Disney Animações | Ranking oficial MHD
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A Magazine.HD juntou novamente os seus editores para fazer uma das mais difíceis tarefas de sempre. Fazer o ranking de todos os filmes de animação da Disney.
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Este é talvez um dos rankings mais emocionais alguma fez feitos, pois voltamos à nossa infância e aos filmes que nos marcaram. Também vai ser especial, pois temos diferentes gerações na nossa equipa.
Este ranking tem só os filmes feitos pelos Estúdios de Animação Disney que a própria Walt Disney Company define como seu cânone de clássicos. Ao todo são 57 filmes que vão desde 1937 a 2018. Não se incluem, por exemplo, filmes feitos pelos Estúdios Pixar que são meramente distribuídos pela Disney, as grandes produções com atores de carne e osso como “Mary Poppins” ou as muitas sequelas oficiais que foram diretamente para DVD.
Acabando com as introduções, chega a altura de começar este ranking que começa com os piores filmes Disney e termina com os seus maiores triunfos. Para começar a lista, temos…
57 – Batalha de Gigantes
A década de 40 foi um período muito difícil para os estúdios de animação Disney. Durante a guerra, eles tornaram-se quase numa filial do Estado Americano, dedicando todos os seus esforços a fazer sequências de animação para projetos propagandistas. Isso, uma montanha de problemas financeiros e as más relações entre Walt Disney e seus trabalhadores levaram a que grandes longas-metragens ao estilo dos primeiros “clássicos Disney” fossem uma impossibilidade. Assim, grande parte da década foi marcada por filmes construídos à base de curtas-metragens. O mais medíocre destes esforços foi “Batalha de Gigantes”.
Para se entender o desespero que se sentia no estúdio naquela época, basta olharmos para a incompatibilidade abismal das duas curtas que compõem esta longa. Primeiro, temos a história de Bongo, um ursinho de circo deprimido que nasceu de um conto popular publicado nos anos 30. Na segunda metade do filme, encontramos Mickey, Donald e Pateta a interpretarem a segunda versão do conto de “João e o Pé de Feijão” na história da Disney. Pelo meio, o grilo de “Pinóquio” passeia por sequências com atores de carne e osso, tentando dar alguma coerência a este projeto intrinsecamente incoerente.
A aventura de Bongo é um dos piores esforços dos estúdios, especialmente a nível básico de animação e desenho de personagens. As trapalhices fantasiosas de Mickey e companhia, pelo menos, beneficiam de melhor animação e alguns instantes de genuína inspiração. O melhor deles todos pertence a Donald que, face à miséria da sua refeição, explode num episódio psicótico que o leva a tentar matar a vaca da família. Nada melhor ilustra o desespero de um estúdio à beira da falência que a habilidade para retratar miséria e a triste incapacidade para ilustrar alegria.
Cláudio Alves
56 – Os Robinsons
“Os Robinsons” saiu em 2007 e é vagamente baseado no livro infantil “Um Dia com Wilbur Robinson” de William Joyce. Foi durante a produção deste filme que a Disney adquiriu a Pixar e John Lasseter tornou-se no chefe criativo da Disney e da Pixar. Tal reviravolta empresarial levou a algumas mudanças nesta produção.
O filme conta a história de Lewis, um inventor de 12 anos, que vive num orfanato, onde passa a vida a inventar engenhos mirabolantes. Por causa dessas invenções faz com que potenciais pais fiquem assustados. Desesperado e criativo, ele trabalha numa máquina para poder encontrar a sua mãe que o abandonou quando era bebé. Com sua nova invenção, ele vai para a feira da ciência da sua escola onde conhece Wilbur Robinson, de 13 anos, que afirma ser um polícia do tempo que veio do futuro. Robinson tem que recuperar uma máquina do tempo que foi roubada.
Por causa das mudanças na companhia Disney, a data do filme teve que ser adiada e 60% do que tinha sido feito foi deitado fora. Não se sabe se a versão original seria melhor ou não do que a versão que saiu, mas “Os Robinsons” parece bastante cru. Existem coisas boas sobre este filme, como a banda-sonora feita por Danny Elfman e algumas pequenas indicações sobre a secção Tomorrowland dos Parques Disney. No entanto, o filme parece ser um episódio piloto de uma série que nunca se chega a ver. As personagens, que são muitas, têm pouco carácter. Trata-se de uma obra de um estúdio à beira de uma nova grandeza, mas o resultado deste não foi muito bom.
Ana Carvalho
55 – Taran e o Caldeirão Mágico
A História dos estúdios Disney é incrivelmente complicada de forma geral. Nada supera, contudo, o caos e loucura que foi a produção de “Taran e o Caldeirão Mágico”. De forma muito sumária, a seguir à morte de Walt Disney em 1966, os estúdios de animação foram deixados ao abandono sem nenhum líder ou entendível plano para seguir em frente. Basicamente, os estúdios Disney passaram os anos 70 a descarrilar. Durante algum tempo, tal não se sentiu financeiramente, até que isso mudou e aí instalou-se o terror. No início da década de 80, uma série de golpes empresariais, convulsões financeiras e tudo o mais, levaram à ascensão de Michael Eisner como novo CEO da Disney e Jeffrey Katzenberg como novo supervisor da divisão de cinema da empresa. Para bem e mal, estes homens mudaram a Disney para sempre.
O que Katzenberg encontrou, quando ganhou esta posição, foi um filme de aventuras cheio de dispendiosa animação que já tinha sofrido inúmeros atrasos de produção. O que os animadores da Disney encontraram em Katzenberg, não foi um líder de valores artísticos como Walt, mas um tirano executivo com nenhum interesse em fazer cinema de qualidade desde que houvesse lucro. Impiedoso, Katzenberg pegou em sequências que já tinham sido completas e atirou-as para o lixo, exigiu uma condensação monstruosa da narrativa e fez tudo para despir o filme das suas tonalidades mais negras. Ironicamente, é a qualidade de animação e o lado negro da história que tornaram “Taran e o Caldeirão Mágico” num objeto de culto.
É claro que esse culto só viria a formar-se em anos vindouros. Em 1985, o filme foi o maior desastre financeiro na História da Disney. Isso é infeliz, pois, apesar dos cortes de Katzenberg serem bem visíveis, a história fantástica de um guardador de porcos que cai numa aventura mágica face ao mal personificado é bem empolgante e a animação é sofisticada, bela, inspiradora. Somente a sequência em que um dos vilões mais assustadores do cânone Disney tenta erguer um exército de cadáveres ressuscitados dá algo de perversamente grandioso ao projeto que podia ter posto fim a um dos maiores impérios de Hollywood.
Cláudio Alves
54 – O Paraíso da Barafunda
“O Paraíso da Barafunda” recupera o ambiente poeirento do Velho Oeste. Sendo um filme tipicamente americano, não foi largamente difundido pelos outros países e foi um grande fracasso comercial para a Disney. No seu cerne, abordam-se temas de coragem, determinação, honra e ousadia.
No cenário agreste do faroeste americano, 3 vacas fazem-se à estrada para salvar a sua quinta, que está prestes a ser leiloada pelo banco. Ora, cada uma destas bovinas tem uma personalidade própria — Mrs. Caloway é uma senhora de princípios e regras invioláveis, enquanto Grace é a entusiasta do grupo, sempre disposta a agradar e a aliviar tensões entre a rígida Mrs. Caloway e a estrondosa Maggie, a terceira e mais caricata bovina, que lidera o grupo. Ainda que o filme não traga algo inédito, aborda o valor da amizade, de como esta pode ser partilhada entre personalidades totalmente diferentes mas igualmente estimadas. Além disso, tem cenas eletrizantes, como as guerrilhas entre cowboys e animais.
Embora “O Paraíso da Barafunda” não seja uma obra-prima nem vá ficar na história de cinema da Disney, é uma animação carregada de humor, boa disposição e personagens carismáticas.
Luís Amaral
53 – Bolt
“Bolt” saiu em 2008 e embora não tenha tido grande bilheteira , o filme foi recebido com boas críticas e tem um papel importante em instigar o que é conhecido como Disney Revival, tendo levado o estúdio numa nova direção criativa que iria resultar em outros aclamados filmes como “Entrelaçados” e “Frozen: O Reino do Gelo”. Este filme foi o primeiro a ser produzido debaixo da liderança de John Lasseter.
O filme conta a história de um cachorro com o nome Bolt que é adotado por Penny. Anos depois, os dois são as estrelas de uma série de televisão, onde Bolt usa os seus super-poderes para proteger Penny de vilões. No entanto, o pequeno cão é enganado a pensar que tem todos esses super-poderes da sua personagem fictícia e, quando pensa que Penny foi raptada, foge dos estúdios para a salvar e acaba por descobrir que não é assim tão super.
Este filme é inofensivo, embora tenha tido uma equipa talentosa por detrás. Falta algo de interessante, tecnicamente ou em termos de história. Esta produção está alinhada com a campanha de “Salvar a Disney” que acabou com a saída de Michael Eisner e a entrada de Bob Iger na companhia. A história original foi escrita e ia ser realizada por Chris Sanders, o génio por detrás de “Lilo & Stitch”. Contudo, o novo chefe dos Estúdios Disney, John Lasseter, não gostou desse filme e pensou que a história original era problemática, pois não conseguia entender como é que os humanos entendiam o que os animais estavam a dizer.
Ana Carvalho
52 – Atlântida: O Continente Perdido
Em “Atlântida – O Continente Perdido”, o cartógrafo Milo Thatch está empenhado em concretizar uma busca a que o seu avô se dedicou durante toda a sua vida: encontrar a mítica civilização desaparecida da Atlântida. O herói terá a ajuda do recém-descoberto Diário de Shepard, um livro misterioso de um pastor nómada que encontrou os vestígios da Atlântida, escrito numa linguagem encriptada que se suspeita ser a da civilização perdida. Milo partirá na expedição acompanhado por uma equipa sem par, enfrentando diversos perigos que porão em causa o seu sucesso. O filme conta ainda com personagens como a princesa Kida e o Rei da Atlântida, o último sobrevivente da mítica civilização, que se lembra do dia em que esta foi engolida pelas águas.
“Atlântida: o Continente Perdido” apresenta um mundo enigmático e recheado de fantasias. Todavia, ao invés de “Planeta do Tesouro”, optou por um guião mais introspetivo e fastidioso. Tem um enredo notável e com algum humor, porém, este culmina num clímax complexo em que o espectador questiona o porquê de não estar a sorrir, de ‘aquele momento’ se estar a suceder. Embora este raciocínio seja fascinante, pode não ser o ideal para uma criança de seis a dez anos, que ainda vive o imemorável ‘felizes para sempre’.
Em contrapartida, o design cartonado do filme foge à regra da Disney e as vozes (da versão original) são fascinantes, personalizadas e repletas de emoção. O guião está saturado de ação, e aquando da sua estreia este foi segregado por conter cenas de violência considerável (mas muito inferiores ao nível dos videojogos atuais).
“Atlântida: O Continente Perdido” é um filme despretensioso e criativo, podendo ser o ideal para quem procura embarcar numa nova aventura.
Luís Amaral
51 – Bernardo e Bianca na Cangurulância
Fazer uma sequela nunca é uma tarefa fácil, mas esta manobra de aproveitamento de vacas leiteiras nunca foi propriamente a especialidade da Walt Disney – ainda que existam, claro está, algumas bravas exceções à regra. Curiosamente, e apesar de situar uns furos abaixo no nosso top do esforço original “Bernardo e Bianca” (1977), “Bernardo e Bianca na Cangurulândia” (1990) é uma dessas seletas sequelas que, ainda que largamente inesperada, é positivamente sólida.
