One Piece sofre mudanças para a segunda temporada na Netflix
No vasto oceano das adaptações no streaming, uma tempestade surge nos bastidores da segunda temporada de “One Piece”
A arte de transformar anime em live-action é um desafio tão perigoso como navegar pelo Grand Line. Desde o seu lançamento em 2023, a adaptação de “One Piece” da Netflix conquistou fãs e críticos, provando que até os projetos mais céticos podem surpreender. Mas, como qualquer viagem épica, nem tudo são ilhas tropicais e mapas do tesouro.
Matt Owens abandona o leme de One Piece
A surpresa chegou via Instagram. Matt Owens, co-showrunner de “One Piece”, anunciou a sua saída após o término das filmagens da 2.ª temporada. O motivo? Uma decisão tão corajosa quanto rara em Hollywood: priorizar a saúde mental. “Vou descer do Going Merry para fazer uma pausa, focar em mim e na minha saúde mental”, escreveu, referindo-se ao icónico navio da tripulação de Luffy. Owens, que dedicou seis anos ao projeto, agradeceu a Eiichiro Oda (criador do manga) e à equipa, prometendo regressar “revigorado” após terapia e algumas partidas em Marvel Rivals.
A Netflix respondeu numa story do Instagram, partilhando a mensagem de Owens e elogiando-o por ter traçado “um rumo para algo verdadeiramente especial”. A declaração, breve mas significativa, reflete o respeito por uma escolha que ainda é tabu na indústria. Afinal, quantos admitem sair de um projeto milionário para cuidar da mente?
O timing, contudo, deixa perguntas. A saída ocorre após a conclusão da 2.ª temporada, mas num momento crítico de pós-produção. Owens deixa o cargo após Steven Maeda, o seu parceiro na 1.ª temporada, ter passado o testemunho a Joe Tracz (“Uma Série de Desgraças“) ainda antes das filmagens. Resta saber: quem guiará o “One Piece” no futuro?
O futuro da tripulação da Netflix
Joe Tracz, agora único showrunner, herdou uma missão hercúlea: manter o equilíbrio entre fidelidade ao material original e a reinvenção necessária ao live-action. A 1.ª temporada de “One Piece” já provou que é possível — com um elenco carismático (Iñaki Godoy como Luffy é quase uma encarnação) e um orçamento que não poupou em cenários vibrantes. Mas a pressão aumenta: a 2.ª temporada trará personagens amados como Tony Tony Chopper e possíveis reviravoltas no enredo.
A saída de Owens, porém, não é um sinal de crise. Assim, a Netflix mantém a confiança na equipa, incluindo a Tomorrow Studios e a Shueisha (editora do manga). Além disso, Eiichiro Oda continua como produtor executivo, garantindo que a visão do “One Piece” original não se perca. O desafio de Tracz será manter a magia sem o duo criativo inicial — algo como pilotar o Thousand Sunny sem a Nami a ler o mapa.
Os fãs, claro, estão divididos. Uns temem mudanças de tom; outros lembram que “One Piece” sempre foi sobre resistência e recomeços. A verdade é que, na era do burnout e da pressão por conteúdo, a decisão de Owens pode abrir um precedente saudável — ainda que, para os estúdios, seja mais fácil substituir um showrunner do que enfrentar uma greve.
Acreditas que a indústria deve valorizar mais a saúde mental, mesmo que isso atrase a tua série favorita? Deixa a tua opinião nos comentários.