Junho no teatro: Lisboa
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No mês de junho ou estamos em período de exames ou então em modo pré-férias. Em qualquer das situações, os teatros continuam a ter projectos chamativos que nos levam a querer arranjar um tempo para lá passar
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Fazemos a pesquisa, lemos, vemos e falamos sobre teatro. Tudo para que possamos sair de casa sem nos perdermos no barulho publicitário feito por uma mão cheia de espectáculos (fazendo com que nos esqueçamos de outros), ou simplesmente para sairmos da nossa zona de conforto.
Estas são as nossas sugestões de entre o que podes ver no mês de junho no teatro:
JUNHO NO TEATRO|A MATANÇA RITUAL DE GORGE MASTROMAS
Tiago Guedes regressa a Dennis Kelly, o dramaturgo britânico com quem já foi feliz na descida vertiginosa aos infernos da complexidade humana. Depois de Órfãos, o realizador e encenador aborda agora A Matança Ritual de Gorge Mastromas, texto de 2013 sobre a banalidade do mal na pessoa do homem que a peça de Kelly escrutina em retrospetiva: “A existência não é aquilo que até este momento pensaste que era. Não é honesta, não é gentil, não é justa. A maior parte do mundo não faz ideia disso, acreditam em Deus, ou no paizinho ou em Marx ou na mão invisível do mercado ou em honestidade ou bondade. Atravessam a vida, de olhos fechados, a levar porrada e ser lixados. Ele é assim. Tu és assim. Mas uma ínfima parte de nós, chamemo-nos a resistência, sabemos a verdadeira natureza da vida. É-nos dado o mundo. Somos poderosos e ricos e temos tudo, porque faremos tudo o que for preciso.”
Até dia 28 de junho no Teatro Nacional Dona Maria II, quarta e sábado às 19h, quinta e sexta às 21h e domingo às 16h. Os bilhetes irão de 9€ a 16€.
JUNHO NO TEATRO|HISTÓRIAS DE LX
O Teatro Meridional cria um espetáculo sobre Lisboa, num trabalho teatral essencialmente físico sublinhando contrastes e estereótipos inspirado na Banda Desenhada e na sua lógica de síntese. Lisboa com as suas gentes, feita de muitas gentes, mais os turistas que chegam. A Lisboa e os seus contrastes, de bairros populares e festas populares, mais a classe média, os doutorados, os apressados, os deprimidos, os artistas, os pretos, os chineses, os paquistaneses, mais os ingleses que estão por aí a vir. A Lisboa com jovens e com cada vez mais velhos. A velocidade, a diversidade, a multiplicidade. Os skates e as bengalas. As start-up, os gadgets, o café do bairro, as multinacionais e as lojas centenárias. A vida dentro e fora de casa. Ontem, hoje e o projeto do futuro.
A mais recente coprodução entre o Teatro Meridional e o S. Luiz estreará dia 5 de junho e nos palcos ficará até dia 16. Quarta a sábado às 21h e domingo às 17h30 com bilhetes dos 12€ aos 15€.
JUNHO NO TEATRO|HISTÓRIA ILUSTRADA DO TEATRO PORTUGUÊS
História Ilustrada do Teatro Português é: um docudrama tragicómico sobre uma pressuposta História do Teatro em Portugal e em língua portuguesa; uma espécie de compêndio, apoiado em alguns dramaturgos e encenadores que foram traçando um percurso na evolução do teatro em Portugal; e, sobretudo, uma aula ou conferência bem montada, com alguns erros históricos, cheia de bombons estratégicos para entreter e, quem sabe, instruir os seus alunos-espectadores.História Ilustrada do Teatro Português não é: um ato académico; um lugar didático; um lugar seguro.História Ilustrada do Teatro Português é um memorial impressionista que cruza várias narrativas pessoais e intransmissíveis com o Teatro em Portugal; uma peça que dignifica, romanceia e mitifica, mas que também destrói, escarnece e superficializa aquilo que é a nossa Estória.