No enredo, quando recebem um pedido de socorro do remoto interior da Austrália, Bernardo e Bianca saltam para as asas do seu amigo de confiança Wilbur e partem em direção à aventura. Acompanhados por um conjunto de loucos personagens locais, entre os quais Jake, um divertido rato-canguru, os dois pequenos heróis apressam-se a ajudar um rapaz no seu combate para salvar uma grande águia das garras de um caçador furtivo.
Com uma animação manifestamente mais forte e vibrante do que o original, o enquadramento nas paisagens australianas é adorável, e a troca de tom e abordagem deixando para traz a natureza musical e apostando num formato de maior ação e aventura encaixa perfeitamente na história. Apesar de ser muito pouco recordado entre a interminável tropa de filmes Disney e não exatamente memorável, “Bernardo e Bianca na Cangurulândia” (1990) é uma económica e entusiasmante aventura que serviu também como o primeiro exemplar a ser completamente colorido através do sistema CAPS, desenvolvido pela Pixar.
Catarina Oliveira
50 – Kenai e Koda
“Kenai e Koda” saiu em 2003 e foi o terceiro e último filme de animação a ser produzido primariamente pela Feauture Animation Studio no Estúdio Disney-MGM em Orlando, Flórida. O estúdio foi encerrado em Março de 2004, contudo, mesmo que este filme tenha chegado a receber uma nomeação para Melhor Filme de Animação nos Óscares.
O filme passa-se num pós Idade de Gelo no Alasca, onde as tribos locais acreditam que todas as criaturas são criadas através de Espíritos, que dizem aparecer na forma de uma aurora. Três irmãos, Kenai, Denaki e Sitka, regressam à tribo para que Kenai receba o seu totem, um colar com a forma de um animal. Ele recebe o urso do amor, algo que ele não gosta, pois acha que os ursos são ladrões e, quando um urso rouba a comida da tribo, Kenai e os seus irmãos perseguem-no até um glaciar em que Sitka acaba por sacrificar a sua vida para salvar os irmãos. Kenai, para se vingar, caça o urso e mata-o, mas quando o faz os Espíritos transformam Kenai no urso que ele tanto odeia.
Este filme é engraçado, mas não muito sofisticado. “Kenai e Koda” tem uma moral incrivelmente simples e é enfeitado por músicas de Phil Collins que não foram tão boas ou cativantes como as que ele compôs anos antes para o “Tarzan”. Apesar da nomeação para o Óscar, o filme foi esquecido, talvez por ter sido ofuscado pelo o filme da Pixar “Brave – Indomável” que saiu anos depois e tem uma história semelhante.
Ana Carvalho
49 – A Espada Era a Lei
Hoje em dia, humor anacrónico e cheio de referências “atuais” em filmes de animação é algo tão comum que já nem lhe prestamos grande atenção. Pelo menos, assim é quando estamos a ver um filme no ano em que ele estreia. Talvez entendendo quão curta é a validade de tal humor (metade das piadas do Génio de “Aladdin” fazem referências a cultura popular que nenhuma criança em 2019 conhece, por exemplo), a Disney tem vindo a abandonar esse estilo, deixando à Dreamworks o monopólio em tal humor efémero in extremis.
Contudo, é no cânone Disney que encontramos o maior antepassado destes devaneios humorísticos em cinema de animação. Referimo-nos a Merlin, o feiticeiro do mito arturiano que, em “A Espada Era a Lei”, nos é apresentado como uma espécie de figura viajante no tempo com conhecimento do passado, presente e futuro em igual medida, assim como um sentido de humor muito apurado ao gosto do espectador de 1963. Também nos é apresentado dentro de um arquétipo bem reconhecível de um mentor apatetado cheio de conhecimento e boas intenções.
A história do filme vê-o a tentar educar o futuro Rei Artur através de uma série de esquemas que costumam envolver grandes questões filosóficas e científicas exploradas através de estrambólicas transformações em animais. Isso dá uma estrutura muito episódica a um filme que, devido ao seu tom humorístico, tende a parecer um tanto ou quanto superficial e esquecível no cânone Disney. Mesmo assim, é uma pequena delícia, cheio de animação inventiva e uma extraordinária sequência em que Merlin e sua adversária, Madame Min, travam uma batalha de feitiçaria cheia de transfigurações criativas. “A Espada Era a Lei” é meio irrelevante, mas também é uma delícia de humor leve e foi o último filme de animação desta produtora que Walt Disney viu estrear antes da sua morte.
Cláudio Alves
48 – Saludos Amigos
Como já foi antes dito, os anos 40 foram uma década muito difícil para os estúdios Disney. No início da década, por exemplo, estrearam “Pinóquio”, “Fantasia” e “Bambi” que podem ser clássicos, mas custaram enormes quantidades de dinheiro que os seus lucros não cobriram. Face a estes e outros desafios, assim como a greves sucessivas dos seus animadores mal pagos, Walt Disney decidiu virar-se para um novo modelo de produção na esperança de dar estabilidade económica ao estúdio. Esse modelo consistiu na criação de longas-metragens que, na verdade, são rudimentares coleções de curtas com qualidade de animação muito inferior à dos projetos mais caros.
Temos ainda que mencionar como, no período de guerra, o Presidente Roosevelt, com medo da influência Nazi nesses países, promoveu uma campanha de amizade e aproximação entre os EUA e as nações da América Latina. “Saludos Amigos” foi o primeiro projeto de curtas coladas de Walt Disney e foi também a sua resposta ao apelo presidencial. Aliás, o filme estreou primeiro em países da América Latina que nos EUA, tendo sido um enorme sucesso em todos esses mercados. Muito ajudou, é claro, que o filme é uma celebração desses mesmos países.
Estruturalmente, temos aqui quatro curtas unidas por imagens documentais, que se focam, por ordem, no Peru, Chile, Argentina e Brasil. A melhor das curtas é, sem dúvida, a última, apesar da qualidade geral ser bem homogénea. Contudo, “Aquarela do Brasil” tem o benefício de ter a animação mais experimental, a melhor música e a introdução de uma nova, muito icónica personagem – o inigualável Zé Carioca. Ver Donald sambar com seu novo amigo por uma paisagem que é pintada por um pincel divino ao mesmo tempo que as personagens andam é um verdadeiro deleite.
Cláudio Alves
47 – As Aventuras de Bernardo e Bianca
Os célebres “dark times” da Disney entre os anos 70 e 80 poderiam ser alvo da análises fascinantes. Numa era de (re)descoberta em que o estúdio procurava novamente o seu chão, “Robin Hood” (1973) e “As Aventuras de Bernardo e Bianca” (1977) acabaram por ser os seus mais democráticos sucessos da década.
Na história, acompanhamos a corajosa expedição de dois valentes ratinhos ao pântano da Baía do Diabo. A emoção começa quando Bernardo e a sua encantadora companheira Bianca recebem uma garrafa com uma mensagem de socorro enviada por Penny, uma órfã que se encontra desaparecida. Assim que recebem este apelo, os nossos heróis apressam-se a salvar a menina das garras da malvada Madame Medusa, que a capturou para conseguir recuperar uma joia preciosa.
Para sempre relembrado como “o filme de desenhos animados com uma fotografia de uma mulher nua lá pelo meio”, “As Aventuras de Bernardo e Bianca” (1977) apresenta um estilo de animação peculiar (xerografia, que foi, aliás, também usada em títulos como “Os 101 Dálmatas” e “O Livro da Selva”) ainda que ligeiramente mais escuro e rascunhado do que o standard habitual. Todavia, a animação não deixa de ser incrivelmente expressiva e a produção ganha pontos extra pela criação da tempestuosa (e deliciosa) vilã Madame Medusa, uma espécie de parente próxima da odiosa Cruella De Vil. A história é suficientemente interessante, e a duração económica só vem ajudar aos procedimentos.
Catarina Oliveira
46 – Música, Maestro
“Fantasia” foi um fracasso. Não em termos artísticos, é claro, mas certamente em termos financeiros. No entanto, os sonhos de Walt Disney, que tanto queria popularizar este tipo de homenagem à magia da música e da animação, não morreram. Durante o resto da malfadada década de 40, Walt viria a tentar dar nova vida a essa ambição, agora na forma das longas-metragens feitas de curtas de baixo orçamento. O primeiro projeto a representar uma espécie de sequela espiritual de “Fantasia” foi “Música, Maestro”. Infelizmente para Walt Disney, este também seria um fracasso de bilheteiras.
Ao ver a primeira curta, com suas piadas sem piada nenhuma sobre violência doméstica e animação grotesca, é bem provável que o espectador moderno tenha alguma empatia para com as audiências de 1946. Contudo, chegado o segundo episódio do filme, uma sequência originalmente animada para “Fantasia”, tais conclusões antipáticas começam a dissipar-se. Por outras palavras, a segunda curta-metragem, com sua dança, cores pasteis e experimentação técnica, é de uma beleza estrondosa e parece quase uma pintura a óleo viva.
Esse tipo de inconsistência tonal marcada pelas duas primeiras curtas continua a manifestar-se em toda a obra. Por muito magníficas que algumas das suas partes individuais possam ser, “Música, Maestro” é uma experiência um tanto ou quanto esquizofrénica. Dois dos restantes episódios merecem especial destaque, no entanto. Primeiro, temos a versão Disney do conto de “O Pedro e o Lobo”, com excecional desenho de personagens e uma narração brilhante. Por último, o filme encerra com a sua curta mais maravilhosamente estranha na forma dos dilemas de um cachalote que sonha um dia cantar na Ópera Metropolitana de Nova Iorque.
Cláudio Alves
45 – Rato Basílio: O Grande Mestre dos Detetives
Depois das convulsões empresariais que afetaram a Disney na primeira metade dos anos 80, Jeffrey Katzenberg tornou-se no tirano encarregue de supervisionar o departamento de cinema da Walt Disney Company. Suas primeiras ações envolveram minimizar a catástrofe de “Taran e o Caldeirão Mágico”, mas rapidamente sua atenção se focou no desenvolvimento de um novo projeto de animação. Como Katzenberg tinha zero experiência a lidar com produções animadas, ele seguiu as indicações de Roy E. Disney e deu seu selo de aprovação a um filme que andava há algum tempo a ser planeado por John Musker e Ron Clements. Tratava-se de uma adaptação de uma série de livros sobre um rato detetive à la Sherlock Holmes, “Rato Basílio: O Grande Mestre dos Detetives”.
Considerando o estado financeiro da Disney naquela época, não é de admirar que o filme tenha um aspeto mais ou menos barato, sem grandes maravilhas de animação a não ser o clímax dentro das engrenagens do Big Ben. O humor é básico, mas resulta, as personagens são pouco memoráveis, mas encantam, com exceção do vilão que é, de longe, o melhor elemento de todo o filme com sua demente pomposidade criminal. Não estamos perante nenhuma obra-prima, mas sim uma aventura que empolga e diverte, uma boa obra de entretenimento.
A reação da audiência refletiu isso mesmo e, apesar de não ser um sucesso estrondoso, o filme teve lucro e abriu caminho ao que viria a ser o Renascimento Disney. Parte do lugar importante que o filme ocupa na História da Disney refere-se precisamente ao modo como o filme serve de prólogo a essa era mais brilhante dos estúdios de animação. Uma era que iria ter início quando os realizadores desta aventura, Clements e Musker, estrearam nos cinemas a história de uma sereia que sonhava andar em terra.
Cláudio Alves
44 – Chicken Little
“Chicken Little” estreou em 2005 e é vagamente baseado numa fábula com o mesmo nome. Trata-se do primeiro filme em 3D animado pela Walt Disney Animation. Convém dizer que esta é a segunda adaptação da fábula depois de uma animaçao propagandista feita durante a Segunda Guerra Mundial. É também o último filme da Disney a ser produzido por John Lasseter antes de se tornar no chefe criativo da Disney Animation, assim como o último filme a ser acabado antes do estúdio ter mudado de nome para Walt Disney Animation Studios.
