Classic Fever | O Exorcista (1973)
Mais de 40 anos após a sua estreia, O Exorcista continua a ser considerado um dos melhores filmes de terror de todos os tempos.
Mas qual a sua verdadeira importância no contexto global da história do cinema?
O QUE É QUE VOU RELEMBRAR HOJE?
“O Exorcista” (1973), de William Friedkin e protagonizado por Linda Blair, Ellen Burstyn e Max von Sydow.
Lê mais: Classic Fever | Psycho
MAS AFINAL DO QUE É QUE TRATA?
Adaptação cinematográfica do “best-seller” de William Peter Blatty, por sua vez baseado num relato verídico sobre um exorcismo, o filme encontra Chris Macneill preocupada com o estado de saúde da sua filha adolescente, Regan. As estranhas alterações físicas e comportamentais de Regan são incompreensíveis e desesperada e sem qualquer ajuda palpável de médicos que já consultou, a mãe pede ajuda desesperada a um padre católico. A conclusão é que a jovem é vítima de possessão demoníaca, e para isto o único tratamento possível é o exorcismo…
Lê ainda: O terror faz bem à linha
PORQUE É QUE NÃO POSSO PERDER?
Estreado em 1973, O Exorcista não passou por uma produção pacífica. Depois de ter sido recusado por vários realizadores (entre os quais Stanley Kubrick e Arthur Penn) e assumido por um inesperado e recém oscarizado cineasta, a produção esteve envolta numa série de incidentes que lhe deram a fama de amaldiçoada.
No entanto, e para surpresa de todos, o filme de William Friedkin acabou por se tornar um fenómeno da cultura popular, revelando-se um êxito de bilheteira (ainda hoje é o filme mais rentável da história da Warner Bros, se ajustarmos a inflação) e tornando-se o primeiro filme de terror alguma vez nomeado ao Óscar de Melhor Filme pela Academia (nomeação esta que se juntou a outras nove espantosas indicações).
Distinguindo pelo National Film Registry como “cultural, histórica e esteticamente importante”, o filme tornou-se ao longo dos anos um peso pesado de influências da cultura popular, tendo sido recorrentemente considerado pelas mais diversas publicações como um dos ou mesmo o melhor filme de terror de todos os tempos – e mesmo com toda a subjetividade inerente a este tipo de escolhas, é quase virtualmente impossível discutir ou retirar-lhe este título.
No seu auge, os anos 70 pareciam ter o género do terror dividido em duas poderosas fações: a do real, que explorava os terrores verosímeis do quotidiano, e do fantástico que acabavam por preferir a liberdade artística e o gore à coerência da narrativa. Ainda que A Semente do Diabo tenha sido o primeiro produto mainstream a tentar beber o melhor dos dois mundos, houve sempre um certo peso a pender para o surrealismo. No entanto, O Exorcista foi certamente o primeiro a fazê-lo em igual peso e medida, misturando um incrível drama humano com sequências surreais que nos abanaram até ao mais recôndito íntimo.
Como outras grande figuras do cânone de Hollywood, O Exorcista ganha poder pelo dinamismo com que mistura e mergulha nos opostos: discutindo os temas da religião em contraposição com crenças modernas, aproveita para explorar o tema da fé, do bem contra o mal e dos medos intrínsecos ligados à paternidade para saltitar entre uma série de pontos traumáticos que nos têm assustado desde o aparecimento do Homem.
Brutal e belo, artístico e abusivo, O Exorcista permanece como um intocável clássico do terror e mais de 40 anos depois da sua estreia continua tão elementar e essencial como no dia em que chegou aos cinemas.
Porque alguns filmes não são apenas filmes, e no caso de O Exorcista, representa um poder maior do que si mesmo, disposto a inflamar os nossos mais tenebrosos pesadelos.
Lê também: 5 Pesadelos essenciais de Wes Craven
UMA FRASE PARA A POSTERIDADE
“What an excellent day for an exorcism”
PARA FICAR NO OLHO E NO OUVIDO (DA MENTE)