Adolescência | 30 melhores filmes sobre a juventude
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A adolescência é um tema recorrente na ficção. É um público-alvo e um grupo dinâmico, que marca sempre uma percentagem significativa dos espectadores. Muitos são os filmes icónicos que retratam a juventude, sejam eles comédias, dramas, filmes de terror. Hoje, deixamo-vos 30 dos melhores filmes sobre a adolescência.
Os dramas de juventude são uma fonte quase infinita de conflito, e de conteúdo, e inúmeras sagas foram escritas e realizadas dentro da temática. Muitas moldaram as produções que se lhes seguiram durante anos. Por isso, deixamos aqui uma lista que segue produções acerca da adolescência, dos anos 80 até ao presente. Muitas outras poderiam aqui ser enquadradas, mas as que aqui constam adquiriram certamente um carácter incontornável. Alguns autênticos clássicos, outros clássicos em potência. Uma lista com títulos bem dispares, tal qual é a indomável juventude.
Segue uma lista sem ordem certa, embora por vezes com um carácter em crescendo.
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30 – EU, O EARL E A TAL MIÚDA (2015)
Entre o role sem fim de filmes para puxar a lágrima, nos quais somos apresentados a miúdos a morrer com cancro, há que ousar afirmar que a maioria não vale mesmo, mas mesmo nada a pena. Filmes exploratórios, que lidam com temáticas muito sensíveis sem o saberem fazer, e que ferem muitas susceptibilidades pelo caminho. “Me and Earl and the Dying Girl”, vencedor do Prémio do Júri e do Público no Festival de Cinema de Sundance, enquadra-se de certa forma neste formato, mas ao mesmo tempo é detentor de um espírito distinto que o parece isolar.
É talvez a sua sensibilidade, é talvez o seu argumento, ou talvez seja o facto de ousar não ter pena em demasia do triste fado da sua jovem, doente terminal. A história é-nos narrada através do ponto de vista de Greg, um estudante de liceu que passa a maior parte do seu tempo a realizar encantadoras paródias de filmes clássicos com o seu colega de trabalho Earl. A sua vida muda quando começa a conviver com uma rapariga da sua turma a quem foi diagnosticado um cancro. A jovem é interpretada por Olivia Cooke, uma atriz para lá de promissora, que teve com este papel um importante impulso na sua carreira, que arrancou agora a toda a velocidade.
É este um filme que promete fazer chorar as pedras da calçada, mas que sabe tratar um tema muito sensível com coração e humor, sabendo dosear estes ingredientes complexos, o que é raro. Uma bela história sobre o poder da amizade, que não nos abandona, anos após a visualização.
29 – QUASE FAMOSOS (2000)
Na minha modesta opinião, “Almost Famous”, um dos meus filmes prediletos, é o derradeiro filme da carreira de Cameron Crowe, responsável pela realização de filmes muito populares como “Say Anything”, “Vanilla Sky” ou “Jerry Maguire”. Um realizador que merece, desde logo, dois títulos nesta lista.
“Almost Famous” não é um filme adolescente, não num sentido convencional da palavra, mas é contado do ponto de vista de um jovem de liceu, que vai entrar em contacto com um mundo de deslumbramento e de expectativas quebradas. Acompanhamos William Miller (Patrick Fugit), um adolescente que sonha ser jornalista de música. A acção situa-se nos anos 70 e William acabou de concretizar um dos seus maiores sonhos. Está a escrever para a revista Rolling Stone. A sua primeira tarefa é acompanhar a tour da banda Stillwater e relatar a experiência.
Esta tarefa acaba por se tornar bastante árdua, quando William entra num mundo demasiado adulto, e ao mesmo tempo demasiado infantil e ilusório. Um mundo de deslumbramento, sim, mas um mundo marcado também por uma certa podridão de espírito. Aqui, conhece também um grupo de groupies, com especial destaque para a problemática jovem que dá apenas pelo nickname Penny Lane. Aqui, temos a melhor interpretação da carreira de Kate Hudson, que lhe valeu inclusive a nomeação ao Óscar na categoria de Melhor Atriz Secundária.
28 – NO LIMIAR DOS 18 (2016)
“The Edge of Seventeen” é mais um teen movie, um filme adolescente, sobre adolescentes e maioritariamente para adolescentes, sobre rituais de passagem, que se alimenta em parte de um desejo de andar para a frente e em parte de valores ligados a nostalgia. A música de Stevie Nicks lança o mote para mais uma produção sobre o que é crescer, e sobre as eternas provações da adolescência.
