Ainda Estou Aqui faz história com nomeação inédita nos Óscares 2025
Num mundo onde as narrativas cinematográficas são frequentemente moldadas por padrões norte-americanos, uma história brasileira acaba de reescrever as regras dos Óscares.
Sumário:
- O cinema brasileiro rompeu barreiras ao ter o primeiro filme sul-americano indicado ao Oscar de melhor filme com “Ainda Estou Aqui”;
- Walter Salles trouxe uma visão autêntica que conquistou Hollywood sem perder a sua identidade;
- Esta nomeação representa uma vitória coletiva para o cinema latino-americano.
O cinema sul-americano acaba de dar um salto gigantesco que poucos ousariam imaginar. “Ainda Estou Aqui“, o filme de Walter Salles, não apenas cruzou fronteiras geográficas, mas também derrubou barreiras culturais, tornando-se o primeiro filme sul-americano – e segundo latino-americano – a ser indicado para Melhor Filme nos Óscares.
Da periferia ao centro
A trajetória de “Ainda Estou Aqui” é tão fascinante quanto a própria narrativa do filme. Walter Salles, um realizador conhecido por transformar histórias locais em narrativas universais, conseguiu algo que parecia quase impossível: fazer Hollywood olhar para o Brasil não como um país exótico, mas como um centro de produção cinematográfica de primeira linha.
A indicação não surge do acaso, mas de uma construção meticulosa de narrativa e técnica. Fernanda Torres, já indicada a Melhor Atriz, representa mais do que uma performance individual – ela simboliza décadas de resistência e excelência do cinema brasileiro. A sua interpretação transcende a mera atuação, tornando-se um manifesto sobre a resiliência cultural.
A competição deste ano é particularmente interessante, com filmes como “Emilia Pérez“, “O Brutalista” e “Anora” disputando palmo a palmo a atenção da academia. Mas “Ainda Estou Aqui” já conquistou algo maior: a legitimidade internacional.
Um marco cultural nos Óscares
A história por trás desta indicação é mais profunda do que parece à primeira vista. Depois de “Roma” de Alfonso Cuarón em 2019, o cinema latino-americano provou que não é mais um mero espectador, mas um ator principal na narrativa cinematográfica global.
Walter Salles, um realizador que sempre navegou entre o local e o universal, parece ter encontrado a fórmula perfeita. Não se trata de adaptar uma narrativa para agradar aos Óscares norte-americanos, mas de contar uma história tão autenticamente brasileira que se torna inevitavelmente global. É cinema que respira, que transpira a cultura local, mas fala uma língua universal de emoção e humanidade.
A indicação representa mais do que uma possível vitória individual – é uma vitória coletiva para todo um ecossistema cinematográfico que sobrevive e resiste apesar de orçamentos limitados e desafios estruturais enormes.
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