O filme conta a história de Chicken Little que colocou a cidade num e é ostracizado por causa disso. O pequeno pinto só quer que o pai tenha orgulho em si e acaba por se juntar à equipa de basquetebol da sua escola. Contudo, ele acaba por descobrir um objeto voador não identificado e tem que descobrir uma maneira de salvar a sua cidade.
Este filme, infelizmente, não teve nenhum impacto. Em termos críticos foi uma catástrofe, recebendo 37% de pontuação no Rotten Tomatoes. Originalmente, esta era para ser sobre uma história não convencional sobre uma menina Chicken Little e a sua relação com o seu pai. No entanto, a narrativa mudou tanto que parece que perdeu o seu rumo. Até hoje em dia, não se vê muita merchandise do filme, o que prova o pouco sucesso que teve.
Ana Carvalho
43 – Frozen – O Reino do Gelo
“Frozen – O Reino do Gelo” conheceu a luz do dia em 2013 e os efeitos do seu sucesso mantêm-se até aos dias de hoje. A história, baseada num conto de Hans Christian Andersen, ganhou o Óscar de Melhor Filme Animação e já foi adaptada para espectáculo musical na Broadway. A longa-metragem, que tanto tem agradado miúdos e graúdos, tem sido um misto de emoções para todos por já ter estreado há 6 anos e continuar tão presente na actualidade.
“Frozen” segue a história de duas irmãs princesas que de um momento ficam órfãs e acabam com um reino nas suas mãos. Muito diferentes uma da outra – Elsa, uma rapariga fria e distante por saber que tem um poder que pode magoar os outros; Anna, uma eterna optimista e romântica, que acredita que todos os que a rodeiam são genuínos e bons na sua essência – as duas irmãs chegam à vida adulta com uma grande distância entre elas, ainda que vivam no mesmo castelo. Na história de Jennifer Lee, Hans Christian Andersen e Chris Buck, seguimos o percurso que cada irmã sente ter de fazer para chegar onde quer chegar e ultrapassar os seus obstáculos. Pelo caminho, há possíveis amores, príncipes encantados (e outros menos encantados) e divertidas personagens que não fazem sentido num mundo normal que não o fantasioso da Disney – onde é que jaá viram um boneco de neve com vida e a falar?
No entanto, sentimos que “Frozen” é um filme que, sem dúvida, merece destaque. Para além de ter revitalizado os estúdios da Disney – quantos de nós não se lembram das primeiras histórias de princesas onde tudo o que se queria era ter vestidos iguais e cantar as mesmas músicas over and over again? Em contraste, a história das herdeiras de Arendelle pode ser considerado um bom ponto de partida para ensina o público mais jovem. Com as atitudes de Elsa e Anna, aprendemos que o que é inato de cada pessoa não é necessariamente mau e que pode ser aplicado para o bom se assim o entendermos. Com “Frozen” aprendemos a ajudar o outro, a ultrapassar os nossos medos e obstáculos e, como é claro, aprendemos a deixar tudo ir com o vento (apenas o que é mau!). “Let it go, let it go….”
Marta Kong
42 – A Princesa e o Sapo
“A Princesa e o Sapo” representa uma importante estreia e uma trágica finalidade nos anais da História dos Estúdios Disney. Por um lado, este foi o primeiro filme do maior produtor de entretenimento para crianças americanas a ser feito com uma protagonista afro-americana (representação importa e só quem passou a vida a ver-se representado na cultura que consome é que acha o contrário). Por outro, trata-se de um ponto final na História da Disney enquanto criadora de animação 2D. A existência de tais filmes no futuro da companhia não se assume como uma impossibilidade, mas, a partir daqui a norma seria animação 3D gerada por computadores. O pior de tudo, foi que todos os outros estúdios seguiram o exemplo.
Enfim, se “A Princesa e o Sapo” é o último suspiro da hegemonia da animação 2D em Hollywood, pelo menos é uma mostra estrondosamente bela das maravilhas dessa mesma técnica. De facto, desde “Tarzan” que a Disney não concebia uma obra tão bela, quer seja no que diz respeito à experimentação Arte Deco de um dos números musicais, à magia demoníaca do vilão, e até os mais belos pântanos na História do Cinema. Com John Muskers e Ron Clements, os pais do Renascimento Disney, na cadeira de realizador também não poderíamos esperar menos genialidade?
Infelizmente, nem tudo no filme está ao nível da sua animação ou mesmo da banda-sonora com seus sabores de Nova Orleães. Tiana, nossa heroína, e Dr. Facilier, o pérfido vilão, são as únicas personagens que se aproveitam num elenco de caricaturas subdesenvolvidas, o humor do filme não é particularmente divertido e a estrutura é terrivelmente episódica, o que tira drama e emoção ao enredo. No seu melhor, “A Princesa e o Sapo” está ao lado dos maiores clássicos do Renascimento Disney como “A Pequena Sereia” e “A Bela e o Monstro”, mas não tem, nem de longe, a mesma consistência qualitativa dessas obras.
Cláudio Alves
41 – Winnie the Pooh
Depois de “A Princesa e o Sapo”, animação 2D produzida pelos estúdios Disney deixou de ser a norma, mas não se tornou completamente inexistente. “Winnie the Pooh”, a segunda longa-metragem do cânone Disney a retratar a as aventuras dos habitantes do Bosque dos Cem Acres, é precisamente a exceção que prova a regra. Talvez por coincidência, é também um dos filmes mais bem escritos e inteligentes que a Disney produziu nos últimos tempos.
Verdade seja dita, “Winnie the Pooh” só existe devido às paixões particulares de John Lasseter, então recém-chegado à liderança da Disney depois de ter levado a Pixar aos píncaros da glória cinematográfica. Como fã das personagens e admitido amante de animação e da História Disney, Lasseter queria revitalizar Winnie the Pooh e companhia para um novo século e, ao mesmo tempo, prestar homenagem aos estilos de animação e cinema que, originalmente, haviam trazido o ursinho para o grande ecrã. De facto, não podia haver melhor homenagem às maravilhas de Winnie the Pooh que este filme.
O filme é uma delícia leve e descomplicada que vibra com a inocência da sua audiência-chave. Melhor ainda, é elegante na sua estrutura e não tem necessidade de dramatizar em demasia o que, na sua essência, são histórias para entreter e ensinar crianças. Até para cinéfilos mais eruditos existe prazer na animação tradicional que, de repente, explode numa sequência experimental num quadro de giz, ou no humor metatextual, quase pós-moderno, que já tinha marcado presença nas primeiras curtas-metragens da Disney sobre o urso Pooh. Esta pode ser uma obra modesta, sem grande ambição, mas não deixa por isso de ser maravilhosa.
Cláudio Alves
40 – Pacha e o Imperador
“Pacha e o Imperador” conta a história de um jovem e egocêntrico imperador Inca, Kuzco, que numa fúria de arrogância dispensa a sua conselheira, a malévola Yzma. Decidida a recuperar o que lhe foi tirado, Yzma transforma o imperador num lama e apodera-se de todo o império. Perdido e abandonado na selva, Kuzco vai ter de pedir ajuda a Pacha, um pobre e feliz camponês que ele tinha ameaçado. Agora, o jovem imperador depende apenas de Pacha para conseguir regressar a casa e recuperar a sua forma humana.
Este é um filme dos 8 aos 80, na medida em que apresenta um protagonista caricato, uma vilã carismática e um par de ajudantes com caráter dispostos a tudo para entreter. Ainda que não apresente um lema excecional, ou um guião incomparável, “Pacha e o Imperador” alegra, diverte e consciencializa. Tem um elenco de vozes capaz e envolvente (tanto as originais, em inglês, como as da versão portuguesa) e parece que os seus produtores e realizadores se divertiram enquanto o produziam e, de facto, não se pode pedir mais a este filme, autenticidade.
“Pacha e o Imperador” é o título ideal se procuras uma comédia animada para divertir os mais pequenos, e também os mais maduros!
Luís Amaral
39 – O Planeta do Tesouro
Tal como “Atlântida: O Continente Perdido”, “O Planeta do Tesouro” vive nas memórias de infância de muitos portugueses, tendo recebido uma indicação ao Óscar de Melhor Filme de Animação e 7 menções aos Annie Awards. Este filme é uma versão animada do livro “A Ilha do Tesouro”, de Robert L. Stevenson, repleto de ação intergaláctica.
O filme aborda Jim Hawkins, um adolescente que descobre um mapa com indicações sobre a localização de um grandioso tesouro escondido num planeta longínquo. Dentro de um galeão galáctico, Jim inicia uma viagem em busca do tesouro. Durante o percurso, o rapaz passa a homem, descobrindo o valor da amizade e a desilusão da traição.
Uma das melhores características desta longa-metragem animada é a banda sonora, com melodias que conquistam a afeição de crianças e adultos. Partindo de personagens sólidas, distintas e cativantes, “O Planeta do Tesouro” mergulha numa realidade sem limites, onde a ciência e a fantasia se reúnem. Ao contrário de diversos filmes animados em que não há um progredir coerente dos protagonistas, este consegue apresentar um grupo de personagens em constante aprendizagem, incluindo o anti-herói (o Capitão John Silver).
Na opinião dos críticos, “O Planeta do Tesouro” tem essencialmente uma lacuna, algo que o faça ser memorável. Com ela, estaria agora a ser referido como um dos clássicos intemporais Disney.
Luís Amaral
38 – O Livro da Selva
“O Livro da Selva” saiu em 1967 e é baseado no livro com o mesmo nome de Rudyard Kipling. Este foi o último filme a ser produzido por Walt Disney, tendo ele morrido durante a produção do mesmo. As versões mais antigas, tanto do argumento como da banda-sonora seguiam fielmente o trabalho de Kipling, sendo mais dramático e sinistro do que o que acabou por chegar aos cinemas. Esta história já foi filmada várias vezes, incluindo um remake oficial da Disney realizado por Jon Fauvreau em 2016.
O filme conta a história de Mowgli, um órfão, que é encontrado num cesto na floresta. Uma pantera encontra-o e leva-o a uma loba que acabou de ter crias. Ela trata do menino e educa-o como se fosse outra das suas crias. Dez anos depois, um tigre-de-bengala está de regresso à selva, qual tirano que odeia humanos, e Mowgli tem de regressar à vila dos humanos, pois a sua vida e a segurança da sua família canina estão em risco.
Este filme foi bem recebido, em especial a banda-sonora, embora tenha sido um risco colocar esta história em produção. Walt não gostava da natureza desarticulada da narrativa, mas apreciou as escolhas de elenco e as caracterizações que foram frequentemente chamadas como uma das melhores animações da história. O filme que utilizou a tecnologia Xerox para apressar a produção, já empregue em “Os 101 Dálmatas”, é encantador e vivo. No entanto, essa doçura inerente do filme rouba a sensação de perigo que a história necessita, particularmente no caso do tigre vilanesco.
Ana Carvalho
37 – Big Hero 6 – Os Novos Heróis
“Big Hero 6: Os Novos Heróis” saiu em 2014 e é baseado nas personagens de “Big Hero 6”, uma banda desenhada da Marvel. Este é o primeiro filme de animação Dinsey com personagens da Marvel Comics, a qual foi adquirida pela Walt Disney Company. Para realizar esta obra, os Walt Disney Animation Studios tiveram até de criar novo software de animação. A história destas personagens continua em forma de uma série de TV que estreou a 20 de Novembro de 2017 no Disney Channel e Disney XD.
O filme conta a história de Hiro Hamada, um jovem prodígio na área da robótica que forma uma equipa de super-heróis para combater um vilão mascarado.