Uma vez mais, e como não podia deixar de ser, este é um filme sobre o quão difícil e inadequada pode ser a experiência de liceu de uma jovem de 17 anos. Hailee Steinfeld é a protagonista deste conto, no qual uma miúda pouco popular e algo estranha não tem a sua vida nada facilitada quando o seu irmão, extremamente mais popular do que ela, começa a namorar com a sua melhor amiga, interpretada por Haley Lu Richardson. Entretanto, uma nova amizade diz-lhe, ou pelo menos indicia, que as coisas podem sempre melhorar um pouco. Uma história muito simples, mas prazerosa.
27 – AQUI E AGORA (2013)
“The Spectacular Now” , protagonizado por Miles Teller e Shailene Woodley, é um típico conto adolescente de “coming of age”. Uma comédia dramática que conta com um elenco de luxo, e nos graceja com a presença de interpretes como Brie Larson ou Jennifer Jason Leigh. Um filme sobre viver no “agora”. Somos apresentados a um finalista de liceu, Shutter, a vida da festa, com uma atitude muito carpe diem, e um despeito por planos para o futuro.
Este jovem, dado a excessos e más decisões, conhece um dia Aimee, uma rapariga que é o seu oposto. A típica narrativa de filme de liceu? Sim, mas não é por isso que não vale a pena. Esta “miúda simpática”, normal, regrada, é apaixonada por ficção científica, é trabalhadora e sonhadora, e vai contribuir, de alguma forma, para as ideias de Shutter, sobre aquele que é o seu espectacular “aqui e agora”.
“The Spectacular Now” não é um grande filme, não influenciou uma geração, mas é um indie adolescente encantador, com uma narrativa bem estruturada e um argumento ponderado, baseado no romance de Tim Tharp e escrito pela dupla Scott Neustadter e Michael H. Weber, que assinou filmes como “Um Desastre de Artista” (2017) e “(500) Dias com Summer” (2009).
26 – AS VIRGENS SUICIDAS (1999)
A par de “O Amor é Um Lugar Estranho” (2003), não é ousado identificar “As Virgens Suicidas” como a produção mais emblemática de Sofia Coppola. A obra dramática baseia-se no romance de Jeffrey Eugenides, e narra a história de cinco irmãs. Estamos nos anos 70, e as irmãs Lisbon vivem uma vida bastante fora do comum. Numa década marcada pelo movimento de libertação e protesto, estas cinco jovens vivem reclusas na sua casa, sob o teto de uma família profundamente religiosa. As irmãs pareciam viver uma existência tão misteriosa quanto amaldiçoada. As suas vidas estão fadadas, reservadas à tragédia, que se desenrola progressivamente perante o nosso olhar.
Anos depois, a sua história provoca ainda fascínio na mente dos narradores. Esta história, foca-se em dois incidentes em particular, e nas suas consequências na vida das raparigas. Foi este o filme que tornou Kristen Dunst célebre, tendo esta protagonizado a obra, no papel de Lux Lisbon. Marcante, intenso e dramático, assim é o grande trunfo da carreira de Sofia Coppola.
25 – JUNO (2007)
“Juno” chegou-nos através da mão de Jason Reitman, um dos mais talentoso realizadores de romances na indústria cinematográfica de Hollywood. O realizador está neste momento a gravar o seu novo filme “Ghostbusters 2020”, um novo remake do original realizado pelo seu pai, Ivan Reitman. Jason Reitman tem diversos filmes marcantes no currículo, entre eles “Tully” (2018), “Nas Nuvens “ (2009) e “Obrigado por Fumar” (2005).
Apesar de apresentar um currículo invejável, “Juno” continua a ser a sua grande marca distintiva. Parte do crédito segue para Reitman, e grande parte deverá ser atribuído à argumentista da obra – Diablo Cody. Diablo é uma colaboradora de longa data, e com este criou alguns dos seus projetos mais notáveis – tais como “Jovem Adulta” (2011) e “Tully” (2018). Por “Juno”, Cody venceu o Óscar de Melhor Argumento Original.
Crédito é ainda devido ao maravilhoso elenco. Nomeadamente, Ellen Page teve aqui o maior impulso da sua carreira, tendo inclusive sido nomeada ao Óscar de Melhor Atriz. Arrecadou ainda as nomeações para Filme do Ano e Realizador. Em “Juno”, temos ainda um Michael Cera em ótima forma, como Bleeker. Estes dois formam um par invulgar, um par pouco romântico, mas perfeito enquanto pombinhos adolescentes. Uma premissa comum, gravidez na adolescente, e resultados muito pouco comuns, numa comédia que procura sempre combater as expectativas e inverter clichés de género.
