"Alien - O 8º Passageiro" | © Twentieth Century Fox

Ranking ALIEN | 1. O filme perfeito de Ridley Scott

Em 1979, o mundo conheceu Ellen Ripley e os xenomorphs, o génio de Ridley Scott e H.R. Giger. O cinema de terror e ficção científica nunca foi o mesmo desde “Alien – O 8º Passageiro”

9. AVP2: Aliens vs. Predador (2007)
8. Alien: Romulus (2024)
7. Alien vs. Predador (2004)
6. Alien: Covenant (2017)
5. Alien O Regresso (1997)
4. Alien 3 – A Desforra (1992)
3. Prometheus (2012)
2. Aliens (1986)

Nunca se esquece a primeira vez e, em alguns casos, nunca se a supera. Assim é com a saga “Alien” e o capítulo original, estreado no crepúsculo dos anos 70, durante uma era transitória no cinema de Hollywood. Desde a euforia artística e autores com controlo absoluto das suas obras, passava-se a um período em que os estúdios recuperaram o poder, o box office se declarou rei e o blockbuster nasceu. Em certa medida, “Alien” é o ponto médio perfeito entre os dois, não pertencendo totalmente à Nova Hollywood ou aos ideais mercenários da década seguinte. Dito isso, a principal razão pela qual Ridley Scott e não James Cameron está no topo deste ranking está centrada no gosto pessoal.

É uma questão de género. Tanto “Alien” como “Aliens” são obras perfeitas, representando o melhor que se faz em dois subgéneros supremos da ficção científica – terror e ação. Escolher o melhor dependerá do que cada cinéfilo mais gostar entre esses dois modelos, ora o que puxa pelo susto, que se enraíza na alma e dá calafrios, ou o que injeta adrenalina no sistema e nos põe o coração aos saltos. Por aqui, preferimos o pesadelo no grande ecrã, o que beneficia o trabalho de Scott. Também há uma certa vontade de celebrar um cinema feito com meios limitados e uma sensibilidade mais próxima do minimalismo formal que do maximalismo em evidência na sequela de 1986.

A simplicidade é sublime!

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© Twentieth Century Fox

“Alien” teve a sua génese na imaginação de Dan O’Bannon, um argumentista que, em 1974, fez uma comédia de ficção científica com John Carpenter – “Dark Star.” A experiência deixou-o com vontade de explorar temas parecidos, essa ideia de que numa nave espacial com tripulação limitada, um monstro anda à solta. Só que, desta vez, seria tudo em tom sério, um terror a valer ao invés das risadas conseguidas com o projeto anterior. Muitas versões surgiram, influenciadas pelos designs concetuais e uma história de gremlins na 2ª Guerra Mundial que O’Bannon também tinha escrito. O resultado final foi um texto soberbo na sua elegância, obsceno sem cair no excesso, um conto claustrofóbico e sem misericórdia.

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A imagem inicial foi sempre a mesma ao longo das muitas versões do argumento, mostrando a tripulação de uma nave espacial – o Nostromo – a acordar de um longo sono criogénico. A equipa é pequena e foi desperta porque os sistemas intercetaram um sinal estranho vindo de uma lua remota. Eles aterram e investigam, mas um dos tripulantes é atacado e, sem saber, impregnado. Depois de tudo voltar a aparente normalidade, o desgraçado ‘dá à luz’ um monstro que lhe rebenta com o tórax. O alien cresce e, pouco a pouco, vai chacinando os humanos que o tentam combater no espaço confinado. Um a um, eles são vitimados até só sobrar um único sobrevivente.


O segredo do sucesso está na estrutura.

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Quer seja por obra de O’Bannon ou Ridley Scott, ou só obtida na mesa de montagem com Terry Rawlings e Peter Weatherley, a estrutura é impecável. Da próxima vez que virem “Alien,” reparem como a narrativa se divide através do momento-chave, a primeira morte. Até aí, o filme desenrola-se numa oscilação entre o mundano e o mistério. Tudo puxa para o realismo, mesmo quando o design é alienígena e pavoroso, dando-nos espaço para acreditar nas vidas em cena. Quando a violência surge, sentimo-la visceralmente – um truque auxiliado pelo choque verdadeiro dos atores – e caímos, de mãos dadas com as personagens, num jogo de gato e rato, de vida e morte. A viragem bifurca a fita e só acontece quase uma hora dentro dela, com o fado sangrento de John Hurt.

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Na espera, o sentido de segurança é uma mentira e a traição tonal sente-se na pele, no âmago mais profundo. Ainda nos vai deixar alerta, sempre prontos a saltar enquanto o elenco se reduz com a carnificina e o filme se divide em pequenos episódios que terminam sempre do mesmo modo, com alguém a morrer. Vão-se abrir as alas para a ascensão de Ellen Ripley enquanto protagonista depois de uma primeira hora em que as figuras humanas estão em pé de igualdade. Os atores são extraordinários na projeção das relações interpessoais, a falibilidade humana e a irracionalidade que vem ao de cima em tempos de crise. E quando Sigourney Weaver fica sozinha, partilhamos o seu desamparo, mas sentimo-nos apoiados no trabalho dela, tão forte que sustenta a fase final do pesadelo, quando a palavra some.


Os pesadelos psicossexuais de H.R. Giger.

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Por fim, temos que falar do design de “Alien” e as muitas ansiedades nele refletidas. Parte do apelo do terror enquanto género cinematográfica devém do seu poder revelador, como investiga e revela os medos da sociedade que o produz, até mesmo aqueles temores mais escondidos. No caso deste filme, o medo baseia-se, não só no modo da aniquilação, como no devaneio psicossexual patente na imagem do próprio monstro. Criado através das pinturas de H.R. Giger, o xenomorph é uma conflagração de imagética biomecânica e insinuações carnais, uma cabeça sem olhos em jeito fálico e uma segunda mandíbula que sai disparada da boca como um pénis dentado.

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Entre o erótico e a engenharia do metal e óleo preto, Giger pôs o dedo na ferida de alguns dos nossos maiores medos no que se refere ao sexo. Aliás, todo o ciclo de vida do xenomorph nasce da ideia de violação. O ovo abre-se em reflexo disforme da forma vaginal e liberta o ‘facehugger’ que enfia um tubo de carne pela garganta abaixo da sua vítima. Independentemente do sexo do infortunado, o monstro gesta dentro dele até que nasce da forma mais dilacerante possível. Até a forma de matar – pensemos na cauda laminada que toma a Lambert de Veronica Cartwright de surpresa – se encena a modos de fazer pensar nessas transgressões impensáveis. Até o terror mais fantástico tem base na realidade. É por isso que nos assusta tanto e nos assombra muito depois dos créditos passarem e o filme terminar.

Aqui fica o nosso ranking completo da saga “Alien.” Como é que tu ordenarias os nove filmes mencionados?



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