Ted Lasso, segunda temporada em análise
É já amanhã, 15 de março de 2023, que “Ted Lasso” estreia, em exclusivo na Apple TV+, a terceira temporada do seu maior sucesso crítico e comercial. Antes de apresentarmos e analisarmos os novos capítulos, nada como recordar o segundo ano das aventuras do treinador de futebol mais otimista do mundo!
Com a sua segunda temporada, originalmente estreada no verão de 20121, “Ted Lasso” consolidou a sua posição como comédia dramática de qualidade. Esta comédia no local de trabalho, neste caso os campos de treino de uma equipa de futebol – agora da primeira liga – continuou a equilibrar na perfeição as suas personagens caricaturais e “maiores-do-que-a-vida” com um desenvolvimento digno e com a capacidade de equilibrar, na perfeição, os momentos cómicos e os mais sérios.
Por dois anos consecutivos a comédia do ano para os Prémios Emmy, “Ted Lasso” consolidou (e nalguns casos atirou para a estratosfera) as carreiras de Jason Sudeikis (Ted Lasso), Brett Goldstein (Roy Kent), Nick Mohammed (Nathan Shelley), Hannah Waddingham (Rebecca) ou ainda Juno Temple (Keeley Jones). Além disso, teve a enorme responsabilidade de continuar a emitir a sua narrativa centrada em “masculinidade positiva”. Aqui, as emoções não são vedadas a homens heterossexuais, os abraços não são ridicularizados e as lágrimas não são proibidas.
Num mundo por vezes pautado por cinismo, “Ted Lasso” é uma série abençoada que consegue ser perfeitamente consensual sem ser aborrecida. Uma história carismática e divertida, capaz de tocar em assuntos certos e abrir um imenso leque de sensibilidades e fragilidades. No seu segundo ano, “Ted Lasso” ousou ir mais longe no seu conjunto de 12 episódios. Logo no primeiro episódio, introduziu uma nova personagem, Sarah Niles como a Psicóloga Sharon Fieldstone, a nova terapeuta da equipa AFC Richmond.
A chegada de Sharon permite que Ted confronte muitos dos seus demónios, bem como os ataques de ansiedade que ultimamente lhe têm tirado o sono. E é aqui que “Ted Lasso” se eleva, uma vez mais, ao abrir a porta (ou antes escancarar a porta) para uma discussão franca acerca de saúde mental, a qual não se torna nunca uma nota de rodapé, mas antes uma importantíssima linha narrativa ao longo de toda esta temporada.
E falando de desenvolvimento de personagens, este segundo ano vê Roy a explorar novas opções de carreira, e crescendo no processo. Também a sua relação com Keeley continua a crescer e a conquistar novos caminhos e níveis de compreensão mútua. Por outro lado, e apesar da seriedade acrescida de algumas das temáticas trabalhadas, o “quentinho” não deixa de se fazer manifestar neste segundo ano – um exemplo brilhante e incontornável é “Carol of the Bells”, o emotivo e franco episódio de natal.
Entre saídas à noite e funerais, e enquanto as personagens crescem a olhos vistos, a equipa vai melhorando rumo a um climático final que (quase) nos faz querer saber de futebol, a componente menos importante desta série de comédia sobre as amizades e sucessos de uma equipa de futebol. E falando em personagens que crescem, Sam (Toheeb Jimoh) tem direito a um aprofundamento de carácter sensacional nesta temporada, tornando-se ainda mais um dos nossos favoritos, fosse tal possível.
A única “mancha negra” chega mesmo no final da temporada, com o artigo de Trent Crimm, motivada pelas declarações emitidas por Nate. O nosso querido Nate ousa partir-nos o coração com a sua evolução ao longo do segundo ano de “Ted Lasso”, com uma evolução de personagem que, segundo os criadores e o próprio intérprete, sempre esteve planeada. Cinzento, e com um coração a combinar com o seu estado de espírito destrutivo, ver a viragem em Nate fez-nos confrontar, o quão verdadeiramente feia pode ser a sede de poder.
É outro tipo de masculinidade tóxica, aquela que ocorre em quem sempre se viu à margem, e é agora capaz de espezinhar meio mundo para não voltar a esse ponto de partida. Apesar de toda a evolução da personagem estar mais que justificada, em carácter, gestos e eventos, nada nos custa mais do que ver este arco de personagem e já sonhamos com a redenção.
“Feitas as contas”, esta foi uma segunda temporada estrondosa, e que antevê novos relacionamentos e dinâmicas de personagens na terceira temporada de “Ted Lasso”. A boa novidade? Já está mesmo à porta, prestes a estrear na Apple TV+ (a 15 de março, à escala global).
TRAILER | A TEMPORADA 2 DE TED LASSO ESTÁ DISPONÍVEL NA APPLE TV+
Ted Lasso, segunda temporada em análise
Name: Ted Lasso
Description: A equipa AFC Richmond acolhe uma psicóloga a tempo inteiro para ajudar os jogadores e treinadores a lidarem com uma sequência de vitórias sem paralelo.
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Maggie SIlva - 88
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Inês Serra - 90
CONCLUSÃO
Com a sua segunda temporada, “Ted Lasso” consolidou-se como uma comédia de qualidade, capaz de equilibrar drama em igual medida. Com personagens mais robustas e temáticas mais incisivas, a série da Apple TV+ reclama a sua posição como uma das melhores do género em anos recentes.
Overall
89User Review
( votes)Pros
- O desenvolvimento de personagens, da honestidade do nosso Ted ao crescimento de Roy, à auto-determinação da nossa querida Keelsey, passando mesmo pela descida aos infernos de Nate (que embora difícil de ver, não deixa de servir um propósito claro).
- O arco do adorável Sam.
- O episódio de Natal.
- Uma abordagem honesta sobre saúde mental.
Cons
- Nada a apontar. O arco de Nate é doloroso, mas importante para o desenvolvimento narrativo.