Andor conquista recorde histórico para Star Wars
Há séries Star Wars que são como fogos de artifício e outras que são como brasas, lentas, mas capazes de incendiar o imaginário coletivo.
“Andor“, a série prequela que acompanha a ascensão do espião rebelde Cassian Andor (Diego Luna), já havia surpreendido na primeira temporada pela sua maturidade, densidade política e ritmo deliberadamente meticuloso. Mas a segunda temporada, agora lançada, não só confirmou o seu lugar entre as melhores narrativas do cânone Star Wars como, surpreendentemente, ultrapassou todas as expectativas — e todas as classificações.
Andor T2 é agora a produção Star Wars mais bem avaliada da história
Segundo o agregador Rotten Tomatoes, a segunda temporada de “Andor” alcançou um impressionante 98% de aprovação da crítica especializada, superando não apenas todas as outras séries live-action da saga, mas também os filmes. Sim, até “O Império Contra-Ataca” (95%), considerado por muitos o auge cinematográfico de Star Wars, ficou para trás. E, num movimento quase poético, “Andor” ultrapassou até a sua própria primeira temporada (96%), provando que Tony Gilroy não estava para brincadeiras.
Mas como é que uma série sem Jedi, sem duelos de sabres de luz e sem a mitologia tradicional da Força conseguiu este feito? A resposta está na sua abordagem cínica, adulta e visceral da Rebelião. Enquanto a maioria das produções Star Wars se apoia no misticismo e no heroísmo grandioso, “Andor” mergulha na lama da resistência, mostrando a maquinação política, o custo humano da guerra e a moralidade dúbia de quem luta contra um império opressor. Não há vilões caricatos nem heróis imaculados — há apenas pessoas, algumas corajosas, outras desesperadas, todas profundamente humanas.
E, claro, há o elefante na sala: o pior classificado. Se “Andor” está no topo, “Star Wars: A Ascensão de Skywalker” (2019) permanece no fundo do poço, com um miserável 51%, abaixo até do polémico “Ataque dos Clones” (61%). A ironia é deliciosa: enquanto a trilogia sequela foi criticada pelo seu frenesim narrativo e fan service vazio, “Andor” triunfa precisamente por ignorar as convenções da saga e contar uma história que, embora inserida no mesmo universo, poderia muito bem existir fora dele.
Por que Andor é diferente
Há um detalhe crucial que explica o sucesso crítico da série: a confiança da Disney em disponibilizar a temporada completa antecipadamente. Assim, ao contrário de outras produções Star Wars, como “The Acolyte” (que enviou apenas quatro episódios) ou “Skeleton Crew” (três), os críticos tiveram acesso a todas as doze horas da segunda temporada de “Andor” antes da estreia. Isto não só sugere uma confiança incomum por parte do estúdio como evita o problema comum de séries que desmoronam a meio.
E, de facto, os críticos concordam: “Andor” é uma raridade televisiva que melhora com o tempo. O The Hollywood Reporter descreveu-a como “um testamento devastador do poder da narrativa, tanto dentro da realidade de Star Wars como da nossa”, ainda que admita que o arranque seja lento. Mas é precisamente essa paciência que distingue a série e o resultado final é tão satisfatório quanto implacável.
E, já agora, uma curiosidade: será que “Rogue One” (84%), o filme que introduziu Cassian Andor, será reavaliado após esta temporada? Afinal, a série serve como uma longa prequela para o filme, e a ligação narrativa entre os dois é agora inegável. Quem revisitar o filme depois de “Andor” dificilmente o verá com os mesmos olhos.
Já viste Andor? Concordas que é a melhor coisa que Star Wars fez em anos, ou achas que o título ainda pertence a “O Império Contra-Ataca”? Deixa a tua opinião nos comentários.
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