Bravo ainda para o elenco secundário, especialmente para Jason Bateman como um homem adulto preso na adolescência, para Allison Janney como a madrasta excêntrica e para J.K. Simmons – o pai protetor de Juno. “Juno” é um filme que marcou uma geração, e onde nada falha. Desde a abordagem fora da caixa, até à banda sonora indie, “Juno” é um filme para toda a família pouco dado ao convencional.
24- BOOKSMART: INTELIGENTES E REBELDES (2019)
“Booksmart”, neste momento em exibição nas salas de cinema nacionais, é a primeira obra assinada pela atriz Olivia Wilde. O filme estreou nos Estados Unidos da América em maio, e foi um sucesso inesperado, suportado por um argumento repleto de consciência do seu tempo e da sua audiência.
“Booksmart” é uma espécie de versão feminina de um filme como “Superbad”. É aplicada uma certa fórmula, estudantes de secundário a festejar perto do final das aulas. Um lugar comum familiar e seguro, uma espécie de ponto de partida perfeito para uma comédia fácil. Contudo, esta criação de Olivia Wilde faz-se única precisamente devido à sua execução.
As situações são hilariantes, o elenco principal e secundário cintilante, e com cada reviravolta narrativa compreendemos a intencionalidade do guião que nos é apresentado. “Booksmart” é uma história muito, muito simples. Duas estudantes marronas compreendem que há tempo para tudo, para estudar mas também para festejar.
23 – 10 COISAS QUE ODEIO EM TI (1999)
“10 Things I Hate About You” é um dos mais célebres filmes adolescentes da viragem do milénio. O seu enredo é para lá de cliché. Uma miúda popular, Bianca (Larisa Oleynik) quer sair à noite com um rapaz, mas só pode ir se a sua irmã mais velha, Kat (Julia Stiles) também for. Acontece que a sua irmã é para lá de anti-social, e apenas através de um elaborado esquema, acaba por concordar sair à noite com Patrick Verona ( Heath Ledger).
Juntemos-lhe Joseph Gordon-Levitt como Cameron James, o outro pretendente amoroso, e temos nesta criação uma verdadeira cápsula do tempo, repleta de momentos icónicos. O exemplo que salta à vista? Heath Ledger a cantar Frank Sinatra na escola, numa das declarações de amor mais memoráveis não só do cinema adolescente, como da história do cinema, frequentemente tida como uma adaptação bastante livre da peça “A Fera Amansada”, de William William Shakespeare.
22 – GIRAS E TERRÍVEIS (2004)
Em 2004, Tina Fey viu realizado o seu argumento de maior impacto na cultura pop – “Mean Girls”. Adaptado recentemente a um musical da Broadway, e com direito inclusive ao seu próprio dia comemorativo anual – “National Mean Girls Day” – 3 de outubro , “Mean Girls” colocou Rachel McAdams e Amanda Seyfriend no mapa e ajudou a solidificar a então ascendente carreira da sua protagonista, Lindsay Lohan.
Lohan é Cady Heron, uma adolescente inocente que cresceu em África com os pais e que pouco ou nada sabe sobre os padrões comportamentais dos adolescentes norte-americanos. Assim, quando começa finalmente a estudar num liceu comum, grupos de populares, nerds, asiáticos, as “Plásticas”, realeza da escola, é tudo um pouco de mais para ela.
O filme já conta com 15 anos de existência, mas é incontornável e inesquecível, continuando a ser visto pelas gerações mais novas. Nada deve a lições de moralidade, mas tem a mesma “mensagem” que a maioria dos filmes adolescentes – sê tu mesma (ou tu mesmo) e expressa-te sem pisar calcanhares alheios. Neste caso, sem virares a vida da tua professora de matemática do avesso.
21 – ELA É FACIL (2010)
Como quem não quer a coisa, aqui agrupo os grandes filmes adolescentes das últimas duas décadas. Porque filmes “sobre a adolescência” tanto podem sinalizar os típicos teen movies, como conteúdo bastante dispare. Voltando a “Easy A”, este foi imprescindível para celebrizar Emma Stone, e o seu papel como Olive foi no mínimo dos mínimos memorável.
“Easy A” é uma espécie de adaptação deturpada e alucinada de “A Letra Escarlate”, o romance que lança o mote para o enredo do filme. Olive é uma boa miúda, aplicada, responsável, pouco dada a escândalos. A sua melhor amiga, por outro lado, Rhiannon (Aly Michalka) é a rainha da cusquice, e uma pequena mentira contada a esta acaba por transformar a vida de Olive numa enorme farsa. Uma farsa hilariante, que nos demonstra o verdadeiro poder destrutivo dos rumores, e claro, atesta uma lição acerca de aparências. A verdade da mentira e a mentira da verdade, com direito a Emma Stone a cantar Natasha Bedingfield, o que podia ser melhor?
