House of the Dragon © HBO Max

House of the Dragon | As diferenças do livro e da série

House of the Dragon” tem por base o livro “Fire and Blood” mas será que seguiu os pontos essenciais ou distanciou-se muito da obra de George R.R. Martin?

Uma adaptação literária nunca é fácil de se fazer e, a não ser que a adaptação seja da mente e autoria do próprio autor, é quase provável que os fãs apontem o dedo a várias questões relacionadas com o projeto. “House of the Dragon”, por exemplo, inspira-se no livro de George R.R. Martin mas os criadores tomaram alguma liberdade criativa na história que chegou aos ecrãs. Descobre onde é que houve diferenças nesta primeira temporada.

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[NOTA: Vais encontrar spoilers daqui em diante caso não tenhas visto a série]

UM VISERYS MAIS COMPLEXO

Paddy Considine
Paddy Considine deu mais profundidade à personagem de Viserys © HBO Max

Em “Fire & Blood” o rei Viserys Targaryen, o Primeiro do Seu Nome, é visto como um rei que apenas ocupa o trono. Com pouco charme, de pulso pouco firme e sem propriamente interesse enquanto Rei, Viserys revelava-se uma personagem fraca. Era, na verdade, apenas o mote para dar início às circunstâncias que levaram à Dança dos Dragões. Mas no ecrã, pelas mãos de Paddy Considine, o Rei Viserys que conhecemos em “House of the Dragon” é na verdade um homem muito mais complexo. Ainda que visto como um rei medíocre, vimo-lo de certo modo mais atraente, e mais em conflito consigo mesmo pelas suas decisões que mostram como é na verdade um homem disfuncional. A sua falta de noção que está a ser manipulado por Otto Hightower ou a sua decisão em sacrificar a primeira mulher, Aemma, na esperança de ter um herdeiro rapaz são exemplos disso.

E, neste caso em particular, se os fãs não gostaram temos só a dizer que ao que parece George R.R. Martin ficou fã deste retrato. Para o autor revelou-se uma alteração que enriqueceu ainda mais a série.


O PUNHAL CATSPAW

Viserys e Rhaenyra
Viserys e Rhaenyra © HBO Max

Em “Game of Thrones” foi apresentado logo na primeira temporada. Foi usado para tentar assassinar Bran, ajudou a começar a Guerra dos Cinco Reis, e era posse de Littlefinger. No final acabou por ser a arma para derrotar o Night King, pelas mãos e astúcia de Arya Stark.

Mas, em “House of the Dragon” há toda uma nova história por detrás desta famosa arma. Na série levaram a sua origem até aos tempos de Aegon, o Conquistador e revelou-se que a profecia do Príncipe Que Era Prometido estava de facto inscrita na lâmina de Catspaw. Aliás, essa gravação foi o que tinha levado os Targaryen a ir para Westeros em primeiro lugar.


A EXPLICAÇÃO DE UM TRIÂNGULO AMOROSO

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Rhaenyra teve um caso amoroso com Ser Criston Cole © HBO Max

Nos primeiros episódios da série é claro que existe um triângulo amoroso – Daemon Targaryen, Rhaenyra Targaryen e Ser Criston Cole. No decorrer dos episódios, os fãs não ficam com qualquer dúvida: Daemon tentou seduzir a sobrinha, Rhaenyra, mas quando se arrependeu esta aproveitou a proximidade com Ser Criston Cole, que se revelou perdidamente apaixonado por ela. Quando ela recusa algo mais por ser mais leal ao Trono, Ser Criston Cole revela-se um homem amargo e mesquinho. Já Daemon, fica sempre presente na memória de Rhaenyra, levando a que no futuro se juntem novamente.

E, apesar de toda esta história ter sido bem explicada na série, ainda que com um salto temporal pelo meio que levou Criston a jurar lealdade a Alicent, a verdade é que no livro não passa de um rumor.


A RAÇA DOS VELARYON

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Rhaenyra Targaryen e Laenor Velaryon © HBO Max

Foi um dos grandes pontos de crítica dos fãs, e ainda antes da série ter ido para o ar. Ainda que George R.R. Martin se tenha revelado a favor do casting feito pela HBO, os fãs não perdoaram que os Velaryons fossem uma família de cor, afirmando que deviam ser como os Targaryen, incluindo os cabelos brancos.

No entanto, a produção avançou com a ideia desde o início e de certo modo ajudou a realçar um dos grandes pontos da história: a política de Westeros era muito influenciada pelas ideias enraizadas de sangue e descendência. Tanto que o facto de Laenor Velaryon ser birracial apenas veio adensar uma storyline que no livro era vista apenas como uma sugestão: os filhos de Rhaenyra com Laenor eram na verdade filhos de Harwin Strong. Na série, esta história ficou mais marcada pelo próprio casting ao mostrarem os filhos de Rhaenyra de pele clara e cabelos bem escuros.


A AUSÊNCIA DE LAENA VELARYON

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Laena Velaryon teve uma passagem relativamente low profile na 1ª temporada © HBO Max

Ela apareceu por breves momentos na série, mas além da sua morte memorável pelo seu próprio dragão, e por ter sido a que se casou com Daemon Targaryen, de pouco mais as audiências se irão lembrar. No entanto, no livro, o seu papel é muito mais revelante e ajuda a definir ainda mais a personagem de Rhaenyra. Ao longo dos 20 anos que são descritos na primeira temporada, as duas tornam-se na verdade grandes amigas, e uma amizade que se estende para as relações familiares e o impacto também em Laenor, irmão de Laena e marido de Rhaenyra. Com esta aparição mínima na série, a ausência da presença de Laena deixou no ar oportunidades de dar uma outra caraterização a Rhaenyra mas também de compreender a relação dela com o irmão (e consequentemente o porquê do irmão ter preferido fugir após a sua morte ao invés de fazer o luto junto da família).