A Nova Companhia traz agora ao TNDMII, com direcção de Martim Pedroso, “História Ilustrada do Teatro Português“. De 6 a 23 de junho, quartas e sábados às 19h30, quintas e sextas às 21h30 e domingos às 16h30. Os bilhetes terão um custo de 11€.
JUNHO NO TEATRO|NÃO ESTAVA À ESPERA DE MORRER
A relação das figuras deste tríptico com a monstruosa influência dos poderes vigentes é filosófica, quase patológica, e decidida a ignorar o atavismo obediente da sociedade contemporânea – são, afirmativamente, também elas um resultado desta consciência. A espiritualidade e o confronto interior – essa procura – são a resposta à opressão. Estas figuras concretizam de uma forma simbólica o desejo de uma Humanidade que se edifica no poder da liberdade e do conhecimento; mostram-nos que a vida é uma estrada larga e ilimitada, onde o nosso amor por ela é posto à prova.
Um texto e encenação de Tiago Mateus no Centro de Artes de Lisboa; de 12 até 23 de junho, quartas a sábados às 21h30 e domingos às 17h com bilhetes a 8€.
JUNHO NO TEATRO|A EMANCIPAÇÃO DO SER SEM BRAÇOS
“Júlia sai com um passo firme”. Esta é a didascália que August Strindberg escreve no final de Menina Júlia. Desde a estreia da peça, há 130 anos, em março de 1889, que atores de todo o mundo obedecem à ordem do autor e nos sugerem o suicídio de Júlia como o único desfecho possível desta história. Imaginar outro fim possível para estas personagens obriga-nos a mostrar em cena o que acontece depois da didascália de Strindberg. Obriga-nos a imaginar o futuro que não quis prometer às suas personagens. Em “Um outro fim para a Menina Júlia”, vemos Júlia, João e Cristina, que o mundo já viu tantas vezes, para depois os reencontrarmos 30 anos mais tarde, treinados pela vida a encontrar a felicidade nas pequenas coisas. Neste “antes e depois”, tentamos inventar uma alternativa e imaginar que o passo firme de Júlia pode ser o início da lenta e laboriosa caminhada da vida.
A peça escrita por Ana Lopes e encenada em parceria com Laura Morais da Silva volta às caves do Liceu Camões de 4 a 16 de junho, às 21h30 com bilhetes a 10€.
JUNHO NO TEATRO| GERTRUDE STEIN E A ACOMPANHANTE
Fernanda Lapa encena a peça de Win Wells que foi buscar o título a Ernest Hemingway: Gertrude Stein and a Companion. Em cena, um diálogo improvável entre a escritora e poetisa americana Gertrude Stein, já falecida, e a sua companheira de 25 anos de vida, Alice B. Toklas, que a convoca para dar opiniões sobre os seus assuntos preferidos: ela própria, a literatura, a pintura, as artes. As duas personagens interpretam, várias vezes, outras personagens que com elas conviveram, como o irmão de Gertrude, Picasso e a sua mulher Mabel Dodge, entre outras. A peça recua e avança desde o primeiro encontro entre ambas até às suas mortes. Mais do que uma peça gay, como tem sido considerada, é um espetáculo sobre uma relação amorosa que nos apresenta personagens marcantes da cultura mundial.
A Escola de mulheres apresenta de 19 a 30 de junho no Teatro Municipal São Luiz “Gertrude Stein e a Acompanhante”. Quartas a sábados às 21h e domingos às 17h30 com bilhetes a 12€.
JUNHO NO TEATRO|PASSOS EM VOLTA
A partir da obra Passos em Volta de Herberto Hélder pretendemos pensar a história de um poeta e de um país que faz parte de um continente em extinção: a Europa tal como a conhecemos. É também um espetáculo sobre o teatro aqueles que dedicam a sua vida à poesia feita através dos seus corpos. Partindo do conjunto de textos agrupados na obra homónima do autor, iremos incluir no trabalho criativo, um conjunto de outros poemas e excertos biográficos do poeta.
De 19 a 30 de junho, de quarta a domingo às 22h, no Teatro Ibérico pela companhia João Garcia Miguel.
Alguma destas sugestões te fará ir aos teatros durante o mês de maio?
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