20 – AS MENINAS DE BEVERLY HILLS (1995)
Assinado por Amy Heckerling, “Clueless” é o derradeiro filme adolescente dos anos 90. Alicia Silverstone será para sempre associada a Cher, uma adolescente rica, caprichosa e estranhamente adorável.
Com um elenco secundário notável, “Clueless” nunca pode ser descartado. As escolhas de moda arrojadas de Cher, Dionne (Stacey Murphy), Tai (Britanny Murphy) e Amber (Elisa Donovan) passavam muito por mini-saias, chapéus excêntricos e padrões aos quadrados, com cores vivas e berrantes. Mais de 20 anos depois, continuam a ser referenciados. Nunca a saia amarela de xadrez deixará de povoar a cultura pop.
Sejam as roupas, a expressão favorita de Cher ( “what if”) ou a boa velha citação: “you’re a virgin who can’t drive”, “Clueless” está sempre na moda, a regressar e até promete remake para breve. Se têm alguma nostalgia pelos anos 90, se gostam da ideia de um Paul Rudd adolescente como interesse romântico, ou, se simplesmente querem ver um filme adolescente sem antagonistas, está na altura de dar uma oportunidade e ver ( ou rever) este clássico sempre em voga. “Clueless” é algo muito raro, um filme sobre uma miúda rica, mimada e…encantadora!
A acrescentar à relevância de “Clueless”, há que acrescentar que o filme é geralmente tido como uma adaptação moderna do clássico “Emma”, de Jane Austen, livro no qual a heroína está permanentemente a envolver-se em tramas complexas ao criar arranjos amorosos bem intencionados que tendem a falhar. Tal e qual como a eterna Cher.
19 – GOSTAM TODOS DA MESMA (1998)
“Rushmore”, escrito por Wes Anderson e Owen Wilson e realizado pelo primeiro, foi a segunda longa-metragem realizada pelo amado autor. Uma comédia bombástica, liderada por um magnético Jason Schwartzman, frequente colaborador de Wes, que começava aqui este seu trajecto de parceria frequente.
Aqui, Jason é Max, um adolescente precoce de 15 anos, estudante da Rushmore, uma escola privada onde nada lhe está a correr lá muito bem. Apesar de falhar no currículo regular, é o rei das atividades extra-curriculares: escreve e produz peças a fartote. Pelo caminho, apaixona-se por uma jovem professora atraente e vê-se ainda envolvido num invulgar triângulo amoroso.
Um filme importante para o arranque das carreiras de Wes Anderson e Jason Schwartzman. Como é da praxe, podemos contar com atores como Bill Murray e Luke Wilson no elenco.
18 – A VIDA DE ADÈLE – CAPÍTULOS 1 E 2 (2013)
Léa Seydoux, veterana do cinema francês, e Adèle Exarchopoulos, novata no grande ecrã, são duas forças da natureza, neste primeiro grande filme LGBTI vencedor da Palma de Ouro em Cannes. O filme de Abdellatif Kechiche quebrou fronteiras e recordes. Foi um sucesso junto da crítica e no circuito de festival. Em Cannes, não foi apenas o realizador a levar para casa a Palma de Ouro, mas também as suas duas interpretes principais, tendo sido a primeira vez, na história do festival, que a Palma de Ouro foi entregue a duas interpretes no mesmo filme.
“A Vida de Adèle” é um longo filme de três horas, que atinge assim um certo nível de naturalidade, à medida que acompanhamos estas personagens ao longo do tempo. Quando contactamos com Adèle pela primeira vez ela é bastante diferente, uma adolescente para quem tudo muda quando conhece Emma, uma irreverente jovem de cabelo azul, que acaba por a catapultar para o reino da auto-descoberta, crescimento pessoal e exploração sexual. Acompanhamos as duas ao longo do tempo, assistimos ao seu amadurecimento, e vivemos, na pele, as experiências de Adèle.
17 -NICK E NORAH – PLAYLIST INFINITA (2008)
Lembram-se de 2008? Há dez anos atrás, era comum encontrar Michael Cera, o desajeitado “nerd” adorável, como o protagonista de uma comédia romântica. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, e embora Cera tenha desaparecido um pouco do panorama, ninguém lhe ocupou o merecido lugar.
Aqui temos uma comédia romântica musical adolescente . Longo? Pois é isso mesmo que este “Nick and Norah’s Infinite Playlist” é. Cera era já um veterano do género comédia adolescente, com “Juno” (2007) e em 2010 viria a aperfeiçoar a sua propensão para a comédia musical com o seu icónico Scott Pilgrim.
