Nikita All Seasons Part I | Em Análise
“Os Monstros Existem. Eles Vivem Dentro De Nós…E Às Vezes, Eles Ganham.“
Stephen King
Querem saber um segredo? Existia um monstro sedutor no armário, mas ele despiu-se de preconceitos e fugiu para um “roupeiro” ainda maior. Nikita (Maggie Q) é o tal “animal” a monte, com um imensurável alvo grafitado nas costas, e um espaçoso loft novaiorquino para esticar as pernas de vez enquando. O problema é que, não existe tempo para amansar a respiração, sem deixar de sentir as palpitações crescentes da Caixa Negra do inimigo. E uma vez na posse dos podres mais apodrecidos da Divisão, Michael (Shane West) vai acrescentar a “Niki” mais uma bala dissidente na desmantelação da poderosa agência do governo.
Com Percy (Xander Berkeley), enclausurado nos calabouços da sua organização fantasma, é Amanda (Melinda Clarke) quem assume as rédeas do teatro de operações clandestinas. Claro que, uma unidade inexistente no papel e com recursos ilimitados, não poderá andar na vadiagem sem a supervisão da “Oversight” – um grupo de elitistas políticos com livre trânsito nos círculos restritos da alta sociedade. Para o efeito, Sean (Dillon Casey) será os olhos e ouvidos das altíssimas patentes que financiam a Divisão, atentos a cada passo em falso na cadeira do poder.
Mas antes de Nikita atear fogo ao covil da Hidra que lhe deu guarida, é necessário esquartejar umas quantas cabeças negras até desferir o golpe fatal. E como qualquer persona, que entra em disputa direta pela supremacia do seu ego, os jogos psicológicos serão uma constante, testando a solidez das alianças no tabuleiro dos jogadores profissionais. Nikita, não se resume à fórmula Rambo do gatilho sensível, sem antes incitar profundamente a efervescência das emoções de cada interveniente subjetivo. No fundo, é como jogar “Pac-Man” no modo caótico e “Monopólio” no modo divino. E para Percy, será mesmo esse o passatempo de eleição, enquanto o seu dedo mindinho puxa os cordelinhos invisíveis desde o interior da sua cela cúbica.
Em “Knightfall“, Amanda tenta recrutar Alex (Lyndsy Fonseca), na tentativa de distituir Nikita da sua parceira de guerra, enquanto em “London Calling“, basta uma chamada de Percy para alienar a cadeia de comando. É nesta linha ténue de motivações pessoais, que as personagens de Nikita atingem todo o esplendor das suas personalidades camaleónicas: a malvadez daquele olhar doentio de Xander Berkeley, sempre com um sorriso cínico de “Poker Face”; ou o ar psicótico de Melinda Clarke, cada vez que recorre aos seus métodos extremistas de manipulação mental. De facto, a dupla de vilões principais não poderia ser mais competente e agressiva, proporcionando um banquete de atrocidades dignas de um grande aplauso.
Mas não se pense que Nikita seja de aço e ferro, sem a mínima demonstração de fraqueza. Aliás, o pináculo dramático da série, vai descobrir a sua sustentação na vulnerabilidade psicológica de Nikita: no sangue, suor e lágrimas derramado no reencontro com os demónios do passado. Até mesmo quando força o atrevimento de pensar em carregar sozinha o mundo debaixo dos braços, é a sua equipa voluntariosa que acarreta com o peso das suas decisões impulsivas. Em “Clawback“, o analista Ryan Fletcher (Noah Bean), vai agarrar com unhas e cabeça o trilho dos fundos ocultos da “Oversight”, munindo Nikita com a informação vital na delimitação de uma estratégia mais cerebral. No entanto, nem tudo são palmadinhas nas costas para Nikita, sobretudo quando os seus parceiros de crime são encurralados no beco das suas angústias pessoais, obrigando “Niki” a lutar pela sua permanência no lado certo da justiça.
Contudo, é esta duplicidade de facetas que faz de Nikita uma heroína imortal, em paridade com a atriz que lhe dá corpo e alma (Maggie Q). É o papel da sua vida, com toda a pujança e intensidade que uma personagem como Nikita deve exigir para si própria. E ao falar da protagonista, estamos apenas a tocar na ponta mais ingreme do icebergue, uma vez que o calibre das representações individuais tem força para se destacar isoladamente. Em “Sanctuary“, vamos assistir a uma tentativa de motim por parte de Percy, enquanto Sean enfrenta Nikita e Michael para proteger a sua mãe. A tensão atinge os píncaros em “Clean Sweep” com a fuga anunciada de Percy, que faz refém todo o comité de notáveis da “Oversight”. Nikita, é este puzzle mental de causas aleatórias e consequências inesperadas, que aprisionam o espetador ao ecrã.
E com tanto malfeitor e gente repleta de valentia, quase nos esquecíamos do “Nerd”. Em “Shadow Walker“, vamos conhecer o pedaço mais querido do coração decimal de Birkhoff (Aaron Stanford), o eterno hacker informático que afinal tem um “fraquinho” por Nikita. Ele será um dos elementos mais cómicos de toda a temporada, sem lhe retirarmos mérito pela quota parte de bravura e genialidade ao serviço da “Team Niki”. A “second season” termina em destruição maciça, com Percy a roubar um satélite nuclear em “Crossbow“, e Nikita a tomar de assalto a Divisão em “Homecoming“.
P.S – To be continued…
MS
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