©Sony Pictures (Editado por Vitor Carvalho, © MHD)

Venom: A Última Dança, a Crítica | Tom Hardy e Sony preparam uma despedida… Ou talvez não

Uma família disfuncional está prestes a dizer adeus, ou talvez não. Tom Hardy e o seu companheiro alienígena regressam para uma despedida que é tão imprevisível quanto as suas personagens em “Venom: A Última Dança”.

Quem diria que, após o sucesso inesperado do primeiro filme, não só teríamos direito a uma sequela, mas a uma trilogia completa? E ainda mais surpreendente: quem imaginaria que Tom Hardy, um dos atores mais respeitados da sua geração, se dedicaria tão apaixonadamente a um projeto que, no papel, parecia destinado a ser apenas mais um filme de super-heróis descartável?

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A trilogia de Venom chega ao fim com “A Última Dança“, um filme que oscila entre momentos de brilhante peculiaridade e confusão narrativa. Com Tom Hardy no seu papel mais excêntrico, a produção enfrenta os desafios de terem as filmagens afetada pelas greves de Hollywood, resultando numa experiência única, ainda que irregular.

A dança descompassada de uma produção turbulenta

Venom: A Última Dança
©Sony Pictures

Imaginem tentar coreografar uma dança com um parceiro que desaparece a meio da música. Foi mais ou menos isto que aconteceu com “Venom: A Última Dança”. A produção do filme foi interrompida pela greve dos guionistas e depois pela greve dos atores, criando uma narrativa tão fragmentada quanto as personalidades das suas personagens principais.

Kelly Marcel, veterana guionista da série que agora assume a cadeira de realizadora pela primeira vez na sua carreira, herdou uma tarefa quase impossível: concluir uma trilogia no meio de um dos períodos mais turbulentos de Hollywood. O resultado? Um filme que, tal como o próprio Venom, por vezes parece estar em guerra consigo mesmo.

Após os eventos de “Venom: Tempo de Carnificina” (Prime Video) e “Homem-Aranha: Sem Volta a Casa” (Prime Video), Eddie e Venom tornam-se fugitivos, caçados por um governo que quer manter em segredo a existência de alienígenas.  A narrativa foca-se no tema da redenção e sacrifício, com o filme a apresentar uma combinação de ação explosiva e momentos mais introspetivos. Um ponto interessante é a exploração do planeta natal dos simbiontes, Klyntar, o que traz um vislumbre do passado de Venom e uma ameaça intergaláctica iminente. No entanto, o filme rapidamente se perde num emaranhado de subtramas e ameaças genéricas que parecem existir apenas para preencher o tempo entre as interações verdadeiramente interessantes entre Eddie Brock e o seu companheiro alienígena.

Tom Hardy: O homem, o mito, o Venom

Venom: A Última Dança
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Se há algo que permanece consistente ao longo desta trilogia é a dedicação quase obsessiva de Tom Hardy ao papel. O ator, que desta vez também participou na escrita do guião, continua a elevar o conceito de “conversar sozinho” a uma arte. A sua performance física como Eddie Brock – contorcendo-se, gesticulando e discutindo com um ser invisível – continua a ser um espetáculo fascinante de observar.

O que continua a ser o coração desta série é a química entre Eddie e Venom, criada pela sua performance extraordinariamente dedicada. É frustrante ver como o filme insiste em desviar-se deste aspeto para se focar em ameaças apocalípticas genéricas e personagens secundários subaproveitados. Incluindo os talentos de calibre de Chiwetel Ejiofor e Juno Temple em papéis que parecem ter sido escritos por um algoritmo de IA em modo económico. Há uma cena num casino em Las Vegas que vale mais do que todas as batalhas CGI juntas, simplesmente pela química bizarra entre homem e simbionte.

Durante aproximadamente uma hora, a narrativa flui num compasso estagnante – uma escolha que pode agradar a famílias á procura de entretenimento que não exija envolvimento intelectual. Como uma tela em branco que seca lentamente, o filme permite que o espectador se deixe levar pelo seu ritmo, sem a pressão de processar reviravoltas ou desenvolvimento de personagens; ideal para uma sessão de cinema onde o objetivo principal é simplesmente… existir.

O vilão principal do filme é tão memorável quanto o sabor de água – está lá, mas ninguém se vai lembrar dele.  A narrativa salta de cena em cena como um simbionte à procura de um hospedeiro! Nunca permanece quieta o tempo suficiente para desenvolver peso emocional. Há momentos em que se consegue quase adivinhar quais as cenas escritas antes da greve e quais foram apressadamente completadas depois.

