©DreamWorks

Robot Selvagem, a Crítica: Lupita Nyong’o no conto ambientalista da Dreamworks

“Robot Selvagem”, da autoria de Chris Sanders, é um dos eventos animados do ano. Uma longa-metragem arrojada, com emotividade em doses abundantes e com um estilo visual de cortar a respiração. Uma vez mais, a DreamWorks Animation prova o seu poderio e tenta reinventar. 

Histórias com robôs a ganharem consciência própria e humanidade são capazes de nos mover de formas quase inconcebíveis, que o digam produções como “IA – Inteligência Artificial”, a animação Pixar “Wall-E”, o muito recente “Robot Dreams – Amigos Improváveis” (que exibiu na última MONSTRA, em 2024, foi nomeado ao Óscares este ano e terá brevemente distribuição pela Films4You).

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“The Wild Robot”, uma obra da DreamWorks Animation e Universal Pictures, utiliza o 3D para criar um impressionante quadro vivo, feito de impressionismo, de sentimento e de uma dose simpática de brutal realismo. Cria-se um conto capaz de agradar a pequenos e graúdos, numa aventura de ficção científica com um ritmo rápido e uma sucessão de eventos capaz de tornar a duração do filme surpreendentemente (ou de forma aparente) curta e bem aproveitada.

Realização de renome e o caminho rumo ao Óscar

Robot Selvagem
© Universal Pictures

Como bom presságio, “Robot Selvagem” conta com realização e co-argumento de Chris Sanders, o mesmo que co-escreveu e co-realizou o também emotivo e memorável “Como Treinares o Teu Dragão” (2010) e ainda o popular “Lilo & Stitch” (2002). Agora, o veterano com uma carreira longa assume um novo desafio – o de criar uma verdadeira sinfonia visual na forma de uma animação belíssima e evocativa de obras de arte pintadas.

De acordo com Sanders, “The Wild Robot” inspira-se em obras clássicas da Disney e nos trabalhos de Hayao Miyazaki (com uma forte influência também no que diz respeito aos seus temas pautados pela ecologia).

O resultado final é uma animação digital descrita pelo próprio e pela sua equipa promocional como “Um Monet pintado numa floresta de Miyazaki”.  A descrição, por mais que seja capaz de colocar as expectativas bem em cima (quiçá até demasiado em cima), é realista na sua evocação de influências.


A obra foi também muito bem-recebida no TIFF , bem como no maior festival de animação do mundo, Annecy, e tudo indica que esteja a caminhar a largos passos para uma recepção calorosa nos Óscares do próximo ano. Aliás, “Robot Selvagem” é frequentemente apontado como potencial favorito à categoria de Melhor Filme de Animação.

Roz, com voz de Lupita Nyong’o, a robô maternal

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“Robot Selvagem” | © DreamWorks Animation

“Robot Selvagem” recupera também uma longa tradição, a de nos apresentar uma entidade robótica que ao longo da obra se vai encaminhando cada vez mais para passar o teste de Turing e, pelo caminho, é capaz de nos encantar com a sua resiliência e capacidade de adaptação a um novo ambiente.

Em “The Wild Robot”, valorizamos em primeiro plano a deslumbrante paisagem cénica que nos é apresentada. Acompanhamos a perspectiva de Rozzum 7134, ou simplesmente “Roz”, uma robô de tecnologia de ponta que dá à costa numa ilha inteiramente deserta (mas rica em fauna, claro está).

Aqui começa uma história onde os humanos quase não têm lugar, onde são e não podem deixar de ser meros figurantes. Figuras sem voz, motivadoras da destruição dos ambientes naturais e que aqui não merecem o habitual protagonismo.

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Roz, Nyong’o na versão original, está formatada (ou antes, programada) para servir humanos, mas quando se depara com o reino animal da ilha selvagem, as suas prioridades mudam. De forma inesperada, um pequeno ganso órfão muda tudo. Assume o papel de cuidadora, de mãe até e batiza o ganso prematuro com o nome Brightbill (na versão adolescente com voz de Kit Connor, Nick em “Heartstopper”).

A partir daí, começa a preparar o pequeno ganso para uma realidade inóspita – terá de conseguir, sendo mais pequeno e ‘destinado’ a morrer devido à sua estatura e tamanho de asas inferior, aprender a voar para poder preparar-se para uma migração obrigatória no inverno.


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© DreamWorks Animation

É inequívoco que “Robot Selvagem” é um filme para os mais novos, perfeito para as crianças devido à presença de inúmeras sequências de ação e aventura bem ritmadas. Mas o seu inteligente argumento apresenta-se como uma proposta que atravessa gerações, sendo capaz de transmitir com humor aguçado aquelas que são as cruéis exigências da natureza – a cadeia alimentar, a sobrevivência do mais forte, e a descontraída naturalidade perante a vida e a morte que escapa ao ser humano no século XXI.

Eis que “The Wild Robot” ironiza no que diz respeito ao tratamento destes conceitos, tornando-se bem mais que um exercício formal. E sim, por vezes a sua emotividade roça o melodramático e o excessivamente sentimental. Por vezes verbaliza sentimentos que não precisavam de ser ditos, só sentidos. Não obstante, esta bela narrativa será de certo um dos destaques do ano no universo da animação.

Para compor o “ramalhete”, o filme conta com um elenco de voz extraordinário: para além de Nyong’o e Connor, contamos ainda com Pedro Pascal como a carismática e mal-amada raposa Fink; Bill Nighy como o Sábio Longneck; Stephanie Shu como a vilã Vontra; ou Mark Hamill como o urso Thorn, entre muitos outros. A uni-las? Um carisma exuberante e notável que tornará os vários protagonistas deste conto difíceis de esquecer.

Trailer | Robot Selvagem, da DreamWorks

De entrada na sua segunda semana de exibição, “The Wild Robot” encontra-se ainda em exibição em dezenas de salas – perto de 70 – de norte a sul de Portugal. Vale a pena a visualização num grande ecrã. 

Robot Selvagem, a crítica
Robot Selvagem poster

Movie title: Robot Selvagem

Movie description: Esta aventura épica acompanha a jornada da robô Roz, que naufraga numa ilha desabitada e por lá tem de se habituar a um ambiente hostil e a construir, pouco a pouco, relações com animais nativos. Durante a sua estadia, adota também uma cria de ganso órfão que se tornará a sua "missão".

Date published: 18 de October de 2024

Country: EUA

Duration: 102'

Author: Chris Sanders, Peter Brown

Director(s): Chris Sanders

Actor(s): Lupita Nyong'o, Pedro Pascal, Kit Connor, Bill Nighy

Genre: Aventura, Comédia, Animação, Ficção Científica

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  • Maggie Silva - 80
  • Cláudio Alves - 80
80

Conclusão

“The Wild Robot” ou “Robot Selvagem” é uma narrativa repleta de sentimento, por vezes pouco subtil, mas acima de tudo pautada por uma beleza estética estonteante e um estilo de animação evocativo tanto da pintura como do melhor cinema de animação. O humor é também mais negro do que esperado para um filme para maiores de 6, o que faz com que os mais velhos possam apreciar de forma plena a longa-metragem.

A obra está bem encaminhada para os Óscares em 2025, o que não é surpreendente tendo em conta a qualidade geral da produção.

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