Moon Knight, primeira temporada em análise
“Moon Knight” entra no mundo da MCU em formato série e como uma novidade para muitos fãs. Será Oscar Isaac suficiente para introduzir a nova personagem?
[Aqui não há spoilers da série, centrando-nos numa análise à forma como a série foi construída e enquadrada no universo MCU]
Entrando no fantástico mundo da mitologia egípcia, “Moon Knight” apresenta-nos um herói que remete para a história da Humanidade e para as divindades em tempos idolatradas pelo homem. Moon Knight, ou Cavaleiro da Lua, é a personificação do deus egípcio da Lua, Khonshu, uma identidade que tem um aspecto um tanto assombroso por ter um esqueleto de pássaro como cabeça (e flutuante).
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Criada por Jeremy Slater e realizada por Mohamed Diab, Justin Benson e Aaron Morehead, “Moon Knight” é a primeira série da parceria Marvel Studios/Disney+ a introduzir uma personagem totalmente nova, sem qualquer tipo de background de outros projectos. Conquistou mas soube a pouco pelo reduzido número de episódios, merecendo maior desenvolvimento até da história dos deuses egípcios.
Em “Moon Knight” a figura central não é a entidade de herói mas a pessoa que está por detrás, o ser humano. Destacando-se de outros projectos da MCU, a série opta por dar uma outra importância ao crescimento do protagonista da história, levando a que as audiências queiram saber mais sobre o seu passado, e só depois como é que se tornou na entidade de Moon Knight.
A primeira personagem que conhecemos é Steven Grant, interpretado pelo talentoso Oscar Isaac. Um homem de inseguranças, fechado no seu próprio mundo, ele é apenas a porta de entrada para o mundo dos deus e de Marc Spector, um alter ego. Logo aqui, há todo um novo trabalho por parte da Marvel ao apresentar-nos um vigilante herói que esconde um transtorno de identidade dissociativa, levando-nos a questionar toda a série. Será tudo uma invenção de uma das personalidades? Quem é real e quem é produto de imaginação?
E por aí reside parte da mística da série. Explorar uma personagem com problemas mentais, e cujas situações de super-heróis são o alimento das suas fantasias para escapar à realidade, é das ideias mais brilhantes que a MCU trouxe ao ecrã para se distanciar do que já fez até agora. Certo que “Loki” e “Hawkeye” conseguiram também focar-se nos heróis através de um outro olhar, mas nunca ao nível que os argumentistas foram aqui em “Moon Knight”. A forma como exploram estas duas personalidades do protagonista levam a que haja uma maior ligação à medida que se desvenda um pouco mais sobre o seu passado.
Mas, apesar desta inovação, é certo que a série também tem as suas falhas. Para nós, talvez o modo apressado com que apresentaram o antagonista, interpretado por Ethan Hawke, ou como introduziram as personagens secundárias, como Layla El-Faouly, interpretada por May Calamawy, seja uma delas. De notar que até aqui os fãs das bandas desenhadas sentirão alguma confusão. Layla, por exemplo, é uma personagem original para a série, e e apesar de algum background, fica no ar como será desenvolvida no futuro.
Este novelo de apresentações mal feitas é no entanto camuflado em parte pela forma como a série é escrita. Afinal de contas, a narrativa consegue puxar a nossa atenção para um mundo de ligações dentro da própria série, e não do universo MCU. Somos compelidos a procurar pistas ao longo dos episódios, motivados a encontrar algo que nos explique o que se está a passar. Até porque, convenhamos, até ao grande plot twist da temporada (que não revelaremos para evitar spoilers), estamos num mundo em que não sabemos bem o que é real. E aí está o que mais gostamos em “Moon Knight”. A história não se esgota nos episódios, e parece haver sempre muito mais para explorar.
O seu problema, mais do que se é ou não fiel à história da banda desenhada, é parecer uma história incompleta porque falta a origem. Já somos apresentados a meio da história de Marc Spector e Steven Grant e os pequenos vislumbres do passado não são suficientes para enquadrarmos a personagem neste universo – é inclusive a primeira série que não tem qualquer alusão à timeline da MCU, não sendo possível sabermos em que fase se enquadra. Não obstante, é um trabalho de cinematografia impressionante, onde o visual e os trabalhos de reflexo se destacaram imensamente ao longo dos episódios.
Se é das melhores séries Marvel Studios/Disney+? Não. Se é uma boa forma de se apresentar uma nova personagem de um universo gigante? Sim. “Moon Knight” nunca se propôs a ser a melhor série da MCU até ao momento mas mantém-se como uma história interessante. Precisa no entanto de muitos mais episódios para enquadrar a personagem, a história e o seu lugar na MCU.
O isco para a segunda temporada ficou lançado, e deste lado já temos umas quantas questões do que aí poderá vir. Quanto a Oscar Isaac, prevemos uma dose tripla de talento com a apresentação final do alter ego Jake Lockley e mal podemos esperar.
Name: Moon Knight
Description: A série acompanha Steven Grant, o simpático funcionário de uma loja de recordações, que vive atormentado por blackouts e memórias de outra vida. Steven descobre que tem Transtorno Dissociativo de Identidade e partilha o corpo com o mercenário Marc Spector. À medida que os inimigos de Steven/Marc vão surgindo, estes têm de navegar através das suas complexas identidades, ao mesmo tempo que se vêm envolvidos num mistério mortal entre os poderosos deuses do Egito.
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Marta Kong Nunes - 77
CONCLUSÃO
“Moon Knight” é talvez a primeira série da MCU que mais se distancia em termos de ligações, mas nem por isso deixa de ser interessante. O facto de apresentar uma personagem totalmente nova e nos levar para um novo grupo de heróis e deuses é entusiasmante. Isso, aliado ao talento de Oscar Isaac em interpretar uma personagem tão complexa, faz com que “Moon Knight” seja uma surpresa dentro do universo das séries.
Pros
- Oscar Isaac. Esquecendo a sua participação anterior na Marvel, em X-Men, Isaac é simplesmente divinal enquanto Marc Spector/Steven Grant em “Moon Knight”;
- A história apostou mais em desenvolvimento de personagens do que em batalhas e sequências de acção, ou momentos de CGI;
- A dualidade entre a realidade e o imaginário, levando a que esta história Marvel seja a primeira onde existe um maior foco na personagem humana e menos no super-herói (se bem que neste caso ele próprio já é diferente).
Cons
- Uma temporada demasiado curta para a primeira apresentação da personagem ao universo MCU;
- Episódio final ficou aquém, parecendo quase um ‘rematar’ de pontas soltas mas cujas respostas não satisfazeram e precisavam de mais;
- Uma timeline por vezes confusa e difícil de acompanhar – pelo menos até ao momento de plot twist da temporada.