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Filmes a não perder na Cinemateca Portuguesa em março (Parte I)

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Eis a nossa recomendação, dos grandes filmes que serão exibidos na Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, no terceiro mês de 2019. 

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Durante todo o mês de março, a Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema prepara um especial sobre as cinematografias de migração. Desta forma propõe explorar o cinema dos povos que saíram do seu país nativo e chegaram a outro, completamente desconhecido, na procura de melhores condições de vida.

Este ciclo chamado “Povos em Movimento – Migração, Exílio, Diáspora”, será estendido desde março até maio. Neste primeiro mês houve uma preocupação maior com o cinema clássico, enquanto o mês de abril será dedicado à produção contemporânea. Em maio o novo ciclo da Cinemateca Portuguesa termina numa dedicatória ao cinema português.

O que é o arquivo
Cinemateca Portuguesa

Segundo a Cinemateca Portuguesa,

Hoje em dia, os movimentos de migração assumem aspectos absolutamente dramáticos, com um fluxo maciço e ininterrupto de indivíduos que se deslocam nas condições mais precárias, empurrados pela miséria e o caos económico e, em alguns casos, pelas guerras. O fenómeno é mundial, não se limita à travessia do Saara e do Mediterrâneo por grupos de africanos, também ocorre na Ásia, nas Caraíbas e nas Américas. Países como Portugal, que durante séculos foram terras de emigração, foram bruscamente transformados em espaços de imigração.

O ciclo terá mais de 100 filmes distribuídos ao longo dos três meses, numa viagem por vários formatos: da ficção, ao documentários, aos ensaios, passando pelo cinema clássico ou o cinema independente, foram já muitos os cineastas que exploraram a questão das migrações no cinema.

Fica a conhecer os filmes destes grandes ciclos para o mês de janeiro e tudo o que de melhor a Cinemateca tem para oferecer em 2019.


“Suspiria”, F.R. 2-3-21h30

Cinemateca Portuguesa

Realizado logo a seguir ao esplêndido PROFONDO ROSSO, SUSPIRIA tem as mesmas qualidades do filme anterior de Dario Argento, mas pertence ao domínio do cinema fantástico e não do giallo, o filme criminal à italiana. A história situa-se numa academia de dança na Alemanha, a que chega uma jovem estudante americana. Sucedem-se diversos acontecimentos, numa atmosfera de estranheza e medo. Argento manipula com mão de mestre os efeitos narrativos e visuais, criando uma atmosfera surreal, de permanente suspense. De notar, as presenças de duas atrizes do cinema do passado, Alida Valli e Joan Bennett e do então muito jovem Miguel Bosé. Uma obra-prima de género com uma fotografia memorável assinada por Luciano Tovoli. A apresentar em cópia digital.


“Alambrista”, F.R. 4-3-15H30

Cinemateca Portuguesa

ALAMBRISTA é a segunda ficção de Robert M. Young, que há vinte anos realizava documentários para o cinema e a televisão. Um alambrista é um homem que se equilibra numa corda bamba e o termo é usado para designar os mexicanos que tentam emigrar clandestinamente para os Estados Unidos. O filme começa com a chegada do seu jovem protagonista ao país vizinho e faz-nos acompanhar o seu percurso, a sua relação com os outros imigrantes, a realidade do mundo do trabalho, a perseguição policial, mas também uma relação sentimental, até a um desenlace que não é feliz nem infeliz. Young filma com clareza e simplicidade, criando uma intensa identificação entre o espectador e o protagonista, o excelente Domingo Ambriz. Na Cinemateca, foi apresentado uma única vez, em 1981 (“Seleção de Filmes do 10o Festival Internacional de Cinema da Figueira da Foz”).


“Rocco e suoi fratelli”, L.P. 6-3-18H30

Cinemateca Portuguesa

O drama da emigração e do desenraizamento cultural numa das obra-primas de Visconti. Uma família meridional parte para o norte industrializado da Itália, onde cada um dos irmãos que a compõem conhecerá o seu destino: conformismo, naufrágio, santidade laica. Drama realista marcado por um pessimismo dostoievskiano (apesar da sequência final, que aponta para a luta de classes), ROCCO E OS SEUS IRMÃOS é uma magistral digressão pelos dramas da condição humana. A apresentar em cópia digital.