Trata-se de uma obra que foi recebida com sucesso comercial e crítico, tornando-se no filme de animação com mais bilheteira de 2014. Chegada a temporada dos prémios, o filme acabou por receber um Óscar de Melhor Filme de Animação. Claro que o grande foco é o robô Baymax que se torna inseparável de Hiro. O visual desta obra é também incrível e único, muito graças à tecnologia de ponta usado durante a produção que pode mostrar uma cidade inteira com centenas de personagens únicas. “Big Hero 6: Os Novos Heróis” não é nada como o filme que veio antes (“Frozen – O Reino de Gelo”) nem como o anterior a esse (“Força Ralph”), mostrando que a Walt Disney Animation Studios pode fazer algo completamente inesperado.
Ana Carvalho
36 – Zootrópolis
Com a entrada no século XXI e a separação consentida da Pixar, a Disney tem navegado pelas últimas duas décadas com níveis flutuantes de sucesso entre as animações geradas por computador e os throwbacks à “animação desenhada à mão” que marcaram as suas eras Douradas. À parte de tudo isso, vale a pena recordar, com confiança e abertura que “Zootrópolis” foi o filme que fez a Disney entrar VERDADEIRAMENTE no novo milénio.
A moderna metrópole de Zootrópolis é uma cidade diferente de todas as outras. Composta de bairros-habitat como a elegante Sahara Square e a gelada Tundratown, é uma grande mistura onde animais de todos os ambientes vivem juntos. Mas quando a otimista polícia Judy Hopps descobre que ser a primeira coelha numa força policial de animais grandes e fortes não é nada fácil, ela agarra a oportunidade de solucionar um caso, mesmo que isso signifique formar uma parceria com o raposo vigarista Nick Wilde, para desvendar o mistério.
Com uma animação cristalina e incrivelmente detalhada, “Zootrópolis” impressiona, especialmente, pelas sua subtilezas menos óbvias, que o tornam fresco e moderno e que o fazem funcionar não só como uma excelente comédia de animação para apelar ao público jovem, mas também como uma eficiente história de detetives e, acima de tudo, uma reflexão contemporânea e socialmente relevante sobre a importância da diversidade e sobre muitos dos nossos maiores problemas e preconceitos.
Catarina Oliveira
35 – Lilo & Stitch
Para críticos e cinéfilos devotos, a primeira metade da primeira década do século XXI foi uma era trágica para os Estúdios de Animação da Disney. Contudo, no meio da desgraça, brilha uma jóia cinematográfica que quase ofusca toda a mediocridade em seu redor. Referimo-nos a “Lilo & Stitch”, o único filme de animação dos Estúdios Disney que, nessa terrível década, obteve lucro. Trata-se também da hilariante, surpreendentemente matura e comovente estreia de Chris Sanders na cadeira de realizador depois de anos a trabalhar nas equipas de alguns dos maiores clássicos da Disney como “A Bela e o Monstro” e “Mulan”.
Grande parte do sucesso e glória do filme foca-se na personagem de Stitch. O alien, que Sanders havia concebido muitos anos antes da produção do filme, é um dos grandes protagonistas da era moderna da Dinsey, um agente de caos tão adorável como destruidor. O melhor de tudo é que também é um excelente veículo para se explorar noções de família e responsabilidades pessoais de uma complexidade estranha para um filme de animação feito fora da Pixar.
Diríamos mesmo que, de entre todos os filmes do cânone de clássicos Disney, este é aquele com o argumento mais concetualmente complexo e adulto. Não que isso interfira com o prazer das crianças que vejam o filme, mas temos de aplaudir os esforços para construir caracterizações tridimensionais e conflitos emocionalmente realistas. Poucos filmes Disney fazem tanto para merecer as lágrimas do espectador. Somente a cena em que duas irmãs, que não têm mais família viva, confrontam a possibilidade de terem de viver separadas merece admiração e requer muitos lenços de papel para enxugar a vista.
Cláudio Alves
35 – Força Ralph
Com o avanço tecnológico, os videojogos começaram a fazer parte da vida de muitas crianças. Em muitos casos, não só substituíram as brincadeiras agora consideradas old school, como também o gosto que as crianças tinham pelos desenhos animados. Por isso, num movimento arriscado e original, talvez tentando culmatar e combater esta nova realidade, a Disney investiu num filme que veio despertar, não só a atenção das crianças, como igualmente a dos mais velhos. Criando, assim, uma animação fantástica que transporta quem o vê, através de um filme, para uma sala de jogos que tem as personagens mais engraçada e humanas já vistas em videojogos.
Mantendo a sua essência, a Disney criou um filme que serve de lição e deixa um ensinamento para todos os que o vêem. E é aí que entra Ralph, a personagem principal da animação, e um suposto vilão de um jogo no qual, depois de trinta anos a destruir coisas e ser conhecido como mau, quer mudar e ser um herói.
Programado para ser a personagem secundária do jogo que dá nome ao filme, “Força Ralph”, ele decide fugir do seu jogo em busca de uma medalha – de um outro jogo -, pois acredita que assim poderá ser visto como um verdadeiro herói por todos aqueles que o temem e ignoram. No decorrer pela busca da concretização do seu sonho, Ralph envolve-se em vários atritos e conhece Vanellope, uma das personagens mais importantes deste filme, e que é deixada de lado por ser um glitch – uma falha num jogo que pode ser explorada para vencer consecutivamente -, mas que, devido a, tal como Ralph, ser colocada de lado por todos, cria uma forte ligação com o protagonista.
Durante o filme muitas são as referências a antigos jogos e personagens, como é o caso de Mario e Kong, da Nintendo, e também Pac-man, Asteroids, Space Invaders, Pong e Street Fighter. Alguns deles poderão não ser reconhecidos pelos mais pequenos, mas, certamente, os seus pais vibraram ao ver essas referências.
Dessa forma, “Força Ralph” explora vários temas, entre eles a exclusão, a popularidade excessiva, a crueldade daqueles que se consideram superiores e muitos outros assuntos que estão, atualmente, excessivamente presentes na nossa sociedade. Além disso, fala-nos de amizade e da importância de praticarmos o bem e de ajudarmos os outros. Relembra e ensina o quão importante é sermos fieis aos nossos amigos e a nós próprios. Tudo isso num tom tranquilo, engraçado e carregado de humor.
Catarina Novais
33 – As Aventuras do Sr. Sapo
“As Aventuras do Sr. Sapo” marca o fim de uma das eras mais tristes do cânone Disney, quando a companhia, à beira da falência, foi forçada a sacrificar suas usuais longas-metragens em prol de coletâneas de curtas menos dispendiosas. Face à surpreendente qualidade deste filme, quase dá pena que tal modelo de produção tenha sido completamente abandonado.
Parte da qualidade aqui exibida devém do facto que esta coleção de curtas é um díptico e que cada uma das suas metades podia, por mérito próprio, ter sido alargada na forma de uma longa exemplar. Só a falta de dinheiro é que levou a que estas duas adaptações literárias não passassem do tamanho da curta. Mas que curtas! Primeiro, temos a história do Sr. Sapo titular, uma paródia moralista de excesso aristocrático que se move à velocidade da luz sem nunca perder energia dramática. Só a brilhante animação dos animais antropomorfizados já valeria o preço do bilhete para ver o filme.
Depois dessa narrativa, temos outro conto de época. Desta vez é “A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça”, onde os animadores da Disney deram largas à imaginação no que diz respeito ao desenho de grotescas feições humanas e corpos de proporções loucas. O clímax desta secção do filme é justamente icónico pela sua espetacularidade visual, apesar de a mais-valia da curta ser a sua capacidade para sintetizar o enredo da história com elegância e eficácia. As limitações orçamentais do filme são bem visíveis, admitimos, mas o engenho dos cineastas bem compensa isso.
Cláudio Alves
32 – Robin Hood
“Robin Hood” saiu em 1973 e é baseado na famosa lenda britânica. A ideia da adaptação surgiu durante a produção de “Branca de Neve e os Sete Anões”, mas foi sempre colocada de lado até que Ken Anderson decidiu tornar as personagens em animais em vez de humanos durante a produção de “Os Aristogatos”.
O filme conta a história de Robin Hood e o seu amigo João Pequeno, que viviam na Floresta de Sherwood e roubavam aos ricos para dar aos mais pobres da cidade de Nottingham, embora o xerife os tente parar com pouco sucesso. No entanto o tirânico, Príncipe João com a ajuda do seu conselheiro assume o trono de Inglaterra, enquanto o bravo Rei Ricardo Coração de Leão está a combater nas Cruzadas.
Este filme não é melhor do que poderia ser, pois nasceu de muitas ideias meia abandonadas. As personagens são boas, embora não se perceba uma personagem que é um cobra ter pêlo, mas as animações são recicladas de outros filmes antigos. Os efeitos da morte de Walt Disney ainda se parecem ter sentido nesta produção, não havendo nenhuma da mesma preocupação com qualidade artística que o fundador da Disney trazia a todas as animações que supervisionava. Demasiado preocupados em honrar o mestre caído, mas sem a sua filosofia regente, os animadores nunca pensaram em fazer inovações que, nesta altura, a Disney bem precisava. Embora o filme tenha alguma influência e seja amado por muitos, está longe de ser um clássico de primeira categoria.
Ana Carvalho
31 – Alice no País das Maravilhas
“Alice no País das Maravilhas” estreou em 1951, sendo um dos projetos em que Walt Disney havia trabalhado, em fase de desenvolvimento, mesmo antes de “Branca de Neve e os 7 Anões”. A obra baseia-se nos contos de Lewis Carroll e conta a história da pequena Alice que segue um coelho branco para um mundo fantástico onde conhece várias personagens como os irmãos Tweedledee e Tweedledum, o Gato de Cheshire e o Chapeleiro Louco. No entanto, a pequena Alice vê-se em confronto com a Rainha de Copas.
O projeto em si sofreu tantas mudanças, tantas versões diferentes e tantos argumentistas diferentes, que até Walt admitiu que a obra final o desapontou, pois ninguém já tinha vontade de trabalhar no projeto. Embora o filme não tenha sido um sucesso de bilheteira, já que não conseguiu ultrapassar o orçamento exorbitante da sua produção, tem um legado muito longo e rico. Com vários jogos a serem feitos após o filme, as chávenas de chá que existem nos parques da Disney, e um par de live-action adaptações de Tim Burton que introduziram este mundo a uma nova geração de espectadores, as aventuras de Alice têm um lugar de destaque no legado da Disney e sua História.
Embora seja divertido e colorido, é uma experiência estranhamente sem sabor. Muito provavelmente, isto deve-se às constantes mudanças que aconteceram durante a produção do filme.
Ana Carvalho
30 – As Extras Aventuras de Winnie the Pooh
Nos anos 70, a Disney andava na penúria, tanto em termos monetários como artísticos. Por isso mesmo, quando chegou altura de estrear um filme sobre o ursinho de peluche mais adorável do mundo, ao invés de conceberem uma longa-metragem de raiz, os animadores da Disney viraram-se para as curtas que já tinham feito sobre Winnie the Pooh e seus amigos. No final, uniram-se três curtas, feitas em 1966, 1968 e 1974, e deu-se ao tríptico o nome de “As Extra Aventuras de Winnie the Pooh”.
Com tal história de produção, seria fácil supor que o filme é uma trapalhada de inconsistências estéticas e tonais, com todas as marcas de colagem à mostra. Nada podia estar mais longe da realidade, sendo esta a única legítima obra-prima que os estúdios produziram em toda a década de 70. É também um dos projetos mais deliberadamente infantis e leves, despido de conflitos dramáticos e feito exclusivamente para o público mais jovem. Só que, longe disso significar falta de sofisticação ou parvoíce indisciplinada, este filme mostra-nos como a melhor maneira de fazer arte para crianças é encarar essa audiência com a mesma dignidade e respeito que daríamos à mais importante figura adulta.
