Demon Slayer – Kimetsu No Yaiba – O filme: Comboio Infinito, em análise
Após bater recordes atrás de recordes em plena pandemia, o filme de animação de “Demon Slayer” chegou às salas de cinema portuguesas. Já foste ver?
Quando “Demon Slayer – Kimetsu No Yaiba – O filme: Comboio Infinito” teve a sua estreia no Japão, e noutras partes do mundo, em plena pandemia de COVID-19, ninguém imaginou o que veio a acontecer. De todos os filmes que estrearam nesta altura, qual seria a probabilidade de um filme anime ser aquele que iria ocupar o primeiro lugar dos box office?
A verdade é que, contra todas as hipóteses, foi exatamente isso que aconteceu. O filme de “Demon Slayer” bateu recordes atrás de recordes, quer no Japão – onde já seria expectável isso acontecer -, mas também no resto do mundo. Tornou-se no filme japonês mais lucrativo de sempre no Japão, ultrapassando “A Viagem de Chihiro“, mas também no mundo.
Em Portugal, esse sucesso também já se começa a refletir no box office nacional. Na semana de estreia, o filme levou às salas de cinema 6.829 espectadores e foi o quarto filme mais visto da semana. Estes dados podem parecer um pouco modestos, no entanto relembramos que se trata de um filme de animação japonesa a estrear em plena época pandémica em Portugal. O que quer dizer que há público para este género de filmes e esse público quer ver estes filmes no grande ecrã. Agora só é preciso que as distribuidoras portuguesas continuem a apostar nestas obras.
Dito isto, convém fazer uma breve nota sobre este filme antes de avançarmos para a análise em si. “Demon Slayer – Kimetsu No Yaiba – O filme: Comboio Infinito” é uma sequela da série de animação. Os eventos que decorrem durante o filme são a continuação direta da primeira temporada da série anime. Ou seja, se não tiverem visto a primeira temporada, e quiserem ver este filme, podem fazê-lo, mas vão ficar bastante perdidos em relação ao que está a acontecer. O filme não faz qualquer tipo de contextualização ou explicação sobre a história, personagens ou universo em que estes se inserem. Isto porque é expectável que quem vá ver o filme já tenha visto a série. Também se espera que a segunda temporada da série – com estreia prevista para Outubro deste ano -, dê continuação imediata aos eventos do filme. Por isso este filme é de visualização obrigatória para os fãs da saga.
E o que dizer de “Demon Slayer – Kimetsu No Yaiba – O filme: Comboio Infinito”? Como fã da história, este filme é tudo o que eu queria e esperava. Voltamos a reencontrar os protagonistas Tanjiro, Inosuke e Zenitsu, que recebem a missão de acompanhar Rengoku, um dos Hashira (a elite dos caçadores de demónios), numa investigação no comboio Infinito. Vários civis que viajavam neste comboio foram dados como desaparecidos, bem como todos os caçadores de demónios que foram chamados para investigar o caso. Estará nas mãos dos protagonistas desvendarem e resolverem este mistério.
Narrativamente falando, não há um enredo muito denso ou complexo neste filme. A história é basicamente a descoberta do responsável pelos desaparecimentos no comboio Infinito e na captura do mesmo. Talvez tenha sido por este motivo que o estúdio decidiu adaptar este arco em formato de filme, e não incluir esta parte da história na segunda temporada da série. Pessoalmente esta estratégia é praticamente indiferente para mim, uma vez que ver quase duas horas de filme ou ver seis episódios da série seguidos seria a mesma coisa. Excepto no que toca à parte da animação. Mas já lá iremos.
Embora a narrativa não seja propriamente apelativa, garantimos que este arco de “Demon Slayer” é empolgante pelo desenvolvimento de personagens que ele vai proporcionar. O nosso trio de protagonistas começou há pouco tempo a sua jornada como caçadores de demónios. E mesmo já tendo enfrentado alguns adversários mais desafiantes, é na presença de um Hashira que eles ganham noção da evolução que têm pela frente. E este aspeto nota-se particularmente no personagem principal, Tanjiro. Mesmo que seja por pouco tempo, Rengoku tem um papel fundamental no crescimento e amadurecimento dele. Depois dos eventos deste filme, será muito interessante ver como é que isso se irá refletir na segunda temporada da série.
