginação em movimento. Poema visual e sonoro com erupções surrealistas, a peça coloca em jogo as possibilidades da imaginação.

Com concepção e interpretação de Chiara Taviani e Henrique Furtado Vieira, Stand Still You Ever-Moving Spheres of Heaven subirá aos palcos do Centro de Artes de Lisboa dia 16 e 17 de novembro, às 21h30. Os bilhetes custarão 8€ havendo também descontos que reduzem o preço para 5€.


NOVEMBRO NO TEATRO | DISPLAY

Display
Display

Um espetáculo de teatro sobre a arte teatral. A arte, entendida como “fazer poético”, como elucubração do mundo, vem tendo um lugar marginal na atualidade contemporânea sobretudo ditada por critérios estatísticos subordinados a mais valias económicas. A arte teatral, por seu turno, sobrevive, através do seu amor ao coletivo, à Companhia de Teatro, à junção de pessoas que se tornam cúmplices de uma desmedida tarefa, como um reduto de resistência à avalanche consumista e à superficialidade da receção.

De 7 a 11 de novembro, o texto e encenação de Carlos J. Pessoa subirá aos palcos do Teatro Taborda com interpretações de Ana Palma, André Simões, Emanuel Arada, Ma Xinyun, Maria João Vicente e Rita Monteiro. Assistir à criação do Teatro da Garagem custará 10€, havendo descontos aplicáveis. Quarta, quinta, sexta e sábado às 21h e domingo às 16h30.


NOVEMBRO NO TEATRO | NETOS DE GUNGUNHANA

Netos de Gungunhana
Netos de Gungunhana

A nova criação do Bando é uma colaboração artística entre artistas portuguesas, brasileiros e moçambicanos baseada na trilogia de Mia Couto “As Areias do Imperador”.
“Netos de Gungunhana” reflecte sobre as pequenas teias de poder presentes na família, que de forma progressiva se vão estendendo às tribos, cidades, países e federações. Este espectáculo constrói-se a partir da figura do último imperador moçambicano Gungunhana que, para alguns, foi um herói e um salvador e, para outros, um ditador e um pesadelo, assumindo a realidade como um conjunto de diferentes pontos de vista. Em 2018 questionamos assim os colonialismos, os históricos e os de todos os dias, as manipulações domésticas e os líderes de fachada e as manobras de um poder manietado na sombra, à vista de todos.

A partir de Mia Couto, o encenador João Brites leva ao palco do Teatro Municipal S. Luiz “Netos de Gungunhana“. Até dia 11 de novembro, quartas-feiras a sábados às 21hdomingos às 17h30 e com bilhetes dos 12€ aos 15€.


NOVEMBRO NO TEATRO | QUARTO MINGUANTE

Quarto Minguante
Quarto Minguante

Seis personagens em situações muito diferentes, mas unidos pelo mesmo impasse: não estão bem, e nem por isso fazem algo por mudar. Temem que o novo seja ainda pior. Qual é o papel da imaginação na resolução de impasses coletivos? Quarto Minguante foi escrito no contexto da primeira edição do Laboratório de Escrita para Teatro do D. Maria II, transformando-se, agora, na primeira produção do Teatro fruto deste projeto.

Dia 15 de novembro a 16 de dezembro, “Quarto Minguante estará” na sala estúdio do TNDMII, com texto de Joana Bértholo e  sobencenação de Álvaro Correia. Quartas e sábados às 19h20, quintas e sextas às 21h30 e domingos às 16h30. O valor do bilhete de preço único é de 12€, havendo também a possibilidade de usufruir de descontos.


NOVEMBRO NO TEATRO | CABARET MACABRO

Cabaret macabro
Cabaret macabro

Cabaret Macabro, antes de ser uma peça, é um processo. Um processo ancorado na revisitação da estrutura e motivos do cabaret, um processo de desmontagem e de bricolage com uma forte componente de perspectivação da realidade que nos rodeia. O que é moralmente correcto? O que é aceitável? Como é que a arte contemporânea reflecte o sistema de labirintos simultâneos a que parece corresponder o mundo actual? Cabaret Macabro navega entre o ridículo da grandiloquência das perguntas que ousa formular e a inocência infantil de responder a tudo como se fosse a primeira vez, indo e recuando nos seus próprios passos, modificando ligeiramente as questões sem perder de vista o motivo, como uma fuga de Bach.

