Operação Maré Negra T2 | Entrevista com o elenco
A Magazine.HD esteve à conversa com os atores da nova temporada de “Operação Maré Negra” e ficou a conhecer melhor a série da RTP coproduzida com a Prime Video.
Em novembro de 2019, a Península Ibérica ficou nas bocas do mundo após a polícia ter interceptado, nas águas da Galiza, um submarino que transportava três toneladas de cocaína. Não foi a primeira vez que um narcossubmarino foi apreendido, mas na Europa nunca antes tinha acontecido. A polícia capturou dois dos três traficantes que estavam a bordo da embarcação proveniente da Colômbia, após esta ter feito paragens em Cabo Verde e Lisboa. A história deu origem, em 2022, à série “Operação Maré Negra” que fez um retrato exato desta notícia. Um ano depois, a RTP, em parceria com a Prime Video, volta a apostar nesta minissérie, tendo produzido uma segunda temporada que já está em exibição.
Dois anos depois, Nando está a cumprir pena de prisão enquanto aguarda a sentença final. A sua popularidade atrás das grades não pára de aumentar, conquistando o respeito tanto dos presos comuns, como das diferentes facções do tráfico de droga que pretendem controlar a prisão. E todas desejam contar com a coragem e determinação do jovem ex-pugilista que secretamente faz negócios entre eles. Mas esta paz podre acabará por explodir após um assassinato inesperado onde todos os olhares ficam centrados em Nando. Um assassinato que o obrigará a tomar uma decisão dramática: defender-se dentro das paredes que o cercam ou fugir e tentar mudar as regras do negócio que o levou à prisão.”
Em exibição desde o dia 10 de fevereiro, a nova temporada de “Operação Maré Negra” está disponível na RTP Play e na Prime Video. A Magazine.HD esteve à conversa com Jorge Lopez, o protagonista que dá vida a Nando, com Soraia Chaves, a inspetora da judiciária que faz de tudo para pôr fim ao cartel, Pêpê Rapazote, um dos chefes do narcotráfico dentro da prisão, e João Craveiro, o braço-direito do cabecilha da rede. Durante a conversa, os atores mostraram vontade para dar continuidade a uma terceira temporada, e falaram dos desafios enfrentados durante as gravações da segunda temporada de “Operação Maré Negra”.
JORGE LOPEZ – NANDO
Já tinhas visto a primeira temporada?
Jorge Lopez: Sim, óbvio! Tive que ver para fazer esta série. Eu não conheço o Álex [González], mas acredito muito no seu trabalho e respeito-o muito. Ele protagonizou a primeira temporada e eu a segunda, e está ótimo [risos].
E gostavas que houvesse uma terceira temporada?
Jorge Lopez: Eu gostaria muito! Eu gostaria muito de fazer mais uma temporada. Nós não sabemos ainda, mas eu acredito que sim.
Como é que surgiu o convite para participares na “Operação Maré Negra”?
Jorge Lopez: Apareceu do nada [risos]. Ligaram para mim um dia e perguntaram ‘Jorge, queres fazer a personagem principal da “Operação Maré Negra”?’. E eu respondi ‘A sério? Óbvio!’ [risos]. E disse que sim, porque adoro fazer coisas diferentes, desafios complexos e entregar sempre um trabalho diferente para as pessoas. Eu não gosto de fazer a mesma coisa, não acredito nisso. Eu gosto de me pôr à prova e de estar em dificuldade porque quero crescer. Eu adoro crescer e este trabalho foi muito importante, porque eu não tinha muito trabalhado com atores portugueses. Foi muito bom trabalhar com a Soraia [Chaves] e o Pêpê [Rapazote]. Eles são muito generosos, lindos e talentosos.
E quem é que te ligou para te chamar para o elenco?
Jorge Lopez: Foi a Ficción Producciones, a produtora espanhola. Neste caso, foi a Mamen [Quintas], que é a produtora executiva, que me chamou e me propôs este projeto. Aconteceu tudo apenas duas semanas antes de começarem as filmagens [risos]. Quase não tive tempo para me preparar [risos].
Como foi gravar em Portugal?
Jorge Lopez: Eu adoro Portugal! Eu fiquei no Porto durante a gravação da série, porque nós filmámos ali, e eu adorei! Eu gosto muito da cultura portuguesa, gosto do romantismo, da arquitetura… é tudo muito interessante e muito lindo.
