Meryl Streep em "A Casa dos Espíritos" |©Costa do Castelo Filmes

77º Festival de Cannes | A abertura e o ‘vórtice de Cannes’

Foi um grupo de mulheres talentosas que marcaram o grande palco do Auditório Lumiére e a abertura do Festival de Cannes 2024, que culminou numa emocionante homenagem e Palma de Ouro Honorária para Meryl Streep. Segui-se a estreia (fora da competição) da comédia francesa “Le Deuxième Acte” de Quentin Dupiuex, o homem que filma mais rápido que a sua própria sombra.

Sumário:

  • A cerimónia do Festival de Cinema de Cannes foi apresentada por Camille Cottin. A artista começou por falar no fenómeno ‘vórtice de Cannes’, e no modo como este mudou após o movimento #MeToo;
  • Greta Gerwin, presidente desta edição, deixou algumas palavras sobre a representação feminina no mundo do cinema e na evolução que se tem sentido;
  • Meryl Streep foi a atriz homenageada com a Palma de Ouro Honorária, regressando ao festival quase três décadas após a sua última visita.
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A cerimónia de abertura da 77ª edição do Festival de Cinema de Cannes realizou-se ontem à noite (terça-feira, 14), apresentada pela atriz francesa Camille Cottin e foi marcada para além do protagonismo feminino pela longa ovação, homenagem e forte presença da atriz norte-americana Meryl Streep, que recebeu uma Palma de Ouro Honorária.

Porém antes a apresentadora Camille Cottin, iniciou a cerimónia, chamando a atenção para algo que ninguém nunca se tinha lembrado: o ‘vórtice de Cannes’, uma espécie de túnel do tempo que dura dez dias e durante os quais muitas coisas estranhas acontecem.

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© Festival de Cannes

“Lembro que as reuniões profissionais nocturnas nos quartos de hotel com senhores poderosos não fazem mais parte dos hábitos do vórtice de Cannes após a adoção da lei MeToo”, lançou a atriz, ironizando os vários escândalos que envolveram alguns realizadores, diretores e produtores de cinema, ao longo de várias décadas mas lembrando as reivindicações do movimento feminista que continua presente nesta edição do festival.


Curiosamente, algumas horas antes da cerimónia de abertura, na conferência de imprensa do júri, a presidente Greta Gerwin — realizadora do blockbuster “Barbie” — celebrou igualmente esta vibrante mobilização feminista gerada pelo movimento #MeToo em todo o mundo do cinema. Num momento bastante polémico onde chovem denúncias de abusos no cinema francês, Gerwig elogiou apesar de tudo, as “numerosas mudanças concretas” que ocorreram na indústria cinematográfica graças a este movimento de protesto e de afirmação das mulheres. “Há 15 anos, não poderia imaginar que haveria tantas mulheres representadas no mundo do cinema” — apesar deste ano estarem apenas 4 realizadoras na Competição —, declarou Gerwig durante essa mesma conferência de imprensa do júri.

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Quanto à cerimónia de abertura, esta contou ainda com um extraordinário momento musical com a jovem cantora francesa Zaho de Sagazan, que interpretou “Modern Love”, o tema de David Bowie. Esta canção foi a escolhida para homenagear e levar às lágrimas Greta Gerwin, já que fez parte da banda sonora do filme “Frances Ha”, de Noa Baumbach — seu actual marido e co-argumentista de “Barbie” — que revelou a atriz para o mundo do cinema.

Meryl Streep homenageada em Cannes

Mas o grande momento foi sem dúvida a homenagem a Meryl Streep: “Devo muito a vocês, cinéfilos, que não se fartaram de mim” disse a já lendária atriz agradecendo à longa ovação da plateia do Palácio dos Festivais. A verdade é que a atriz, regressou a Cannes após uma ausência de mais de três décadas para receber esta Palma de Ouro Honorária pelo conjunto de sua carreira. “Este prémio é único no mundo do cinema e por isso sinto-me muito honrada em recebê-lo”, conclui.

O Prémio Honorário foi entregue pela atriz francesa Juliette Binoche, que não escondeu a sua emoção num longo discurso escrito a também extensa carreira da atriz norte-americana. “Meryl você mudou a forma como vemos as mulheres no mundo do cinema e deu-nos uma nova imagem de nós mesmas”, disse a bela atriz francesa — comparável de certo modo a Streep — com a voz trémula e de lágrimas nos olhos.

Após as homenagens a abertura oficial foi feita pela voz das duas divas, Meryl Streep e Juliette Binoche e pudemos assistir a “Le Deuxième acte“, a comédia do francês Quentin Dupieux exibida fora da competição, protagonizada por Léa Seydoux, Vincent Lindon, Louis Garrel e Raphaël Quenard, filme escolhido para abrir esta 77ª edição do Festival de Cinema de Cannes.

Mais uma vez, estamos em direto no Festival de Cannes e podes contar com mais artigos ao longo destes próximos dias.



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