Classic Fever | The Rocky Horror Picture Show (1975)
A comédia musical de Jim Sharman foi o fenómeno de culto que reinventou a noção de midnight movie.
Estreado há mais de 40 anos, The Rocky Horror Picture Show tornou-se, ao longo dos anos, um marco de culto cinematográfico no panorama norte-americano, reinventando-se a cada midnight screening e surgindo como uma referência cada vez mais forte de interação e comunhão humana numa sala de cinema.
O QUE É QUE VOU RELEMBRAR HOJE?
The Rocky Horror Picture Show (1981), ou no título menos célebre português Festival Rocky de Terror, de Jim Sharman e protagonizado por Tim Curry, Susan Sarandon e Barry Bostwick.
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MAS AFINAL DO QUE É QUE TRATA?
Influenciado pelo enlace de um grande amigo, Brad Majors decide pedir a sua noiva Janet Weiss (Susan Sarandon) em casamento. Antes da cerimónia, o casal parte numa viagem de carro, mas acaba por se perder, ter uma avaria no carro e ter de enfrentar uma tempestade digna de um dilúvio bíblico. Com o objetivo de encontrar uma propriedade próxima onde possam pedir ajuda, encontram um castelo onde são recebidos por um estranho mordomo – Riff Raff, criado do dr. Frank N Furter, o dono da casa. Brad e Janet estranham o visual e o comportamento de todos os presentes no escabroso palacete, sem imaginar que Frank N Furter dedica a vida à libido e ao prazer, sendo que o seu novo plano passa por criar um homem musculoso – Rocky – que possa atender aos seus mais peculiares anseios sexuais.
PORQUE É QUE NÃO POSSO PERDER?
Com um legado de mais de 40 anos, The Rocky Horror Picture Show – baseado no musical de teatro estreado dois anos antes do filme – não surgiu, à partida, como uma obra digna de reconhecimento.
Mal recebido pela crítica e com o box-office morno, a paródia que prestava tributo aos filmes de terror e de ficção científica de série B começou a ganhar tração de culto sensivelmente um ano e meio depois da estreia em sala, quando a audiência começou a participar ativamente nas exibições do filme que se davam no Waverly Theatre em Nova Iorque. Nestas animadas sessões, os membros do público respondiam alegremente às linhas de diálogo dos personagens, vestiam-se como elas, explodiam em elaborados números de dança que acompanhavam os momentos chave da película e soltavam confetis, rolos de papel higiénico e arroz em cenas específicas. O filme de Jim Sharman tornou-se, assim, um riquíssimo fenómeno cultural que permitiu que todos os envolvidos nas suas sessões de exibição partilhassem uma sensação única de comunhão e harmonia na sala de cinema.
Foi a partir desde pequeno floco de neve que se gerou a avalanche de culto que viria a permitir que, quarenta anos volvidos, The Rocky Horror Picture Show se tenha tornado o filme que mais tempo se manteve (e mantém) em distribuição (limitada) nos cinemas dos EUA.
Tematicamente, o filme desmonta-se prazerosamente entre os temas da ilusão e realidade, tempo e espaço, significado e nonsense e sexualidade e identidade sexual. Mas como se não bastasse The Rocky Horror Picture Show incorpora ainda, de forma leviana e deliciosamente divertida, muitos dos temas centrais (mas tabu) que se erguiam cultural e socialmente no final dos anos 60 e início dos anos 70 – como o movimento feminista, fluidez de género, e da liberdade sexual, encaixando-as numa extravagante narrativa que esteve sempre muito à frente do seu tempo.
Por essa razão, e mesmo que tenha tido um arranque com pouco gás, The Rocky Horror Picture Show tornou-se num marco cinematográfico, e uma razão recorrente para celebrar as possibilidades da indústria. Considerado por muitos como o “derradeiro filme de culto”, é cada vez mais um filme do presente, do futuro, do para sempre.
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UMA FRASE PARA A POSTERIDADE
“Don’t dream it, be it”
PARA FICAR NO OLHO E NO OUVIDO (DA MENTE)
Festival Rocky de Terror: 4*
Finalmente vi este filme e adorei o seu ritmo, as suas músicas e a sua história. Tim Curry esteve à altura, adorei o desempenho.
Cumprimentos, Frederico Daniel.