NOS Alive 2024 | Arcade Fire de regresso a casa nos 20 anos do aniversário de Funeral
A banda canadiana Arcade Fire não é estranha alguma aos palcos portugueses. No NOS Alive e em 2024, “regressaram” a casa com uma suma perfeita dos êxitos da sua já longa carreira.
Os Arcade Fire já são uma certeza no panorama dos espectáculos ao vivo em Portugal. Já passaram pela esmagadora maioria dos grandes festivais e também não se coíbem de por cá passar em nome próprio. Referência inegável da música indie, a banda canadiana encabeçada e fundada pelo casal Win Butler e Régine Chassagne sobreviveu a um escândalo muito feio e parece ter saído do lado de lá mais forte.
A química continua lá, bem como a harmonia em palco, e se tanto Win como Régine têm vozes distintas e memoráveis, com o seu tempo para números individuais ao longo deste concerto sumário de hora e meia, a verdade é que a sua maior força é quando as suas harmonias se unem e quando entoam os temas em uníssono. Por isso, ficamos felizes que a banda continue unida no sentido mais puro da palavra.
Quando vemos um palco preenchido pelos Arcade Fire, como a 11 de julho no Passeio Marítimo de Algés em mais um NOS Alive, observamos o que é uma banda no seu sentido mais pleno. Brincalhões e leves, com uma clara alegria de palco contagiosa, os Arcade Fire enchem e bem o palco. Não há só baterias, guitarras e órgãos elétricos. Há acordeões, há um belo e sempre presente violino, há uma panóplia de instrumentos e de vozes distintas que cantam em coro e enriquecem os muitos momentos de climax ao longo do espectáculo.
O concerto que os Arcade Fire apresentaram em Lisboa não é tão diferente assim daquele que passou pelo Campo Pequeno em nome próprio, embora com uma reorganização do alinhamento, colocando uma ênfase maior na retrospectiva e menos na promoção do último disco de originais – “WE”, de 2022. Assim se faz a seleção perfeita para o nostálgico e particularmente comunal contexto de festival.
Um alinhamento que sabe celebrar, de “Funeral” a “The Suburbs”
Uma esmagadora maioria do alinhamento dos Arcade Fire no NOS Alive centrou-se na celebração dos discos mais antigos da banda. Arrancámos com “Funeral”, quiçá o álbum mais aclamado da banda, e quem em 2024 está aliás de parabéns. Comemora 20 anos de vida, e sem dúvida que os seus temas não estão ultrapassados de forma alguma. O som deste grupo continua a ser “fresco” e a sua grande presença de palco inegável, do envolvimento de Butler com o público à alegria que emana de todos os músicos em palco.
Alguns destaques iniciais passaram por uma abertura que homenageou o grandíssimo David Bowie, com “Sound And Vision” como som inaugural do concerto. “Neighborhood #1 “ (e #2 e #3) fizeram desde logo as maravilhas de um público nitidamente conhecedor, pronto a entoar temas lançados ao longo dos últimos 20 anos, dos mais recentes aos que já consideramos quase clássicos.
Outros momentos de catarse coletiva, e existiram muitos neste espectáculo abençoado no NOS Alive, incluíram as apresentações ao vivo da longa e energética “Reflektor”, dos versos marcante e existenciais de “Afterlife” (“When Love is Gone, Where Does It Go? Where Do We Go?”), da antiga mas sempre vibrante “No Cars Go”, do já clássico inegável “The Suburbs”, passando também por “Everything Now” ou pelo momento em que Régine Chassagne mais brilha solo: “Sprawl II”.
No final, com o público completamente rendido, depois de muitos coros coletivos, “Wake Up” surge como a despedida perfeita, fechando esta apresentação com um dos highlights de “Funeral” (2004), o disco celebrado nesta noite quente e de emoções ao rubro.
Em mais uma visita aguardada a Portugal, os Arcade Fire chamaram casa a Lisboa. Cá estaremos para receber estes prezados familiares, uma e outra vez!
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