“Não há razão para ir ao cinema” Netflix deseja salvar Hollywood
Ted Sarandos, co-CEO da Netflix, declarou que: a plataforma está a “salvar Hollywood”. No entanto, muitos não concordam com essa visão otimista. Durante a cimeira TIME100, realizada em Nova Iorque, Sarandos afirmou que a Netflix lidera uma transformação inevitável da indústria do entretenimento. Mas será que é mesmo assim?
Antes de mais, importa perceber o que motivou tal afirmação. Sarandos apontou para a queda dramática nas bilheteiras dos cinemas tradicionais. Para ele, a ideia de sair de casa para ver um filme tornou-se “ultrapassada” e acredita que para a maioria das pessoas também.
Como disse numa entrevista para a TIME: “O que o consumidor está a tentar dizer-nos? Que gostaria de ver filmes em casa, obrigado.” Continuou: “Os estúdios e os cinemas estão a lutar para tentar preservar essa janela de 45 dias, que está completamente fora de sintonia com a experiência do consumidor de simplesmente gostar de um filme.”
O Fim do Cinema? Netflix pode ser uma das causas
De facto, é sabido que as salas de cinema nunca recuperaram totalmente após a pandemia. Por isso, segundo Ted Sarandos, o streaming preenche essa lacuna e adapta-se às novas preferências do público.
Além disso, o executivo realçou que a Netflix aposta em oferecer “mais escolhas para mais pessoas, em todo o mundo”. Filmes, séries, documentários, reality shows: há para todos os gostos e em todos os formatos.
Apesar do sucesso da Netflix em termos de audiência, muitos questionam a qualidade das suas produções. Um exemplo é “The Electric State”, a produção mais cara da plataforma, com um orçamento de 320 milhões de dólares, que obteve apenas 15% de aprovação no Rotten Tomatoes, site de referência para críticas de cinema. Estas críticas levantam dúvidas sobre a afirmação de Sarandos de que a Netflix está a salvar Hollywood.
Consequentemente, surgem dúvidas legítimas, será que apostar apenas na quantidade compromete a qualidade? Está a Netflix realmente a salvar Hollywood ou apenas a banalizar a produção cinematográfica?
Entretanto, não se pode negar que o consumo de entretenimento mudou radicalmente. O streaming permite ver filmes a qualquer hora, em qualquer dispositivo, em qualquer lugar. Por isso, a Netflix consolidou-se como um dos gigantes do setor, ao lado da Disney+, Prime Video e Max. O público mudou os seus hábitos, e as plataformas responderam à altura.
Ainda assim, muitos profissionais do cinema, realizadores, argumentistas, atores, continuam a apelar para que as pessoas não se esqueçam do cinema.
Apesar disso, a Netflix transformou para sempre a forma como consumimos cinema e televisão. Ted Sarandos acredita que esta revolução salvará Hollywood de uma morte lenta. Contudo, muitos veem-na como uma faca de dois bicos, oferece mais acessibilidade, mas também ameaça a riqueza artística tradicional e alimenta a produção rápida.
Assim, o futuro do cinema dependerá do equilíbrio entre inovação tecnológica e compromisso com a excelência criativa. Hollywood está a mudar, e Ted Sarandos diz que a Netflix está no centro dessa mudança. Se será uma salvação ou um desastre, apenas o tempo dirá.