Vive e Deixa Andar, a Crítica | Um 007 à portuguesa
Diversão e trapalhadas com estilo “007”: Esta é a nova comédia portuguesa, “Vive e Deixa Andar”, que chega hoje aos cinemas.
Portugal já tem uma grande tradição na produção de comédias. No top dez dos filmes portugueses mais vistos de sempre nas salas nacionais estão “O Pátio das Cantigas”, “7 Pecados Rurais”, “Curral de Moinas – Os Banqueiros do Povo”, “Filme da Treta” e “Balas & Bolinhos”.
“Vive e Deixa Andar” é a mais recente comédia portuguesa, realizada por Miguel Cadilhe, que também realizou um dos sucessos falados anteriormente, o “Curral de Moinas – Os Banqueiros do Povo”.
O filme acompanha a história de Lucas, um homem extremamente azarado que, ao perder o seu emprego e ser despejado de casa, aceita cuidar da luxuosa casa de um amigo de infância durante um fim-de-semana. Durante esses dias, Lucas passa por trapalhadas e desafios, mas também encontra um novo amor e descobre um grande segredo que irá mudar a sua vida.
Eduardo Madeira é Lucas e Ricardo Carriço é James, uma versão cómica e portuguesa do famoso “007”, que acaba por ser o narrador desta história (no final do filme irão perceber porquê). Débora Monteiro, Oceana Basílio, Alexandra Lencastre, João Manzarra, Joana Pais de Brito e Dinarte de Freitas também fazem parte do elenco de “Vive e Deixa Andar”.
A essência de Vive e Deixa Andar
“Vive e Deixa Andar” é comédia pura e começa logo com uma música ao estilo “Skyfall” de Adele, em “007”, que levanta o véu sobre o que está para vir ao longo deste filme. Sissi Martins é a grande voz que está por detrás deste cómico genérico que começa com “Abandonado à nascença, cresceste sem ter por perto agentes secretos, de porco preto”, um pequeno sneak peak do que podes esperar do filme, tanto em plot como em sentido de humor.
Em entrevista à MHD, Eduardo Madeira revelou que o realizador, Miguel Cadilhe, lhe disse uma frase sobre o filme que o marcou: “Eu não quero que as pessoas se estejam sempre a rir no cinema, mas quero que saiam do cinema com um sorriso”. É assim que se pode resumir “Vive e Deixa Andar”, um filme bem disposto, para rir em conjunto numa sala de cinema e sair com um sorriso na cara.
Eduardo Madeira é o desastrado Lucas
Este filme vive muito do humor físico das personagens, principalmente do Lucas, interpretado por Eduardo Madeira, que tem umas peripécias ao estilo Mr. Bean, que até dão nervos só de ver. Esta atuação do ator é tão natural que parece quase improvisada, no entanto Eduardo Madeira revelou: “há espaço para a improvisação, mas este guião não deixa pontas soltas. Noventa e oito por cento é seguir o guião porque quando é tão bem escrito, convém não estragar. E o nosso trabalho é fazer com que pareça natural”.
Tal como com Mr. Bean, os azares e as trapalhadas acontecem com Lucas devido à sua extrema inocência e Eduardo Madeira é exímio a interpretar esta bondade e falta de noção que a personagem tem sobre o bullying que lhe tentam fazer. Quanto à preparação para esta personagem, tanto o ator como o realizador são fãs do trabalho de Peter Sellers, conhecido por “Dr. Strangelove” ou “A Pantera Cor de Rosa”.
No entanto, apesar de haver uma inspiração no tipo de comédia de Peter Sellers, Eduardo Madeira confessou que esta personagem era muito própria e nunca poderia ser uma cópia de Peter Sellers. “Foi uma personagem que tive de trabalhar bastante. O Lucas tinha de ser uma pessoa genuinamente boa, não podia haver momentos em que nós duvidassemos da inocência e da bondade dele e isso é uma construção muito difícil porque ninguém é totalmente bom. A premissa era que o Lucas fosse uma pessoa sem maldade nenhuma e imprimir isso num boneco não foi fácil”, revelou o ator.
Uma cómica homenagem a James Bond
Ricardo Carriço interpreta o papel de James em “Vive e Deixa Andar”, numa cómica homenagem a James Bond, uma figura que já está muito intrínseca na nossa cultura pop culture. O ator conseguiu ir buscar essas referências a “007” e torná-las cómicas, sem que parecesse estar a gozar com a personagem, mas brincando com o conceito dos agentes secretos. O ator contou à MHD que adorou o ritmo alucinante do argumento e do tipo de comédia nonsense, o que o aliciou a entrar neste projeto, sendo que é mais conhecido pelo público por fazer papéis mais dramáticos.
A importância do humor em Portugal
Como foi referido anteriormente, a comédia é o género que os portugueses mais procuram para ver nos cinemas em Portugal, no entanto, é uma categoria que muitas vezes é pouco levada a sério, inclusive ainda tem pouca expressão em cerimónias de prémios, como os Óscares.
Sobre este tema, Ricardo Carriço comentou: “Somos permanentemente bombardeados com notícias negativas, quando aparecem este tipo de produtos, que provocam o riso e o bem estar das pessoas, há obviamente uma adesão brutal. Há que começar a olhar para as coisas de uma forma diferente, porque a comédia não é um parente pobre, mas devia ser um parente verdadeiramente rico”.
“Vive e Deixa Andar” é, sem dúvida, um filme que provoca o riso e o bem estar. Quando pedimos para definir o filme numa palavra, Eduardo Madeira escolheu “Diversão” e Ricardo Carriço optou por “Genial”. O filme estreia nas salas de cinemas nacionais já esta quinta-feira, dia 31 de outubro.
Pronto para ver as trapalhadas e peripécias de Lucas em “Vive e Deixa Andar”?
Vive e Deixa Andar, A Crítica
Movie title: Vive e Deixa Andar
Movie description: Quando o despassarado e trapalhão Lucas é despedido do seu trabalho e despejado de casa, aceita cuidar da casa de um velho amigo durante o fim-de-semana. Ao longo desses dias passa por muitas aventuras, conhece um novo amor e descobre um segredo que pode mudar a sua vida para sempre.
Director(s): Miguel Cadilhe
Actor(s): Eduardo Madeira, Ricardo Carriço, Débora Monteiro, Oceana Basílio, Joana Pais de Brito, Dinarte de Freitas
Genre: Comédia
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Matilde Sousa - 65
Conclusão
“Vive e Deixa Andar” é uma comédia despretensiosa, que promove gargalhadas e boa disposição.
Pros
É um filme de riso fácil, com referências que todos conhecemos da cultura pop, como “007” e satiriza alguns costumes da sociedade.
Eduardo Madeira tem um humor muito físico e natural, que parece quase improvisado.
Cons
“Vive e Deixa Andar” é uma paródia feita para rir. Para quem não goste de um tipo de humor óbvio, pode não apreciar este filme.