“As Extra Aventuras de Winnie the Pooh” é a lógica de uma criança criativa sintetizada em forma de filme. Até inclui pequenas explosões de surrealismo e meta texto que podem parecer vanguardistas para adultos, mas, no final, são elementos banais no contexto de brincadeiras entre miúdos com imaginações férteis. Este é um cocktail de nostalgia com a potência de uma bomba nuclear para qualquer pessoa que tenha crescido com Winnie the Pooh na sua vida.
Cláudio Alves
29 – Vaiana
“Vaiana” saiu em 2016 e tornou-se num clássico instantâneo da nova geração de fãs da Disney. O filme foi recebido com boas críticas, em particular relacionadas com a animação, a música (Lin-Manuel Miranda) e as vozes. É de lembrar também que nesse mesmo ano saiu “Zootrópolis”, uma obra que “Vaiana” não conseguiu superar no box office.
O filme passa-se nas ilhas da Polinésia, onde os habitantes prestam homenagem a Te Fiti que trouxe vida ao oceano usando uma relíquia que é a fonte do seu poder. Quando Maui, um semi-deus, rouba essa relíquia, Te Fiti desintegra-se e a vida no oceano começa lentamente a morrer. Passado um milénio, Vaiana (protagonizada pela atriz revelação Auli’i Cravalho) é escolhida pelo o oceano para entregar a relíquia de volta a Te Fiti e restaurar o equilíbrio das ilhas. Contudo, ela não consegue fazer isso sozinha, por isso precisa da ajuda de Mauiu (Dwayne Johnson) para derrotar o monstruoso Te Kã e devolver o poder a Te Fiti.
Como já dissemos, “Vaiana” foi recebido com boas críticas e altos ratings, obtendo 95% de aprovação no Rotten Tomatoes e 81 pontos no Metacritic. O filme é diferente de outros, sendo que o estúdio fez questão de que a obra fosse culturalmente precisa para não repetir erros de animações anteriores (“A Princesa e o Sapo”, “Pocahontas” e muitos outros). Vaiana, em si, é diferente de outras princesas Disney, altruísta e heróica, muito parecida a Pocahontas que não está à procura de amor, mas sim da salvação do seu povo.
Ana Carvalho
28 – Oliver e os Seus Companheiros
Um dos maiores ingredientes da longevidade e eterna relevância cultural dos filmes de animação Disney é o modo como a maioria deles parece existir fora de tempo. Suas referências são clássicas e intemporais e qualquer criança as consegue apreciar. Como sempre, contudo, a exceção prova a regra e “Oliver e os seus Companheiros” é a mais gritante das exceções a esta regra do cânone Disney. Dizemos isto porque esta adaptação da história de Oliver Twist não podia ser mais “anos 80” do que já é.
Em parte, o filme e seu estilo são fruto do desespero de Jeffrey Katzenberg. O executivo de Hollywood queria provar que era possível tornar a Disney relevante para as crianças de 1988. Para isso foi edificada esta estranha proposta cinematográfica onde um gatinho falante tenta sobreviver na selva urbana de Nova Iorque. Com o intuito de tornar tudo ainda mais “fixe” e “atual”, contratou-se Billy Joel para dar voz a uma das personagens e rechear a banda-sonora com canções chamativas. O resultado final tem o seu charme, mas o seu grande mérito reside no poder nostálgico que mantém sobre a audiência que o viu na meninice.
Historicamente, convém dizer que “Oliver e os seus Companheiros” representa um importante passo na transição da miséria artística e financeira em que a Disney se tinha afundado desde a morte de Walt. Não só é o estilo de desenho um claro indicador do que estava para vir com o Renascimento Disney dos anos 90, como sua edificação enquanto um musical animado viria servir de modelo para todos os maiores sucessos no horizonte dos Estúdios Disney a começar com as aventuras de uma sereia ruiva já no ano a seguir.
Cláudio Alves
27 – Peter Pan
“Peter Pan” sai em 1953 e é baseado na peça britânica com o mesmo nome e no livro “Peter and Wendy” de J. M. Barrie. Este é o último filme a ser feito em aliança com a distribuidora RKO, sendo que ,depois de “Peter Pan”, as animações Disney passaram a ser distribuídas pela Buena Vista Distribution, criada pelo próprio Walt Disney. Também é o último filme onde os Nine Old Men , os animadores mais antigos e respeitados dos estúdios da Disney, trabalharam juntos.
O filme conta a história de três irmãos, Wendy, John e Michael, que vivem na Londres do virar do século e que ainda acreditam num mundo de fantasias para o desagrado do pai. Uma noite, as crianças são visitadas por Peter Pan que os ensina a voar com a ajuda do pó mágico de Tinker Bell e os leva à Terra do Nunca. Nessa maravilha de impossibilidades, eles encontram o Capitão Gancho e os Meninos Perdidos, desfrutando de uma aventura sem igual.
Este filme não teve grande envolvimento de Walt Disney, mas acabou por ser um sucesso financeiro e de críticas. Trata-se de uma obra cheia da magia Disney que não se via muito nos filmes dos tempos de guerra e rescaldo, mas estava a regressar. No entanto, existem algumas coisas questionáveis com as caracterizações que podem ser consideradas racistas. Neste caso a caracterização caricaturada dos nativos americanos tem vindo a ser grande fonte de críticas para a Disney por parte da comunidade ofendida.
Ana Carvalho
26 – Cinderela
“Cinderela”saiu em 1950, sendo um dos clássicos mais conhecidos da Disney e é baseado no conto de Charles Perrault. Convém dizer, no entanto, que existe uma versão dos Irmãos Grimm onde as meias-irmãs de Cinderela cortam os seus dedos do pé quando o príncipe aparece com o sapato de cristal para descobrir sua dona. Nessa versão, elas são descobertas quando sangue podia ser visto através do cristal. No final, as irmãs têm os olhos bicados por pássaros.
O filme, que não inclui tais horrores dos Grimm, conta a história de Cinderela, uma jovem que perdeu os seus pais quando era mais nova. e agora vive como uma criada da sua madrasta e meias-irmãs na sua própria casa. No entanto, no palácio, o príncipe recusa-se casar e por isso o rei organiza um baile para encontrar uma esposa para o filho, para o qual todas as jovens solteiras são convidadas. A madrasta de Cinderela disse que ela pode ir ao baile se acabar as suas tarefas e encontrar um vestido. No entanto, ela faz de tudo para que Cinderela não meta os pés no palácio, algo inevitável com a ajuda de uma fada madrinha. Assim sendo, com uma abóbora tornada carruagem e andrajos transfigurados em vestido brilhante, Cinderela vai ao baile e apaixona-se pelo príncipe.
“Cinderela” foi o filme com mais sucesso depois do primeiro filme de animação do estúdio, “Branca de Neve e os 7 Anões”, e foi primeiro todo filmado em live-action para o estúdio perceber se a história fazia sentido e para estudar o movimento naturalista dos atores. A animação é razoável, mas não é memorável, muito provavelmente porque os animadores, que originalmente estavam entusiasmados sobre este projeto, acabaram por perder o interesse tal como aconteceu com Walt Disney, que, na altura, se estava a focar cada vez mais nos parques de atrações com seu nome. É claro que a própria personagem principal do filme não demonstra características específicas, sendo indefinida em comparação com outras princesas do cânone Disney.
Ana Carvalho
25 – Força Ralph – Ralph vs Internet
“Força Ralph: Ralph vs Internet” é a rara sequela que consegue ser tão boa e se calhar até consegue superar o filme original. Pelo menos, assim é segundo o voto da equipa MHD. O mais recente título do cânone da animação Disney representa a continuação das aventuras de Ralph e da Princesa Vanellope, desta vez fora dos limites virtuais da sala de jogos onde vivem. Desta vez, os limites do mundo das personagens são impossíveis de imaginar, sendo que eles vieram à conquista da Internet.
Essa expansão de universo, permitiu aos animadores mais talentosos da Disney conceberem toda uma materialização da Internet enquanto espaço vivível. Desde as possibilidades do Youtube dominado por um algoritmo personificado até ao mundo aventuroso dos jogos online, as visões que este filme possibilita são engenhosas e divertidas. Além do mais, há muito espaço aqui para piscares de olho ao resto do império Disney, seus fãs e seus clichés narrativos, sendo este o filme mais autorreferencial que a companhia já fez.
Tais palavras podem sugerir uma obra obcecada com piadas meta e muito “product placement”, mas a verdade é que “Ralph vs Internet” é, no seu âmago, um complicado retrato de uma amizade entre duas pessoas com necessidades emocionais diametralmente opostas. É a sinceridade da dinâmica entre os protagonistas que eleva o filme acima de tantos outros. No final, damos por nós a ser comovidos por uma paródia de videojogos com vida própria que, apesar do seu humor fácil, nunca ousa oferecer respostas simples aos problemas do coração.
Cláudio Alves
24 – Os Aristogatos
“Os Aristogatos” saiu em 1970 e é baseado na história com o mesmo nome de Tom McGowan e Tom Rowen. Este filme foi o último a ser aprovado por Walt Disney antes da sua morte em Dezembro de 1966. A história original era para ser um episódio duplo para a série de televisão “Walt Disney’s Wonderful World of Color”.
O filme passa-se em Paris, onde uma gata e os seus três filhotes vivem com uma aposentada cantora de ópera e o seu mordomo. A cantora, ao fazer o seu testamento, declarou que a sua fortuna iria para os gatos até eles morrerem e só depois para o seu mordomo. Este ouviu a conversa e planeia eliminar os gatos. Por seu lado, os animais inofensivos são levados para uma zona rural numa tentativa de homicídio e aí conhecem um gato vadio que se ofereceu para guiá-los de volta para Paris.
Embora este filme tenha tido mais dois anos para refinar a história, o resultado final parece estar desgastado o que levou muitos a pensar que era uma versão inferior de outros filmes com animais da Disney, em particular “Os 101 Dálmatas”. Mas nem tudo era mau. Os desempenhos vocais de Phil Harris e Eva Gabor na versão original foram espetaculares, tal como as músicas feitas pelos Sherman Brothers. Contudo, até mesmo as músicas têm uma qualidade um pouco agridoce. Este foi o último projeto onde os Sherman Brothers trabalharam, pois acharam que a atmosfera profissional vivida na companhia era tóxica após a morte de Walt.
Ana Carvalho
23 – Caixinha de Surpresas
Em 1942, “Saludos Amigos” foi um sucesso tão grande que Walt Disney acabou por decidir fazer uma sequela. Desta vez, contudo, esse ícone de Hollywood decidiu que a obra iria ser muito mais grandiosa, tanto em termos de duração como de ambição formal. “Caixinha de Surpresas” marca a primeira longa-metragem supervisionada por Walt Disney a unir imagens de atores de carne e osso com personagens animadas, por exemplo.
Em termos de estrutura, esta é mais uma coleção de curtas-metragens como muitos dos projetos Disney dos anos 40. No entanto, esta é a mais coerente dessas coleções, sendo que tudo é orientado pela moldura narrativa do aniversário de Donald. Primeiro, ele recebe um presente dos seus amigos latinos que desencadeia a projeção de três curtas charmosas. Depois, a segunda metade do filme é totalmente devota a explorar os limites de loucura alucinogénia a que Donald é capaz de ir na companhia dos seus dois amigos da América Latina, o brasileiro Zé Carioca e o mexicano Panchito Pistoles.
Nunca em toda a História da Disney, foi um filme tão marcado por uma sensibilidade surrealista como “Caixinha de Surpresas”. Por vezes, na segunda metade do filme, parece que os animadores perderam o juízo e decidiram experimentar todas as técnicas que alguma vez aprenderam e misturar tudo com cores vibrantes e a inclusão de filmagens em cenários físicos. Donald, por seu lado, é transfigurado e gozado até que se precipita numa espiral de demência que acaba com ele a perseguir todas as mulheres mexicanas que lhe aparecem à frente, incluindo uma bailarina em figurino de flor e uma cantora que faz números musicais com catos dançantes. Basicamente, o filme é uma loucura de criatividade sem limites e por isso merece ser celebrado como uma das obras mais extraordinariamente peculiares do cânone Disney.
