Isto Acaba Aqui, a Crítica | Blake Lively explora violência doméstica na adaptação de Colleen Hoover
Blake Lively, produtora e protagonista, é a alma, coração e tripas de “Isto Acaba Aqui”, filme com realização por Justin Baldoni. Será que é a sua entrega é suficiente?
Há muito (mas muito) que se falava da antecipada adaptação da obra literária “It Ends With Us”, ou em português, “Isto Acaba Aqui“. A partir do romance de Colleen Hoover, um dos maiores bestsellers do século XXI, apresenta-se a história de Lily Blossom Bloom, uma jovem que não obstante a apatetada aliteração do seu nome, teve uma vida muito complicada.
A narrativa, no livro e no filme assinado por Justin Baldoni (“Jane the Virgin”), explora a natureza do trauma, a sua componente de quase hereditariedade como comportamento aprendido e a importância de quebrar estes padrões de abuso. “Isto Acaba Aqui” é uma história mesmo muito polémica, pois há quem considere que acabe por atribuir um certo glamour à temática muito séria que aborda: a da violência doméstica.
Deste lado, não acreditamos em afirmações tão dramáticas quanto essas. Aliás, a própria autora do livro, Hoover, referiu como “It Ends With Us” se inspira na sua vida familiar e na sua mãe. Todavia, o tratamento estilístico da história pode não chegar a tanto, mas antes sem dúvida desvalorizar a importância ou o peso dos temas centrais.
A violência, trauma e agressão podem não ser tidos como irrelevantes, mas a verdade é que “Isto Acaba Aqui” não se rege pelos códigos de um drama ‘pesadão’, nem tão pouco. É muito pouco sério e chega mesmo a roçar o infantil e simplista.
Aliás, tem mais em comum com a comédia romântica que com o drama familiar. E não será esse um problema numa história cujo elemento central é dizer “não” e repudiar a violência entre casais tão prevalecente?
Comédia romântica vs. drama sério: eis a questão
É esta a sina de “It Ends With Us”. Os homens são atraentes, há muitos músculos, Blake Lively é uma visão e até Jenny Slate (criadora do deslumbrante “Marcel the Shell With Shoes On”) dá os ares da sua graça como a melhor amiga peculiar, excêntrica e bem vestida, personagem tipo que costuma povoar a comédia romântica.
Não falta nada: há lutas em restaurantes, o que faz sentir mergulhados no “Diário de Bridget Jones” e, sem dúvida, a luta para conquistar a rapariga parece bem mais importante que o seu ponto de vista e jornada pessoal.
It Ends With Us: Um Problema de Estilo
Enfim, “It Ends With Us” tem (mesmo) um ligeiro problema de estilo. Todavia, até os seus problemas de argumento ou mesmo de montagem (são muitos os pecados por aí!), são apenas virtudes para o fã mais atento.
Embora esta redatora não tenha lido a obra literária, é evidente que esta é uma adaptação fiel. Há constantes analepses sente-se a narração em primeira pessoa a tentar jorrar por todo o lado e Lily até diz que é uma “narradora não fiável” a certa altura, um termo bem mais literário que fílmico.
Quanto a essa tal montagem, é difícil perdoar os momentos em que oscilamos entre presente e passado. Há tantos fades que parece que estamos a ver um filme de há 20 anos atrás. Baldoni usa e abusa (e abusa, upa) da câmara lenta e muitas vezes a analepse mostra-nos, sem tirar nem pôr, o que se passa na mente da protagonista. Não precisaríamos, porque Blake Lively é uma excelente atriz e porque o material realmente não é assim tão complicado…
Recapitular o enredo: com produção e a estrela central Blake Lively
A jovem empresária Lily Bloom (Blake Lively, ” Um Pequeno Favor” ) supera uma infância muito traumática e começa nova vida em Boston, onde abre uma peculiar e belíssima florista.
Tudo parece dentro do esperado, até conhecer o encantador neurocirurgião Ryle Kincaid (Justin Baldoni, também realizador da obra), com quem começa uma intensa relação. Pouco a pouco, a sua paixão começa a aproximar-se dos problemas enfrentados no casamento dos pais de Lily.
Um dia, a primeira paixão de Lily, Atlas Corrigan (Brandon Sklenar), reaparece, confortando a protagonista com escolhas difíceis e inevitáveis. Este é o primeiro filme de Hoover adaptado ao cinema, mas sendo “Isto Acaba Aqui” uma saga de sucesso, não será de certo o último
Trailer | Isto Acaba Aqui já nos cinemas portugueses
Em Portugal, a Big Picture distribuiu “Isto Acaba Aqui”. Já viste o filme, agora nas salas de norte a sul e com Blake Lively como protagonista?
Isto Acaba Aqui, a Crítica
Movie title: Isto Acaba Aqui,
Movie description: O primeiro romance de Colleen Hoover adaptado para o cinema, conta a história envolvente de Lily Bloom (Blake Lively), uma mulher que supera uma infância traumática para embarcar numa nova vida em Boston e perseguir o sonho de abrir o seu próprio negócio. Um encontro casual com o charmoso neurocirurgião Ryle Kincaid (Justin Baldoni), desperta uma ligação intensa, mas à medida que os dois se apaixonam profundamente, Lily começa a ver partes de Ryle que a lembram do relacionamento dos seus pais. Quando o primeiro amor de Lily, Atlas Corrigan (Brandon Sklenar), reaparece na sua vida, o seu relacionamento com Ryle é abalado e Lily percebe que precisa aprender a confiar na sua própria força para fazer uma escolha impossível para o futuro.
Date published: 16 de August de 2024
Country: EUA
Duration: 131 minutos
Author: Christy Hall
Director(s): Justin Baldoni
Actor(s): Blake Lively, Justin Baldoni, Brandon Sklenar
Genre: Drama, Romance
-
Maggie Silva - 55
Conclusão
“Quebramos o padrão ou é o padrão que nos quebra?”, como se lê nos materiais promocionais, não é uma boa frase para distinguir este argumento.
Em Portugal e no mundo, o femicídio é uma das maiores causas de morte entre mulheres e quiçá não mereça (mesmo!) ser tratado com a leveza de espírito presente em “This Ends With Us”.
Pros
- Blake Lively, Blake Lively, Blake Lively – que poderio de mulher, que excelente atriz. Filho após filho, Blake fica em casa, mas sabemos que, tivesse uma carreira mais prolífica, ninguém a parava. O que faz com o material original de “Isto Acaba Aqui” é prova disso mesmo;
- Música pop em abundância;
- Um trio central – Lively, Justin Baldoni e Brandon Sklenar – que certamente não deixará ninguém indiferença e que acrescenta alguma “graça aos esforços”;
- Sem dúvida, uma adaptação fiel para fãs do livro de Colleen Hoover, o que vale sempre a pena recordar.
Cons
- Como referido, um drama pesado com direito a ‘trigger warning’ recebe o tratamento de comédia romântica – da ocupação da protagonista à estrutura do enredo, completo com um triângulo romântico com dois homens bem atraentes e que frequentam (e bem!) o ginásio!
Como assim a Blake Lively é uma grande atriz? Ela é o tipo de atriz que faz sempre de si própria e que estraga qualquer projeto no qual se envolve! Neste filme em particular foi péssima como atriz de como produtora. Usou o tema da violência doméstica para promover as suas empresas de cosmética e de bebidas alcoólicas ignorando (diria mesmo usando) as vítimas de violência doméstica como auto promoção. Uma nepo baby que deveria dar lugar a quem realmente sabe ser atriz!