Esta fotografia de J.K. Rowling está a gerar grande polémica nas redes sociais
J.K. Rowling já não é só a mulher que nos deu Harry Potter, mas sim uma figura polarizadora numa batalhas que nada tem a ver com varinhas mágicas.
Esta semana, após uma decisão judicial histórica no Reino Unido, Rowling celebrou. Mas não com um simples tweet. Não, isso seria pouco. Rowling optou por um gesto que muitos consideraram um novo nível de provocação: um cigarrito à beira-mar, um copo na mão, e um sorriso que dizia, sem dizer: “Ganhei.” O que se passou, afinal? E por que é que esta imagem reacendeu tanta indignação?
O Supremo Tribunal Britânico decide e J. K. Rowling brinda
Na quarta-feira, o Supremo Tribunal do Reino Unido emitiu um acórdão de 88 páginas a declarar que mulheres trans não podem ser legalmente reconhecidas como mulheres. A justificação? O sexo é “binário”—ou se é homem, ou se é mulher. Esta decisão encerra uma batalha jurídica de quase sete anos, liderada pelo grupo “For Women Scotland“, conhecido pelas suas posições anti-trans. E, como não podia deixar de ser, J.K. Rowling—financiadora do grupo—não perdeu a oportunidade de comemorar.
Assim, num tweet triunfante, escreveu: “Foram precisas três mulheres escocesas extraordinárias, tenazes, e um exército por trás delas, para levar este caso ao Supremo Tribunal. E, ao vencerem, protegeram os direitos de mulheres e raparigas em todo o Reino Unido.” Até aqui, tudo dentro do esperado. Mas foi o que veio a seguir que fez saltar faíscas: uma fotografia sua, envolta num caftan, a saborear um cigarro e uma bebida, com a legenda: “Adoro quando um plano dá resultado. #SupremeCourt #WomensRights.”
Assim, a imagem, deliberadamente teatral, foi interpretada como um ato de triunfalismo cruel. Não era só uma celebração da vitória legal—era inegavelmente um espetáculo, uma performance de superioridade. E, para muitos, uma lembrança de que, por trás do discurso de “proteção das mulheres”, há uma narrativa que exclui e desumaniza.
Uma guerra cultural sem fim
Rowling não é novata neste campo. A autora de Harry Potter, há anos que usa a sua plataforma para difundir retórica considerada transfóbica, desde alegações de que jovens trans “superam a disforia” com o tempo até comparar a terapia hormonal a “uma nova forma de terapia de conversão para jovens homossexuais”. Mas desta vez, o tom de festejo—o cigarro, o copo, a pose descontraída—pareceu especialmente calculado para irritar.
E funcionou. As reações foram imediatas e furiosas. Assim, críticos apontaram a hipocrisia de celebrar, com champanhe e charuto, uma decisão que nega direitos fundamentais a um grupo já marginalizado. Outros lembraram que, curiosamente, Rowling partilha um admirador de peso: Vladimir Putin, outro entusiasta de políticas anti-LGBTQ+. “Talvez possam brindar juntos ao declínio da igualdade”, ironizou uma comentadora do TheCut.
Mas há uma questão maior aqui: até que ponto é legítimo usar o argumento dos “direitos das mulheres” para negar direitos a outras mulheres? Assim, a decisão do Supremo Tribunal não afeta apenas o reconhecimento legal—afeta vidas reais, acesso a cuidados de saúde, emprego, dignidade. E quando uma figura como Rowling transforma isso num momento de marketing pessoal, a mensagem que fica é inegavelmente clara: para alguns, esta nunca foi uma questão de princípios. Foi sempre uma guerra de egos.
O que te parece, uma celebração legítima ou um triunfalismo gratuito? Deixa a tua opinião nos comentários.