Cláudio Alves
22 – Dinossauro
Quando estreou (em 2000), foi o filme com maior orçamento do ano, de 112 milhões de euros. Em contrapartida, foi um sucesso, conquistando uma bilheteira de cerca de 310 milhões de euros e tendo sido o 5º filme mais visto do ano. É um filme a ser visto pela mestria das suas animações detalhadas. Uma das particularidades mais cativantes de “Dinossauro” é a variedade de dinossauros autênticos encontrada, como os iguanodons, os velociraptores, o grande braquiossauro e o temível carnotauro.
Curiosamente, a versão portuguesa recebeu um elenco de vozes muitíssimo mais envolvente que a versão inglesa. É a diferença entre a existência, ou não, de momentos comoventes e provavelmente de muitos críticos terem considerado a história vaga e superficial. Numa versão animada, as vozes fazem a diferença.
A trama principal não é singular, mas os pequenos detalhes diferenciam-na de qualquer outra animação da Disney e filme com dinossauros. A título de exemplo, temos a cena emocionante em que Baylene, a braquiossauro (comummente chamada de pescoço-longo) pressiona o pé num lago seco e encontra água subterrânea ou ainda quando esta revela ser a última da sua espécie, revelando que o filme se passa no final do Cretáceo, quando a maioria dos saurópodes (dinossauros de pescoço comprido) começou a desaparecer. São pormenores apreciados pelas crianças e adultos com uma paixão especial por este tema e, se te consideras um deles, “Dinossauro” é um filme a acrescentar à tua lista.
Luís Amaral
21 – Dumbo
Em 2017 “Dumbo” foi selecionado para preservação no National Film Resgistry (nos EUA) por ser considerado “cultural, histórica e esteticamente significante”. E nós não poderíamos concordar mais!
Em “Dumbo” seguimos o crescimento de um pequeno elefante ao longo da sua “carreira” de animal de circo. Ignorando o facto de se focar num circo com animais e de ter vários apontamentos que menosprezam determinadas raças – e tendo em conta que estávamos numa América nos anos 40 – foquemo-nos no seu conteúdo e na mensagem que acaba por nos transmitir: quando nos julgam diferentes e nos tentam mandar abaixo pelas nossas divergências, está em nós o poder de mudar a vida, e a forma como olhamos para ela.
É com amor e amizade que Dumbo consegue ultrapassar obstáculos, com um amigo que, apesar de muito diferente de si, está sempre ao seu lado para o apoiar nos momentos mais difíceis. Aprendemos que a imaginação e o sonho permitem-nos voar bem alto – e é por isso que devemos lutar, todos os dias.
“Dumbo” foi o quarto filme produzido pela Disney e apesar de ter estreado em 1941 em plena Guerra Mundial e semanas antes do ataque a Peral Harbor, foi o filme da Disney com mais lucro dos anos 40.
Maria João Bilro
20 – Entrelaçados
Lançado pela Disney em 2010, “Entrelaçados” é uma divertida abordagem à história de Rapunzel, dos irmãos Grimm. A história, claramente adaptada para um público mais infantil, deu origem a uma longa-metragem que se tornou uma boa surpresa para o mundo Disney, que à data ainda estava a refazer-se do fracasso de “A Princesa e o Sapo”, lançado no ano anterior.
O filme, que inicialmente se iria chamar Rapunzel, conta a história de uma princesa que foi raptada em bebé e que desde então vive enclausurada numa torre isolada no meio dos bosques. Contra a vontade daquela que pensa ser a sua mãe, Rapunzel deixa-se levar pelo seu instituto de curiosidade e aproveita a passagem de um ladrão para sair da torre e conhecer o mundo onde vive e onde nunca esteve. Juntamente com Flynn, o ladrão, Rapunzel sai da torre e entra numa aventura onde se divide entre conhecer mais ou voltar para a torre onde sempre viveu. Com os longos cabelos loiros associados desde sempre à história de Rapunzel, a jovem princesa faz uso dos seus atributos e vivencia alguns momentos caricatos com o seu companheiro de sempre, Pascal, um pequeno camaleão.
“Entrelaçados” merece um destaque neste top não por ser mais uma adaptação de um conto clássico mas por ser uma adaptação com um twist divertido, irreverente e refrescante. Rapunzel não é retratada como uma simples princesa em apuros mas como uma jovem rapariga – que inevitavelmente já faz parte no entanto do clube das princesas Disney – interessada pelo que a rodeia mas bem capaz de se safar sozinha quando é necessário. O filme não pretende ser uma ode ao feminismo, mas acaba por ser uma piscadela de olho ao facto que as raparigas não são apenas as donzelas indefesas e que podem ser seguras, cuidar de si mesmas e, ao mesmo tempo, “procurar um príncipe encantado” que as compreenda. De realçar que esta animação da Disney – a 50ª! – não se foca tanto nas músicas, apesar de ser um musical, mas sim na história em si e nas personagens centrais, Rapunzel e Flynn Rider.
Marta Kong
19 – Bambi
Walt Disney, apesar da reputação meio mercenária do seu império nos dias de hoje, era um homem que punha o mérito artístico em tão alto patamar como os interesses comerciais. Na verdade, em certas fases da sua carreira, é justo dizer que Walt Disney era alguém que valorizava muito mais a vanguarda estética que qualquer tipo de lucro seguro, preferindo investir em obras com valor artístico em detrimento de produtos facilmente vendíveis. Parte desta filosofia manifestou-se numa crescente procura por realismo no panorama da animação. Nesse aspeto, “Bambi” representa um dos maiores triunfos na vida de Walt Disney, sendo um triunfo absoluto de movimento realista casado com a estilização inerente ao filme animado para crianças.
Tal realismo não foi fácil de obter, sendo que vários animadores tiveram de pesquisar anatomia animal e até houve várias sessões de observação estudada do movimento de veados. O resultado final de tal esforço é uma maravilha do mais alto gabarito, uma fábula ambientalista sobre o crescimento de um inocente veado desde o nascimento até à entrada violenta na idade adulta. O movimento dos animais é um espetáculo quase balético e o modo como a luz se altera com as estações e penetra as profundezas do arvoredo é algo digno de se ver nas paredes do Louvre.
Com isso dito, o filme acabou por perder imenso dinheiro à companhia Disney. As razões para isso são muitas e nenhuma delas reflete qualquer tipo de demérito artístico. Basicamente, “Bambi” é demasiado franco e direto na sua representação de dor e perda, de crescimento e negligência. Além do mais, das narrativas tradicionais do cânone Disney é o filme com menos diálogo, preferindo deixar que as imagens e sons contem a história. Trata-se de um filme sério e ocasionalmente trágico, um épico que tanto exalta a grandeza da Natureza como tem a audácia de vilificar o ser humano ao expor toda a sua capacidade destrutiva. Em 1942, o mundo não estava preparado para um filme de animação assim. Em 2019, talvez a situação seja diferente.
Cláudio Alves
18 – Tarzan
“Tarzan” saiu em 1999 e é baseado em “Tarzan of the Apes” de Edgar Rice Burroughs, sendo o primeiro filme de animação feito sobre a história já muitas vezes adaptada ao cinema. Este é o último filme lançado durante a Era do Renascimento Disney, a era de prosperidade criativa e financeira que se seguiu à estreia de “A Pequena Sereia”. O filme foi escrito pelo o mesmo argumentista de “O Corcunda de Notre Dame” e tem música feita por Phil Collins.
Esta história começa com um casal inglês e o seu bebé que sobreviveram a um naufrágio. O casal começa uma vida na floresta, mas acaba por ser morto por um leopardo, deixando o seu filho órfão. Aí, uma gorila que ouviu os choros do bebé leva-o para a sua tribo e toma conta dele, dando-lhe o nome de Tarzan. O menino cresce torna-se homem ao lado dos outros animais e mata o leopardo que lhe tirou os pais. Mas tudo muda quando uma equipa de exploradores chega e Tarzan conhece Jane, quando a salva de um mandril. Jane leva-o para o acampamento e é aí que Tarzan aprende a falar como um humano.
Este filme, em particular, é especial para esta editora pois este foi o primeiro que vi num cinema. A tecnologia usada (Deep Canvas) entrou em desuso com o advento da animação gerada por computador, embora fosse essa mesma tecnologia que facilitou a transição para tais animações mais tecnologicamente avançadas. O filme teve boas críticas, no entanto continua a ser subestimado e não muito popular embora tenha coisas boas, como as músicas feitas por Phil Collins. Como já foi dito, existem adaptações da mesma história em live-action, como “A Lenda de Tarzan” com Alexander Skarsgård.
Ana Carvalho
17 – Aladdin
“Aladdin” estreou em 1992, sendo baseado em “As Mil e Uma Noites” de Antoine Galland. O filme é conhecido pela performance de Robin Williams como o Génio da Lâmpada e terá um live-action a estrea este ano, realizado por Guy Richie e com Will Smith.
O filme conta a história de como Jafar, o vizir do sultão, quer encontrar a lendária lâmpada mágica para se tornar sultão. No entanto, como não consegue entrar na caverna onde esta lâmpada está escondida, ordena Aladdin, um maltrapilho com um coração puro, a entrar na caverna. No palácio, a Princesa Jasmine recusa-se casar e foge para as ruas da cidade, onde conhece Aladdin e se apaixona. Ele, por sua vez, quando tem o controlo do Génio, decide fingir ser um príncipe para conquistar a amada.
Este foi um grande sucesso, sendo até o filme de animação com mais bilheteira de sempre até ser superado por “O Rei Leão”. Muitas pessoas estavam nervosas, pois foi o primeiro filme de animação da Disney a ser baseado no Médio Oriente. No fim acabou por ser criticado por algumas piadas meio preconceituosas, mas, de forma geral, é um filme extremamente divertido, com uma história rápida e com animações lindas. O elemento mais memorável é, certamente, o Génio da Lâmpada, com a voz de Robin Williams.
Ana Carvalho
16 – Papuça e Dentuça
Mesmo sendo um dos títulos mais polarizantes da nossa lista e entre a equipa vontade, “Papuça e Dentuça” não deixou de conseguir arrecadar um honroso 16º lugar no universo de 57 animações Disney.
O conto clássico que gira em torno da história de uma amizade improvável entre um cão e uma raposa, vê Tod, uma raposa bebé, ser adotado e criado por uma viúva numa quinta, onde conhece Copper, um cão de caça. Os dois animais brincam e divertem-se juntos na floresta, tornando-se grandes amigos. No entanto, ao longo dos anos e com o desenvolver dos seus próprios instintos e ensinamentos, os dois amigos acabam por seguir caminhos diferentes e, em certa medida, antagónicos, tendo de pesar se o mais importante será a sua amizade do passado ou a sua missão do presente.
Se encarado como um esforço simpático e despretensioso, torna-se mais fácil encarar a fragilidade e previsibilidade do enredo. Sem estar na mesma categoria de alguns dos grandes clássicos Disney, “Papuça e Dentuça” apresenta um estilo de animação charmosamente antiquado e permanece um conto profundamente comovente – ainda que extraordinariamente depressivo no seu segundo ato – sobre o embate da natureza e da educação e a importância da amizade.
Catarina Oliveira
15 – A Bela Adormecida
Nenhuma produção na História dos Estúdios de Animação Disney foi tão comprida como a de “A Bela Adormecida”. O conto de fadas de animação inspirado no clássico de Charles Perrault esteve oito anos em produção, custou fortunas e representa ainda hoje em dia um dos filmes de animação mais sofisticados jamais feitos em termos de inovação técnica e audácia estética.
