Óscar Melhor Argumento Adaptado | Oppenheimer e Assassinos da Lua das Flores num verdadeiro duelo de titãs
A categoria de Melhor Argumento Adaptado será decisiva para encontrar o Melhor Filme nos Óscares 2024.
Nas últimas semanas, a Warner Bros. anunciou que iria promover “Barbie” na categoria de Melhor Argumento Original. Como já tinha mencionado anteriormente, trata-se de uma categoria mais respirável e não é de admirar que este seja o posicionamento do estúdio.
Todavia, como o passado já comprovou, pouco importa a decisão tomada pela distribuidora, mas sim o que dirá a Academia, após validar se o argumento tem ou não condições de ser considerado um trabalho original.
Como já tínhamos visto, o Óscar tem um historial bastante exigente e rígido com o que considera material adaptado, como os casos recentes de “Whiplash” ou “Moonlight”. Portanto, mesmo com o posicionamento da Warner, irei continuar a posicionar “Barbie” nesta presente categoria, até que a Academia confirme o seu veredito.
Ao contrário do que seria de se esperar, ainda não há um consenso entre os apostadores no que diz respeito a quem é o favorito nesta categoria. Para o GoldDerby, “Assassinos da Lua das Flores segue na frente, mas AwardsWatch acredita que é “Oppenheimer” quem vai vencer. Por sua vez, a Variety coloca “Poor Things” na dianteira.
Isto ilustra o quão competitiva é esta categoria que coloca em confronto direto aqueles que são os grandes favoritos à estatueta de Melhor Filme, podendo estar aqui a chave para decifrar quem será o premiado.
Nos últimos anos, vencer a categoria de Melhor Argumento tem sido essencial para um filme, como ditam os exemplos de “Spotlight”, “Green Book” ou “CODA”. Se o próximo Melhor Filme estiver aqui, é difícil imaginá-lo a ser derrotado pela sua competição direta.
Começando por “Oppenheimer”, visto como o frontrunner, é justamente o quão improvável que eu considero que Christopher Nolan triunfe nesta categoria, que me faz hesitar em prever o filme nas categorias principais. O argumento está longe de ser fraco, mas não me parece ter expressão suficiente para superar propostas mais inventivas ou mais pertinentes.
Todavia, se a paixão estiver lá como se imagina que esteja, nada impede Nolan de arrecadar mais um Óscar e cimentar o seu favoritismo com esta categoria.
Já “Assassinos da Lua das Flores” é um caso particularmente fascinante, já que parece estar mais alinhado para vencer nesta categoria do que em Melhor Filme ou Melhor Realizador.
Ajuda certamente que a grande narrativa da campanha e promoção do filme esteja relacionada com a forma como Scorsese e Eric Roth repensaram o guião do filme para mergulhar mais a fundo na questão que queriam retratar.
Inicialmente, a história funcionaria como um policial em que Leonardo DiCaprio surgiria como uma espécie de “white saviour” para investigar os crimes. Na versão que foi para os cinemas, a perspetiva adotada é do romance complexo e trágico entre Ernest (DiCaprio) e Mollie (Lily Gladstone).
Há ainda dúvidas sobre a representatividade e as escolhas de Scorsese, mas o próprio filme convida a esse debate e toda essa abertura para discussão e reflexão acabará por ser uma mais-valia na hora de votar.
Entre estes candidatos mais fortes está “Poor Things”, escrito por Tony McNamara (“A Favorita”), que se destaca como o tipo de proposta que a Academia tem escolhido abraçar. Trata-se de um projeto com uma natureza estranha, arrojada e que usa essa construção de universo para transmitir uma mensagem de empoderamento feminino.
Vencedor do Leão de Ouro, estamos perante um filme que tomou totalmente de assalto a corrida graças às reações efusivas e apaixonantes que causou no público dos festivais. Vale mesmo a pena ficar atento a este filme que pode ter vindo para estragar a festa a Christopher Nolan.
Outro filme que é uma constante nas previsões da categoria é “American Fiction”, escrito e realizado por Cord Jefferson. Esta comédia satírica estreou em Toronto totalmente fora do radar e saiu de lá com o desejado People’s Choice Award do festival.
Imediatamente atirado para a corrida ao Óscar, este é um filme que nos conta a história de Monk (Jeffrey Wright), um romancista frustrado que está farto que a indústria lucre com o entretenimento “negro” que depende de estereótipos cansados e ofensivos. Para provar o seu ponto de vista, Monk usa um pseudônimo para escrever o seu próprio livro “negro” bizarro, um livro que o leva ao coração da hipocrisia e da loucura que ele afirma desprezar.
Com uma ótima aprovação da crítica, uma temática pertinente e uma abordagem descrita como engraçada e pungente, pode estar aqui aquela surpresa da temporada que começa a ganhar cada vez mais espaço.
Se “American Fiction” for a ameaça que o The Hollywood Reporter acredita ser, esta é categoria que vai ditar o rumo dessa história.
Ainda nas previsões, há quem aponte “The Zone of Interest”, escrito e realizado por Jonathan Glazer. Descrito como uma experiência sensorial e imersiva que toma uma abordagem mais contemplativa que contrasta a vida idílica dos personagens com os horrores do holocausto.
Inicialmente, muitos críticos destacaram que o filme não seguia um modelo de narrativa tradicional e que tal poderia afastar a Academia. Todavia, se houver paixão pelo filme, esta é uma categoria onde pode facilmente entrar.
Outra obra que provocou muito entusiasmo, choro e paixão é “All of Us Strangers”, escrita e realizada por Andrew Haigh, a história de um guionista (Andrew Scott), atraído de volta à sua casa de infância, que inicia um relacionamento com um vizinho misterioso (Paul Mescal) e descobre que os seus pais (Claire Foy e Jamie Bell) estão lá exatamente iguais como quando morreram há 30 anos.
Ainda é cedo para perceber o quão longe é que a paixão pode carregar este filme, mas trata-se de um bom lugar para reconhecer esta emotiva história que propõem uma combinação de drama e fantasia.
Ainda na corrida, podem surgir nomes como “Homem-Aranha: Através do Aranhaverso”, da autoria de Phil Lord, Chris Miller e David Callahan; “A Cor Púrpura”, da autoria de Marcus Gardley; “Priscilla”, escrito e realizado por Sofia Coppola ou até mesmo, “O Sabor da Vida”, de Tran Anh Hung.
Perante tudo isto, estes são os cinco filmes que acredito serem nomeados nesta categoria nos Óscares 2024:
- Poor Things
- Barbie
- Assassinos da Lua das Flores
- Oppenheimer
- American Fiction
E tu, acreditas que o vencedor dos Óscares está nesta categoria?