São 6 os admiráveis talentos descobertos por Quentin Tarantino no seu último filme
Por detrás das câmaras, germinavam seis sementes de talento que Quentin Tarantino, com o seu olhar visionário, soube plantar no momento exato.
Quando Quentin Tarantino estreou “Era Uma Vez em… Hollywood” (PrimeVideo) em 2019, todos os olhares se fixaram no trio estelar formado por Leonardo DiCaprio, Brad Pitt e Margot Robbie. Enquanto o filme nostálgico transportava os espectadores para a Los Angeles dos anos 60, poucos terão reparado que, nas margens desta grande narrativa, seis jovens atores davam os primeiros passos daquilo que viriam a ser carreiras meteóricas. Com o seu inegavelmente característico olho clínico para o talento, Quentin Tarantino não estava apenas a fazer um filme sobre o passado de Hollywood — estava, inadvertidamente, a moldar o seu futuro.
Mikey Madison
Mikey Madison tinha apenas 19 anos quando encarnou Susan “Sadie” Atkins, membro da infame família Manson. O processo de audição para o papel foi intenso, mas revelador do espírito da jovem atriz. “Sempre fui uma grande fã de Tarantino”, confessou ao GQ em Fevereiro de 2025. “Tive a oportunidade de fazer uma audição para ele pessoalmente… Estava muito nervosa. Pensei: sabes que mais, vou aproveitar este momento. Vou fingir que já tenho o papel.”
Este papel viria a revelar-se transformador para Madison. Interpretar uma personagem tão desequilibrada e imprevisível despertou algo na atriz. “Senti algo mudar em mim”, admitiu. A sua interpretação na cena final do filme captou a atenção do realizador Sean Baker, que confessou ter ido ver o filme novamente só para rever aquela sequência.
Assim, Baker acabaria por oferecer-lhe o papel principal em “Anora“, filme que lhe valeu o Óscar de Melhor Atriz em 2025.
Sydney Sweeney
Para Sydney Sweeney, 2019 foi um ano de viragem. Enquanto interpretava a personagem Snake, membro da família Manson, a atriz começava simultaneamente a ganhar reconhecimento pelo seu papel como Cassie na série “Euphoria” da HBO.
“Sabes quando tens aquela lista de desejos com todas as pessoas com quem esperas um dia trabalhar, e depois risca-as todas no mesmo dia durante alguns meses?”, partilhou com a BUILD em Junho de 2019. “É tipo, ‘Meu Deus, isto é uma loucura.’ Foi simplesmente uma experiência surreal.” Inegavelmente, trabalhar com Quentin Tarantino foi um sonho tornado realidade para a atriz.
Desde então, Sweeney tem-se afirmado como uma das estrelas mais requisitadas de Hollywood. Com nomeações aos Emmys pelo seu trabalho em “Euphoria” e “The White Lotus“, a atriz expandiu o seu repertório com papéis em “Anyone but You” (2023) e “Madame Web” (2024), enquanto se prepara para regressar à terceira temporada de “Euphoria”.
Margaret Qualley
Margaret Qualley não era propriamente uma novata quando interpretou Pussycat, a sedutora hippie que se cruza com a personagem de Brad Pitt. No entanto, foi este papel que verdadeiramente a catapultou para a ribalta de Hollywood.
Numa reviravolta quase cinematográfica, Qualley revelou à W Magazine que inicialmente foi recusada para um papel diferente no filme. Foi durante uma visita ao seu pai no Panamá — que brincou ao dizer que ela devia marcar um voo de regresso, após o qual conseguiria um papel num filme de Quentin Tarantino — que recebeu o telefonema para um teste com Brad Pitt. “Agora ele acha que tem poderes mágicos”, brincou.
