Cannes 2024: Complementos à Selecção Oficial
Conforme já tinha sido anunciado na conferência de imprensa realizada no dia 11 de abril, a Seleção Oficial de 2024 do 77º Festival de Cannes (14-25 de maio) foi complementada, com mais filmes acrescentados às várias secções do evento, incluindo à Competição principal,
Entre os maiores destaques nesta inclusão à programação do Festival de Cannes 2024 (de 14 a 25 de maio) estão os filmes do iraniano Mohammad Rasoulof (“The Seed of the Sacred Fig”), do sempre polémico realizador norte-americano Oliver Stone (“Lula”) e com um dos “meninos bonitos” do Festival, o francês Arnaud Desplechin (“Spectateurs” ), obras que foram então acrescentadas à já bastante extensa Seleção Oficial de Cannes 2024.
Num momento de forte tensão internacional com o Irão e Israel, também o Festival de Cannes 2024 se associa à defesa da liberdade de expressão convidando o realizador iraniano Mohammad Rasoulof, para a Competição principal. Considerado como uma das grandes figuras de dissidência política contra o regime do seu país, o iraniano apresenta na Competição do Festival de Cannes 2024, o filme “The Seed of the Sacred Fig” (em tradução direta “A Semente do Figo Sagrado”) algo que diz muito pouco sobre o seu argumento.
Quanto ao próprio Rasoulof, sabemos que foi libertado o ano passado, esta a terceira vez que esteve preso, quase sempre pelas mesma razões mas desta vez por ter criticado a violência policial exercida contra as manifestações de maio 2023 no seu país. Decerto que o tema do filme não andará à volta deste assunto, mas terá de certeza como fundo alguma crítica ao regime iraniano. Também a concurso e como candidatos à Palma de Ouro, estarão ainda “La Plus Précieuse des Marchandises”, de Michel Hazanavicius (Palma de Ouro pelo “O Artista”) e “um cineasta (quase) da casa”, agora aparece nesta Cannes 2024 como realizador de um surpreendentemente filme de animação, que tem como pano de fundo o Holocausto, a partir de uma adaptação do romance com o mesmo nome de Jean-Claude Grumberg, que já deu até peça de teatro.
Trata-se curiosamente do segundo filme de animação a estrear numa Competição Oficial do Festival de Cannes depois de “A Valsa com Bashir”, de Ari Folman, em 2008. E por último, também como candidato à Palma de Ouro vai estar o filme “Trois kilomètres jusqu’à la fin du monde”, do cineasta romeno Emanuel Parvu (“Consequências Irreversíveis”, 2021).
Numa muito comentada como estreia mundial, neste Festival de Cannes 2024, de certo modo muito aguardada, vai estar na secção Cannes Première, (extra-concurso) o filme “Maria” de Jessica Palud, uma revisitação do famoso clássico do erotismo “O Último Tango em Paris”, de Bernardo Bertolucci. Trata-se de um filme que pretende dissecar a conflituosa relação durante as filmagens, entre o realizador e os seus protagonistas, o já um mito Marlon Brando e a jovem Maria Schneider, figura esta sobre o qual incide mais a história e que dá título a esta obra de ficção baseada na realidade e adaptada do livro “Tu t’appelais Maria Schneider”, de Vanessa Schneider, prima da atriz. Nos principais papéis estarão Anamaria Vartolomei (Schneider), — a atriz de “O Acontecimento”, e um regressado Matt Dillon (Brando).
Nas Sessões Especiais, sempre um “guilty pleasure” dos festivaleiros e mais um must deste Festival de Cannes 2024, vão ser apresentados alguns filmes de certo muito interessantes e polémicos: um documentário chamado “Un Unfinished Film”, do chinês Lou Ye, precisamente porque não tem ainda título, mas que sabemos que é sobre os tempos da pandemia; “Spectateurs”, de Arnaud Desplechin, um filme protagonizado pelo ator Mathieu Amalric, que mais uma vez funciona como uma espécie de alter ego do realizador e que anda à volta como o nome indica dos espectadores de cinema, e ainda mais um documentário “Lula”, de Oliver Stone, um retrato que promete ser bastante discutido, sobre o atual presidente do Brasil. “When the light breaks” do islandês Rúnar Rúnarsson será o filme de abertura da secção Un Certain Regard, onde neste acrescento se juntam uma primeira obra da atriz, agora realizadora Céline Sallette, intitulada “Niki” e “Flow’, do realizador letónio Gints Zilbalodis.
JVM