Festival de Cannes 2025 | A energia louca de Harmony Korine ilumina a Quinzena dos Cineastas e a seleção da Semana da Crítica
Um misto de poesia e loucura de Harmony Korine, vão estar muito presentes e darão como que o mote às edições das secções paralelas do Festival de Cannes 2025. As cores berrantes vão proliferar pela Croisette de Cannes. Foram apresentadas as selecções de filmes das secções Quinzena dos Cineastas e da Semana da Crítica do Festival de Cannes 2025.
Não foi com essa energia louca de Harmony Korine, mas até como uma certa sobriedade que através de um video Ava Cahen, a directora-artística da La Semaine de la Critique (Semana da Crítica), revelou o programa competitivo, desta 64ª edição de uma consolidada secção paralela do Festival de Cannes 2025. Trata-se de uma selecção de 11 longas-metragens de realizadores revelação, com primeiras e segundas obras, também concorrentes à Caméra d’Or. A seleção das curtas-metragens será revelada a 17 de abril. O cinema português ainda tem uma janela de esperança de aparecer nesta última competição. O cartaz da Semaine não é de Harmony Korine, mas também é muito bonito e tem uma imagem muito forte e vai certamente colorir as ruas de Cannes, perto do Espace Miramar, a sala por excelência das projeções.
As Obras a Concurso
Mas vamos ao que interessa e a concurso na La Semaine de La Critique, vão estar em estreias mundiais os filmes: “Ciudad Sin Sueño”, de Guillermo Galoe, “Imago”, de Déni Oumar Pitsaev, “Kika”, de Alexe Poukine, “Left-Handed Girl”, de Shih-Ching Tsou, “Nino”, de Pauline Loquès, “Pee Chai Dai Ka”, de Ratchapoom Boonbunchachoke, “Rietland” (Reedland), de Sven Bresser. E ainda duas projecções especiais com: “L’intérêt d’Adam”, de Laura Wandel, que será o filme de abertura desta secção, “Baise en Ville”, de Martin Jauvat, “Des Preuves d’Amour”, de Alice Douard e por último “Planètes”, de Momoko Seto, que se configura como o filme de encerramento, da 64ª edição da La Semaine de La Critique do Festival de Cannes 2025.
Um Grupo de Jurados Jovem
O cineasta, argumentista e produtor espanhol Rodrigo Sorogoyen (“As Bestas”) vai ser o presidente do júri desta 64ª edição da Semaine de la Critique. E a ele se juntarão a jornalista marroquina Jihane Bougrine, o diretor de fotografia franco-canadiano Josée Deshaies, a produtora indonésia Yulia Evina Bhara e o ator britânico Daniel Kaluuya, vencedor de um Óscar, que atribuirão os prémios aos filmes a concurso: Grande Prémio para a Melhor Longa-Metragem, Prémio do Júri, o Prémio Revelação, Prémio de Melhor Atriz e o Prémio para a Melhor Curta-Metragem, prémios importantes mas que não entram no palmarés do Festival de Cannes 2025.
Quinzena: Um Bastião do Cinema Independente
A 57ª Quinzaine des Cinéastes, do Festival de Cannes 2025, essa tem um cartaz incrível e muito forte da autoria de Harmony Korine, que vai colorir com cores berrantes a Croisette e as ruas do Festival de Cannes 2025. A seleção de filmes da Quinzaine, tem 28 filmes e segundo os seus curadores, procura manter a resistência à ideologia dominante, por oposição aos grandes lançamentos comerciais cannoises; assumindo-se ainda como um bastião do cinema independente, embora de uma forma não-competitiva. Entre os 28 filmes selecionados, vão estar 8 primeiras obras, representativas desse espírito de resistência, que trazem algo de especial e inovador à linguagem cinematográfica.
Homenagem a Laurent Cantet
Celebrando essa diversidade artística e inovação, o destaque vai para dois filmes da selecção: “Enzo”, um filme do recém-falecido realizador Laurent Cantet (“A Turma”), que o seu amigo Robin Campillo acabou por terminar. Trata-se do filme de abertura e ao mesmo tempo uma sincera e sentida homenagem póstuma dos seus pares, ao realizador que em 2008 recebeu a Palma de Ouro de Cannes pelo filme sobre uma sala de aula, vista como palco da luta de classes. O outro destaque vai para “Miroir n°3”, do cineasta alemão Christian Petzold, um dos habituais da Berlinale, que se estreia assim na Festival de Cannes 2025, num filme protagonizado pela bela Paula Beer, sobre uma estudante de música que tem de reconstruir a sua vida quando o namorado morre num acidente de viação.
Prémios Simbólicos e Não-Competitivos
Os prémios da Quinzaine des Cinéastes são normalmente referências e honrarias, para cineastas e realizadores, que merecem destaque no panorama do cinema independente e que normalmente estão fora da selecção de filmes e fora do palmarés do Festival de Cannes 2025. Portanto não há competição. Este ano, há no entanto, várias novidades, além de o Brasil ser o país convidado de honra, haverá a atribuição de um novo prémio: o Prix Alpine, que vai para o realizador francês Thomas Cailley. Este novo prémio destina-se aos cineastas que ‘rompem com os códigos para definir novas formas e novos percursos cinematográficos’, tanto em França como a nível internacional. A SRF – Société des réalisatrices et réalisateurs de films, responsável pela criação da Quinzaine des Cinéastes, vai atribuir ao cineasta norte-americano Todd Haynes (“May December”), a 23ª Carrosse d’Or, um prestigiado prémio criado em 2002 para recompensar um cineasta pela ousadia e qualidade dos seus filmes. A Carrosse d’Or 2025 será entregue logo na cerimónia de abertura, a 14 de maio. Todd Haynes esteve o ano passado a concurso na Competição principal do Festival de Cannes.
As Cores de Korine Iluminam a Quinzena
Este ano, também o rebelde cineasta independente norte-americano Harmony Korine, (“Spring Breakers”), concebeu o cartaz da Quinzaine, ao estilo pop colorido, berrante e na linha da sua própria obra cinematográfica. Korine diz que os dois pequenos personagens, que aparecem felizes no cartaz chamam-se Twitchys e segundo o seu criador estão encantados por estarem no Festival de Cannes 2025! A poesia e a energia louca dos bonecos e de Korine parecem dar o mote para esta Quinzaine 2025 e para todas as selecções paralelas mais marcadas pela inovação e novas linguagens cinematográficas!
JVM