Senti-me suja, Anna Kendrick doou todo o lucro do seu filme da Netflix
No mundo do entretenimento, onde o lucro frequentemente dita as regras, Anna Kendrick tomou uma decisão que abalou Hollywood.
Sumário:
O brilho das luzes de Hollywood nem sempre ilumina as sombras mais profundas da consciência humana. Numa indústria onde o lucro frequentemente supera a sensibilidade, uma atriz decidiu traçar um caminho diferente.
O peso da responsabilidade de Kendrick
Anna Kendrick, conhecida mundialmente pelo seu papel em “Pitch Perfect” (Prime Video), surpreendeu a indústria cinematográfica com uma decisão sem precedentes relacionada com o seu mais recente projeto na Netflix, “Woman of the Hour”. O filme retrata a história verídica de um predador que, sob um charme superficial, ceifou a vida de pelo menos oito jovens mulheres nos anos 70. A atriz e agora realizadora revelou, durante uma conversa emotiva no podcast Crime Junkie AF, que decidiu doar a totalidade dos seus lucros do filme a uma organizações de apoio a vítimas de crimes violentos.
“Isto nunca foi um projeto para fazer dinheiro”, confidenciou Kendrick durante o podcast, com uma honestidade desarmante. “Eventualmente a Netflix comprou o filme, mas foi apenas uma semana antes do TIFF [Festival Internacional de Cinema de Toronto] que me apercebi: ‘Oh, este filme vai dar lucro'”, revelou Kendrick. Foi nesse momento que a atriz se confrontou com uma questão moral profunda: “Perguntei-me a mim própria se me sentia suja ao fazer isto. E sentia.”
A resposta a este dilema ético surgiu sob a forma de uma decisão extraordinária. A atriz direcionou todo o lucro para duas das maiores organizações sem fins lucrativos dos EUA dedicadas a apoiar vítimas de violência sexual: a RAINN e o National Center for Victims of Violent Crime.
Uma história que precisava ser contada
O filme, que marca a estreia de Kendrick na realização, aborda a história perturbadora de Rodney Alcala, um predador que, nos anos 70, participou num programa de encontros televisivo chamado “The Dating Game” enquanto secretamente perpetrava uma série de crimes horrendos. A atriz, que também protagoniza o filme, confessou que a gravidade do tema a levou a questionar profundamente o aspeto comercial do projeto.
A decisão não foi apenas um gesto de caridade, mas uma declaração sobre a responsabilidade que os criadores têm quando usam histórias reais. “Era o mínimo que podia fazer”, afirmou Kendrick, demonstrando uma profunda consciência do impacto que estas histórias têm nas vítimas e as suas famílias.
Esta decisão ganha ainda mais profundidade quando contextualizada com as próprias experiências pessoais de Kendrick. Em 2022, a atriz começou a partilhar publicamente a sua própria história de sobrevivente de abuso psicológico e emocional, numa relação que durou seis anos. “Por vezes, o mais torturante não é apenas a falta de respeito ou os maus-tratos, mas o facto de todos agirem como se nada estivesse a acontecer”, partilhou Kendrick numa entrevista ao The Independent. “Isso faz-te questionar se estás a inventar tudo, se estás a ser paranoica ou demasiado sensível.”
A decisão de Kendrick está a ser amplamente elogiada nas redes sociais, com muitos a considerarem-na um exemplo a seguir pela indústria do entretenimento.
E tu, caro leitor, quanto valorizas a coragem de transformar um possível lucro financeiro num investimento de apoio às vítimas de violência? Talvez seja hora de repensarmos como consumimos entretenimento baseado em tragédias reais. Deixa a tua opinião nos comentários!