Nomis, em análise
Se gostas de thrillers excitantes no calor de verão, podes encontrar alguma frescura e suspense em ‘Nomis’, de David Raymond, que tem um travo das tramas dos policiais nórdicos, e é protagonizado por Henry Cavill e a lenda Ben Kinsgley.
Na verdade tem havido uma grande inflação de bons thrillers de mistério na cinema de Hollywood, que parece cada vez mais virado para as adaptações dos super-heróis da Marvel e DC. Por outro lado, as boas obras do género suspense parecem ter passado mais para as séries de televisão das plataformas como a Netflix, ou para canais como a HBO ou AXN. No entanto, este ‘Nomis’ (Night Hunter) de David Raymond, dentro do género suspense é de boa cepa e um filme concebido com bastante eficiência narrativa ao ponto de segurar o espectador até ao final. Suporta aliás uma considerável quantidade de reviravoltas, para contar a história de Marshall (o ex-Superman Henry Cavill), um experiente investigador da polícia que ao lado da sua equipa e de Cooper (o grande Ben Kingsley, de ‘Ghandi’), um ex-juiz que agora age como uma espécie de vigilante-privado, envolvem-se numa perigosa e estranha investigação sobre o sequestro e assassinato de diversas jovens mulheres. Escrito e dirigido pelo promissor estreante David Raymond as surpresas contidas nas reviravoltas são intensas e dão um sentido de limite de perigo à narrativa, ao ponto de nunca garantirem a integridade física dos protagonistas do filme, pois ninguém parece estar a salvo do assassino.
‘Nomis’ vai mesmo ganhando uma atmosfera bastante imprevisível sem os clichés habituais dos filmes deste género. Convém dizer que um dos méritos de ‘Nomis’ é mesmo não depender das reviravoltas para ter suspense, já que não se apoia apenas numa revelação final. A inevitável caça-ao-homem acaba em si por ser bem mais interessante, especialmente quando o público vai desvendando a natureza pérfida do serial killer. No entanto, ‘Nomis’ peca um pouco pela maneira como lida com seus personagens secundários, onde se incluem actores de peso como Stanley Tucci (‘O Caso Spotlight’) ou Nathan Fillion (da série ‘Castle’), e a bela Minka Kelly (da série de adaptações DC de ‘Titans’).
Os personagens secundários entram e saem da trama e passam um pouco despercebidos, e ao lado da investigação principal. O único personagem que evolui — salvo se explorarmos o spoiler, — é quase mesmo e só o protagonista Marshall interpretado por Cavill. Aliás é à custa da sua forte presença e do seu carisma que ‘Nomis’ ganha importância no cartaz de estreias, mesmo que o seu personagem demore um pouco a ser entendido e a ganhar a simpatia dos espectadores. Marshall vai crescendo à medida que a narrativa evolui, e de facto é a presença de Cavill que faz a diferença, ao lado da bela Alexandra Daddario (‘Quando Nos Conhecemos’), também ela numa excelente interpretação de uma profiler de criminosos. A personagem de Daddario tem uma fúria silenciosa bem interessante no filme, numa interpretação que marca talvez um novo patamar na carreira desta atriz, que geralmente faz comédias. As aparições do veterano Ben Kingsley roubam qualquer cena engolindo praticamente qualquer dos outros actores que estejam à sua volta.
‘Nomis’ gira em volta da personagem-referência de Simon (Brendan Fletcher, vimo-lo em ‘O Regresso’), numa interpretação bastante difícil e extremamente versátil. O perfil de Simon é talvez o ponto de partida desta intriga e o início desta complicada investigação. Além da figura de Marshall de Cavill é sem dúvida Fletcher com o seu Simon a chave de tudo e uma das figuras que faz este filme ser bastante mais interessante, sem cair como já foi dito nos clichés do género.
Nomis, em análise
Movie title: Night Hunter
Date published: 5 de August de 2019
Director(s): David Raymond
Actor(s): Alexandra Daddario, Ben Kingsley, Henry Cavill, Minka Kelly, Nathan Fillion, Stanley Tucci
Genre: Acção, Policial, Suspense, 2018, 94 min
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José Vieira Mendes - 65
CONCLUSÃO:
‘Nomis’ é um bom thriller de suspense que facilmente prende a atenção do público e funciona como forma de mostrar que a estrela Henry Cavill, é bem capaz de fazer coisas diferentes e ser um grande protagonista para além do rosto de Superman ou do mau-da-fita na série Missão Impossível ou secundário de Tom Cruise.
O MELHOR: um filme que não cai facilmente em clichés do género suspense.
O PIOR: A qualidade de vários actores secundários de peso é mal aproveitada, pois quase passam ao lado da trama principal.
JVM