Três actores, três músicos, uma personagem discreta, mas omnipresente: a morte. O espectáculo começa a sua vida nos palcos de 1 a 3 de novembro e volta de 15 a 25 de novembro. No Clube Estefânia, às 21h30, a produção da Escola de Mulheres tem bilhetes a 6€ e 12€.


NOVEMBRO NO TEATRO | BOA NOITE MÃE

Outubro no teatro, Boa noite mãe
Boa noite mãe

Numa casa de classe média no interior do país, mãe e filha enfrentam uma noite que parece igual a outra qualquer. Ao longo do diálogo, estas duas mulheres vão revelando a sua verdadeira natureza, pondo-nos a par do que foi toda a sua vida até aí.
A filha, epilética, com um casamento falhado e um filho delinquente, está farta de viver. A sua relação com a mãe, viúva, mulher fria e pragmática, nunca foi a melhor. Diante do público, vão desfilar também todos os outros membros da família, agora ausentes.
A conversa entre as duas, traz à tona o ressentimento, a solidão e incompreensão de toda uma sociedade, para desaguar num libelo à vida, para o entendimento e o amor.

Até 25 de novembro a peça que em 1983 deu reconhecimento à autora Marsha Norman sobe ao palco da sala estúdio do Teatro da Trindade. Com a encenação e dramaturgia a cargo de Hélder Gamboa e com interpretações de Ângela Pinto e Sylvie Dias, “Boa noite mãe” estará em cena quartas-feiras e sábados às 21h30 e domingos às 17h. Com bilhetes a 8€ às quartas-feiras (dia do espectador) e a 10€ nos restantes dias.


NOVEMBRO NO TEATRO | RETRATO DE MULHER ÁRABE QUE OLHA O MAR

Retrato de Mulher Árabe que Olha o Mar
Retrato de Mulher Árabe que Olha o Mar

Uma cidade sem nome, num mundo muçulmano não identificado (não é Médio Oriente, a população não é propriamente árabe; Será Norte de África? Não importa), um homem sem nome com uma profissão entre o lícito e o ilícito, europeu mas não turista, encontra o olhar de uma mulher local, jovem, talvez bonita, talvez livre, vinda de uma família de visões amplas.

Até 8 de dezembro, no Teatro da Politécnica, os Artistas Unidos apresentarão o texto de Davide Carnevali e encenação de Jorge Silva Melo. Terças e quartas-feiras às 19h, sextas às 21h e sábados haverá 2 sessões: às 16h e às 21h.

O preço normal dos bilhetes é de 10€. Há descontos para estudantes, para espectadores com menos de 30 anos, mais de 65 anos,  grupos maiores de 10 pessoas, profissionais do espectáculo e à terça feira (dia do espectador). Nestes casos, o ingresso tem o custo de 6€.


NOVEMBRO NO TEATRO | OS APONTAMENTOS DE TRIGORIN

Os apontamentos de Trigorin
Os apontamentos de Trigorin

A adaptação de Tennessee Williams do clássico de Tchekhov, A Gaivota, traz à cena a história de Constantine, jovem escritor sensível, cuja busca pelo amor, arte e aceitação é maior do que a própria vida. O jovem dramaturgo, Constantine, estreia a sua nova peça na propriedade dos tios perante familiares, amigos e Nina, a jovem atriz por quem ele nutre profundos sentimentos. A mãe de Constantine, a famosa atriz Madame Arakadina, que tenta suprimir os seus verdadeiros sentimentos pela contribuição do seu filho ao teatro, diz a todos que abomina o trabalho de Constantine. Amargurado com a sua vida e a sua arte, o jovem continua a amar Nina, embora esta só tenha olhos para o companheiro de Arakadina, o escritor Trigorin. O desprezo e o ciúme acabam por dominar Constantine visto que Trigorin se torna cada vez mais desejado, tanto por Nina como por Arakadina.

Até 16 de dezembro, na Comuna Teatro de Pesquisa, será possível assistir a “Os Apontamentos de Trigorin“, uma adaptação livre de um dos mestres do teatro da beat generation a uma das peças fundadoras do teatro russo do século XIX. Com encenação de João mota e interpretações de Barbara Branco, Carlos Paulo, Carlos Vieira de Almeida, Custodia Gallego, Guilherme Filipe, Hugo Franco, Igor Sampaio, Luís Garcia, Madalena Brandão, Miguel Sermão e Teresa Côrte Real. Quartas-feiras a sábados às 21h30domingos às 16h, e com bilhetes a 10€ e a 5€ (às quartas e quintas-feiras).

 Que tal? Alguma destas sugestões te fará ir ao teatro no mês de novembro?



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