Para começar, o filme foi filmado em Technirama, um processo que produz imagens mais largas e mais ricas em detalhe que o normal. Isto fez com que os artistas da Disney tivessem de conceber imagens mais pormenorizadas que qualquer outro filme de animação até aí produzido. Para lhes complicar ainda mais a vida, Walt andava ocupado a abrir parques de diversões e deixou as rédeas do projeto nas mãos de Eyvind Earle, um pintor que já tinha trabalhado em “Peter Pan” e que decidiu encarar este novo filme como uma tapeçaria medieval em movimento, cheio de cores berrantes e o desenho angular de iluminuras. O derradeiro resultado de todos estes desafios e dificuldades foi pura glória cinematográfica.
Em termos visuais, não há filme de animação que se compare à perfeição de estilo e virtuosismo formal de “A Bela Adormecida”. Na História do Cinema, há poucos vilões mais icónicos e extraordinários que Maléfica. Nunca nenhuma sequência de ação em cinema infantil vai ser tão icónica como a luta entre o Príncipe Filipe e a feiticeira transmutada em dragão gigante. Toda esta qualidade veio à custa de alguma acessibilidade emocional, sendo este um dos filmes mais frios da Disney com uma das suas mais subdesenvolvidas princesas (Aurora é basicamente uma personagem secundária, sendo que as fadas são as verdadeiras protagonistas). Pode não ser totalmente perfeito como objeto de entretenimento, mas como exemplo dos píncaros da sétima arte, esta é uma indisputável obra-prima.
Cláudio Alves
14 – Pinóquio
“Pinóquio” saiu em 1940 e é baseado num livro com o mesmo nome de Carlo Collad. A versão original é mais sombria do que a versão Disney, já que Pinóquio mata o Grilo e é assombrado pelo seu fantasma.
O filme conta a história de um carpinteiro, Geppetto, que está a terminar uma marioneta que ele chama de Pinóquio. Uma noite, antes de adormecer, Gepetto pede um desejo a uma estrela – que Pinóquio se torne num menino de verdade. Nessa noite, a Fada Azul concede esse desejo, dando vida a Pinóquio, mas mantendo a sua forma de marioneta e um nariz mágico que cresce sempre que ele mente. É uma história com moral, sendo que os críticos descrevem que o filme como um conto simples para ensinar crianças os benefícios de trabalhar e os valores da classe média.
Embora o filme tenha sido um desastre na bilheteira quando saiu, relançamentos no cinema após a Segunda Guerra Mundial conseguiram recuperar os custos. Também foi a primeira longa-metragem de animação que conseguiu receber prémios competitivos nos Óscares, sendo que “Branca de Neve e os 7 Anões” somente ganhou galardões honorários. Tendo também recebido um rating de 100% pelos críticos do Rotten Tomatoes, este filme é sempre um bom ponto para começar os filmes Disney.
Ana Carvalho
13 – Branca de Neve e os 7 Anões
“Branca de Neve e os Sete Anões” saiu em 1937, sendo a primeira longa-metragem de animação alguma vez feita. Anteriormente, já tinham havido curtas, até algumas extravagâncias a cores, mas nada como este projeto histórico. O filme é baseado no conto dos Irmãos Grimm com o mesmo nome e teve um enorme impacto cultural. Na versão dos Irmãos Grimm, a Rainha Má é a mãe de Branca de Neve e acaba por ter que dançar com uns sapatos de ferro em brasa até morrer. Na versão Disney, tais horrores foram atenuados.
O filme conta a história de uma princesa que vive presa pela a sua madrasta, a Rainha Má, que vive obcecada com a sua beleza e preocupada que Branca de Neve seja mais bonita do que ela. Todos os dias a soberana caprichosa pergunta ao seu Espelho quem é a mais bela mulher do reino, e o Espelho diz que é ela até que um dia diz que Branca de Neve é a mais bela mulher do reino. A partir daí, a Rainha Má faz de tudo para a matar. Ela contrata o Caçador para a levar para a floresta e matá-la, mas a jovem salva-se graças à consciência pesada do potencial assassino. Branca de Neve acaba por se esconder numa chalé que pertence aos anões, sete mineiros icónicos para qualquer fã de cinema e animação.
Este filme foi o que começou tudo isto, todos estes clássicos só existem graças ao sucesso desta princesa e seus amigos de estatura diminuta, sendo uma sensação cultural quando saiu. No entanto, hoje em dia não atinge os padrões de uma audiência habituada a animação mais tecnologicamente avançada. Mesmo assim, é um filme adorável e mostra o visionário que Walt Disney era.
Ana Carvalho
12 – Pocahontas
“Pocahontas” saiu em 1995 e é baseado na vida da nativa americana conhecida como Pocahontas. Este filme faz parte da Era do Renascimento Disney dos anos 90 e viola tantas fórmulas como segue, pois apresenta uma princesa diferente dos outros. Para esta editora, esta é uma obra especial pois é o meu filme da infância, que vi inúmeras vezes. No entanto, nem todos o vêm assim. Ainda hoje há quem critique o filme negativamente, em parte pela sua deturpação desta história que, longe de ser uma lenda ou um conto, se fez com base no facto histórico.
O filme conta a história dos colonos a chegar à América. Num desses navios vem John Smith e o Governador Radcliffe, que está à procura de ouro e um alto estatuto. Enquanto isso, Pocahontas, que é a filha do chefe da sua tribo, teme que vai ter que casar com alguém que ela não gosta e vai à procura de aconselhamento à sua avó Willow, que é um árvore. Quando os colonos chegam a terra, Radcliffe manda os seus homens à procura de ouro e é aí que Smith conhece Pocahontas e ela mostra as maravilhas da Natureza e tenta que não haja uma guerra entre os dois lados.
Como referi, Pocahontas teve influência noutros filmes por ser a primeira mulher de cor ou nativa a liderar uma longa-metragem da Disney. Após este fenómeno, surgem outras princesas como Mulan e Tiana. Embora o filme seja visualmente arrebatador, é considerado por alguns como entediante e demasiado sério com várias tentativas de humor.
Ana Carvalho
11 – A Dama e o Vagabundo
Com o afetuoso beijo que se tornou um autêntico monumento do cinema romântico, “A Dama e o Vagabundo” é a história de amor entre uma cocker spaniel mimada e um rafeiro que continua a sobreviver à passagem do tempo e que, também por isso, se aproxima tanto da entrada no nosso exclusivo top 10.
Sendo o primeiro filme animado da Disney a ser produzido em Cinemascope, “A Dama e o Vagabundo” tem na sua animação a excelência e vibrância que o melhor da Disney nos habituou – aliás, é já célebre a visita de inúmeros animais ao estúdio na época de produção, para garantir que as criações do filme ficariam o mais fiéis à espécie e à sua perspetiva possível. No entanto, é talvez a beleza da simplicidade da sua história que deixou a maior marca. Afinal, nem uma arriscada – e ligeiramente ofensiva – canção protagonizada por dois gatos siameses o consegue enterrar, e “A Dama e o Vagabundo” é o típico clássico Disney que induz suspiros acompanhados da observação clássica: “já não se fazem filmes assim”.
Catarina Oliveira
10 – 101 Dálmatas
“101 Dálmatas” saiu em 1961 e é baseado em “The Hundred and One Dalmatians” de Dodie Smith. Este filme surge numa altura má para a Disney, tanto em termos criativos como financeiros.
O filme conta a história do compositor Roger Radcliffe e do seu dálmata Pongo. O protagonista canino decide encontrar uma esposa para o seu dono e uma companheira para ele mesmo e é aí que ele vê Anita e a sua dálmata Perdita. Ele arrasta Roger para as conhecer. Os dois casais apaixonam-se e casam-se pouco depois. Passam meses e Perdita dá à luz uma ninhada de 15 cachorros. Nessa mesma noite, a família recebe a visita de Cruella De Vil, uma antiga colega de escola de Anita que adora peles e quer comprar os bebés. O resto, é história…
Embora este filme já tenha uns bons anos, várias gerações conhecem-no, talvez por causa dos seus muito memoráveis heróis de quatro patas. Mesmo se não conhecem a versão animada de certeza conhecem o live-action de 1996. Esta versão é outro dos filmes da infância desta editora, convém dizer. Em 1961, foi um sucesso de bilheteiras e muitos críticos acham que este é o melhor filme da Disney depois de Branca de Neve, especialmente quando se tem em conta uma das melhores vilãs do mundo. Cruella De Vil até tem direito à sua própria canção, uma das três compostas originalmente para o filme.
Ana Carvalho
9 – A Pequena Sereia
“A Pequena Sereia” saiu em 1989, baseado no conto com o mesmo nome de Hans Christian Andersen, que também tem direito a uma estátua muito popular em Copenhaga. Este filme marca o início do Renascimento Disney dos anos 90. A história tem algumas relações mitológicas, como todas as histórias de sereias.
Este filme conta a aventura de uma princesa sereia que é muito curiosa sobre o mundo de superfície. Ela acaba por se apaixonar pelo príncipe Eric e salva-o quando este cai do seu navio durante uma tempestade. Para se juntar ao mundo dos humanos, Ariel faz um acordo com uma bruxa dor mar, Úrsula, e ganha pernas, mas perde a voz em contrapartida. O conto original é mais macabro, acabando com a sereia a morrer, tornada em espuma das ondas, quando se recusa a matar o príncipe que não a ama e se casou com outra mulher.
“A Pequena Sereia” tornou-se num clássico instantâneo e renovou a marca da animação da Disney. Muitos consideram o filme tão bom como aqueles que foram supervisionados por Walt Disney. De tal maneira é a popularidade da obra que, em 2016, a Disney anunciou que uma adaptação live-action do filme está em desenvolvimento.
Ana Carvalho
8 – Hércules
“Hércules” saiu em 1997 sendo vagamente baseado na lenda do herói da mitologia grega, filho de Zeus. Este é mais um filme que faz parte do Renascimento da Disney nos anos 90, tendo sido feito por Ron Clemens e John Musker, a equipa já responsável pelos triunfos de “Aladdin” e “A Pequena Sereia”.
O filme conta a história do filho de Zeus e Hera, que é raptado pelos lacaios de Hades, deus do submundo, pois este quer derrubar o seu irmão e governar sobre deuses e humanos. O jovem Hércules é conhecido pela sua força extraordinária e quer descobrir qual é a sua origem e parte à aventura. Com a ajuda do seu adorado Pégaso e do treinador Phil, ele espera poder tornar-se num herói da Grécia e assim conseguir lugar entre os deuses do Olimpo. Numa dessas aventuras, Hércules conhece Megara e a salva de um centauro, mas ela não é a típica donzela em apuros.
O filme teve dificuldade em conseguir uma audiência, no entanto teve boas criticas, especialmente a interpretação de James Woods como Hades. No Rotten Tomatoes, o filme conseguiu 83% de aprovação. O grande foco, como é óbvio, vai para Hades, que muitas vezes é comparado com o Génio de “Aladdin”, feito por Robin Williams, em termos de interpretações. No cânone Disney, este é um dos filmes com mais humor baseado em cultura pop.
Ana Carvalho
7 – Tempo de Melodia
O casamento entre a música e as artes visuais foi algo que sempre fascinou Walt Disney. “Fantasia” só existe devido a esse fascínio e podemos dizer o mesmo dos outros dois filmes que, na década de 40, tentaram seguir esse exemplo, “Música, Maestro” e “Tempo de Melodia”. Curiosamente, foi este último e não a imbatível obra-prima que é “Fantasia” quem melhor sumarizou a dinâmica entre estas duas formas de expressão artístico num só gesto animado.
Um pincel, qual manifestação de uma vontade divina, aparece no ecrã e por sua vontade e ação um novo mundo é pintado para tornar visual aquilo que é sonoro. Duas artes em perfeita comunhão. Assim começa cada um dos sete segmentos narrativos de “Tempo de Melodia”, a mais sublime das seis longas-metragens de baixo orçamento que a Disney produziu durante o período de guerra e seu rescaldo.
