The White Lotus T3, a Crítica | Mike White não conseguiu superar a segunda temporada
Já terminou a terceira temporada de “The White Lotus” na MAX e, apesar das fantásticas performances, dividiu opiniões.
Após duas temporadas de sucesso, a expectativa para conhecer o novo set de personagens criadas por Mike White é sempre grande. A sátira ao mundo dos ricos, as personagens complexas e problemáticas, que contrastam com o cenário paradisíaco já se tornaram marca de água de “The White Lotus”. E nisso, volta a não desiludir.
Uma masterclass em desenvolvimento de personagens
A terceira temporada de “The White Lotus”, tem o conjunto de personagens mais interessante da série. As suas histórias são interessantes. As suas interações e relacionamentos deixam-nos curiosos. Todos nesta temporada têm uma história interessante para contar.
Mike White foi exímio no desenvolvimento das personagens desta temporada. Piper (Sarah Catherine Hook), tinha potencial para ser o Fred Hechinger da temporada, mas não conseguiu fugir à futilidade em que foi criada.
O trio de amigas fugiu ao básico, ao esperado. Quando todos aguardavamos por uma cat fight, Mike White trocou-nos as voltas com o fantástico monólogo de Carrie Coon, que emocionou os espectadores.
E Saxon Ratliff (Patrick Schwarzenegger) teve o desenvolvimento do século, evoluindo da personagem mais detestada para uma das mais adoradas da temporada. O power shift entre Saxon e Lochlan foi extremamente bem escrito e inesperado.
A históra de Belinda (Natasha Rothwell), apesar de inesperada, foi muito realista e acertou no lugar certo, ao mostrar como todas as pessoas podem ser corrompidas, quando têm a oportunidade de seguir um sonho.
O que ficou por contar em The White Lotus
A falta de respostas e o abandono de certas personagens contrabalançaram com a incrível escrita de Mike White. Nesta temporada, certos plots e personagens serviram apenas como âncoras, o que nos deixa com uma sensação de que ficou a faltar alguma coisa para completar a história.
Mook (Lisa), foi apenas a muleta de Gaitok (Tayme), servindo como o contrário de uma conselheira moral. O roubo do início da temporada acabou por não servir para grande coisa, apenas para, mais uma vez, mostrar a mudança na bússola moral de Gaitok.
Victoria (Parker Posey) e Timothy (Jason Isaacs) tinham um potencial enorme. No entanto, não mostrarem a reação dos Ratliffs ao seu novo estado de pobreza foi como se uma história ficasse inacabada.
Por fim, ao contrário das restantes temporadas, o gerente do hotel foi uma personagem totalmente dispensável, que não teve qualquer importância e desenvolvimento. E nem vamos falar de Greg, ou Gary, que não teve o destino que merecia.
As atuações que merecem um Emmy
As performances dos atores na terceira temporada de “The White Lotus” foram realmente incríveis. Quando achamos que já sabemos tudo, trocam-nos as voltas. E isso não é feito apenas pela escrita, mas também pela qualidade dos atores, sempre escolhidos a dedo.
Sam Nivola é uma grande revelação. O ator já tinha entrado no murder mystery “The Perfect Couple”, mas o seu papel como Lochlan foi a sua grande revelação como ator. Apresenta uma personagem que, mesmo com poucas palavras, consegue transparecer uma grande complexidade e um range de emoções que vai do inocente à loucura em poucos episódios.
Parker Posey não é nenhuma revelação, mas a sua Victoria é realmente maravilhosa. Foi o auge da comédia em todos os episódios, com o seu sotaque da Carolina do Sul e a sua absoluta falta de noção.
Aimee Lou Wood merece um destaque ao representar uma personagem complexa, mas que equilibra a balança dos que estão à sua volta. Também foi a fonte dos maiores easter eggs da temporada, com a questão de que os males vêm em trios e do seu Yin e Yang.
Por último, a atuação que mais se destaca é a de Patrick Schwarzenegger. A personagem é completamente transparente e o ator consegue transmitir-nos as suas emoções como se fossemos nós a senti-las. O range de personalidades que conseguiu atingir com uma só personagem é admirável e tem o caráter mais interessante da temporada. Assim, o ator consegue desvincular-se da imagem do seu pai e trabalhos não lhe vão faltar, com certeza.
Qual foi a tua temporada de “The White Lotus” favorita, até então?
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Matilde Sousa