A experiência de trabalhar com Quentin Tarantino ficou gravada na memória da atriz. “Quentin disse-me: ‘Isto vai ser a experiência mais divertida que alguma vez tiveste a fazer um filme'”, recordou à Entertainment Weekly. “E ele tinha razão.” Assim, a atriz continuou a brilhar em Hollywood, com papéis aclamados em “Poor Things” (2023) e “The Substance” (2024), que lhe valeu uma nomeação para os Globos de Ouro.
Austin Butler
Embora Austin Butler tenha iniciado a sua carreira como ator infantil em séries da Nickelodeon e Disney Channel, foi o seu papel como Charles “Tex” Watson, membro da família Manson, que marcou a sua transição para papéis adultos de maior prestígio.
Butler revelou durante o podcast “Happy Sad Confused” que, no momento da escolha, teve de optar entre o papel em “Era Uma Vez em… Hollywood” e fazer um teste para “Top Gun: Maverick”. A decisão não foi difícil — o desejo de trabalhar com Quentin Tarantino, que queria “há tanto tempo”, falou mais alto.
Esta decisão acabaria por abrir-lhe portas importantes. Logo depois, Butler conquistou o cobiçado papel de Elvis Presley no biopic de Baz Luhrmann, que lhe valeu uma nomeação para Melhor Ator nos Óscares. Assim, mais recentemente, o ator consolidou o seu estatuto ao interpretar o vilão Feyd-Rautha Harkonnen em “Dune: Parte Dois” (2024).
Maya Hawke
Filha de Uma Thurman e Ethan Hawke, Maya Hawke deu os seus primeiros passos em Hollywood como Flower Child, outro membro da família Manson no filme de Quentin Tarantino.
A jovem atriz revelou à The Hollywood Reporter que gravou a sua audição no quarto com a ajuda do pai. “Enviámos a gravação para o Quentin, e consegui uma segunda audição”, contou. “Ele organizou um processo de callback realmente incrível, diferente de tudo o que já tinha experimentado… exceto talvez audições para escolas de teatro.”
Desde então, Hawke conquistou o público como Robin Buckley em “Stranger Things“, e participou em filmes como “Do Revenge” (2022) e “Maestro” (2023). Assim, em 2024, emprestou a sua voz à personagem Ansiedade no filme de animação “Divertida-Mente 2“, demonstrando a versatilidade que a tem tornado numa das jovens atrizes mais promissoras da sua geração.
Victoria Pedretti
Após algumas participações em televisão, Victoria Pedretti teve a sua estreia cinematográfica como Leslie Van Houten, também conhecida como Lulu, outra integrante da família Manson no filme de Quentin Tarantino. Apesar de ser um papel pequeno, foi o suficiente para impulsionar a sua carreira. Logo após esta experiência, Pedretti conquistou um papel de destaque ao lado de Penn Badgley na série da Netflix “You“, onde interpreta Love Quinn. A sua evolução como atriz continuou a surpreender e, em Fevereiro de 2024, fez a sua estreia na Broadway como Petra em “An Enemy of the People”, contracenando com Jeremy Strong.
O que torna a história destes seis atores particularmente fascinante é a forma como um único filme serviu de trampolim para carreiras tão distintas e bem-sucedidas. Quentin Tarantino, conhecido pelo seu profundo conhecimento e reverência pelo cinema, parece possuir também um dom para identificar o potencial bruto em jovens talentos. Qual será afinal o segredo de Quentin Tarantino para identificar diamantes em bruto? Será o seu profundo conhecimento da história do cinema, que lhe permite reconhecer padrões de talento? Ou talvez a sua abordagem meticulosa às audições, que expõe capacidades que outros realizadores poderiam não notar?
Assim, o que quer que seja, uma coisa é certa: quando Quentin Tarantino escolhe um ator, Hollywood presta atenção. E como estes seis exemplos inegavelmente demonstram, essa atenção é frequentemente justificada.
Que outros realizadores consideras ter este mesmo dom de descobrir talentos? Deixa a tua opinião nos comentários!
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