Toda essa qualidade não se resume só ao gesto do pincel, é claro. Muito crédito há que ser dado à qualidade geral das curtas-metragens aqui reunidas. A história de uma abelhinha perdida num inferno surreal em que música ganha forma física é uma bomba de energia e diversão caótica, por exemplo. Noutra maravilhosa curta, Donald e seus amigos latinos participam em mais uma explosão de animação alucinogénia de mãos dadas com filmagens de atores de carne e osso. Desta vez é a organista Ethel Smith quem encanta pato e espectadores com mais uma mostra da magia Disney no seu melhor.
Cláudio Alves
6 – Fantasia 2000
“Fantasia 2000” saiu no início do novo milénio, sendo uma sequela ao original de 1940. Tal como o seu precedente, este filme é um conjunto de segmentos animados a ilustrar peças musicais de renome cultural.
O filme foi dividido em oito segmentos: Sinfonia nº 5, baseada na música de Ludwig van Beethoven; Pinheiros de Roma, que foi o primeiro segmento da Disney feito todo em 3D; Rhapsody in Blue, onde mostra pessoas a realizarem os seus sonhos em Nova Iorque dos anos 30; Concerto de Piano nº2, onde é contado o clássico de Hans Christian Andersen “O Soldadinho de Chumbo”; O Carnaval dos Animais, que apesar do nome só mostra flamingos animados em deslumbrantes aguarelas vivas; O Aprendiz de Feiticeiro, que é um dos segmentos que apareceu no original e não podia faltar na sequela; Marchas de Pompa e Circunstância, onde vemos o Pato Donald como Noé e na companhia da sua namorada Margarida; e O Pássaro de Fogo que é inspirado num conto russo e deixa uma mensagem de vida, morte e ressurreição.
O filme teve boas críticas, apesar de muitos serem os textos a felicitar algumas sequências e a falar mal de tantas outras. Walt Disney sempre quis fazer uma sequela do filme original, algo que só foi possível nos anos 90, quando o presidente da companhia, Michael Eisner, deu luz verde à sequela mesmo contra os desejos de muitas pessoas. Apesar da grandiosidade do primeiro filme, a sequela é mais conhecida para as gerações mais novas. Como se referiu também, as histórias são boas, a animação inovadora e é uma pequena cápsula dos anos 90 para a Disney, quando tudo parecia ir de vento em popa. Será um dos filmes Disney que mais divide gerações de espectadores.
Ana Carvalho
5 – O Corcunda de Notre Dame
Através de um guião inteligente e sincero, “Corcunda de Notre Dame” apresenta a estonteante Paris do século XV com um dos melhores legados do universo Disney — o de aceitar os outros por quem são e não permitir que noções antiquadas ceguem o presente.
A história passa-se no Alto Renascimento, com as festas suntuosas do povo e as representações teatrais grandiloquentes, onde prevalecem figuras mitológicas, históricas e alegóricas, como as gárgulas que acompanham Quasimodo (o corcunda).
Nesta versão não há um vilão que procure praticar o mal por diversão, mas antes por acreditar estar a fazer o que lhe compete. É o caso do Juiz Claude Frollo, que não é simplesmente o antagonista de Quasimodo. Claude foi o homem que, inicialmente, encontrou o corcunda em bebé. Ao reparar na sua estrutura deformada, o Juiz decidiu atirá-lo para o poço, até o arquidiácono de Paris lhe apelar à consciência e referir que este não era o caminho de Deus. Crendo ser uma santidade, Claude Frollo cede, batizando o bebé de Quasimoda e enclausurando-o no campanário de Notre Dame. Claude é capaz de ser a personagem mais sui generis, vivendo em conflito interior durante toda a história, entre o correto e o atroz, a igreja e as suas crenças radicais, o amor e a carnificina (este último devido a Esmeralda, uma cigana que o fascina. Todavia, Claude acredita que os ciganos são feiticeiros demoníacos, estando determinado a matá-la).
De seguida, entramos no percurso do herói, de Quasimodo. Desde bebé que vive no campanário, tendo como únicas companhias a frieza do Juiz e a amistosidade de um trio de gárgulas. A situação altera-se no momento em que Quasimodo entra no “Festival dos Bobos” e vence o concurso de ‘máscara mais feia’. Quando o público descobre que esta é a sua verdadeira aparência, segrega-o intensamente. Enquanto o Juiz testemunha impassivelmente a situação, Esmeralda impõe-se e ajuda-o. A partir daqui, a relação entre Quasimodo e Esmeralda evolui, e este apaixona-se. Infelizmente, é um amor não correspondido, que Quasimodo tem de entender não se dever à sua aparência deformada.
Luís Amaral
4 – Mulan
Mulan foi inspirada numa história chinesa sobre Hua Mulan originalmente intitulada como “A Balada de Mulan”. Na balada, Hua Mulan disfarça-se de homem para se juntar ao exército em nome do seu pai, já velho. Luta por 12 anos ganhando muito mérito, mas no final recusa-se a ganhar qualquer recompensa e volta à sua cidade natal.
No filme de 1998 os eventos sucedem-se de forma diferente, mas a guerreira corajosa nunca sai de cena. Mulan é um filme de referência para o feminismo e uma reviravolta na Disney, que conscientemente tinha o objetivo de tornar as suas princesas em pessoas mais livres e ativas. Foram especialmente bem-sucedidos no combate das regras impostas à mulher: ser bonita, ter uma boa postura, não opinar, não lutar. Ainda assim, oriunda de uma família tradicional chinesa, o amor e a coragem de Mulan falam mais alto e toma a decisão de partir para a guerra, protegendo o seu pai e defendendo a honra da sua família.
O final é especialmente gratificante quando nos apercebemos que o filme não acaba com uma princesa a ser “salva” mas sim com uma mulher forte e destemida a salvar o seu próprio país. Mulan é um esforço eterno e intemporal que nos ensinou, especialmente a quem cresceu com os filmes da Disney, que o mais importante na vida é acreditar nas nossas qualidades e lutar sempre por um mundo melhor e mais tolerante.
Maria João Bilro
4 – A Bela e o Monstro
Em 1992, os jornalistas reunidos numa manhã invernal de Los Angeles para ouvirem as nomeações para os Óscares tiveram uma magnífica surpresa quando algo inédito aconteceu. “A Bela e o Monstro” acabava de tornar-se o primeiro filme de animação nomeado para o máximo prémio de Melhor Filme, legitimando o valor artístico deste tipo de cinema como nada antes havia feito na História de Hollywood. Para quem esteve envolvido na criação do filme, tal momento era um misto de vitoriosa alegria e enlutada melancolia. Howard Ashman, nomeado para três Óscares nessa mesma manhã, não só havia escrito as canções do filme como também tinha sido a voz criativa mais importante no desenvolvimento da história. Howard Ashman morreu antes dessa manhã vitoriosa. Na verdade, ele nem chegou a viver para ver a estreia do maior sucesso da sua carreira, mas enquanto o legado de “A Bela e o Monstro” viver também vive o seu génio numa eterna homenagem de pura perfeição cinematográfica.
Concebido como uma espécie de musical da Broadway em forma de animação para crianças, “A Bela e o Monstro” é a perfeito casamento entre tradicionalismo folclórico e a vanguarda tecnológica que sempre pôs a Disney à frente de todos os estúdios de animação americana. Por outras palavras, esta é uma história intemporal que vive das emoções fortes que conjura no espectador e brilha graças a alguma da mais bela animação que o cinema já viu.
Para cinéfilos com gosto por cinema de animação, não haverá criação mais admirável que a fisionomia animalesca do Monstro que, com um simples gesto e movimento facial, diz mais que muitos atores consagrados. Bela é igualmente extraordinária, mas sua maravilha concentra-se mais na escrita que fez dela uma das heroínas mais icónicas do cinema americano. O castelo é em si uma personagem, tal é a magia do seu design e ainda mais mágicos são os seus habitantes. Gaston, por seu lado, é o perfeito vilão para uma Disney moderna, não sendo a personificação do mal, mas dos vícios sociais do sexismo e masculinidade tóxica. Melhor ainda que tudo isso e que a música apaixonante de Alan Menken é o romance entre os dois protagonistas. Não exageramos quando dizemos que “A Bela e o Monstro” é um dos melhores romances do grande ecrã. Factos são factos.
Cláudio Alves
2 – Fantasia
Para Walt Disney, animação não era só uma forma de fazer dinheiro e entreter as massas. Para o fundador do império cinematográfico mais poderoso do mundo, animação era e é Arte e deve ser encarada e respeitada da mesma forma que as outras Artes. Durante a sua vida, ele muito tentou provar isso mesmo do modo mais irrefutável possível e nunca o seu esforço foi tão grande como em “Fantasia”, a terceira longa-metragem de animação da Disney e o filme mais ambicioso em toda a sua História.
Basicamente, “Fantasia” funciona como um concerto, sendo que até tem início com o levantar de uma cortina. Este é um espetáculo que sugere desde início uma certa qualidade erudita. Almas menos generosas poderão caracterizar esta abordagem como pretensiosa, mas fazer tal avaliação seria menosprezar a grandeza deste épico de música e animação a dançar de mãos dadas. Mais de um milhar de artistas trabalharam na animação do filme e isso vê-se pois, desde abstração total até esbatidas pinturas a óleo em movimento, este é um projeto cinematográfico que está disposto a experimentar tudo e tudo oferecer ao seu espectador.
A sequência mais icónica do filme é aquela protagonizada pelo Rato Mickey e seu famoso chapéu de feiticeiro, contudo dizer que este é o melhor segmento seria uma traição ao filme. Aliás, dizer que qualquer uma das suas sete sequências principais são melhor ou pior umas que as outras é pura loucura. O que temos aqui é perfeição cinematográfica do início ao fim, uma orgia para os sentidos que exige ser admirada como o espetáculo avassalador que é. Comercialmente, “Fantasia” foi um fracasso quando estreou, mas Walt Disney foi vingado pela reputação desta sua obra mestra. Ainda hoje em dia, não há melhor maneira de explicar a alguém porque é que a animação é arte, porque é que o cinema é arte, que expor tal indivíduo ao sonho em celulóide que é esta produção. Em nome de todos que amam cinema, em nome da Humanidade, uma salva de palmas a Walt Disney por ter tido a coragem de conceber “Fantasia”.
Cláudio Alves
1 – O Rei Leão
Vamos lá, esperavam alguma coisa diferente? “O Rei Leão” (1994) é a animação em estado de graça e tem tudo aquilo que poderíamos procurar num filme Disney: a cena de abertura mais épica de sempre, emoções fortes, narrativa ritmada e surpreendente, desgosto, redenção, lágrimas, tragédia shakespeariana, momentos gloriosos de família, momentos românticos, passagens musicais inesquecíveis e tudo o que possamos lembrar-nos lá pelo meio.
Sem trazer nada de propriamente novo ou revolucionário – aliás, reutilizando muitos dos temas e dispositivos habituais da Disney – “O Rei Leão” consegue conciliar tudo excecionalmente bem, combinando conceitos e ideias mais tradicionais com ângulos e abordagens diferenciados.
Surgindo como o expoente máximo do Renascimento Disney nos anos 90, “O Rei Leão” gerou uma receita de quase mil milhões de dólares no box office mundial, e foi um tremendo sucesso em todas as frentes: entre o público e a crítica, o que permitiu alimentar uma série de sequelas, prequelas, spin-offs e produções relacionadas de moderado a tremendo sucesso – incluindo o já icónico musical da Broadway.
Como o verdadeiro pináculo da animação americana, “O Rei Leão” senta-se confortavelmente no trono que sempre lhe esteve destinado: o da Melhor Animação Disney de todos os tempos.
Catarina Oliveira
E para ti? Qual é o teu filme de animação Disney favorito?
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