Como é que foste recebido em Portugal? As pessoas reconhecem-te da “Elite”?
Jorge Lopez: Sim! Reconhecem-me da “Elite” e antes eu fiz o “Soy Luna”, da Disney Channel, por isso eu fiz um concerto em Lisboa. Desde aí passaram-se seis anos, mas nunca perdi o contacto com o público. E agora na “Operação Maré Negra” eu falo português e isso deixa-me muito feliz.
Onde é que tu aprendeste a falar português?
Jorge Lopez: No Brasil. Eu morei em São Paulo quando gravei uma série para a Netflix Brasil, “Temporada de Verão“, e aí aprendi com os meus colegas. Eu achei muito difícil, não entendia nada [risos]. O brasileiro tem muita gíria! Mas há uma língua que é transversal que é a do coração. E nós conectamo-nos muito bem!
Foi mais fácil a adaptação tendo em conta a tua participação na série brasileira “Temporada de Verão”?
Jorge Lopez: Obviamente! Eu não podia fazer isto agora se não fosse essa série. É assim, eu não precisava de falar português, mas eu propus falar português, porque eu quero sempre fazer coisas diferentes.
Que projetos existem para o futuro?
Jorge Lopez: Bom, tenho quatro estreias este ano, esta é a primeira. Tenho um filme também com a Prime Video do Chile, uma série em que também sou protagonista, no México, também com a Prime Video, e uma comédia romântica dos Estados Unidos, que é também com a Prime Video [risos].
E pensas fazer mais alguma coisa em Portugal?
Jorge Lopez: Sim, eu adorava! Liguem às produtoras para que liguem para mim, porque eu quero trabalhar aqui [risos]!
Tu enquanto chileno, como vês a tua carreira na Europa e nos Estados Unidos?
Jorge Lopez: É uma coisa muito especial! Eu não dou conta ainda do que está a acontecer, mas gosto de trabalhar. Cada trabalho eu vejo e acredito como uma oportunidade e apenas me concentro em pensar nisso. Não penso no resultado, eu gosto é do processo e de trabalhar, trabalhar e trabalhar.
SORAIA CHAVES – DANI
Como é que surgiu este convite?
Soraia Chaves: Através de um convite, literalmente [risos]. Poderia ter sido um casting, mas foi um convite que foi feito através da Lightbox, a produtora portuguesa, que faz com a coprodução com a Ficción Producciones.
Apresenta-nos a tua personagem, por favor.
Soraia Chaves: A Dani é uma inspetora da Polícia Judiciária portuguesa que vai tentar desmantelar uma rede de narcotráfico. Nós conhecemos já a primeira temporada, descobrimos que estava a acontecer este tráfico e esta passagem de droga através de submarinos, que é absolutamente surreal, mas não é surreal! Parece surreal, mas é real porque é baseado em factos verídicos. Nesta segunda temporada já não estamos a basear-nos em factos verídicos, portanto há toda uma ficção muito rica a acontecer e diversificada e multicultural, cheia de ação e com personagens novos. Ela é uma mulher que entra com esse objetivo e que vai levá-lo até onde puder ir. Ela é efetivamente muito focada, muito corajosa, muito obstinada e ninguém a vai parar!
Qual é que foi a melhor coisa da série, entre gravar cá e lá?
Soraia Chaves: Foi gravar entre os dois lados, foi estar a contracenar com estes atores maravilhosos, este elenco diversificado e extremamente talentoso.
E já conhecias alguns dos autores espanhóis?
Soraia Chaves: Não, nenhum! Portanto, foi tudo uma enorme descoberta e foi fantástico. E também tenho de falar sobre a realização dos dois realizadores. Eu trabalhei mais com um deles. Isto é uma dupla de realizadores e eu amei trabalhar com eles. Têm uma qualidade a nível artístico, visual, a nível de décors, os guarda-roupas, os planos, a fotografia, etc. Achei absolutamente extraordinário o trabalho deles.
Como é que te preparaste para esta personagem?
Soraia Chaves: Eu não tive uma preparação particular por ser uma inspetora da polícia. Eu fiz uma preparação que faço sempre com todos os personagens, que é descobrir baseando no guião. Depois é tentar desenvolver qual é o mundo psicológico e o lado sempre mais humano e mais íntimo da personagem para não cair no estereótipo de o que é que é um inspector. Interessa-me saber quem é esta mulher, esta pessoa.