“Bend of the River”, F.R. 6-3-19h

Cinemateca Portuguesa
James Stewart

Segundo dos cinco magníficos westerns com James Stewart realizados por Anthony Mann, BEND OF THE RIVER foi o primeiro filmado a cores. O filme integra este Ciclo sobre as migrações porque é um dos muitos westerns que narra a instalação de colonos brancos em terras virgens, embora desta vez sem violência contra os índios. Como é costume nos westerns de Mann, o herói não é super-homem nem santo, mas falível e com um passado duvidoso. Em BEND OF THE RIVER, James Stewart é o chefe de uma caravana de colonos que se instala no Oregon. Mas a descoberta de ouro na região desencadeia ambições criminosas e o paraíso transforma-se num inferno. O desenlace é um ajuste de contas que permite ao protagonista enterrar o passado.


“Tabu”, F.R. 7-3-18h30

Cinemateca Portuguesa

“Uma idosa temperamental, a sua empregada cabo-verdiana e uma vizinha dedicada a causas sociais partilham o andar num prédio em Lisboa. Quando a primeira morre, as outras duas passam a conhecer um episódio do seu passado: uma história de amor e crime passada numa África de filme de aventuras.” Assim descreve a sinopse o TABU de Miguel Gomes, filme em duas partes que vai do “Paraíso Perdido” ao “Paraíso”. Prémio da crítica e prémio Alfred Bauer no Festival Internacional de Cinema de Berlim 2012


 “Il Portiere di Notte”, F.R. 7-3-21h30

Cinemateca Portuguesa

Polémico pelo tema que trata, IL PORTIERE DI NOTTE conta uma história que vem da Segunda Guerra, 30 anos depois dela ter passado: uma sobrevivente a um campo de concentração e o seu torturador, atualmente porteiro noturno num hotel vienense, encontram-se e revivem uma relação sadomasoquista. É o filme mais conhecido de Liliana Cavani e um dos títulos icónicos de Charlotte Rampling.

“Os Caçadores / I Kinigi”, F.R. 8-3-21h30

“Na Grécia, a classe dominante tem medo da história e, por essa razão, esconde-a. ‘OS CAÇADORES’ parte desta premissa”. É assim que Angelopoulos descreve a ideia de base de um filme que se apresenta como um estudo sobre a consciência histórica da burguesia grega, deixando transparecer o modo como o realizador olha para o passado e para o presente do seu país. Um grupo de proeminentes caçadores encontra, na neve, o corpo de um homem que aparenta ser um dos muitos resistentes mortos durante a Guerra Civil de 1949, que terá acontecido cerca de trinta anos antes. Ao obrigar as várias personagens a prestarem contas das suas ações passadas, Angelopoulos constrói um comentário amargo e uma alegoria sobre a persistência da culpa. A apresentar em cópia digital.


“The Straight Story”, F.R. 9-3-15h30

Cinemateca Portuguesa

A história real de um velho que resolve visitar o irmão com quem estava desavindo há vários anos e que se encontra doente, vivendo a algumas centenas de quilómetros. A viagem é feita num corta-relva, e a sua lentidão proporciona ao viajante uma série de encontros, que fazem deste filme um dos melhores exemplos da “americana”, na linha dos clássicos do género feitos por Ford, Griffith, Henry King e Hathaway.

“Conferência – Cinemateca e Cinefilia: Pensar uma Cinemateca na Era da Reprodução Digital”, por Maria Komninos, L.P. 11-3-18H30

Na colaboração entre as Cinematecas Grega e Portuguesa, exibem-se os períodos mais marcantes dessa cinematografia nacional — desde o mudo, em cópias restauradas de suporte digital —, passando pelas novas vagas das décadas de sessenta e setenta (ainda hoje influências marcantes para a cinematografia contemporânea grega), o surgimento da figura maior de Theo Angelopoulos, de um cinema focado no feminino, assim como a projeção de uma diversidade contemporânea em diferentes géneros, formatos e tipos de experimentação narrativa. À semelhança dos outros programas dedicados a outros arquivos, realizar-se-á no dia 11 de março, às 18h30, na sala Luís de Pina, uma conferência dedicada ao trabalho da Cinemateca Grega e aos desafios das cinematecas no atual panorama mundial, por Maria Komninos, diretora da Cinemateca Grega.