Já a história de Nick, Norah e a sua playlist, começa numa noite de rock’n’roll que vai transformar as suas vidas para sempre. Este romance desenrola-se com a cena indie rock de Nova Iorque como um agradável pano de fundo. Mais do que pano de fundo, pois é o amor à música que acaba por os unir. Tudo começa com um plano simples, namorado por cinco minutos. Um romance encantador, e musical, entre um estudante de liceu e uma universitária.
16 – 16 PRIMAVERAS (1984)
Numa lista de filmes sobre a adolescência, há que incluir os clássicos de culto dos anos 80, imprescindíveis para a definição do género. “Sixteen Candles” é uma obra da autoria de John Hughes, criador de “O Clube” (1985) e o “Rei dos Gazeteiros” (1986). Assim, é justo vê-lo como um dos precursores mais importantes do filme adolescente, fundador e influente durante décadas e décadas, até aos dias de hoje.
É este um filme sobre a experiência que é ser uma jovem adolescente. Seguimos Samantha, interpretada pela irónica atriz, símbolo dos anos 80, Molly Ringwald (“O Clube”, “A Garota do Vestido Cor-de-Rosa”). A jovem está apaixonada pelo rapaz mais popular da escola, um geek está apaixonado por ela, a irmã está prestes a casar-se e no meio da azáfama dos preparativos, a família esquece-se do seu aniversário dos 16 anos. Acresce ainda um par de avós que não fazem senão embaraçar, um estudante de intercâmbio e completa-se o role, numa jornada monumental rumo ao crescimento.
15 – MUSTANG (2015)
Mustang estreou na Quinzena dos Realizadores em Cannes, em 2015, com um bang. O filme, nomeado para o Óscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira, pela França, destacou-se no festival e no circuito comercial que se lhe seguiu.
O filme foi realizado pela turca Deniz Gamze Ergüven, tendo sido a sua muito bem sucedida estreia no formato da longa-metragem. Desde então, realizou dois episódios de “The Handmaid’s Tales”.
“Mustang” é um filme no feminino, situado no verão. Numa vila no norte da Turquia, cinco jovens adolescentes encenam brincadeiras inocentes. Contudo, a suposto imoralidade das suas brincadeiras origina um escândalo com fortes consequências. A sua casa transforma-se numa prisão, casamentos são planeados. As cinco irmãs anseiam pela liberdade, e colocam esquemas em acção nesse sentido.
14 – SUBMARINO (2010)
Uma co-produção entre os Estados Unidos e o Reino Unido, “Submarine” não deixa de ter, contudo, uma energia profundamente britânica. Seja por ter sido gravado no Reino Unido, com atores britânicos (duh), ou pelo enredo passar por um adolescente em busca da perda da sua virgindade.
Seguimos a história de Oliver, um jovem precoce que se esforça por atingir um grau superior de popularidade na escola. Quando uma bela jovem parece interessada nele, está decidido a tornar-se o melhor namorado de sempre. Por outro lado, lida com outros dramas amorosos que orbitam à sua volta. Nomeadamente, os seus pais estão em permanente conflito, e o ex-namorado da mãe acaba de se mudar para a porta ao lado. Oliver, um jovem fora de série, tem alguns invulgares em curso, para garantir que os pais continuam juntos e que Jordana, a sua namorada, não se farta dele. Uma narrativa fora da caixa, que nunca envelhece.
13 – SCOTT PILGRIM CONTRA O MUNDO (2010)
Em 2010, Edgar Wright, um realizador único no que diz respeito ao seu uso do som e particular montagem, apresentou ao mundo um teen movie pouco convencional. Encabeçado por Michael Cera no seu período áureo , (que como vimos por esta listam foi abundante) , Scott Pilgrim é uma comédia, é um filme de acção, é um filme de fantasia, é extremamente musical, é de tudo um pouco.
O filme, que se tornou quase de imediato um fenómeno de culto, narra a história de Scott Pilgrim, guitarrista numa banda, e aspirante ao estrelato. Está a namorar com Knives Chau (Ellen Wong), uma estudante mais nova, mas ainda não recuperou do final da sua relação. Quando se apaixona por Ramona Flowers ( uma excelente Mary Elizabeth Winstead), terá de lutar contra sete ex-namorados da sua apaixonada para a poder conquistar.
Uma premissa leve, divertida, bem executada, e que conta ainda com o trunfo do seu competente elenco, que conta ainda com grandes nomes como Anna Kendrick, Alison Pill, Aubrey Plaza e Jason Schwartzman.
12 – O DIÁRIO DE UMA RAPARIGA ADOLESCENTE (2015)
“The Diary of a Teenage Girl” encaixa claramente dentro de um género. Apresenta-nos uma jovem, uma mãe negligente, uma relação confusa e problemática com um namorado da mãe libertina. Apresenta um enredo bastante aproximável ao de “Aquário” (2009), que também encontraremos nesta lista.