Gostavas de participar numa terceira temporada?
Soraia Chaves: Eu adorava! E eu espero que as pessoas todas vejam esta temporada para continuarmos a ter mais [risos]!
PÊPÊ RAPAZOTE – BOZA
Estamos perante mais uma grande produção?
Pêpê Rapazote: Sim, mais uma grande produção! Este é o resultado de uma colaboração que já vem de longa data, entre a Galiza e Portugal, entre a TV Galicia e a RTP, mas obviamente que agora associada à Prime vídeo, a coisa saiu bastante bem e bastante maior. Eu acho que é muito interessante esta história, sobretudo com atores das três nacionalidades, falado em português, galego e espanhol. Portanto, é muito interessante nesse sentido. Foi um convite muito interessante, claro, e simpático [risos] porque, de uma forma absolutamente natural, que é o narcotráfico e a chegada da cocaína à Costa Atlântica de Portugal e da Galiza, que nós sabemos que existe muitíssimo, conseguiram retratar a realidade numa série destas. Há vinte anos aconteceu o episódio do submarino, que nós vimos na primeira temporada, e que hoje em dia é um clássico… os mexicanos transportam muita da cocaína pela Costa. É passar a fronteira por fora, pelo Oceano Pacífico, para a Califórnia e, o submarino, de facto, é uma utilização clássica. Hoje em dia é um transporte público urbano [risos]. Isto foi, na altura, uma temeridade, porque atravessar o oceano é uma coisa passar do México para a Califórnia é outra, há 5.000 km de diferença. Agora, engraçado é ter que contar esta história com um grandioso elenco e com o Daniel Calparsoro, que é o autor desta coisa toda, e que é um grande realizador espanhol e ele está associado sempre a êxitos. É contar uma história absolutamente natural que ia ter portugueses, espanhóis e galegos, todos presos e associados ao narcotráfico. Passamos grande parte da série, nesta temporada, na prisão com brasileiros, colombianos e mexicanos. Isto é uma prisão galega com portugueses, espanhóis, galegos, brasileiros, colombianos e mexicanos!
Quem é o Pêpê nesta nova produção?
Pêpê Rapazote: Portanto, a minha personagem chama-se Boza, apesar de ser do Porto, – não seu se será a alcunha, nunca tirei essa a limpo, mas é um nome engraçado [risos]. É um tipo de bigodaça como se vê aí nos cartazes [risos]. É um narcotraficante, um dos chefes da prisão, juntamente com um sócio com quem foi apanhados numa operação e que agora comandam as operações do lado de dentro da prisão e o seu negócio de dentro da prisão para fora. É um clássico [risos]! Portanto, todas as tensões que existem na prisão depois são reguladas por estes dois, este par de narcotraficantes, que decidem quem é que é protegido, quem não é protegido, quem é deitado aos leões, quem não é, etc.
Já há ideia para uma terceira temporada?
Pêpê Rapazote: Parece que se tudo correr bem, espero que sim., não está nada marcado, mas já há a ideia da terceira temporada. Seria muito simpática porque foi uma surpresa para mim, com aquilo que eu já vi, porque está muito interessante, a edição está muito bem conseguida! Eu gostava muito, naturalmente. Esta temporada surpreendeu bastante, pela positiva. Já a vi e acho muito interessante aquilo que pode ter para dar. Não esquecer que a primeira temporada foi baseada em factos verídicos e a segunda já foi completamente ficcionada. E a terceira será também, o que permite uma liberdade simpática.
Como é que foi a preparação para este papel?
Pêpê Rapazote: Muita cerveja Estrella Galícia, que é uma religião na Galiza [risos]. Eu acabei uma série dez dias antes de começar esta, portanto não tive grande preparação, mas conheço muito bem os malandros do Porto que possam fazer este tipo de personagem ou que possam ser esta personagem lá em cima, na Galiza. É um tipo com alguma vaidade, um estiloso do Porto. Mas com sotaque [risos]. O Porto é a minha cidade e o Futebol Clube do Porto… o meu coração só tem uma cor – azul e branco [risos].
Como é que surgiu o convite para este projeto?
Pêpê Rapazote: Com um telefonema [risos]. A coisa tradicional ainda funciona!
Que projetos existem para o futuro?
