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Francis Ford Coppola revela a verdadeira obra-prima de Martin Scorsese

Há filmes que nos cortam a respiração. Depois, há este clássico de Scorsese que até Francis Ford Coppola acha uma obra-prima.

A Nova Hollywood dos anos 60 e 70 foi um terramoto cultural que redefiniu a sétima arte. Enquanto Steven Spielberg e George Lucas conquistavam o público com tubarões assassinos e naves espaciais, dois gigantes italo-americanos – Francis Ford Coppola e Martin Scorsese – esculpiam obras-primas que mergulhavam nas profundezas da condição humana. Um era o poeta épico da família Corleone; o outro, o cronista visceral das ruas de Nova Iorque. Ambos revolucionários, mas de maneiras radicalmente diferentes. E quando um deles aponta ao outro o seu “feito supremo”, vale a pena prestar atenção.

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A escolha de Francis Ford Coppola

Francis Ford Coppola
© Lev Radin via Shutterstock (ID 1383456167)

Francis Ford Coppola, o homem por trás de “The Godfather” e “Apocalypse Now“, não distribui elogios a torto e a direito. Por isso, quando elege “Raging Bull” como o “feito supremo” de Martin Scorsese, a declaração pesa mais do que um murro de Jake LaMotta. “Tenho vários filmes preferidos do Scorsese”, admitiu Coppola à Esquire, citando “Mean Streets” e “The King of Comedy”. Mas é no drama do pugilista autodestrutivo que ele vê a perfeita harmonia entre forma e conteúdo: “É neste filme que ele orquestra todos os elementos – o conceito, a atuação, as imagens, o estilo – numa narrativa que transcende o próprio cinema.”

O que torna “Raging Bull” tão especial? Para Coppola, a resposta está na sua capacidade de “iluminar o nosso tempo e as coisas que nos são importantes” – algo que o filme consegue com uma mestria rara, “quase sem esforço, como poucos filmes alguma vez tentaram, muito menos alcançaram”. A obra, lançada em 1980, não é apenas um retrato da ascensão e queda de um boxer; é um estudo sobre a masculinidade tóxica, a redenção falhada e a violência como linguagem. Robert De Niro, num dos papéis mais brutais da sua carreira, desaparece dentro de LaMotta, e Scorsese filma cada soco, cada gota de suor, como se fosse um requiem em preto e branco.

Curiosamente, Francis Ford Coppola e Scorsese partilham mais do que uma herança cultural. Ambos resistiram à tentação dos blockbusters vazios (embora com fortunas díspares – o primeiro quase faliu a apostar em projetos pessoais, enquanto o segundo navegou períodos difíceis sem perder o estatuto de lenda). Mas é essa fidelidade à arte que os une.

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Porque é que esta escolha (ainda) nos interessa?

Robert De Niro
Raging Bull | © 1980 – MGM

Assim, num mundo onde algoritmos ditam o que vemos, a defesa de Francis Ford Coppola soa quase como um manifesto. “Raging Bull” não foi um sucesso comercial à época – o público esperava outro “Rocky“, e em vez disso, recebeu um espelho partido onde ninguém gostou do reflexo.

Mas, como todas as grandes obras, envelheceu como vinho fino. Scorsese não fez um filme sobre boxe; fez um filme sobre a luta interna de um homem que só sabe destruir, incluindo a si próprio. E Coppola, ele próprio um mestre da tragédia, reconhece nisso o génio puro.

Há ainda outro detalhe irónico: enquanto Francis Ford Coppola via “Raging Bull” como o auge de Scorsese, o realizador de “Taxi Driver” já confessou que “The Godfather Part II” o fez questionar se alguma vez faria algo tão bom. Esta admiração mútua revela um segredo raro no mundo competitivo de Hollywood: a grande arte não se faz sozinha. Faz-se em diálogo, em desafio, em reverência aos que elevam o padrão.

Qual é, para ti, o “feito supremo” de Scorsese e porquê? Será “Raging Bull”, “Goodfellas”, ou outro? Deixa a tua opinião nos comentários.



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