TRÊS IRMÃOS de Teresa Villaverde

10 filmes portugueses que tens de conhecer

Com a celebração do Dia de Portugal, nada como rever um pouco da história do cinema português, através de 10 marcantes filmes.

O Dia de Portugal assinala-se a 10 de junho, talvez no meio de tantas outras hipóteses de datas. Começou por ser o feriado municipal da cidade de Lisboa, passando a ter um âmbito nacional com o Estado Novo, que designou este dia como o Dia de Camões, de Portugal e da Raça. A escolha desta data está ligada à morte de Camões, assinalada precisamente neste dia, poeta que (como todos bem sabemos graças às aulas de português), homenageou os feitos portugueses, marcados pelos Descobrimentos. Com o 25 de abril a data manteve-se, mas a designação foi alterada para Dia de Portugal de Camões e das Comunidades Portuguesas.

Aproveitando esta data, a MHD reuniu 10 filmes portugueses historicamente marcantes, fazendo um pequeno levantamento do caminho que a sétima arte percorreu em terras lusas. Esta pequena introdução à história por detrás deste feriado nacional torna-se ainda mais pertinente quando se fala de cinema, uma vez que muitos dos filmes mais falados da nossa história cinematográfica são precisamente dessa época (gostos à parte).

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Fazendo uma pequena introdução a cinema português, antes de o ser como o conhecemos hoje em dia, podemos dizer que, em comparação com outros países, a exploração desta arte começou cedo: em 1896 foram feitos os primeiros filmes portugueses. Em 1899 Manuel da Costa Veiga fundou a primeira produtora e distribuidora de filmes no país, a Portugal-Film, e em 1918 nasce a Invicta Film, talvez a primeira tentativa de criar uma verdadeira indústria cinematográfica, representado o papel que a cidade do Porto teve na impulsão do cinema português. Por volta dessa altura o cinema começa a acompanhar os militares, devido à Primeira Grande Guerra, e começa posteriormente a ser censurado e rigorosamente controlado.

Vamos lá então percorrer as várias décadas do cinema português até aos dias de hoje, representadas por filmes (e realizadores) que marcaram a sua história:

 

A SEVERA

(LEITÃO BARROS, 1930)

Em 1930, eis que chega o primeiro filme sonoro português. “A Severa” baseia-se na obra homónima de Júlio Dantas e estreou em 1931, tendo sido um sucesso na altura. Representa um Portugal rural, com os seus costumes tradicionais, que se encontram também precisamente na banda sonora, através do som de fundo da concertina.

 

DOURO, FAINA FLUVIAL

(MANOEL DE OLIVEIRA, 1931)

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DOURO FAINA FLUVIAL de Manoel de Oliveira

Manoel de Oliveira, que demorou a ser reconhecido, lançou o seu primeiro filme em 1931. Apesar de o cinema sonora já ser uma novidade, este filme é ainda mudo (tendo estreado 3 anos depois numa versão já sonorizada). Feito com poucos recursos, capta a vida diária da zona ribeirinha do Porto,  claramente influenciado pela estética dos documentários do cinema soviético. O filme foi pouco reconhecido em Portugal, mas despertou a atenção dos críticos na França.


O PÁTIO DAS CANTIGAS

(FRANCISCO RIBEIRO, 1942)

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O PÁTIO DAS CANTIGAS de Francisco Ribeiro

O cinema português sofreu muito com o Estado Novo, não só pelo controlo rigoroso dos temas explorados, como pelos hábitos que criou no seu público. Os filmes eram frequentemente comédias, musicados e cantados, enaltecendo o que era tipicamente português e procurando o puro entretenimento dos espectadores. É o caso de “O Pátio das Cantigas“, que foi reeditado em 2015, pelas mãos de Leonel Vieira.

 

NAZARÉ

(MANUEL GUIMARÃES, 1952)

A década de 50 não traz mudanças praticamente nenhumas ao cinema, verificando-se que a típica comédia portuguesa que teve o seu auge nos anos 40 se mantém. No entanto, destaca-se o trabalho de Manuel Guimarães, que enveredou numa linha de neo-realismo. É o caso de “Nazaré“, que explora a vida dos pescadores, como Leitão de Barros fizera anteriormente, mas agora através de uma lente de crítica social. Tendo esta perspetiva crítica, o filme sofreu vários cortes devido à censura, algo que aconteceu com vários filmes deste realizador, acabando por seguir uma vida cinematográfica mais comercial.

 

BELARMINO

(FERNANDO LOPES, 1964)

Belarmino” é um exemplo de uma geração que já se começa a erguer contra o Estado Novo e do emergente movimento Novo Cinema português. Inspirado tanto pelo neo-realismo que Manuel Guimarães começara a percorrer na década anterior, como pela Nouvelle Vague francesa. Este filme acompanha um pugilista vitorioso que acaba por perder o seu sucesso, tendo de trabalhar como engraxador para se sustentar, história que lembra o recente e premiado “São Jorge”.


TRÁS-OS-MONTES

(ANTÓNIO REIS, MARGARIDA CORDEIRO, 1976)

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TRÁS-OS-MONTES de Margarida Correio e António Reis

Trás-os-Montes” é mais um exemplo de cinema documental português, mas neste caso também ficcional, e é um dos nomes mais associados ao movimento já referido, do Novo Cinema Português. É marcante precisamente pela sua estética inovadora, muito poética, fugindo à narrativa clássica.

 

O LUGAR DO MORTO

(ANTÓNIO-PEDRO VASCONCELOS, 1984)

Com este filme já se nota uma clara mudança nos  filmes portugueses, mudança que não foi só estética, mas também nas temáticas escolhidas. Deixou de ser tanto uma representação de Portugal ou do típico português para ser uma visão mais singular. “O Lugar do Morto” é um clássico policial e foi um êxito na altura, reunindo vários atores conhecidos.

 

TRÊS IRMÃOS

(TERESA VILLAVERDE, 1994)

Teresa Villaverde é um dos nomes mais associados à vaga dos novos realizadores dos anos 90, já formados pela Escola Superior de Teatro e Cinema, em Lisboa. Nesta época o cinema começa a reflorescer, já havendo mais incentivos e proteção estatal, que permitiu que estes realizadores explorassem uma vertente mais de cinema de autor. “Três Irmãos”, protagonizado por Maria de Medeiros, recebeu vários prémios e nomeações em Veneza e Valência.


ODETE

(JOÃO PEDRO RODRIGUES, 2005)

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ODETE de João Pedro Rodrigues

E virámos a página para um novo século, e com ele destacamos João Pedro Rodrigues e o seu filme “Odete”, já que estamos no Pride Month! Este melodrama conta uma história de uma espécie de um triângulo amoroso, entre a vida e a morte, relevando a complexidade crescente das narrativas destes novos realizadores.


AS MIL E UMA NOITES

(MIGUEL LOPES, 2015)

miguel gomes as mil e uma noites
AS MIL E UMA NOITES de Miguel Gomes

Chegados à segunda década do século, destaca-se o “As Mil e Uma Noites“, escolhido para representar Portugal por várias vezes e que foi exibido em Cannes e premiado no Festival de Sidney, na Austrália e na Polónia. Dividido em três partes, este filme analisa a política portuguesa, retrata o estado da justiça portuguesa e os efeitos da Troika no país, numa visão atenta da condição humana em geral.

Já viste estes filmes? Concordas com as nossas escolhas? Deixa as tuas respostas nos comentários.

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