This is Us, quarta temporada em análise
A última temporada de “This is Us” veio relembrar porque nos apaixonamos pela série há quatro anos.
Depois de uma terceira temporada meio atribulada, “This is Us” retoma o cariz que nos convenceu em 2016 a acompanhar os Pearson. A verdade é que existem inúmeros dramas familiares, mas são raros aqueles que alcançam o nível da série criada Dan Fogelman. Muito se deve à capacidade de Fogelman, em conjunto com os outros argumentistas Kay Oyegun, Laura Kenar, Eboni Freeman, em identificar pequenas situações e vivências que são comuns a qualquer ser humano e nas quais nos revemos. É esta transversalidade que dá à série o seu cariz único.
Esta quarta temporada brindou-nos com uma novidade muito interessante que só prova a capacidade de Fogelman em conetar todos os pontos. Felizmente que desta vez não tivemos de esperar por episódios (ou temporadas) futuros para obtermos, pelo menos, algumas respostas. Referimo-nos ao primeiro e último episódio intitulados “Strangers”, uma agradável surpresa/experiência. Um ensaio que ganha pela simplicidade com que orquestra a entrada de aparentes estranhos que acabam por fazer todo o sentido. Neste caso, não terão sido em vão as respetivas pontuações de 9.1 e 9.5 apresentadas no IMDb. O formato também acabou por ser uma inteligente forma de introduzir novas personagens na série.
Engraçado que há poucos dias ouvi alguém a referir-se a “This is Us” como uma espécie de melancolia/drama gratuito. Até o pode ser, mas não me canso de repetir que são poucas as séries que alcançaram este nível. Ainda que com narrativas diferentes, mas em espetros semelhantes, traz-nos uma certa nostalgia de “Irmãos e Irmãs”. Qualquer uma das duas com um elenco escolhido a dedo que se complementa e em que nenhuma das estrelas se suplanta. Algo que também não é fácil de conseguir. Há uma personagem, um reflexo para todos e esta última temporada apenas o veio a reforçar.
Aliás, quanto mais vimos a descobrir sobre os Pearson, mais queremos saber. E esta temporada, à semelhança das anteriores, atou algumas pontas soltas e criou outras tantas. Desvendamos mais um pouco do início do namoro de Rebecca e Jack. Mergulhamos na adolescência de Kate, na sua relação abusiva com Mark, que culmina no brilhante 14º episódio “The Cabin,” que contrasta com a felicidade vivida por Kevin e Sophie. Respiramos fundo com Randall quando este decide expor-se à nova psicóloga. Compreendemos a luta interior de Toby e o significado da cena final de Rebecca na terceira temporada. Ficamos com 99% de certeza (ainda não podemos garantir) de quem é a mãe do filho de Kevin e que Kate continuará a seguir as pisadas do pai. E com a certeza de que queremos continuar a seguir as suas narrativas e a ligar os pontos e, claro, a tentar perceber em que geração irá a sexta e última temporada terminar.
No entanto, ainda temos mais uma temporada pela frente, que deveria chegar mais perto do final deste ano, para fechar (ou não) o ciclo dos Pearson. Fogelman já admitiu que o guião para a quinta temporada está pronto e numa entrevista à revista People revelou que a próxima temporada será “uma espécie de renascimento com muitos novos começos, o nascimento e o renascimento serão duas fortes temáticas.” Ora, isto poderá ter muitos significados. Tendo em conta que a própria temporada terminou com o nascimento da neta de Kate e Toby (que por momentos todos apostamos que se chamaria Rebecca), que surpreendentemente não contou com a presença de mais nenhum Pearson…um pouco estranho, não? Há de facto muitas teorias e possibilidades para a afirmação de Dan Fogelman.
Esta foi também uma temporada de amadurecimentos e consolidações, principalmente no que toca aos desempenhos do elenco. É certo que Mandy Moore tem tido uma competição feroz sempre que é nomeada para um prémio, mas não gostaríamos que esse apenas lhe fosse atribuído aquando o final da série. A atriz tem revelado talento temporada após temporada, principalmente tendo em conta o desafio de representar Rebecca em todas as fases da sua vida. Lógico que estar lado a lado com Sandra Oh, Jodie Comer (“Killing Eve“), Robin Wright (“House of Cards“) ou Viola Davis (“Como defender um assassino”) não é fácil, mas é merecido e deveria ser reconhecido. Também Chrissy Metz (Kate), Chris Sullivan (Toby) e Milo Ventimiglia (Jack) já foram reconhecidos pelo seu trabalho na série, sendo que Sullivan merecia estar mais uma vez entre os nomeados aos Emmy deste ano (ou quando a cerimónia regressar). Até ao momento, só Sterling K. Brown (Randall) levou para casa uma estatueta pela sua prestação na série.
Em suma, “This is Us” continuou a provar o seu valor e a justificar a sua legião de fãs. Foi com um trave agridoce que recebemos a notícia de que a série terminaria na sua sexta temporada. Contudo, compreendemos (e tentamos respeitar) a decisão, mentalizando-nos que, por vezes, o prolongamento acaba por estragar. Tipicamente as filmagens da série arrancam em julho, mas tendo em conta a atual pandemia a estreia da quinta temporada poderá sofrer atrasos. Ficamos (esperançosamente) a aguardar novidades.
This is Us, quarta temporada em análise
Name: This is Us
Description: This is Us segue um grupo de pessoas únicas e as formas como os seus caminhos e histórias de vida se cruzam maneiras inesperadas: desde partilharem o mesmo dia de aniversário a muito mais, de formas impensáveis.
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Inês Serra - 90
CONCLUSÃO
“This is Us” tem vindo a provar o seu valor temporada após temporada, mas esta quarta parte revelou alguns dos melhores episódios da série até agora. O elenco continua a ser um dos melhores castings dos últimos anos, Tiffany Little Canfield e Bernard Telsey estão realmente de parabéns!
O MELHOR: A sintonia do elenco. A parte 1 e 2 de “Strangers,” apenas superados por “The Cabin”. Mandy Moore.
O PIOR: Ainda existem algumas quebras narrativas entre episódios, mas nada comparado com a temporada anterior.
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