António Raminhos faz Serviço Público e declara “Somos Todos Malucos”
Foi preciso António Raminhos levantar o braço e dizer “eu sou maluco” para termos a coragem de nos juntarmos ao clube e dizermos em coro: “Somos Todos Malucos”!
Este formato, que começou no Instagram por ser apenas uma troca de mensagens descontraídas sobre medos e ansiedades, deu origem a um programa sério e consistente, sobre saúde mental.
No dia 1 de setembro de 2021, foi publicado no Youtube o vídeo do primeiro episódio de “Somos Todos Malucos”, cuja convidada foi a atriz Sara Norte, que falou sobre a sua experiência passada na prisão e como conseguiu voltar a ser uma “pessoa normal”.
Mesmo sendo um banal formato de entrevista — duas pessoas sentadas a uma mesa — prefiro ver os episódios de “Somos Todos Malucos” em formato vídeo por duas razões. Primeiro, porque pela voz, nunca consigo adivinhar a fisionomia do entrevistado e segundo, porque o corte de cabelo do Raminhos é sempre uma surpresa.
O que torna “Somos Todos Malucos” num podcast diferente?
Há muitos podcast no formato de entrevista, mas este é diferente graças ao mérito de António Raminhos. O apresentador, em vez de se manter numa posição neutra ou inquisitiva, partilha as suas opiniões, as dúvidas e os seus problemas, mas dá tempo para o convidado falar.
Não entra na competição estúpida como acontece com muitos programas semelhantes, em que o entrevistador se acha mais interessante que o convidado não o deixando falar. Raminhos interessa-se genuinamente pelo entrevistado e, muitas vezes, põe de lado a lista das perguntas que queria, fazer para seguir o rumo da conversa espontânea.
Quase nos esquecemos que António Raminhos é um humorista.
Imaginar um humorista a falar de assuntos sérios, como é o caso da saúde mental, podia resultar numa palhaçada mas, neste caso em particular, não o é. Raminhos consegue em “Somos Todos Malucos”, o equilíbrio perfeito entre falar “a sério” sobre temas difíceis mas aligeirar a conversa, tornando o assunto mais digerível e fácil de entender. Quem está por fora compreende o sofrimento dos outros. E quem sofre de situações semelhantes, percebe que há quem esteja a passar pelo mesmo. O programa está longe de ser um “freack show”.
Os convidados de “Somos Todos Malucos” variam entre pessoas famosas, semi-famosas, anónimas ou profissionais de saúde. Mas Raminhos já entrevistou também a sua mulher Catarina e as filhas mais velhas. Talvez porque os convidados agendados cancelaram as entrevistas à última hora. E porque não entrevistar as pessoas que nos aturam todos os dias?
Onde se pode ver e ouvir “Somos Todos Malucos”?
“Somos Todos Malucos” está disponível nas plataformas habituais para podcasts: iTunes, Spotify, etc., mas no canal do Youtube de António Raminhos podemos encontrar todas as entrevistas, intercaladas outros vídeos alternativos e “estúpidos” (não esquecer que Raminhos é um humorista). O formato conta já com mais de 100 episódios e todas as semanas, à quarta feira, é lançado um novo programa, que dura cerca de uma hora.
Qual o episódio favorito
Ainda não vi todos os programas já gravados, mas há muito por onde escolher. Destaco os vários episódios de “Somos Todos Malucos” com os psiquiatras Gustavo Jesus e João Carlos Melo, o episódio n.º 26, “Marie não vai com as outras…”, ou o n.º 34 sobre autismo.
Ficha:
- Título: Somos Todos Malucos
- Criado e apresentado por: António Raminhos
- Nacionalidade: Portuguesa
- Categoria: Entrevista
- Periocidade: semanal (sai à quarta-feira)
- Duração: cerca de 1 hora
Este é um programa para ver e ouvir sem preconceitos, porque afinal somos todos malucos!
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