Estamos na São Francisco dos anos 70, envoltos numa aura de profanidade libertina. Bel Powley está incorrigível no papel de Minnie, e o seu coming of age é apoiado por um magnífico elenco secundário. No papel da sua mãe bastante negligente temos Kristen Wiig, e no papel do seu namorado, Monroe, temos um sedutor (como sempre) Alexander Skarsgård. Bastante mais velho do que Powley, em termos de personagem e na vida real, é com desconforto que assistimos a esta experiência formativa, que transforma a vida de Minnie.
Um filme que toca em temáticas pesadas, mas sempre de uma forma leve, construtiva, evitando certos lugares comuns fáceis de atingir sem algum cuidado narrativo.
11 – E A TUA MÃE TAMBÉM (2001)
Aqui encontramos uma das obras mais icónicas do realizador Alfonso Cuáron, numa altura na qual ainda produzia no México e em espanhol. O filme, situado na Cidade do México, narra uma aventura sexual com a marca da juventude. Dois amigos adolescentes estão para lá de inquietos, com as suas namoradas ausentes, numa viagem pela Europa. Num casamento, conhecem uma mulher um pouco mais velha, a qual desempenhará um papel bastante importante neste seu verão.
Um filme de verão, um filme de adolescência, a receita perfeita para um mood de agosto. Um argumento a seu favor, ou antes, um argumento extra? Um destes protagonistas é um jovem Gael García Bernal e o outro, um jovem Diego Luna.
10 – CHAMA-ME PELO TEU NOME (2017)
“Call Me By Your Name” explora um fenómeno muito específico que, por norma, acontece algures neste período da vida – a adolescência. O grande primeiro amor. Timothée Chalamet, na altura praticamente um desconhecido, é o nosso guia nesta viagem memorável, na qual somos brindados com o verdadeiro significado da expressão “summertime sadness”.
É este um exemplar ensaio sobre desejo, sobre descoberta, sobre conquista e perda, expectativas frustradas e memórias a preservar. “É melhor falar ou morrer” Uma das muitas questões pertinentes que aqui são colocadas, neste conto repleto de pensamentos complexos e desejos latentes. Um filme que se molda pela linguagem cultural, não por aquilo que é dito, mas antes pela forma como é dito, seja com palavras ou com o corpo. Uma obra que vive muito de uma certa dança sensual que domina o ecrã e que nos diz: é assim o primeiro grande amor. Vais preservá-lo para sempre na tua memória, embora possa ser uma memória bem agridoce. Um verão de juventude que ficará para sempre connosco.
9 – MOONLIGHT (2016)
“Moonlight” não é um filme sobre infância, ou sobre adolescência, mas é um filme sobre uma vida, sobre crescer, sobre mudança, evolução e aceitação. Uma lição de vida inegável, um filme que, tendo sido gravado num período regular, acaba por surtir um efeito algo semelhante ao alcançado por “Boyhood”. A sensação de que um estranho, um personagem, se torna para nós de carne e osso. Acreditamos nos seus dilemas, e somos guiados ao longo do seu crescimento.
“Moonlight” arrasou a sua award season. O filme, realizado e escrito por Barry Jenkins, narra a história de Chiron, um jovem afico-americano, apresentando-nos as suas experiências e lutas por definição de identidade e sexualidade. Este personagem é representado por diversos atores, todos eles impecáveis nos seus papéis. Não sendo estes detentores de uma star persona identificável, assimilamos o papel acima do interprete, conseguindo que estes atores se transcendam, tornando-se verdadeiramente Chiron. Destaque ainda para um magnífico elenco secundário, no qual se destacam Mahershala Ali, Janelle Monáe e Naomie Harris, esta terceira perfeita no papel da mãe de Chiron, Paula.
Um filme que será sempre relembrado pela trapalhada nos Óscares, quando foi anunciado “La La Land – A Melodia do Amor” (2016) como Filme do Ano, para apenas ser de seguida corrigido. Óscar ou não Óscar, ninguém retira o mérito, e o carácter formativo, a esta obra inaugural.
8 – O CLUBE (1985)
Vindo diretamente dos anos 80, “The Breakfast Club”, ou simplesmente “O Clube”, em português, é o filme símbolo da adolescência. Uma premissa muito simples, mas uma imagética bem poderosa, assim é esta produção. 24 de março de 1984. Vamos até Shermer, Illinois e até ao Liceu local, onde cinco adolescentes, quase estranhos entre si, se encontram num mesmo espaço. É sábado, estão de castigo na escola, e descobrem que tinham muito mais a ver uns com os outros do que pensavam…
Durante o castigo, devem escrever um ensaio de mil palavras sobre quem pensam ser. Têm nove horas para completar esta tarefa, aparentemente muito simples. Será que escreverão o que o mundo pensa sobre eles ou a sua própria visão mais otimista? Uma produção algo datada, mas que vale sempre a pena.
