© Jolly Film and © 1980 Warner Bros. (Editado por Vitor Carvalho, © MHD)

Clint Eastwood odeia este clássico de Stanley Kubrick e explica o motivo

Clint Eastwood, o ícone do cinema americano, raramente se pronuncia negativamente sobre o trabalho dos seus colegas de profissão. No entanto, existe uma notável exceção que continua a intrigar os amantes da sétima arte até aos dias de hoje.

Sumário:

  • Clint Eastwood expressou uma opinião negativa sobre “The Shining” de Stanley Kubrick, descrevendo-o como um “fracasso monumental.”;
  • Eastwood criticou a promoção do filme, especialmente a frase no cartaz que o descrevia como uma “obra-prima do horror moderno.”;
  • A abordagem perfeccionista de Kubrick contrastava com o estilo eficiente de Eastwood, criando uma rivalidade notável entre os dois cineastas.
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Era 1980, e o mundo do cinema estava prestes a receber uma das obras mais aclamadas do mestre do suspense Stanley Kubrick. Mas nem todos partilhavam do mesmo entusiasmo, especialmente não o homem que deu vida a “Dirty Harry”, Clint Eastwood.

Dois mestres, dois Mundos

Clint Eastwood
© Warner Bros

Entre as paredes dos escritórios executivos da Warner Bros., as tensões aumentavam. De um lado, tínhamos Stanley Kubrick, o realizador meticuloso que acabara de completar o seu mais recente projeto. Do outro, Clint Eastwood, a estrela mais valiosa do estúdio, que não hesitou em expressar o seu desagrado pelo novo filme de terror do colega realizador.

O filme em questão era “The Shining“(MAX), adaptação da obra de Stephen King que hoje é considerada uma das obras-primas do género. No entanto, para Eastwood, o filme estava longe de merecer tal distinção. Durante uma entrevista reveladora com Paul Nelson, o realizador de “Dirty Harry” não se conteve: “Foi um fracasso monumental”.

O que mais irritava Eastwood não era apenas o filme em si, mas a própria promoção escolhida por Kubrick. “Estava a brincar no outro dia porque o Kubrick tinha colocado aquela frase no cartaz do filme: ‘Uma obra-prima do horror moderno'”, relatou Eastwood, acrescentando com visível ironia que até os executivos do estúdio tinham advertido Kubrick sobre a presunção de tal afirmação.

A divergência entre os dois cineastas não poderia ser mais evidente. Kubrick, conhecido pelo seu perfeccionismo obsessivo, podia passar meses a filmar uma única cena até atingir a sua visão exata. Eastwood, por outro lado, orgulhava-se da sua eficiência, raramente precisava mais do que duas tentativas para capturar o momento pretendido.

O fracasso que não assustou Eastwood

Jim Carrey em Shining
Jack Nickolson em “Shining” (1980) | © Warner Bros

O actor e realizador americano foi particularmente mordaz na sua crítica à cena que muitos consideram um dos momentos mais marcantes do filme – o assassinato de Dick Hallorann, interpretado por Scatman Crothers. Para Eastwood, a sequência era “completamente morta”, desprovida de qualquer impacto emocional.

Numa demonstração do seu característico humor sarcástico, Eastwood chegou a sugerir que deveria promover o seu próximo filme, “Any Which Way You Can” (Prime Video), como “uma obra-prima da comédia e aventura modernas” – uma clara provocação à autoproclamação de Kubrick.

É importante notar que Eastwood não estava sozinho na sua avaliação negativa. “The Shining” recebeu duas nomeações para os Razzies, os anti Óscares que “celebram” os piores momentos do cinema – sendo até hoje o único filme de Kubrick a alcançar essa duvidosa distinção.

A história desta rivalidade ilustra perfeitamente o contraste entre duas das maiores figuras do cinema americano. Enquanto Kubrick procurava a perfeição técnica e artística através de longos processos de produção, Eastwood privilegiava a espontaneidade e a eficiência. Duas abordagens drasticamente diferentes que, cada uma à sua maneira, deixaram uma marca indelével na história do cinema.

E tu, caro leitor, de que lado está nesta batalha cinematográfica? Será “The Shining” verdadeiramente uma obra-prima do horror moderno, ou concordas com Eastwood que o filme não passa de um exercício pretensioso de autoindulgência artística?



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