Pêpê Rapazote: Estou a preparar aí uns projetos, não como ator, mas que esperemos que cheguem a bom Porto! Estão num bom caminho! Adoro produção, é uma área à qual eu acho que posso acrescentar um bocado a este país. Contar histórias portuguesas e passá-las para plataformas de streaming internacionais e globais. Temos tanta história boa para contar e somos o país da Europa Ocidental que menos a contou, porque somos pequeninos e, portanto, temos de pôr isso lá fora. Com os contatos e os conhecimentos que eu fui adquirindo ao longo dos últimos quinze anos, acho que a melhor posição é conhecer as pessoas todas conheço e pô-las a trabalhar juntas. Isto é um plano A, juntamente com a representação. mas há outras coisas, eu gosto de fazer muitas coisas [risos], como a arquitetura. Há pouco tempo voltei-me a apaixonar outra vez pelas obras, portanto, a arquitetura, as obras e o imobiliário também estão sempre na linha da frente. E construção também adoro!
JOÃO CRAVEIRO – VASCO
Nesta série, é o mau da fita ou é dos que perseguem os maus?
João Craveiro: Nesta série, a minha personagem chama-se Vasco e é o braço direito do Valdés, que é o narcotraficante galego. Ele trabalha muito com ele e é, ao mesmo tempo, o seu sicário, ou seja, o seu assassino profissional. O que se passa é que ele tem um conflito muito grande com a filha do próprio patrão que quer controlar o negócio e o Vasco não confia nela. Há ali uma série de conflitos internos, uma guerra interna dentro da rede, que eventualmente vai acabar muito mal para o Vasco. Mas foi muito interessante de fazer porque a mim calharam as cenas de ação muito complexas, de fuga. Nós tivemos, por exemplo, três ou quatro noites de filmagem para uma sequência bastante complicada, com perseguições no mar. Fisicamente foi muito complicado, e eu vou confessar que em algumas cenas eu não tive duplo. E há duplos para toda a gente [risos], mas eu naquela não tive! Mas foi uma grande aventura e fisicamente muito puxado. Noites muito longas, com logística muito grande no mar – uma questão simples de um retocar de maquilhagem implicava uma série de logística dentro de água muito difícil. Eu depois daquilo, não tenho que voltar ao ginásio de certeza [risos]. Eu acho que aquilo foi o meu ginásio, pelo menos aquela sequência. Aquelas sequências foram muito puxadas, tinha que estar com o fato de mergulho, com neoprene, etc.
E que preparação é que essa personagem exigiu?
João Craveiro: Olha, o Igor, o realizador, era sempre muito claro nos briefings que fazia e na primeira reunião que eu tive com ele, ele disse-me claramente que queria que esta personagem tivesse um espírito Samurai, portanto, um espírito de sacrifício pelo seu mestre, tanto que ele sacrifica-se e morre por ele. Mas ele morre sem antes matar uns quantos [risos]. É um espírito Samurai! Ele tem sempre, por exemplo, a nível de figurino, temas japoneses e samurai. Houve uma construção muito interessante deste Vasco.
O PêPê falava na possibilidade da haver mais uma temporada, também tem vontade disso?
João Craveiro: Eu teria, mas eu já morri com muitos tiros [risos]. Aliás, a cena da morte do Vasco foi muito gira de se fazer, porque tinha uma quantidade de polícia gigante! Ele morre completamente encurralado, mas mesmo estando encurralado e não tendo hipótese, ele reage. Ele não é expansivo, é muito calmo, nunca levanta a tom, nunca grita. Tirando em certas cenas de perseguição de pânico, aí sim, ele puxa, mas ele é um tipo muito calmo, e sabe perfeitamente o que é que tem que fazer.
Este é o tipo de personagem que gosta de fazer, ou não?
João Craveiro: Eu gosto de todos os registos! Este registo é um registo em que eu me sinto à vontade, tanto na televisão, como em alguns trabalhos de cinema. Às vezes nós somos catalogados para determinado tipo de papel, porque somos durões, por termos a figura tal, mas felizmente eu tenho o teatro para extravasar, claro, e para fazer outras coisas muito diferentes.
TRAILER | A SEGUNDA TEMPORADA DE OPERAÇÃO MARÉ NEGRA JÁ ESTÁ DISPONÍVEL
Tens acompanhado a segunda temporada de “Operação Maré Negra”? Viste a primeira temporada?