7 – BOYHOOD: MOMENTOS DE UMA VIDA (2014)
“Boyhood” é um esforço monumental. Um esforço que ficou instantaneamente gravado nos cânones do cinema. Um filme realizado ao longo de 12 anos. Um filme que nos mostra uma vida, um jovem, da sua infância ao início da Universidade, rumo à idade adulta.
De forma vagarosa, Ellar Coltrane, interprete de Mason, cresceu em frente ao nosso olhar. “Boyhood” é uma magnífica cápsula do tempo, e uma exploração nostálgica daquelas que são as verdadeiras potencialidades do cinema levadas ao limite. Um bem haja e obrigada a Linklater. Neste caso, mais do que um filme sobre adolescência, este é um filme sobre crescer e sobre o que tal acto implica.
6 – TREZE – INOCÊNCIA PERDIDA (2003)
Suponho que podemos considerar Catherine Hardwicke uma figura algo…inconstante. Se por um lado realizou o primeiro capítulo da fatídica saga “Twilight”, foi também a argumentista e realizadora do mais do que satisfatório “Thirteen”. Na linha de filmes como “Girl, Interrupted” ou “The Virgin Suicides”, “Treze” é encabeçado por um elenco interessante e diversificado que conta com Nikki Reed, Evan Rachel Wood, Vanessa Hudgens, Holly Hunter ou Brady Corbet.
“Treze” é um filme franco sobre adolescência, algo pouco comum na indústria de Hollywood. Tracy, a nossa protagonista interpretada por uma jovem Evan Rachel Wood, é uma estudante aplicada, inocente. A certa altura, torna-se amiga de Evie (Nikki Reed, co-argumentista do filme e futura estrela da saga “Crepúsculo e altera drasticamente os seus comportamentos. Assim, segue por um caminho perigoso marcado por sexo, drogas e delitos menores como carteirismo ou pequenos assaltos a lojas. Esta nova identidade cria um conjunto de tensões, nomeadamente com a sua mãe, professores e amigos de outros tempos.
“Thirteen” foi particularmente importante para moldar a carreira da protagonista Evan Rachel Wood, que foi inclusive nomeada ao Globo de Ouro na categoria de Drama.
5 – MIÚDOS (1995)
Realizado por Larry Clark e escrito por Harmony Korine, “Kids” é um dos filmes mais marcantes da sua década. Não é de todo um “teen movie”, mas acima de tudo um filme sobre adolescentes, e que reflecte uma certa noção de juventude perdida. Um filme pesado, que lida com temáticas complicadas. Negro, bastante independente apesar de se ter tornado um enorme fenómeno de culta, e a roçar o perturbador. Conta a história de um adolescente com um objectivo pouco nobre: desflorar o número máximo possível de virgens. Quando uma antiga parceira sexual o informa de que tem Sida, Telly, o nosso protagonista, nada faz de diferente, contribuindo assim, de forma consciente, para a propagação do vírus.
Acompanhamos, aqui, e sem grandes julgamentos morais, um grupo de miúdos de Nova Iorque, à medida que cedem perante vícios múltiplos. As suas jornadas sexuais e as libertinas incursões no mundo da droga são narradas sem pudor. No elenco, contamos com futuras estrelas como Rosario Dawson ou a menina de ouro do Indie nos anos 90 – Chloë Sevigny.
4 – NÃO DIGAS NADA (1989)
Cameron Crowe, um dos grandes mestres da comédia romântica norte-americana, começou em grande com “Say Anything”. O realizador, ainda no ativo, tem este como o seu primeiro crédito de realização. Antes disso, tinha apenas realizado uma pequena curta-metragem musicada. Custa a crer, que o seu primeiro filme seja não só um dos seus maiores sucessos, entre uma filmografia exímia, mas que seja, acima de tudo, um verdadeiro ícone, um símbolo das comédias românticas e filmes juvenis, evocado uma e outra vez, referenciado até à exaustão.
Uma história muito simples, que produziu alguns símbolos inegáveis, como a famosa Boom box de John Cusack. Nesta história, um estudante de liceu faz de tudo para atrair a atenção da sua amada antes que esta se mude para Inglaterra, onde tem uma bolsa de estudo.
3 – AQUÁRIO (2009)
“Fish Tank” é uma autêntica obra-prima, e uma obra no feminino capaz de penetrar a psique de uma jovem mulher. Katie Jarvis é arrebatadora no papel de Mia, uma jovem de 15 anos que vive com a mãe num bairro pouco recomendável, mas que não deixa de sonhar em grande.
