Denis Villeneuve revela a chave para o sucesso de Dune: Parte 2
Num universo como o de “Dune”, onde as dunas guardam segredos mais antigos que a própria civilização, há momentos que mudam tudo – como a presença de Zendaya, que foi crucial para Villeneuve acreditar no potencial do filme.
Sumário:
- Zendaya redefine o protagonismo em “Dune: Parte II”, tornando Chani o centro emocional e político da saga;
- Villeneuve desafia convenções ao deslocar o foco narrativo de Paul Atreides para uma heroína crítica e multifacetada;
- Dune transforma ficção científica numa reflexão profunda sobre poder, mito e resistência feminina.
Quando o cinema nos apresenta uma cena tão poderosa que consegue desmontar toda uma narrativa épica com um único olhar, sabemos que estamos perante algo verdadeiramente extraordinário. É precisamente isso que acontece no derradeiro momento de “Dune: Parte II”, onde Zendaya, no papel de Chani, se torna muito mais do que uma personagem secundária, mas no centro de gravidade de toda uma saga.
A reinvenção de uma heroína
Denis Villeneuve fez algo que poucos realizadores ousariam: deslocou o centro narrativo do seu protagonista masculino para uma personagem feminina. Não é apenas uma escolha estética, é uma declaração política e artística profunda. Chani deixa de ser a companheira à sombra de Paul para se tornar o olhar crítico através do qual compreendemos a verdadeira natureza do poder em Dune.
O realizador quebra deliberadamente a expectativa do espectador. Enquanto todos esperariam um final glorioso centrado em Paul Atreides, Villeneuve opta por um momento de brutal intimidade com Chani. Um único plano onde a dor, a traição e a resistência de uma mulher guerreira se tornam mais eloquentes do que mil batalhas espaciais. Na verdade, foi com este momento onde o realizador percebeu que o filme era um sucesso: “É um dos meus planos favoritos. Fiz esse plano e soube que tinha um filme.”, explica o realizador numa entrevista á GamesRadar+
Dune de Frank Herbert
Por trás desta escolha está uma compreensão profunda da visão original de Frank Herbert. O autor nunca pretendeu que “Dune” fosse uma celebração de heróis messiânicos, mas sim um alerta sobre os perigos do fanatismo e do poder absolutista. Villeneuve captura esta essência ao transformar Chani num elemento narrativo fundamental – o único elemento verdadeiramente capaz de ver para além do mito.
“Queríamos dar a Chani a sua própria agenda, as suas próprias crenças.” E é exatamente isso que acontece. Zendaya constrói uma personagem que não é um mero objeto de amor ou símbolo, mas uma entidade política com capacidade de julgamento e ação. A performance de Zendaya é um estudo de subtileza. Num único plano, ela consegue transmitir uma paleta inteira de emoções – deceção, raiva contida, mas também uma resiliência que ultrapassa qualquer tragédia pessoal. O seu rosto nos últimos momentos de “Dune: Parte II” não é apenas uma conclusão, é um novo começo.
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