Seria de esperar que quando o mistério do comboio Infinito ficasse resolvido, o filme de “Demon Slayer” chegasse ao final. No entanto, o filme inclui no seu terceiro ato um breve confronto que surge de uma maneira um pouco súbita, na nossa opinião. Percebemos porque é que ele foi incluído ainda neste filme e não no início da segunda temporada. Não só é o momento que procura ser o mais emocionante de todo o filme, como também faz a ponte entre esta missão e o próximo capítulo da história. Mas a sensação de que aquilo caiu ali de paraquedas é inevitável. Atenção, embora estejamos a fazer esta crítica, isto não é um problema do filme em si, mas da obra original.
Apesar disso tudo, esse terceiro ato serve de palco para uma das lutas mais intensas da história de “Demon Slayer” até ao momento. E agora vamos entrar brevemente no campo dos spoilers, por isso se ainda não viram o filme e pretendem fazê-lo, avancem para o próximo parágrafo.
[INÍCIO DE SPOILERS] No rescaldo da luta no comboio Infinito, os protagonistas e Rengoku são surpreendidos com o aparecimento de Akaza, um dos demónios mais fortes que existem. A luta entre ele e Rengoku é fenomenal! E sendo animado pelo estúdio ufotable, é de deixar qualquer um de boca aberta. Mesmo para quem está familiarizado com os trabalhos deste estúdio. Mas também é um duelo trágico, que culmina com a morte do Hashira. Como dissemos anteriormente, este terceiro ato pretende ser o momento mais emotivo do filme. É sem dúvida um momento triste, contudo não tem o impacto desejado. Por uma razão muito simples: Rengoku não tem tempo suficiente na história (filme e série) para sentirmos a dor da sua morte. Mas ninguém duvida que é algo muito significativo para a narrativa e para o futuro dos protagonistas. Por um lado serve de aviso, pois Tanjiro e os seus companheiros vêem com os próprios olhos o tipo de poder com o qual vão ter de lidar quando se cruzarem com demónios como Akaza. Por outro, é uma morte que vai servir de grande motivação pessoal para os personagens. [FIM DE SPOILERS]
Demon Slayer e a sua animação de excelência
Não podíamos terminar esta análise sem falar um pouco sobre o melhor aspeto do filme e o elemento que faz esta obra brilhar em todo o seu esplendor: a animação. Para quem conhece os trabalhos anteriores do estúdio ufotable, aquilo que vai ver em “Demon Slayer – Kimetsu No Yaiba – O filme: Comboio Infinito” é uma continuação da animação de excelência que este estúdio consegue oferecer. Mas com uma ligeira diferença. Se na série anime a animação já é maravilhosa, no formato cinematográfico supera-se ainda mais, uma vez que o estúdio consegue ter mais tempo e orçamento na produção de um filme do que de uma série.
O estúdio é capaz de criar uma harmonia e equilíbrio perfeitos entre os vários estilos de animação que estão presentes no filme. A animação digital (CGI), por exemplo, é tão boa que passa completamente despercebida (no bom sentido) quando colocada lado a lado com a animação mais “tradicional”. As lutas entre personagens ocupam grande parte do filme e são fenomenais. Estão muito bem coreografadas, com muita dinâmica e fluidez. Só isto já faz valer a pena ver este filme num grande ecrã, como o de um cinema.
Se és fã de “Demon Slayer” e acompanhaste a primeira temporada da série, é obrigatório ver este filme. Em primeiro lugar, e por razões óbvias, sem ele não vais perceber grande coisa na segunda temporada, porque vais estar literalmente a passar um capítulo à frente. E depois, como é natural, porque é uma oportunidade única de ver um bom filme anime no cinema. “Demon Slayer – Kimetsu No Yaiba – O filme: Comboio Infinito” é uma obra com uma animação brilhante, repleta de ação e que não deixará nenhum fã desiludido.
Já tiveste oportunidade de ir ver o novo filme de “Demon Slayer” ao cinema? Partilha connosco a tua opinião!
Demon Slayer – Kimetsu No Yaiba – O filme: Comboio Infinito, em análise
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Filipa Machado - 70
CONCLUSÃO
O Melhor: Excelente animação e momentos de ação e luta muito bem coreografados.
O Pior: Um terceiro ato que surge de forma súbita e que não tem tanto impacto emocional como aquele que seria desejado.