O cinema português presente com “Duas Vezes João Liberada”, realizado por Paula Tomás Marques. © Portugal Film

75ª Berlinale: O Festival de Cinema de Berlim anunciou a programação 2025

O 75º Festival de Cinema de Berlim (13 a 23 de fevereiro próximos) anunciou há pouco os 19 filmes que serão exibidos na sua Competição Oficial 2025, bem como e as obras selecionados para a Perspectives, a sua nova secção competitiva, onde está o filme português “Duas Vezes João Liberada”, realizado por Paula Tomás Marques. Em ano redondo este será a primeira Berlinale, liderada pela antiga realizadora do BFI London Film Festival, a norte-americana Tricia Tuttle, após as saídas de Carlo Chatrian e Mariette Rissenbeek no ano passado.

Os novos filmes de Richard Linklater, Hong Sangsoo, Michel Franco e Radu Jude estão entre os selecionados para a competição principal, do 75º Festival de Cinema de Berlim, obras que vão levar à passadeira vermelha da Potsdamer Platz estrelas como Margaret Qualley, Ethan Hawke, Jessica Chastain, Claes Bang e Marion Cotillard, apesar da escassez de produções norte-americanas.

Esta é a primeira programação do 75º Festival de Cinema de Berlim (Competição e Perspectivas) apresentada pela nova diretora do festival, a norte-americana Tricia Tuttle, que anunciou há pouco os filmes seleccionados, juntamente com os seus dois co-diretores Jacqueline Lyanga e Michael Stütz.

Todos os filmes da Competição são estreias mundiais, exceto “Dreams (Sex Love)”, de Dag Johan Haugerud, lançado anteriormente na Noruega, e “If I Had Legs I’d Kick You”, da norte-americana Mary Bronstein, uma comédia dramática da produtora A24, protagonizada por Rose Byrne, que estreará daqui a dias no Festival de Sundance 2025.

Oito dos filmes são realizados ou co-realizados por cineastas-mulheres — um aumento em relação às seis do ano passado — e nove dos realizadores selecionados para este 75º Festival de Cinema de Berlim, já exibiram os seus filmes anteriormente na Berlinale. Nos regressados, ao 75º Festival de Cinema de Berlim incluem-se Richard Linklater com “Blue Moon”, que acompanha os últimos dias de Lorenz Hart, da dupla de compositores Rodgers & Hart.

O filme é protagonizado pelo seu colaborador regular Ethan Hawke, ao lado da jovem estrela de “A Substância”, Margaret Qualley, além de Bobby Cannavale e Andrew Scott. O cineasta norte-americano esteve pela última vez na Berlinale com “Boyhood” em 2014 e conquistou três prémios, incluindo o Urso de Prata para Melhor Realizador. Apresentou também também “Antes do Amanhecer” e “Antes do Anoitecer”, na Competição e recebeu uma Câmara Honorária da Berlinale em 2013.

O cineasta mexicano Michel Franco, que já ganhou prémios em Cannes e Veneza, traz “Dreams”, a sua mais recente longa-metragem que é uma história de amor entre uma socialite e uma bailarina e volta a juntar-se a Franco, a sua quase atriz fetiche, vencedora de um Óscar: Jessica Chastain, actriz que protagonizou o seu filme  anterior “Memória”, estreado em Veneza, em 2023. O filme conta ainda com a participação de Isaac Hernández e Rupert Friend.

Festival de Berlim berlinale 75a
Festival de Berlim / Berlinale 74 © José Vieira Mendes

Os Veteranos do Costume do Berlinale

O romeno Radu Jude, que venceu o Urso de Ouro de Berlim em 2021 com “Má Sorte no Sexo ou Porno Acidental”, regressa também ao 75º Festival de Cinema de Berlim com “Kontinental ’25”, um filme de baixo orçamento, anteriormente descrito pelo realizador como um ‘dilema moral post festum’, que é protagonizado por Eszter Tompa, Gabriel Spahiu e Adonis Tanta.

Participante regular da Berlinale, o realizador sul-coreano Hong Sangsoo regressa com “What Does that Nature Say to You (S Kor)”, o seu oitavo filme a competir ao Urso de Ouro. O filme é centrado num jovem poeta que passa o dia com a família da sua namorada. Hong já ganhou quatro Ursos de Prata nos últimos cinco anos com “A Mulher Que Fugiu”, “Introdução”, “A Romancista e o Seu Filme” e “Noutro País”.