INEXPLICÁVEL AUSÊNCIA DE DAERON TARGARYEN

House of the Dragon
Dos quatro filhos de Alicent e Viserys, apenas 3 apareceram na 1ª temporada © HBO Max

Nos livros são quatro os descendentes de Alicent e Viserys: Aegon, Helaena, Aemond e Daeron. Na série, no entanto, apenas são vistos os três primeiros – apesar de nos créditos iniciais aparecerem 4 linhas descendentes de Alicent e Viserys. No início os fãs assumiram que a personagem tinha sido eliminada mas George R.R. Martin confirmou mais tarde em entrevista que Daeron continua a existir mas que não foi escrito no enredo por não haver tempo; para o autor, a personagem está a viver em Old Town, com os Hightowers. Apesar de ser uma prática comum, o mais difícil de perceber foi nunca ter havido uma menção a esta existência pelo que será interessante ver como irão introduzir a personagem nas futuras temporadas.


A PERSONAGEM DE SER CRISTON COLE

Fabien Frankel
Ser Creston Cole foi a personagem mais difícil de “engolir” em toda a temporada © HBO Max

O maior problema com esta personagem foi a a aparentemente inabilidade de envelhecer mas esse não é o único fator que colocou algumas interrogações ao seu desenvolvimento na série. Uma delas é as circunstâncias em torno das suas ações mais mediáticas e reprováveis. Se passarmos à frente a parte em que mata alguém do Conselho (em pleno Conselho), temos logo a primeira morte causada por ele, de Joffrey Lonmouth. No livro a morte de Joffrey, às mãos de Criston, foi um aparente acidente durante o Torneio a celebrar o casamento de Rhaenyra e Laenor. Mas, acidente ou não, uma morte neste âmbito teria um impacto diferente do que o que fizeram na série: uma morte de pancada até à morte em pleno jantar de ensaio. Com uma ação tão violenta Criston nunca teria permissão para continuar a fazer parte da Guarda Real depois de manchar os White Cloaks daquele modo. Se Harwin Strong foi retirado da Patrulha da Cidade por ter dado um murro na boca a Criston, então este também há muito deveria ter deixado o seu posto.


O DESTAQUE A LARYS STRONG

Matthew Needham
Larys Strong teve um destaque na série que nunca teve no livro © HBO Max

Para os fãs de “Game of Thrones” desde cedo pareceu o ‘antecessor’ de Littlefinger ou Varys mas nos livros é na verdade uma personagem que aparece muito ocasionalmente. Contrariamente, ao longo da série, foi-lhe dado maior destaque e foi mostrado quão nefasta a sua influência se pode tornar no âmbito da Dança dos Dragões. Com malícia e astúcia, torna-se o mestre dos sussurros da Rainha Alicent, de algum modo mantém-na refém de uma troca de favores sexuais, e mostra-se perito em conseguir chegar ao que quer. Em relação ao que é apresentado no livro, a forma como é retratado confere uma fascinante dinâmica à sua relação com a rainha que os fãs não conheciam.


AEGON E AS PROFECIAS

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Aegon Targaryen e Alicent Hightower © HBO Max

No livro Alicent é uma mulher ambiciosa e capaz de grandes esquemas, e que anseia ver o seu filho no trono, usando por isso a morte de Viserys e a ausência de Rhaenyra para usurpar o trono. Na série, no entanto, a cena é alterada, dando foco a uma má interpretação de Alicent das palavras do marido no leito da morte. Com alusão ao nome de Aegon, mas sabendo os fãs que as palavras dizem respeito a Aegon, o Conquistador, as palavras ditam o rumo das ações de Alicent mas é uma mudança que não convence os fãs do livro.


O GRANDE MOMENTO COM UM DRAGÃO

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Eve Best interpreta Rhaenys Targaryen © HBO Max

No penúltimo episódio da temporada, esta foi ‘A’ cena e, na temporada total, foi talvez um dos momentos mais marcantes. Rhaenys Targaryen, a Rainha Que Nunca Foi, foi quem se destacou no episódio da coroação de Aegon. Sabendo o que se estava a passar, da traição dos Hightower, Rhaenys procurou fugir com Meleys, a sua dragão. Em plena coroação, com o povo dentro do espaço fechado, Rhaenys emergiu do fosso de dragões com Meleys, criando o caos e lançado o pesadelo sobre os “Verdes” (Hightowers). Mantendo-se firme, e sabendo que nada de bom adviria se iniciasse algum tipo de guerra, Rhaenys deixou apenas que Meleys assombrasse Alicent e os seus filhos, não entoando o esperado Dracarys, que acabaria com tudo de uma vez. Este momento nunca foi retratado no livro de George R.R. Martin.

Leste “Fire & Blood”? Houve mais alguma alteração feita em “House of the Dragon” que te tenha saltado à vista?

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One thought on “House of the Dragon | As diferenças do livro e da série

  • A história da Alicent foi apresentada duma forma a dar uma ideia muito melhor dela do que realmente é no livro…. há pormenores criados quase como para justificar as atitudes dela…. No livro ela é má, na série parece muito pior pessoa a Rahenyra….

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