Harry Potter acaba de conquistar novo recorde, 25 anos após a estreia
Imagina um mundo onde a varinha de 25 anos de Harry Potter ainda lança feitiços tão poderosos que conquista milhões de ecrãs.
Em 2024, enquanto as plataformas de streaming lutam por atenção com produções caríssimas e efémeras, uma saga cinematográfica antiga prova que a nostalgia tem a força de um Expecto Patronum. O universo de Harry Potter continua a ser inegavelmente um gigante cultural. Assim, a mistura de magia, memória afetiva e estratégia corporativa mantém a chama de Hogwarts acesa. Como? A resposta envolve dados surpreendentes, polémicas incómodas e uma lição sobre o que realmente importa em Hollywood: o dinheiro.
40 milhões de feitiços lançados na Max em 2024
A notícia chegou via Digital-i, citada pela Deadline, e é impossível ignorar: “Harry Potter e a Pedra Filosofal” foi o terceiro filme mais visto da Max no ano passado, com 40 milhões de reproduções. Sim, o filme de 2001, realizado por Christopher Columbus, conquistou assim quase 20% da base de subscritores da Warner Bros. Discovery. Um feito? Mais do que isso, um Wingardium Leviosa aplicado às estatísticas.
Os números, parte de um relatório sobre exportações britânicas de streaming, medem visualizações fora do Reino Unido em plataformas como Netflix, Disney+ e Prime Video. A conclusão? A “newstalgia” (nostalgia + novidade) é um negócio lucrativo. Enquanto blockbusters modernos queimam milhões em orçamentos para durar semanas no top, a história do miúdo da cicatriz em forma de raio prova que o primeiro passo num universo narrativo é, muitas vezes, o mais duradouro.
E por que importa? Porque a Warner já tem planos. A série Harry Potter para a HBO e Max, prevista para 2026, não é acaso. É um cálculo frio: se um filme antigo atrai 40 milhões, imagina o potencial de uma adaptação em formato de binge-watch. A magia, aqui, tem código de barras.
Polémicas, galeões e o futuro de Harry Potter
J.K. Rowling, a criadora do universo, é hoje uma figura divisiva. As suas declarações transfóbicas, repetidas desde 2020, levaram fãs e atores a distanciarem-se publicamente. Mas os números gritam mais alto: o jogo “Hogwarts Legacy” (2023) vendeu mais de mil milhões de dólares, os parques temáticos estão lotados, e o especial “Return to Hogwarts” (2022) foi um sucesso na Max. A pergunta que paira: pode uma franquia sobreviver à desaprovação moral do seu criador?
A Warner acredita que sim. Rowling mantém controlo criativo, e o estúdio, pragmático, prefere navegar na polémica a abandonar o tesouro. Até os “Animais Fantásticos”, trilogia malsucedida, renderam o suficiente para justificar a tentativa. O segredo? Harry Potter transcende a autora. É um fenómeno cultural entranhado em gerações — e cultura, que como sabemos, vende melhor que arrependimentos.
Assim , o que isto diz sobre nós? Que consumimos arte separando-a do artista? Que a nostalgia apaga críticas? Talvez. Mas também revela algo mais prosaico: em tempos de incerteza, Hollywood agarra-se ao que funciona. E Hogwarts, com os seus corredores familiares e lições previsíveis, é inegavelmente um porto seguro. Até para os executivos.
O que o torna Harry Potter imune ao Obliviate do tempo? É a nostalgia, a qualidade dos filmes, ou o simples prazer de revisitar um mundo onde o bem vence o mal? Partilha a tua opinião nos comentários.