Um filme movido pela dança, pela música, pelo ritmo, pela curiosidade, pela descoberta sexual – pelo movimento incessante. Aventuras, amores e desamores, desilusões e chapadas de realidade. “Aquário” representa o auge, o melhor do que é feito no século XXI no quer diz respeito ao neo-realismo britânico. Embora seja importante deixar a ressalva, a grande autora de “Fish Tank”, Andrea Arnold (“American Money”, “Big Little Lies”) recusa categorias estanques e a delimitação do seu filme dentro de um género com fronteiras e regras.
“Aquário” é antes um esforço livre, que vem bem na linhas das curtas-metragens premiadas de Arnold, as quais lançaram o mote para a sua carreira – “Milk”, “Dog” e “Wasp” – esta terceira particularmente marcante e vencedora do Óscar de Melhor Curta-Metragem em 2005.
Na boa tradição “realista”, Katie Jarvis, a contagiante protagonista deste conto, não era sequer atriz quando foi encontrada pela realizadora, tendo sido este o seu primeiro papel. E que primeiro papel. Destaque ainda para uma presença muito forte, embora tóxica (de forma intencional) , de Michael Fassbender, no papel de Conor, o namorado mais velho da mãe de Mia, o qual se aproveita da sua ingenuidade, aguçando o que está em jogo neste conto perfeito de coming of age.
2 – LADY BIRD (2017)
Escrito e realizado por Greta Gerwig, “Lady Bird” é o exemplo perfeito de um coming of age tale. Um filme sobre o que é ser adolescente, sobre crescer, sobre deixar para trás o que é seguro, confiável, e atirar-nos rumo ao desconhecido.
“Lady Bird” foi a segunda longa-metragem realizada por Greta Gerwig, e a primeira que assinou sozinha. Este valeu à atriz, argumentista e realizadora não uma mas duas nomeações ao Óscar: na categoria de Realização e Argumento. E enquanto Argumento é uma categoria muito povoada pelo sexo feminino, ser nomeada na categoria de Realização foi uma enorme vitória que a fez juntar-se a um clube muito exclusive. Pista: contando Greta, apenas 5 mulheres foram nomeadas nesta categoria. Até hoje, Katheryn Bigelow, com “The Hurt Locker”(2010) permanece a única vencedora da categoria.
“Lady Bird” vive muito da sua bela simplicidade. O filme é feito da junção de muitos pequenos momentos, de detalhes controlados por Gerwig até ao infinito, pequenos pormenores que compõem uma vida. Faz-se também muito dos grandes talentos do seu jovem talento. Saoirse Ronan, e os seus pretendentes Lucas Hedges (Danny) e Timothée Chalamet (Kyle) são promessas inevitáveis para as produções de Hollywood nos anos vindouros.
Destaque ainda para Beanie Feldstein, jovem irmã de Jonah Hill, que brilha este ano na comédia “Booksmart”, e que está aqui impecável no papel de Jullie. E claro, Laurie Metcalf disputou, até ao último minuto, o Óscar de Melhor Atriz Secundária que acabou por ir para Allison Janney por “Eu, Tonya”. “Lady Bird”, imensamente bem recebido pelo público e crítica, foi nomeado a cinco Óscares e ficará, sem dúvida, para os cânones.
1 – AS VANTAGENS DE SER INVISÍVEL (2012)
Qual a chave para o sucesso do filme “The Perks of Being a Wall Flower”? Baseado no romance de Stephen Chobosky, foi também o autor do livro a escrever o argumento do filme e a realizá-lo, mantendo-o inevitavelmente fiel à sua fonte original.
Esta produção assenta, acima de tudo, no forte elenco encabeçado por Logan Lerman, e que conta com duas estrelas bem brilhantes ao seu lado: Emma Watson e Ezra Miller. “Perks” é um filme bem intencionado, leve, mas que trata de temas fortes e reais. Não é, de todo, um filme sobre rixas de liceu, rapazes populares que enganam miúdas anti-sociais ou sobre lutas de poderes entre cheerleaders. Não, “As Vantagens de Ser Invisível” reflecte sobre os verdadeiros desafios da adolescência, sobre primeiros amores, suicídios e saúde mental, temas difíceis que se têm vindo a tornar progressivamente mais importantes neste século XXI. É um filme franco, que nunca tenta ser mais nem menos do que aquilo que é. E o que é, é muito bom.
Uma viagem ao som de uma banda-sonora perfeita, através da qual nos procuramos tornar infinitos.
Encontraram nesta lista os vossos filmes favoritos sobre a adolescência?
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