Uma digressão pela américa… Com aliens

Venom: A Última Dança
©Sony Pictures

Um dos pontos altos do filme é, surpreendentemente, uma digressão pela América com Rhys Ifans como um pai hippie obcecado por aliens. É nestes momentos mais pequenos e excêntricos que “A Última Dança” encontra o seu ritmo, lembrando-nos porque é que esta saga funcionou em primeiro lugar. Contudo, o terceiro ato cai na armadilha de acabar com uma batalha genérica com CGI onde, pela terceira vez, mal se percebe o que se está a passar , o que pode dececionar aqueles que esperavam um desfecho mais forte.

Com 1 hora e 50 minutos, “Venom: A Última Dança” pode não ser o “grand finale” que os fãs esperavam, mas é definitivamente um produto do seu tempo – caótico, imperfeito e estranhamente cativante.

Para quem planeia ver o filme, há uma cena a meio dos créditos que acrescenta pouco à história e outra no final que, francamente, não justifica a espera pelos intermináveis créditos. Como o próprio Venom diria, “poupem o vosso tempo e vão comer chocolate”. Mas uma coisa é certa, se as cenas pós-créditos são para ser levadas a sério, este não vai ser o último filme em que veremos o simbionte.

No entanto é difícil imaginar um novo rumo para o franchise que consiga ultrapassar as falhas que o têm marcado até agora. “Venom: A Última Dança” sugere que o simbionte ainda tem terreno a explorar, mas a verdade é que a trilogia não evolui. A repetição de temas e vilões esquecíveis faz com que a perspetiva de mais filmes não desperte grande entusiasmo. Se a Sony decidir dar continuidade, será preciso uma reformulação significativa para que o simbionte tenha realmente uma última dança digna de nota.

Trailer | Venom: A Última Dança, da Sony Pictures

E tu, vais dar uma última dança a este duo improvável? Conta-nos a tua opinião nos comentários!

Venom: A Úlitma Dança, a crítica
Venom: A Última Dança Poster

Movie title: Venom: A Última Dança

Movie description: Eddie Brock (Tom Hardy) e o simbionte Venom enfrentam Knull, o deus primordial dos simbiontes, interpretado por Andy Serkis, cuja presença ameaça destruir o mundo. Enquanto Eddie e Venom lidam com os desafios do seu relacionamento e do caos crescente ao seu redor, novos aliados surgem, como uma misteriosa cientista (Juno Temple), e antigos inimigos reaparecem, incluindo Patrick Mulligan (Stephen Graham). A relação entre Eddie e Venom é posta à prova como nunca antes, levando-os a confrontar os seus demônios internos e externos.

Date published: 24 de October de 2024

Country: EUA

Duration: 109'

Author: Kelly Marcel

Director(s): Kelly Marcel

Actor(s): Tom Hardy, Chiwetel Ejiofor, Juno Temple, Rhys Ifans, Stephen Graham, Peggy Lu, Alanna Ubach

Genre: Ação, Aventura, Sci-fi, Thriller

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  • Vítor Carvalho - 55
55

Conclusão

“Venom: A Última Dança” é um filme que, apesar das suas falhas evidentes, ainda consegue entreter graças à força da sua premissa central e ao carisma do seu protagonista. É uma conclusão imperfeita para uma trilogia que, contra todas as expectativas, conseguiu criar o seu próprio espaço único no saturado género dos filmes de super-heróis.

Para os fãs da série, há momentos suficientes de interação entre Eddie e Venom para justificar uma ida ao cinema. Para os outros, este poderá ser um último baile que podem confortavelmente deixar passar.

Pros

  • Excelente química entre Eddie Brock e Venom, mantida ao longo da trilogia;
  • Performance dedicada e notável de Tom Hardy, incluindo a sua participação na escrita do guião;
  • Momentos de brilhante peculiaridade, especialmente nas cenas menores e excêntricas;
  • Cena memorável no casino em Las Vegas;
  • Segmento interessante com Rhys Ifans como pai hippie;
  • Exploração do planeta natal dos simbiontes (Klyntar);
  • Bom filme para toda a família e para quem não quer nada de muito complexo.

Cons

  • Narrativa fragmentada devido às interrupções causadas pelas greves de Hollywood;
  • Confusão na estrutura narrativa com múltiplas subtramas mal desenvolvidas;
  • Vilão principal pouco memorável;
  • Personagens secundários subaproveitados (incluindo Chiwetel Ejiofor e Juno Temple);
  • Batalha final com CGI confusa e genérica;
  • Cenas pós-créditos que acrescentam pouco valor à história;
  • Falta de evolução significativa em relação aos filmes anteriores da trilogia;
  • Repetição de temas e conceitos já vistos nos filmes anteriores;
  • Desvio frequente do foco principal (relação Eddie/Venom) para tramas apocalípticas genéricas;
  • Inconsistência na qualidade entre as cenas filmadas antes e depois da greve.
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