“La Promesse”, F.R. 11-3-19h

Cinemateca Portuguesa

Terceira longa-metragem dos irmãos Dardenne, LA PROMESSE foi o filme que os consagrou internacionalmente. Em Bruxelas, um homem trafica e explora imigrantes ilegais, com a ajuda do filho adolescente (o hoje célebre Jérémie Renier, então com 15 anos). Quando um imigrante morre, o rapaz decide desobedecer ao pai e ajudar a família do morto. O filme mostra essencialmente o ponto de vista dos traficantes, dos novos negreiros. Para eles, trata-se de um uma simples troca de mercadorias por dinheiro, um pequeno comércio, que lhes permitirá comprar uma casa. Filmado no estilo seco e “realista” que caracteriza a maior parte dos filmes dos irmãos belgas (luz natural, câmara na mão), LA PROMESSE age como o revelador de uma situação, sem ênfase.


“Il Posto”, F.R. 12-3-15h30

Cinemateca Portuguesa
Sandro Panseri

Premiado pela crítica no Festival de Veneza, IL POSTO narra a história de dois jovens à procura do primeiro emprego. Um deles, Domenico, entra numa empresa em Milão, de cujo quotidiano faz parte a amizade com uma rapariga que nunca consegue ver porque trabalham em turnos diferentes. Com irónica leveza, Olmi oferece um quadro completo da condição pequeno-burguesa da grande cidade. Um dos grandes “clássicos” de Ermanno Olmi que traça um retrato da sociedade italiana através da história de uma personagem. A apresentar em cópia digital.


“Palermo Oder Wolfsburg”, F.R. 12-3-21h30

Cinemateca Portuguesa

Um dos filmes mais acessíveis de Schroeter, história de um siciliano que emigra para a Alemanha, onde passa a ser operário numa fábrica de automóveis. O filme de certa forma prolonga o que alguns à época consideraram um “novo estilo” de Schroeter, já exemplificado em IL REGNO DI NAPOLI, com uma produção mais “profissional” e um universo mais “realista”. Mas PALERMO ODER WOLFSBURG também é o filme de um sacrifício, uma paixão laica: filme da passagem da luz à treva, da vida à morte. “Caminho da paixão, comédia divina, PALERMO ODER WOLFSBURG é uma das maiores obras religiosas (no sentido de religação) dos tempos contemporâneos” (João Bénard da Costa).


“Dirty Pretty Things”, F.R. 13-3-19h

Cinemateca Portuguesa

Em DIRTY PRETTY THINGS, Stephen Frears mostra-nos as peripécias de um nigeriano que vive ilegalmente em Londres. Embora tenha um diploma de médico, o homem vive de pequenos empregos. Um dia oferecem-lhe trabalho em cirurgias ligadas ao tráfico de órgãos humanos, em troca de um visto de residente. “Não há filme sobre o que é, de facto, a ‘nova Europa’ mais eloquente do que este. O filme de Frears é um olhar sobre o novo tipo de cosmopolitismo das grandes metrópoles europeias, transformadas em verdadeiros caldeirões sócio-étnico-religiosos. No entanto, a perspetiva do filme nunca é, de modo declarado, uma perspetiva de ‘análise’ ou de ‘leitura’. A ‘discussão’, por assim dizer, fica para o espectador, no fim da projeção” (Luís Miguel Oliveira).


“Tio Bloko”, F.R. 15-3-21h30

Cinemateca Portuguesa

Um dos filmes centrais da nova vaga de cinema grego recupera as histórias da resistência antinazi, no país, e conta a história de uma noite em que um grupo de resistentes luta contra as manobras de controlo do opressor, sobre as suas operações, após a captura de um contrabandista. Primeira exibição na Cinemateca.


“Up-Altamente”, Palácio Foz 16-3-15h

Cinemateca Portuguesa

Foi o grande êxito do cinema de animação de 2009, saído mais uma vez da “fábrica maravilha”, a PIXAR. UP ensina-nos que nunca é tarde para realizar as nossas fantasias. O protagonista Carl Fredricksen, um respeitável viúvo de 78 anos, depois de uma vida pacata e normal decide que está na hora de cumprir seu sonho, viajar para a América do Sul. Não precisará de ir de avião nem de barco, irá comodamente na sua casa, a voar com a ajuda de milhares de balões.

Mais informações sobre a programação podem ser consultadas aqui. Os bilhetes podem ser adquiridos na bilheteira da Cinemateca Portuguesa ou em bol

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