TOP Filmes 2016 | 1. O Primeiro Encontro

Quase na despedida de 2016, Dennis Villeneuve, ainda chegou a tempo para nos oferecer uma das melhores obras sci-fi dos últimos tempos, quiçá de sempre.

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O ano que agora finda, não foi propriamente frutífero em novas fitas sci-fi que dessem azo a grande falatório, talvez com raras exceções, mas nenhuma que apresentasse um conceito tão intelectualmente elevado quanto aquele que nos é permitido neste Primeiro Encontro. E o que mais nos atinge como um raio de pura genialidade na obra de Villeneuve, é a simplicidade da sua mensagem convertida numa complexidade que nos toca a um nível sensorial e espiritual.

O Primeiro Encontro é um filme que nos agarra pela alma com a sua mística, transformando a mera transmissão de pensamentos entre extraterrestres e humanos nesta espécie de pintura linguística, aonde o tempo não tem tempo e o somatório da vida é acedido em código. E se o exercício transcendental não é o bastante, o processo de aprendizagem entre nativo e alien, é sempre pautado por um estado de agressão latente, pendurando-nos o coração pelo fio da navalha como poucos filmes o fizeram.

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Amy Adams (Louise) e Jeremy Renner (Donnely) entrelaçam-se com contenção e sensibilidade, num dueto comandado supremamente por uma Amy Adams afoita e frágil, que nos encanta com a sua delicadeza e coragem. Mas é assim que O Primeiro Encontro nos fala ao ouvido, com toque, com olhar, enquanto mergulhamos no “voyeurismo” privado de uma Louise, que chora emoções no passado, presente e futuro simultaneamente.

Por tudo isto e muito mais, é impossível não considerar O Primeiro Encontro num clássico instantâneo, que nos arrebata com o seu “budismo” e inteligência, mas mais do que isso, é um ato contemplativo sobre a força da palavra, e de como a língua pode construir ou destruir tudo o que temos e tudo o que somos.

P.S – Offer Weapon!!!

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Miguel Simão

Jurista e Poeta em algumas horas vagas. Cinéfilo incurável com forte pancada pelo sci-fi, que se perde algures pelo vício noturno de umas quantas séries televisivas de renome; amaldiçoado pelo perfecionismo estético de uma resma de palavras mais ou menos caras. Podem encontrar-me a divagar entre a Terra e o Espaço no meu blogue premiado Última Transmissão Humana.

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