Óscares 2025 | Morgan Freeman emociona Hollywood com homenagem a Gene Hackman
Por vezes, são precisos apenas alguns segundos para a gala dos Óscares se transforma num momento de reflexão profunda sobre a nossa própria mortalidade.
A cerimónia dos Óscares, tradicionalmente um espetáculo de celebração e vaidade, transforma-se inevitavelmente, todos os anos, num momento de introspeção coletiva. O segmento “In Memoriam” representa esse breve intervalo em que Hollywood é forçada a olhar para trás e a reconhecer quem deixou para trás. Este ano, no entanto, algo de diferente aconteceu: a emoção genuína de um ator que perdeu não apenas um colega, mas um verdadeiro amigo.
Morgan Freeman presta homenagem ao “querido amigo” Gene Hackman
A voz inconfundível de Morgan Freeman ecoou quando subiu ao palco para apresentar o segmento “In Memoriam” da 97ª edição dos Óscares. Com o peso da autoridade que lhe é característica, mas também com uma vulnerabilidade raramente vista, Freeman dirigiu-se à plateia: “Esta semana, a nossa comunidade perdeu um gigante — e eu perdi um querido amigo, Gene Hackman.”
A sala, normalmente agitada mesmo nos momentos mais solenes, mergulhou num silêncio respeitoso. Freeman prosseguiu, partilhando memórias dos dois filmes que protagonizou com Hackman – “Unforgiven” (Os Imperdoáveis) e “Under Suspicion” (Sob Suspeita). “Como todos os que alguma vez contracenaram com ele, aprendi que era um ator generoso e um homem cujos dons elevavam o trabalho de todos. Recebeu dois Óscares, mas mais importante, conquistou os corações dos amantes de cinema de todo o mundo,” continuou Freeman, com uma emoção contida mas palpável.
Assim, a homenagem culminou com uma citação do próprio Hackman, revelando a humildade do ator recentemente falecido: “O Gene dizia sempre: ‘Não penso em legado. Só espero que as pessoas se lembrem de mim como alguém que tentou fazer um bom trabalho.'” Freeman concluiu com uma resposta direta a esta afirmação: “Penso que falo por todos nós quando digo: Gene, serás lembrado por isso e muito mais. Descansa em paz, meu amigo.”
As inevitáveis controvérsias das homenagens póstumas
A polícia encontrou Gene Hackman, duas vezes vencedor do Óscar, morto em sua casa em Santa Fe, Novo México, a 26 de fevereiro. A notícia abalou Hollywood, com figuras como Francis Ford Coppola, Viola Davis, Clint Eastwood, Antonio Banderas e Mel Brooks a expressarem publicamente o seu pesar pela perda do ator.
O segmento “In Memoriam” deste ano incluiu também outras personalidades marcantes que nos deixaram recentemente, como David Lynch, Shelly Duvall, Maggie Smith, Gena Rowlands e James Earl Jones. No entanto, como acontece todos os anos, algumas ausências foram notadas e já causam polémica nas redes sociais. Como é o caso de Michelle Trachtenberg (“Gossip Girl”) falecida aos 39 anos apenas um dia antes do anúncio da morte de Hackman.
Assim, esta realidade não surpreende os especialistas na história dos Óscares. Como comentou Michael Schulman, autor do livro “Oscar Wars” (2023): “Não importa o que aconteça, haverá sempre 10 manchetes sobre quem foi postumamente ignorado, e não há nada que se possa fazer quanto a isso.” Uma previsão que, infelizmente, parece cumprir-se ano após ano, numa cerimónia que, para muitos, se tornou inegavelmente tão conhecida pelas suas polémicas como pelo reconhecimento que oferece.
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