O único filme de uma estreante na programação da Competição é “Hot Milk”, da britânica Rebecca Lenkiewicz. Trata-se da adaptação do romance homónimo de Deborah Levy, que explora as complexidades da relação entre uma mãe e a filha, tendo como pano de fundo a cidade mediterrânea de Almeria, em Espanha. Fiona Shaw contracena ao lado de Emma Mackey, Vicky Krieps e Vincent Perez. Lenkiewicz já foi co-autora dos argumentos dos filmes premiados: “Ida”, “Desobediência”, “Colette” e “Ela Disse”.

Um Festival Aberto a Revelações

Na competição principal do 75º Festival de Cinema de Berlim vai estar também o filme “The Ice Tower”, realizado pela francesa Lucile Hadzihalilovic e protagonizado por Marion Cotillard. Trata-se de drama de fantasia que se passa na década de 1970 e que acompanha a enigmática estrela de uma produção cinematográfica chamada “A Rainha da Neve” – interpretada pela vencedora de um Oscar, Marion Cotillard – que enfeitiça uma jovem fugitiva.

Este filme, marca a continuação do aprimorado trabalho  de Hadzihalilovic, com a sua impressionante longa-metragem “Earwig” (2021), além de voltar a juntar a cineasta e Cotillard pela primeira vez desde “Innocence”, em 2004. Também de França vem “Ari”, de Leonor Serraille, um filme centrado num jovem que está numa encruzilhada da vida, protagonizado por Andranic Manet, Pascal Reneric e Theo Delezenne. “Mãe e Filho” de Serraille foi exibido na Competição de Cannes em 2022 e a cineasta ganhou a Câmara de Ouro em Cannes em 2017 com o seu filme de estreia, intitulado “Jeune Femme”.

“O Último Azul”, do brasileiro Gabriel Mascaro (“Boi Néon“), concorre também ao Urso de Ouro e é protagonizado por Rodrigo Santoro. “O Último Azul” passa-se na Amazônia, num Brasil quase distópico, onde o governo transfere idosos para uma colónia habitacional para “desfrutar” seus últimos anos de vida. Antes do seu exílio compulsório, Tereza (Denise Weinberg), uma mulher de 77 anos, embarca em uma jornada para realizar seu último desejo. A última vez que Brasil concorreu ao Urso de Ouro foi em 2020.

75ºFestival de Cinema de Berlim.
“The Ice Tower”, realizado pela francesa Lucile Hadzihalilovic com Marion Cotillard. ©75berlinale/Divulgação

O Talento do Oriente e Abertura do Berlinale

Há dois filmes na Competição do 75º Festival de Cinema de Berlim que vêm da China: “Living The Land” que marca a segunda longa-metragem de Huo Meng, que ganhou o prémio de melhor realizador no Pingyao em 2018 com “Crossing The Border- Zhaoguan”, enquanto “Girls On Wire”, de Vivian Qu, realizadora de “Angels Wear White”, que esteve em Veneza 2017. Este último drama de Qu é sobre duas primas que lutam para se libertarem da família e da sociedade em meio das rápidas mudanças na China.

O festival abrirá com “The Light”, do alemão Tom Tyker, incluído na Seleção Especial fora da competição, onde está também entre outros “Mickey 17”, a nova comédia negra e de ficção científica do coreano Bong Joon Ho. A grande homenageada será Tilda Swinton, a quem a Berlinale 75, irá atribuir um Urso de Ouro Honorário, ao passo que o realizador norte-americano Todd Haynes presidirá ao júri do festival.

75º Festival de Cinema de Berlim
“Duas Vezes João Liberada” segue João (Juna João), uma atriz lisboeta.

O João de Portugal nas ‘Perspectives”

A nova competição Perspectives do 75º Festival de Cinema de Berlim, dedicada a primeiras longas-metragens de ficção, não faz muita diferença em termos de conceito da anterior Encounters, mas conta com o filme “Duas Vezes João Liberada”, realizado por Paula Tomás Marques. “Duas Vezes João Liberada” segue João (Juna João), uma atriz lisboeta, que protagoniza uma biopic sobre Liberada, uma dissidente de género perseguida pela Inquisição portuguesa no século XVIII.

A produção do filme torna-se num local de disputa quando João entra em conflito com o realizador sobre a forma como o legado de Liberada deve ser representado. Estas tensões intensificam-se à medida que os sonhos de João são assombrados pelo fantasma de Liberada, abrindo uma fresta entre o passado e o presente. Quando o realizador sofre de uma misteriosa paralisia, deixando o filme inacabado, João é deixado a navegar no caos que se desenrola. A atriz enfrenta perguntas sem resposta, não só sobre o futuro do filme, mas também sobre a sua própria ligação ao espírito e história de Liberada.

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